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Esses dados são importantes para que se possa conhecer, efetivamente, a situação da mulher brasileira, já que a maioria das pesquisas, principalmen...

Esses dados são importantes para que se possa conhecer, efetivamente, a situação da mulher brasileira, já que a maioria das pesquisas, principalmente aquelas concernentes ao mercado de trabalho, não levam em conta o sexo do trabalhador. A norma analisada, contudo, infelizmente, não prevê o estudo anual do número de trabalhadoras sindicalizadas, tampouco o número de dirigentes sindicais mulheres e o tipo de postos que ocupam nas organizações sindicais. A discriminação negativa e a discriminação positiva. Verifica-se que o número de normas que prevêem a igualdade em gênero aplicáveis no Brasil é extenso. Não obstante a existência de inúmeras normas, internacionais, comunitárias e nacionais, proibindo, expressamente, a discriminação negativa, as desigualdades ainda permanecem, uma vez que a maneira como essas normas jurídicas têm sido configuradas não têm sido suficiente para a realização plena da igualdade em gênero. Nas palavras de Freitas Júnior, “a morosidade e a timidez são características da evolução da norma trabalhista brasileira, em matéria de condição feminina” e, em verdade, toda a normatização brasileira do trabalho da mulher foi com o intuito de proteger a família patriarcal e o papel da mulher como mãe. Não há dúvidas de que as mulheres se incorporaram no mercado de trabalho na maioria dos países ocidentais. Ainda que os dados do trabalho feminino, no início da Revolução Industrial, tenham sido subvalorados, sendo muito maior a quantidade de trabalho feminino no início da Revolução Industrial do que se costuma afirmar, a verdadeira mudança da situação feminina no trabalho começa a partir da Segunda Guerra Mundial. Apesar dessa incorporação, a discriminação em razão de gênero no mercado de trabalho é ainda muito comum e produz diversos efeitos nefastos. Muitos, ainda, consideram que a mulher não está apta para executar determinadas atividades, não consegue viver sob pressão, frente às flutuações hormonais e não pode exercer alguns cargos de maior poder, pois sempre terá que se dividir entre seu trabalho e família. Diante dessas desigualdades, o combate à discriminação no Brasil exige uma política integrada que inclua as convenções internacionais do trabalho, a legislação nacional e seu desenvolvimento, as instituições nacionais de promoção da igualdade de oportunidades e tratamento, as políticas ativas de mercado de trabalho, o papel da Justiça do Trabalho e da inspeção do trabalho, políticas de contratos e compras governamentais, bem como o papel dos sindicatos, organizações de empregadores e do diálogo social. Dessa forma, faz-se necessária a atuação de todos os atores sociais, inclusive o Estado e os sindicatos, para a luta contra a desigualdade, por meio de outros instrumentos além dos mecanismos tradicionais de sanção à discriminação. É imprescindível, portanto, não apenas a garantia de salários e condições iguais de trabalho e a proteção contra uma discriminação negativa, mas também a garantia de acesso da mulher ao mercado de trabalho, por meio de medidas positivas. O princípio de igualdade é um princípio complexo, que comporta uma dupla vertente, ou seja, a vertente positiva e a vertente negativa. Assim, há que se estabelecer uma diferença entre a discriminação negativa, que está proibida nas normas internacionais e nacionais na maioria dos países, e a discriminação positiva. Esta última está relacionada com um tratamento preferencial dos grupos pouco representados, para que o princípio de igualdade seja alcançado. Piovesan considera que, se a igualdade pressupõe formas de inclusão social, a discriminação negativa implica a violenta exclusão e intolerância à diferença e à diversidade, não resultando a proibição da exclusão, automaticamente, em inclusão, sendo necessário, portanto, uma vertente promocional da igualdade para que se garanta a igualdade de fato, com a efetiva inclusão social de grupos que sofreram e sofrem um consistente padrão de violência e discriminação. As medidas de discriminação positiva, também chamadas de ações positivas, ou, ainda, ações afirmativas, são ferramentas de integração de grupos da sociedade que tenham estado em situação diferencial com respeito aos demais. Essas medidas são uma das formas de política pública ou medida privada de inserção no mercado de trabalho, dentre outras medidas de inserção possíveis, tais como formação, reciclagem, requalificação profissional, agências públicas de colocação, etc. Piovesan as define como “políticas compensatórias adotadas para aliviar e remediar as condições resultantes de um passado discriminatório”, cumprindo uma finalidade pública decisiva ao projeto democrático de assegurar a diversidade e a pluralidade social, devendo ser compreendidas não apenas sob um prisma retrospectivo, em um sentido de aliviar a carga de um passado discriminatório, como também sob um prisma prospectivo, em um sentido de fomentar a transformação social. Elas são destinadas a acelerar a equiparação de oportunidades ou o acesso a certos espaços sociais ou bens a que um grupo tenha sido sistematicamente excluído. Gomes define as ações afirmativas como as políticas e mecanismos de inclusão engendrados seja por entidades públicas, seja por entidades privadas ou, ainda, por órgãos dotados de competência jurisdicional, com vistas à concretização de um objetivo determinado constitucionalmente, nesse caso, o princípio da igualdade de oportunidades. Tais medidas têm por objetivos proporcionar uma maior igualdade entre os grupos por terem caráter de cunho pedagógico, exemplar, “cuja eficácia como agente de transformação social poucos até hoje ousaram negar”. O autor ressalta, também, que “constituiria um erro estratégico inadmissível deixar de oferecer oportunidades efetivas de educação e trabalho a certos segmentos da população”, gerando prejuízos sérios à competitividade e produtividade econômica do país. Além disso, as ações afirmativas permitiriam a criação das chamadas personalidades emblemáticas. Para Baruki e Bertolin, tais ações são medidas tendentes a compensar grupos mais vulneráveis, por meio de proteção específica, a fim de se minimizar condições desvantajosas, voltadas à obtenção do reconhecimento social das potencialidades desses grupos.

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344 pág.

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