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no processo penal brasileiro se concretizará na denúncia ou queixa, conforme o delito seja de acusação pública ou privada (quanto à iniciativa). Li...

no processo penal brasileiro se concretizará na denúncia ou queixa, conforme o delito seja de acusação pública ou privada (quanto à iniciativa). Liberto das categorias e polêmicas seculares, podemos considerar que a acusação será pública quando levada a cabo pelo órgão oficial do Estado, Ministério Público. Poderá ser ainda uma acusação pública condicionada, quando a lei impuser a necessidade de uma prévia autorização da vítima para que o Estado possa proceder contra alguém (representação). Já a acusação será privada nos delitos em que a lei outorga ao particular o poder de acusar, concretizando essa acusação na queixa-crime. Superadas as concepções públicas e privadas do passado, pode-se trabalhar a partir da legitimidade ativa para definição. Considerando que tanto a iniciativa pública como a privada estão previstas na Constituição, podemos perfeitamente conceituar como um poder constitucional, de iniciativa pública ou privada, de acusar alguém frente ao órgão jurisdicional. É, portanto, neste momento, um poder de agir incondicionado. Deve ser completamente abandonado o civilismo de pensar ser o querelante um “substituto processual”, figura do processo civil, trazida à força por alguma doutrina para o processo penal. Não existe substituição processual no processo penal, na medida em que o particular exerce um poder próprio (de acusar) em nome próprio. A figura do “substituto” foi uma necessidade decorrente da errônea concepção de “pretensão punitiva”, de modo que um erro levou a outro para justificar a premissa inicial (errada). O particular não exerce o poder de punir e, por isso, não exerce em nome próprio um direito alheio... Ele é titular do poder de acusar, da mesma forma que o Ministério Público, havendo uma única diferença, que é a legitimidade para exercê-lo, fruto de opção de política processual. Nada além disso. 2.5.2. Requisitos de admissibilidade da acusação Uma vez recebida a acusação, caberá ao juiz a análise dos requisitos de admissibilidade da acusação. Não há sentido em seguir utilizando a categoria das “condições da ação”, com o peso histórico que tem, na medida em que hoje elas constituem, na verdade, requisitos de admissibilidade da acusação (denúncia ou queixa). As condições da ação sempre foram definidas como condições para o exercício do direito de ação, seu regular exercício. Mas atualmente, mesmo a ação é vista como um poder político-constitucional de invocação, absolutamente “incondicionado” na sua essência, surgindo a necessidade de se pensar em ação como direito “de dois tempos”, como anteriormente explicado, para salvar o conceito. Considerando que o poder de invocação da tutela jurisdicional é essencialmente “incondicionado” e que eventual controle se dará no segundo estágio, quando o juiz decide se admite ou não a acusação (ou a ação no cível). Por isso, tampouco é de todo correto seguir operando com a categoria “condições” de algo que constitui um poder incondicionado... Por isso, pensamos que na reestruturação teórica do instituto, mais um inconveniente a ser solucionado é esse: abandono da categoria “condições” para situar na dimensão de “requisitos de admissibilidade”, pois é disso que se trata. Uma vez exercida a acusação pública ou privada, verificará o juiz se a admite ou não, analisando os requisitos já conhecidos de fumaça da prática de um crime, punibilidade concreta, justa causa e legitimidade ativa/passiva. Preenchidos, poderá o juiz receber a acusação. Portanto, esses são os “requisitos de admissibilidade da acusação”: a) Legitimidade ativa e passiva: em que se verificará, à luz da tipicidade aparente, quem é o acusador atribuído por lei, se público ou privado. Quanto ao polo passivo, trata-se de análise sumária da figura do acusado, não admitindo a acusação que se dirija contra alguém que manifestamente não é o autor/partícipe do fato aparentemente criminoso, ou seja inimputável. b) Prática de fato aparentemente criminoso: é o conhecido fumus commissi delicti, cabendo ao acusador demonstrar a tipicidade aparente (verossimilhança acusatória), mas também a aparência de ilicitude. Havendo elementos probatórios de que o imputado agiu, manifestamente, ao abrigo de uma causa de exclusão da ilicitude, deve a acusação ser rejeitada (não admitida). c) Punibilidade concreta: superada a visão civilista de que isso seria uma discussão acerca do “interesse”, a exigência de demonstração da punibilidade concreta também pode ser pensada como um elemento negativo, ou seja, não pode ter ocorrido uma causa de extinção da punibilidade (prescrição, decadência etc.), prevista no art. 107 do CP ou em leis especiais. d) Justa causa: pensada como um limite contra o uso abusivo do poder de acusar, é a exigência de que se demonstre jurídica e faticamente uma “causa penal” que justifique a acusação. Pensamos, como explicado anteriormente, que a justa causa diz respeito à existência de indícios razoáveis de autoria e materialidade de um lado e, de outro, com o controle processual do caráter fragmentário da intervenção penal. Para evitar repetições, remetemos o leitor para a explicação feita, quando tratamos das “condições da ação”. Esses são verdadeiros requisitos para que uma acusação – pública ou privada – seja admitida, dando início ao processo. Não preenchidos, deverá o juiz “rejeitar a acusação”. precisa ser repensada à luz das especificidades do processo penal. Sem dúvida é um poder, o poder de punir, mas é um poder condicionado e, principalmente, é uma atividade protetiva de direitos fundamentais. Portanto, algumas distorções precisam ser corrigidas, como, por exemplo: a) Regras da competência: considerando que a jurisdição no processo penal tem uma função diferente daquela realizada no processo civil, o direito fundamental ao juiz natural, com uma competência previamente estabelecida por lei, adquire uma relevância muito maior. Ainda que a competência seja vista como limite ao poder, é também uma garantia fundamental que não pode ser manipulada. No processo penal, podemos seguir trabalhando com a competência em razão d

Essa pergunta também está no material:

Fundamentos do Processo Penal - Introdução Crítica (2017) - Aury Lopes Jr
351 pág.

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