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Larrañaga (2004) define política externa como um: [...] conjunto de parâmetros, instrumentos, limites e procedimentos que orientam a tomada de deci...

Larrañaga (2004) define política externa como um: [...] conjunto de parâmetros, instrumentos, limites e procedimentos que orientam a tomada de decisões de autoridades de um país, referentes às relações desse país com o restante do mundo, quanto à sua inserção internacional e em função dos seus interesses (LARRAÑAGA, 2004, p. 198). Ainda no campo das definições, a análise de Cervo e Bueno (2008) aponta a política exterior como um instrumento governamental com o qual um Estado afeta o destino de seu povo, mantendo a paz, fazendo guerras e induzindo o crescimento, o desenvolvimento, a riqueza ou o atraso, a dependência e a pobreza. Diante dessas percepções, é possível reconhecer que as diferentes atitudes ou posições de formulação das políticas implementadas pelos Estados são reflexos do interesse nacional de cada Nação. Assim, tem-se que: [...] o interesse nacional encontra-se no âmago da política externa dos estados e, por conseguinte, no centro das relações internacionais, [que por meio dele os chefes de estado tomam as decisões quanto] às iniciativas diplomáticas, os acordos comerciais, a constituição de blocos econômicos, os votos nas instâncias multilaterais, as concessões de favores e a obtenção de vantagens entre os Estados (SEITENFUS, 2004, p. 85). Entretanto, diferentemente das proposições do realismo político, apresentadas anteriormente, muitas vezes é um grande desafio delinear objetivos concretos para a política externa. Há que se pesar que o conceito de interesse nacional é suscetível a um grande número de variáveis e pode provocar percepções distintas e contraditórias. Nesse aspecto, as análises superficiais devem dar lugar ao ceticismo, pois “o interesse nacional não existe por si mesmo”, mas existe “uma percepção majoritária dos responsáveis pela orientação da política externa dos Estados” (SEITENFUS, 2004, p. 86). Alguns fatores podem ajudar a estabelecer parâmetros para balizar os contornos da inserção de países no cenário internacional: • fatores estáticos e permanentes (dimensão, localização e população); • situações estruturais (regime político, sistema econômico, relações políticas e econômicas com o mundo); • comportamentos conjunturais (posição em debates e crises internacionais). O reconhecimento de tais diferenças é objeto de análise da política externa quanto a seus objetivos, sua agenda, seus instrumentos e seu estilo de execução. Os objetivos são as metas, anseios ou intuitos estratégicos estabelecidos como prioritários pelo governo de determinado país para defender, promover e atingir seus interesses. Para atingir os objetivos nacionais estabelecidos, o mesmo governo concebe um conjunto de estratégias: é o que chamamos de agenda. Quanto aos instrumentos, estes compreendem os recursos disponíveis e os necessários para implementação das estratégias nacionais estabelecidas. A maneira, a forma, o modo, as práticas e os costumes que caracterizam a condução da política exterior determina o estilo do governo em questão. Em relação ao desenvolvimento, a pergunta que se faz é: como fazer das relações internacionais de comércio uma agenda de inserção positiva? A resposta vem em linhas gerais. A inserção internacional de um país e sua política externa devem considerar três campos fundamentais de atuação nas relações internacionais: • estratégico-militar: no que diz respeito ao risco de guerra ou desejo de paz, o campo estratégico-militar representa o que o país significa ou pode vir a significar como aliado, protetor, amigo ou inimigo; • relações econômicas: indica o que o país representa para a comunidade internacional em termos de mercado de fornecimento, consumo, alianças, parcerias e similares; • valores: revela o que o país representa como modelo de sociedade (LARRAÑAGA, 2004). 