Leia com atenção o poema "De tarde" de Cesário Verde. De tarde Naquele pique-nique de burguesas, Houve uma coisa simplesmente bela, E que, sem ter...

Leia com atenção o poema "De tarde" de Cesário Verde.

De tarde 

Naquele pique-nique de burguesas,

Houve uma coisa simplesmente bela,

E que, sem ter história nem grandezas,

Em todo o caso dava uma aquarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,

Foste colher, sem imposturas tolas,

A um granzoal1 azul de grão-de-bico

Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,

Nós acampámos, inda o Sol se via;

E houve talhadas de melão, damascos,

E pão-de-ló molhado em malvasia2.

Mas, todo púrpuro a sair da renda

Dos teus dois seios como duas rolas,

Era o supremo encanto da merenda

O ramalhete rubro das papoulas!

VERDE, Cesário. O livro de Cesário Verde (1873-1886). Lisboa: Typographia Elzeviriana, 1887. p. 69.

   O poema de Cesário Verde demonstra de forma evidente a ligação à  estética realista  por apresentar?

A - A dramática situação social dos camponeses portugueses em seu cotidiano de trabalho pesado nas plantações de trigo.

B - Um evento banal em que personagens e a situação retratada expõem a contemporaneidade dos costumes e a banalidades do evento.

C - Um evento grandioso digno de profundas reflexões filosóficas, pois demonstra a descoberta e o desabrochar do amor juvenil.

D - Uma situação misteriosa em que o encontro fantástico entre duas almas perdidas reúnem-se como forma de consolação no além-mundo.