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Sobre a não linearidade do aparecimento dos direitos humanos, a superação da tese da linearidade permite perceber a multiplicidade de vias, escalas...

Sobre a não linearidade do aparecimento dos direitos humanos, a superação da tese da linearidade permite perceber a multiplicidade de vias, escalas e sujeitos relacionados, de forma substancial, à reivindicação dos direitos sociais, acentuando o caráter simultâneo, convergente e complementar da reclamação dos direitos civis, políticos e sociais. No que concerne ao preconceito de percepção filosófica, há teorias que afirmam que os direitos sociais estão axiologicamente subordinados aos direitos civis e políticos, na medida em que os direitos civis e políticos estariam conectados a necessidades mais básicas da pessoa humana, sendo os direitos sociais desdobramentos complementares de tais necessidades. Dessa forma, o fundamento imediato dos direitos civis e políticos seria o princípio da dignidade da pessoa humana, ao passo que os direitos sociais estão ligados à dignidade humana apenas de maneira indireta, justificando uma tutela mais debilitada. No entanto, a dignidade humana, fundamento dos direitos humanos, exige o cumprimento tantos de direitos civis e políticos como de direitos sociais, não havendo dignidade humana sem o reconhecimento de direitos sociais ou de direitos civis e políticos. Vincular a dignidade humana a apenas certos direitos civis, excluindo outros direitos sociais indispensáveis para seu exercício resulta em uma operação sem fundamento, pois o direito à vida ou à integridade física e moral não podem ser satisfeitos sem o direito a um nível adequado de saúde, o direito à intimidade é ameaçado sem a satisfação a um direito à moradia e o direito à informação, à liberdade ideológica e de expressão restam descaracterizados sem estruturas comunicativas plurais e sem uma educação crítica e de qualidade, por exemplo. Dessa forma, a tese de subordinação axiológica dos direitos sociais aos direitos civis e políticos não se sustenta porque todos esses direitos podem ser considerados indivisíveis e interdependentes, herdeiros de uma fundamentação comum: a igual dignidade, a igual liberdade e a igual diversidade de todas as pessoas, sendo que essa formulação não exclui a possibilidade de situações de conflitos de direitos, que devem ser submetidas à técnica da ponderação. O preconceito de cunho da filosofia do direito também comporta uma outra configuração, qual seja, a tese de que os direitos civis e políticos seriam, antes de mais nada, direitos de liberdade, contribuindo, entre outras questões, para a preservação da segurança pessoal e da diversidade política e cultural de uma sociedade. Os direitos sociais, por outro lado, estariam conectados, basicamente, ao princípio da igualdade e sua satisfação diretamente ligada com a proteção da homogeneidade social e escolher entre direitos civis e políticos e direitos sociais significaria pronunciar-se sobre a prevalência entre os valores em jogo: igualdade ou seguridade, igualdade ou liberdade, igualdade ou diversidade. Sen observa que, normalmente, a importância da igualdade é contrastada com a importância da igualdade, num suposto conflito entre a igualdade e a liberdade. O modo de ver a igualdade e a liberdade como dois pólos opostos, no entanto, não corresponde à realidade, já que, em verdade, a liberdade reside nos campos de aplicação possíveis da igualdade e a igualdade está entre os padrões de distribuição possíveis da liberdade. Os direitos humanos sociais constituem, portanto, uma condição fundamental para o exercício e a salvaguarda da liberdade individual, condicionando-se reciprocamente tais direitos, restando clara tal relação em determinadas situações, como na hipótese em que um indivíduo é privado de bens necessários à vida, tais como água potável, por exemplo, garantindo os direitos humanos sociais, não apenas a liberdade individual, mas também a participação no processo geral de produção legislativa do Direito. Em verdade, todos os direitos humanos estão relacionados quer com o direito à liberdade, quer com o direito à igualdade. Quanto às teses de percepção teórica, há uma parte da doutrina de direitos humanos que considera que há uma diferenciação cultural grande entre os direitos civis e políticos e os direitos sociais, que impede que sejam criados mecanismos semelhantes de proteção para as duas sortes de direitos, considerando que os direitos sociais são direitos prestacionais, caros, de configuração indeterminada e de incidência coletiva, dificultando, portanto, sua tutela, diferentemente dos direitos civis e políticos. Muitos doutrinadores afirmam que os direitos sociais são vagos e indetermináveis, ao passo que os direitos humanos são determináveis, havendo exemplos, no entanto, que contestam tal afirmação, tais como o direito social de proibição do trabalho infantil, o direito à instrução escolar, o direito a férias, ou mesmo, o direito ao mínimo existencial, que são direitos sociais concretos e próximos da realidade. Assim, por exemplo, o direito à saúde é um direito universal, mas que pode diferenciar-se na medida em que se pensa nos direitos reprodutivos das mulheres, da mesma forma como o direito ao trabalho digno é um direito universal, mas deve ser analisado de modo específico para homens e mulheres. Conforme Pisarello, não é possível inferir que conceitos como “honra”, “vida digna”, “propriedade” ou “liberdade de expressão” sejam, por natureza, menos obscuros ou mais precisos que conceitos como “o mais alto nível possível de saúde”, “educação básica”, ou “trabalho digno e estável”, sendo que todos os direitos apresentam “zonas de penumbra” e um “núcleo de certeza”, dos quais se pode extrair conteúdos e deveres básicos para os poderes públicos. Também é consequência da percepção dos direitos sociais como direitos estruturalmente diferentes dos direitos civis e políticos a percepção de que os direitos civis e políticos acarretariam apenas uma prestação negativa, ou seja, apenas uma postura de proibição do Estado de efetuar algo, ao passo que os direitos sociais exigiriam somente prestações positivas, quer dizer, ações por parte do Estado para a garantia de tais direitos. Ocorre que, para a garantia da efetividade dos direitos humanos, tanto os direitos sociais como os direitos civis e políticos exigem prestações negativas e positivas por parte do Estado, havendo, em verdade, uma linha muito tênue que distinga as prestações negativas das prestações positivas. Assim, por exemplo, o direito à liberdade de expressão não pode ser reduzido apenas à proibição de censura, devendo compreender, também, a habilitação de centros culturais e praças públicas, a subvenção de publicações, a concessão de espaços públicos gratuitos em rádios e televisões e uma regulação que garante o pluralismo informativo e o direito a não ser torturado demanda a existência de corpos de segurança devidamente identificados, com formação em princípios garantistas, bem como a manutenção de cent

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Tese_Integral_CandyFlorencioThome
344 pág.

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Desculpe, mas sua pergunta parece ser um trecho extenso de um texto sobre direitos humanos. Se precisar de ajuda com alguma dúvida específica desse texto, estou à disposição para ajudar.

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