A busca pessoal pode advir de relação contratual para fins de segurança como, por exemplo, para poder entrar e usufruir dos serviços das casas notu...

A busca pessoal pode advir de relação contratual para fins de segurança como, por exemplo, para poder entrar e usufruir dos serviços das casas noturnas é preciso passar por revista prévia. E a busca pessoal pode ser de natureza processual penal, quando houver suspeita de que alguém oculte consigo algo ilícito. Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar. Assim, se a busca pessoal for realizada em cumprimento a mandado de busca e apreensão domiciliar, os tribunais superiores asseveram que não precisa constar no mandado tal ressalva. No caso de advogados, o estatuto da OAB proíbe a busca pessoal a fim de apreender documentos em seu poder necessário ao direito de defesa, salvo quando se tratarem de corpo de delito ou o advogado for coautor ou partícipe do crime investigado. Por sua vez, os estabelecimentos empresariais, quando não abertos ao público, também estão sujeitos à proteção contra o ingresso não consentido. Nesse sentido, julgou o STF: “(...) Inviolabilidade de domicílio (art. 5º, IX, CF). Busca e apreensão em estabelecimento empresarial. Estabelecimentos empresariais estão sujeitos à proteção contra o ingresso não consentido. Não verificação das hipóteses que dispensam o consentimento. Mandado de busca e apreensão perfeitamente delimitado. Diligência estendida para endereço ulterior sem nova autorização judicial. Ilicitude do resultado da diligência. Ordem concedida, para determinar a inutilização das provas”. (STF, 2ª Turma, HC 106.566/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 16/12/2014, DJe 53 18/03/2015). PRISÃO EM FLAGRANTE Para o direito processual penal em flagrante é o que está acontecendo ou acabou de acontecer, ao passo que a prisão em flagrante é a constrição ao direito de liberdade daquele que é surpreendido cometendo o crime em situação de flagrância sem a necessidade, portanto, de expedição de mandado judicial. É medida drástica à liberdade do autor do crime, pois a ordem jurídica e as leis estão sendo lesados naquele exato momento. Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. A prisão em flagrante possui natureza jurídica de prisão administrativa cautelar, ou seja, visa garantir o resultado útil do processo com a prisão do indivíduo em situação flagrancial, e possui diversas espécies, legais e ilegais, estas por serem inadmitidas pelo direito. São espécies legais: Flagrante obrigatório (coercitivo): aquele efetuado por autoridade policial que presencia o crime, não cabendo juízo de conveniência e oportunidade se prende ou não. É obrigado a efetuar a prisão. Flagrante facultativo: o insculpido na parte final do art. 301 do CPP, ou seja, o realizado por qualquer do povo que presencie o cometimento de crime. Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. Flagrante próprio ou perfeito (real ou verdadeiro): é aquele em que o autor está cometendo o crime ou acaba de cometê-lo. Flagrante impróprio ou imperfeito: é aquele em que há perseguição em situação que faça presumir que determinada pessoa é a autora do crime. Sobre a expressão “logo após” prevista no mencionado inciso, julgou o STJ: HC - ESTADO DE QUASE-FLAGRANCIA - PRISÃO - ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. - EM SE TRATANDO DE QUASE-FLAGRANTE OU FLAGRANTE IMPROPRIO RELATIVO A FATO CONTRA MENOR, O TEMPO A SER CONSIDERADO, MEDEIA ENTRE A CIENCIA DO FATO PELO SEU REPRESENTANTE E AS PROVIDENCIAS LEGAIS QUE ESTE VENHA A ADOTAR PARA A PERSEGUIÇÃO DO PACIENTE. - HAVENDO PERSEGUIÇÃO AO OFENSOR, POR POLICIAIS, LOGO APOS TEREM SIDO INFORMADOS DO FATO PELA MAE DA VITIMA, CARACTERIZADO ESTA O ESTADO DE QUASE-FLAGRANCIA, POUCO IMPORTANDO SE A PRISÃO OCORREU SOMENTE QUATRO HORAS APOS. - FATO COMPROVADO QUE DA SUBSISTENCIA AO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE. - ORDEM DENEGADA. (STJ - HC: 3496 DF 1995/0023759-8, Relator: Ministro CID FLAQUER SCARTEZZINI, Data de Julgamento: 21/06/1995, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJ 25.09.1995 p. 31114) Flagrante presumido (ficto ou assimilado): é aquele em que a pessoa é encontrada logo após o cometimento do crime com instrumentos, armas ou papéis que façam presumir ser o autor. Flagrante esperado: é aquele realizado mediante campana policial. É o efetivado com o trabalho efetivo da polícia, por meio de trabalho de investigação, em que inexiste preparação de situação flagrancial e nem instigação para que o suspeito venha a cometer o crime. Flagrante prorrogado, retardado ou diferido: também é chamado de ação controlada, uma vez que se dá pelo retardamento da ação policial para fins de ocorrer em momento oportuno e prender mais pessoas, apreender mais droga, armas, etc. Como regra não necessita de autorização judicial, cabendo à própria autoridade policial decidir a respeito da intervenção. No entanto, exige-se comunicação prévia ao juízo competente. Tal ação está prevista nas leis de drogas (11.343/2006), lavagem de capitais