3.2 A ação e a interação dos Estados Todos os países do mundo possuem uma base territorial, mas, frequentemente, suas fronteiras exatas são temas de discussão e até de guerras. A Palestina, por exemplo, não tinha uma base territorial até conseguir um controle sobre a margem ocidental e sobre Gaza. Além disso, a Palestina obteve um status de observadora no meio internacional. Segundo Mingst (2009), há casos de comunidades (até nômades) que cruzam fronteiras sem que as autoridades das nações percebam. Isso ocorre, por exemplo, com os povos masai do Quênia e da Tanzânia. A maioria dos Estados possui alguma estrutura institucional para governança, mas é impossível saber se a população a cumpre, principalmente pela ausência de informações. Um Estado necessita que a maioria de seu povo reconheça a legitimidade de seu governo e não reconheça somente uma forma de governo determinada. Em 1997, por exemplo, o povo do zaire (hoje República Democrática do Congo) não reconheceu mais a legitimidade de seu governo, liderado por Mobutu Sese Seko. Isso levou o país a uma guerra civil. Para que um Estado seja reconhecido, ele deve cumprir quatro condições essenciais. São elas: • o Estado deve ter uma base territorial e uma fronteira definida geograficamente; • uma população estável deve morar dentro de suas fronteiras; • deve existir um governo ao qual a população respeite; • o Estado deve ser reconhecido diplomaticamente por outros Estados. De acordo com Mingst (2009), na visão liberal o Estado é soberano, porém, ele não é um protagonista autônomo. Os liberais enxergam o Estado como uma arena pluralista que possui a função de manter as regras básicas do jogo.3 Muitas vezes, esses interesses competem entre si dentro de uma estrutura pluralista.4 A visão liberal conceitua o Estado como sendo: a) um processo que envolve interesses concorrentes; b) uma reflexão dos interesses governamentais e da sociedade; c) o repertório de vários interesses nacionais que estão sempre mudando; e d) o possuidor das fontes fungíveis de poder. Muitas pessoas entendem que a definição de Estado é a mesma de nação. Mas isso é um mero engano. Uma nação é composta pelo povo, ou seja, um grupo de pessoas que possui um conjunto de características comuns. Aqui, leva-se em consideração o conhecimento disseminado por novas tecnologias e pela educação. Na Nação, as pessoas devem fidelidade ao seu representante legal, ou seja, o Estado. A imprensa é utilizada de maneira a difundir a língua nacional e os meios de transporte podem colaborar para que se visualize as similaridades e diferenças entre os povos in loco. Dinamarca e Itália são exemplos de nações que formaram os próprios Estados. De acordo com Mingst (2009), a semelhança entre nação e Estado firma-se como a essência para uma autodeterminação nacional na qual o próprio povo define a melhor maneira para sua sobrevivência. Há nações que estão espalhadas em mais de um Estado, como os curdos, que vivem no Iraque, no Irã e na Turquia; e os somalis, que vivem no Quênia, na Etiópia, em Djibuti e na Somália. Há ainda os casos em que um único Estado possui várias nações, como ocorre com a índia, a Rússia e a África do Sul. Nestes, nação e Estado não se confundem. Dentro dessa vasta gama, há aqueles povos que querem seus próprios Estados (como os curdos) e os que almejam apenas uma representação adequada e justa dentro do Estado em que estão (como o povo basco na Espanha e na França). Dessa forma, o Estado pós-westphaliano pode assumir diversas formas: a) Estados-nação, em que existe uma harmonia entre eles; e b) Estado com várias nações. A maior fonte de instabilidade e de conflito existente são as disputas de território por Estados e o anseio de algumas nações de criarem seus próprios Estados. O conflito entre judeus e árabes tem sido o mais intenso e rude nos últimos tempos.5 Assim, pode-se afirmar que uma nação é mais do que uma entidade histórica e o Estado é mais do que uma entidade jurídica. Diante disso, é

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Geopolítica, Regionalização e Integração unid I
53 pág.

Geopolítica Faculdade de Educação Superior do ParanáFaculdade de Educação Superior do Paraná

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A definição de política externa, segundo Larrañaga (2004), é um conjunto de parâmetros, instrumentos, limites e procedimentos que orientam a tomada de decisões de autoridades de um país, referentes às relações desse país com o restante do mundo, quanto à sua inserção internacional e em função dos seus interesses. A política exterior é um instrumento governamental com o qual um Estado afeta o destino de seu povo, mantendo a paz, fazendo guerras e induzindo o crescimento, o desenvolvimento, a riqueza ou o atraso, a dependência e a pobreza. O interesse nacional é o centro das relações internacionais, e por meio dele os chefes de estado tomam as decisões quanto às iniciativas diplomáticas, os acordos comerciais, a constituição de blocos econômicos, os votos nas instâncias multilaterais, as concessões de favores e a obtenção de vantagens entre os Estados.

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