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Leia o artigo Traumas Emocionais VS Ritmos diferenciados de aprendizagem. Arantes, Andreia Ferreira da Silva, 2008 e responda as questões. Em 2008,...

Leia o artigo Traumas Emocionais VS Ritmos diferenciados de aprendizagem. Arantes, Andreia Ferreira da Silva, 2008 e responda as questões.

Em 2008, o Colégio Semear recebeu a aluna Ana que foi matriculada no 3º ano. No início do ano letivo, ao realizar a sondagem diagnóstica, a professora constatou dificuldades cognitivas significativa, principalmente na aquisição da escrita, na leitura, na compreensão de textos em geral e no raciocínio lógico matemático. 

As principais dificuldades encontradas serão relatadas sucintamente a seguir: na aquisição da escrita, Ana escreve tetos sem coesão, clareza e pontuação. Apresenta constantes erros ortográficos, demonstrando não ter muito conhecimento sobre a sonorização das letras, escrevendo, na maioria das vezes, como se fala. Com relação a leitura, lê silabando, troca letras, omite sons, confunde as linhas do texto e às vezes separa ou aglutina as palavras erroneamente. No que diz respeito a interpretação dos textos, demonstra não compreender o que lê, realizando somente a decodificação dos códigos da escrita. No que se refere ao pensamento matemático, apresenta grandes dificuldades na compreensão, no raciocínio e no desenvolvimento das atividades em geral, fazendo ainda o uso contínuo de material concreto para a realização das atividades.

Além dessas dificuldades cognitivas, Ana se mostra retraída, constantemente se isola da turma e demonstra ter uma baixa autoestima. Tão logo a professora percebeu a gravidade do caso de Ana, comunicou a supervisão pedagógica para, juntas, buscarem alternativas para sanar as dificuldades, tentando evitar que essas prejudicassem ainda mais o desenvolvimento de Ana.

Foram realizadas reuniões com os pais de Ana para obter informações sobre o seu histórico de vida. Após alguns encontros com a família, descobriu-se que Ana sempre foi uma criança desejada e amada pelos pais, é filha única, sempre teve muitos amigos, estudo em uma único escola da rede privada até que foi matriculada no Colégio Semear e os pais são sempre presentes em sua vida. Ao perguntar sobre o relacionamento de Ana com seus colegas e professores na escola anterior, os pais comentaram, dentre outros fatos, um episódio ocorrido, mas que acreditavam que em nada ajudaria no caso, entretanto relataram: “Ana sempre foi muito extrovertida. Certa vez, a professora fez Ana passar a maior vergonha na frente de sua turma. Quando estava no 2º ano, ela produziu um pequeno texto e ficou com vergonha de ler a sua produção na frente de seus coleguinhas. A professora colocou tanto defeito na leitura de Ana e na sua produção, que ela começou a chorar e chegou a fazer xixi na calça, e, por este motivo, ficou de castigo na sala, em pé, até sua roupa secar. Todos riram muito dela, mas acreditamos que ela já se esqueceu desse caso, pois nunca mais comentou nada sobre esse assunto. Gostávamos muito da escola, mas para reduzir despesas, tivemos que mudar nossa filha de escola. Mas Ana, parece que não gosta mais de estudar e tem dificuldade de aprender. 

Após esta relevante descoberta, foi possível detectar mais facilmente as possíveis origens dos problemas de Ana que, conforme Patto (1990), “são consequências de perturbações relacionadas com os processos psicológicos: percepção, memória, linguagem e penosamente” ou devido a “transtornos afeitos da personalidade, gerados por perturbações no estado sócio afetivo e não por déficits cerebrais ou cognitivos”. Essas dificuldades ou ritmos diferentes de aprendizagem podem ser gerados não por uma inibição intelectual, mas por um conflito invasor consciente ou inconsciente. A escola deveria ser um espaço de acolhimento da diversidade, de trocas de experiências e respeito às características individuais de cada um. Assim, o aprendizado seria uma ação humana, criativa, individual, heterogênea e regulada pelo sujeito da aprendizagem independentemente de sua condição física ou intelectual.

Segundo Baquero (1998), Vygotsky afirma que a “convivência social é fundamental para transformar o homem de ser biológico a ser humano social, e a aprendizagem que brota nas relações sociais ajuda a construir os conhecimentos que darão suporte ao desenvolvimento mental”. Para que isso seja possível, torna-se necessária uma reestruturação das formas de agir, sentir e pensar a educação, de modo a desenvolver nos estudantes as competências necessárias para sua emancipação, levando em conta a diversidade em que estão inseridos, considerando o sujeito em primeiro plano e não suas dificuldades.

Buscando alternativas, a supervisora e a professora criaram estratégias diferenciadas para atender Ana, uma vez que, de acordo com Mantoan (2006), “tratar igualmente aqueles que são diferentes nos leva à exclusão”. A maioria dos professores do 3º ano não são alfabetizadores e não conseguem identificar as etapas do processo de aquisição da escrita, vivenciado pelos estudantes, o que dificulta ainda mais a correção desse processo. Esteban (1992) afirma que “construir uma prática pedagógica capaz de reverter o fracasso escolar vincula-se à possibilidade de os professores debruçarem-se sobre sua própria prática, fazendo uma releitura das atividades cotidianas”.

Nesse propósito, professora e supervisora pesquisaram diferentes autores tais como Piaget, Vygotsky e Emília Ferreiro entre outros, elaboraram e organizaram uma série de situações de aprendizagem, oficiais, trabalho com jogos, dinâmicas que elevavam a sua autoestima, promoviam o aprendizado, além de envolver a família de Ana neste processo. O êxito deste processo foi a curto prazo e, portanto, excluiu-se a possibilidade da intervenção de outro profissional.

Conclui-se, assim, que uma intervenção adequada do professor e supervisor, que acreditaram em seu potencial, trabalharam com sua autoestima, foi de extrema importância para que Ana deixasse a condição de “aluna rotulada como problema” e passasse à condição de uma aluna vencedora, que superou suas dificuldades.

“O diferente de nós não é inferior. A intolerância é isso: é o gosto irresistível de se opor ás diferenças.” (Paulo Freire).

QUESTÃO 

Muitos professores de Didática procuram superar as soluções pré-estabelecidas, isoladas de um contexto mais amplo. Acreditam ser uma necessidade, não só da Didática como das demais disciplinas pedagógicas, ajudar o aluno a compreender e analisar a realidade concreta. A partir desse objetivo mais amplo, os professores explicitam outros objetivos que devem nortear o ensino da Didática.

Responda as questões: 

a) No caso de Ana, foi construída uma nova prática pedagógica? Foram construídos outros objetivos? Justifique a sua resposta.

b) Justifique a contribuição da Didática para o sucesso escolar.


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