Buscar

Determinada organização não governamental (ONG), por ato de seu presidente, praticou dolosamente ato tipificado como de improbidade administrativa ...

Determinada organização não governamental (ONG), por ato de seu presidente, praticou dolosamente ato tipificado como de improbidade administrativa (mas não previsto na Lei Anticorrupção), quando da execução de convênio com recursos obtidos (subvenção) da União. As ilegalidades foram constatadas pela Controladoria-Geral da União (CGU), que as noticiou ao Ministério Público Federal (MPF). As apurações, tanto da CGU como do MPF, não conseguiram evidenciar a participação de qualquer agente público responsável pelo repasse ou fiscalização da verba pública, mas tornaram inequívoco o dolo de João, presidente da ONG, que praticou e se beneficiou do ato ilícito. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
a) não poderá ser ajuizada ação civil pública por ato de improbidade administrativa em face da ONG e de João, pois é imprescindível a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda;
b) não poderá ser ajuizada ação civil pública por ato de improbidade administrativa em face da ONG e de João, pois não houve prejuízo direto ao erário da União, e sim ao patrimônio da entidade privada;
c) não poderá ser ajuizada ação civil pública por ato de improbidade administrativa em face da ONG e de João, pois o ato ilícito praticado não está tipificado pela Lei Anticorrupção como ato lesivo à Administração Pública;
d) poderá ser ajuizada ação civil pública por ato de improbidade administrativa em face da ONG e de João, pois a Lei de Improbidade se aplica às entidades privadas que recebem subvenção da União, equiparando seus dirigentes à condição de agentes públicos;
e) poderá ser ajuizada ação civil pública por ato de improbidade administrativa em face da ONG e de João, pois, independentemente de haver subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício de entes públicos ou governamentais, as ONGs se submetem à Lei de Improbidade, por integrarem o chamado terceiro setor.
Comentário: no REsp 1.845.674, o STJ firmou posicionamento de que os dirigentes de entidades privadas sem fins lucrativos que recebam recursos públicos são equiparados aos agentes públicos para os fins da Lei de Improbidade, vejamos: Hipótese em que os autos evidenciam supostas irregularidades perpetradas pela organização não governamental denominada Instituto Projeto Viver, quando da execução de convênio com recursos obtidos do Governo Federal, circunstância que equipara o dirigente da referida ONG a agente público para os fins de improbidade administrativa, nos termos do dispositivo acima mencionado. Dessa forma, o dirigente poderá responder de forma isolada pelo ato de improbidade, sem precisar “de outro” agente público, uma vez que ele já é enquadrado nessa categoria. Ademais, as pessoas jurídicas também respondem por ato de improbidade, conforme jurisprudência do STJ e, atualmente, conforme expressa previsão no art. 2º, parágrafo único, da LIA, que dispõe que: “no que se refere a recursos de origem pública, sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o particular, pessoa física ou jurídica, que celebra com a administração pública convênio, contrato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de cooperação ou ajuste administrativo equivalente”. Assim, o gabarito é a letra D, uma vez que será possível mover a ação de improbidade administrativa em face da ONG (em virtude do ajuste com o Poder Público) e de João (como equiparado a agente público). As letras A, B e C estão incorretas, pois afirmam que não é possível mover a ação. A letra E, por sua vez, está incorreta, já que o simples fato de a entidade ser do terceiro setor não “chama” a aplicação da LIA, uma vez que será imprescindível a presença do fomento estatal para a aplicação da norma de improbidade às entidades privadas. Gabarito: alternativa D.

💡 1 Resposta

User badge image

Ed Verified user icon

A alternativa correta é a letra D, pois a Lei de Improbidade Administrativa se aplica às entidades privadas que recebem subvenção da União, equiparando seus dirigentes à condição de agentes públicos. Dessa forma, será possível mover a ação de improbidade administrativa em face da ONG (em virtude do ajuste com o Poder Público) e de João (como equiparado a agente público). As letras A, B e C estão incorretas, pois afirmam que não é possível mover a ação. A letra E, por sua vez, está incorreta, já que o simples fato de a entidade ser do terceiro setor não "chama" a aplicação da Lei de Improbidade Administrativa, uma vez que será imprescindível a presença do fomento estatal para a aplicação da norma de improbidade às entidades privadas.

0
Dislike0

✏️ Responder

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Outros materiais

Outros materiais