Conforme o art. 105, as partes também podem arguir a suspeição de peritos, intérpretes, serventuários ou funcionários da justiça, pelas mesmas causas e motivos já estudados, decidindo o juiz de plano e sem direito a recurso. Art. 105. As partes poderão também arguir de suspeitos os peritos, os intérpretes e os serventuários ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de plano e sem recurso, à vista da matéria alegada e prova imediata. ARGUIÇÃO DE SUSPEIÇÃO DAS AUTORIDADES POLICIAIS Conforme o art. 107 do CPP, não se pode opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas se declararem suspeitas, quando ocorrer motivo legal. Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. Não há princípio do “delegado natural”. Solução: contatar a Corregedoria de Polícia. 6. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA (DECLINATORIA FORI) A incompetência de juízo é prevista no art. 109 do CPP: Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior. O dispositivo (que data de 1940) faz referência ao que hoje conhecemos como incompetência absoluta, ou seja, aquela que se refere a matérias de ordem pública (incompetência ratione materiae e ratione personae) e que, por isso, podem ser declaradas a qualquer tempo, de ofício ou a requerimento da parte interessada. Obs. Como vimos, a incompetência absoluta pode ser arguida até mesmo depois do trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria, podendo ensejar a revisão criminal. Será arguida na própria petição, não precisa peça separada. De outro lado, temos a chamada incompetência relativa, que se refere a matérias de interesse particular (ratione loci) e é prevista no art. 108 do CPP, in verbis: Art. 108 A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta, verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa. § 1º Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será remetido ao juízo competente, onde, ratificados os atos anteriores, o processo prosseguirá. § 2º Recusada a incompetência, o juiz continuará no feito, fazendo tomar por termo a declinatória, se formulada verbalmente. Diferentemente da absoluta, não pode ser declarada a qualquer momento. Antes da lei 11.719, a incompetência relativa podia ser declarada de ofício até o momento da sentença. Com a adoção do PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ (art. 399, §2º), essa incompetência relativa, só pode ser declarada até o início da instrução processual. Porque se o juiz fizer a audiência, fizer a instrução, ele não poderá enviar para o outro, por conta do supracitado princípio, visto que o juiz que faz a instrução deve ser o mesmo que profere a sentença PROCEDIMENTO Incompetência absoluta: Pode ser declarada de ofício (matéria de ordem pública) ou a requerimento da parte interessada (a qualquer tempo). A arguição de incompetência não necessita de petição específica, podendo ser realizada nos próprios autos ou até oralmente perante o juízo. Incompetência relativa: Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. OBS: Só pode ser arguida pela parte interessada, pois é matéria de interesse particular. Deve ser arguida no primeiro momento em que couber à parte se manifestar no processo, através de petição específica (exceção de incompetência relativa), sob pena de preclusão e prorrogação da competência. Será autuada em autos apartados, e o juiz decidirá após a oitiva do MP. RECURSOS CABÍVEIS Se o juiz declara de ofício a sua incompetência, cabe RESE, de acordo com o art. 581, II. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: [...] II - que concluir pela incompetência do juízo; Se for julgada procedente a exceção de incompetência, também cabe RESE, porém com base no art. 581, III. III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; OBS: Em regra, contra todos os julgamentos de exceções cabe RESE, pois são julgadas por juiz de 1º grau. Exceção: Exceção de suspeição de juiz, que é julgada pelo Tribunal, ou seja, se já é apreciada pelo tribunal não vai caber RESE (é pensado por excelência no juiz de 1º grau cabendo o julgamento ao 2º). Se for julgada improcedente a exceção de incompetência, não há recurso previsto em lei contra essa decisão. Entretanto a doutrina diz que em favor do acusado nada impede a utilização de um HC ou da alegação dessa suposta violação ao juiz natural em uma preliminar de apelação. CONSEQUÊNCIAS Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente. Se acolhida a alegação de incompetência relativa, os autos são remetidos ao juízo competente, reputando-se nulos os atos decisórios e possíveis de convalidação os atos instrutórios. 7. EXCEÇÃO DE ILEGITIMIDADE CONCEITO Refere-se tanto à ilegitimidade ad causam quanto à ilegitimidade ad processum. Procede-se no mesmo rito da exceção de incompetência, podendo ser declarada tanto de ofício como a requerimento das partes. Ilegitimidade ‘ad causam’ (condição da ação): Ilegitimidade para estar em um dos polos da demanda. Ex: MP denunciando em ação privada. A exceção de ilegitimidade ‘ad causam’ tem natureza peremptória: Se procedente, importará em nulidade da ação desde o início. Isso ocorre, pois, essa espécie de ilegitimidade acarreta nulidade absoluta (não passível de convalidação). Ilegitimidade ad ‘processum’ (pressuposto processual de validade): Ilegitimidade para estar em juízo. Ex: Menor de 18 anos oferecendo queixa. A exceção de ilegitimidade ad processum tem natureza dilatória: Se procedente, imporá a necessidade de ratificação dos atos a fim de sanear os vícios. Percebe-se que aqui a nulidade é relativa. No caso de ser oferecida uma queixa contra um menor de 18, em particular, poder-se-ia ainda indicar a impossibilidade jurídica do pedido, pois um menor não poderia ser condenado; incompetência, eis que deve ser julgado pela infância e juventude. RECURSOS CABÍVEIS • Se o juiz rejeita a peça acusatória por conta da ilegitimidade: RESE, com base no art. 581, I. I - que não receber a denúncia ou a queixa; • Se o juiz julga procedente a exceção de ilegitimidade: RESE, com base no inciso III. III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; • Se o juiz anula o processo em razão da ilegitimidade: RESE, com base no inciso XIII. XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; • Se julgada improcedente a exceção, não cabe recurso. No máximo HC em favor do acusado ou preliminar em apelação. 8. EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA CONCEITO É a situação do mesmo acusado estar respondendo a dois ou mais processos condenatórios distintos pelo mesmo fato delituoso, independentemente da classificação típica que lhe seja atribuída. No processo civil, a litispendência exige partes idênticas, pedidos idênticos e causas de pedir semelhantes. Já no processo penal, a litispendência pressupõe, em primeiro lugar, que o acusado seja o mesmo, não se exigindo que a parte autora seja a mesma. Assim, poderia haver litispendência no caso de ação penal privada subsidiária da pública (exemplo: 1º processo: Ministério Público; 2º processo: ofendido) IDENTIDADE DE AÇÕES NO PROCESSO PENAL 8.2.1. Mesmas partes O importante é a análise do polo passivo. Pode ocorrer de o MP processar em uma ação e o querelante fazê-lo (subsidiariamente), contra o mesmo fato, em outro processo – litispendência. 8.2.2. Mesma imputação