Acerca da filosofia dos pré-socráticos, podemos considerar: Assinale a alternativa CORRETA. I. A filosofia dos pré-socráticos constitui um ponto de inflexão fundamental na história do pensamento humano, pois representa um claro golpe dirigido às posições mitológicas na medida em que busca fundamentar uma nova concepção do mundo mediante a investigação da natureza. II. A filosofia de Heráclito se constitui pela afirmação do preceito do devir que encontra, na representação do fogo, sua manifestação sensível. III. A depreciação do trabalho produtivo, na época dos filósofos pré-socráticos, é expressão de um sistema socioeconômico fundado no trabalho escravo, em que ainda não é posta a necessidade fundamental da recorrência ao sistema de máquinas e engrenagens para desenvolver as forças produtivas. Isso implica que as grandes descobertas, no âmbito da investigação filosófica da natureza (physis), não tiveram plena influência sobre o universo das técnicas de produção como na sociedade capitalista. IV. Quando Tales de Mileto afirma a água como princípio fundante do ser, ele está fazendo uma afirmação filosófica, porque a água aparece como preceito primordial de todas as coisas, em que a água está contida em todas as coisas e em todas as coisas está contida a água. a. Alternativas I e IV estão incorretas. b. Alternativa I está incorreta. c. Alternativas II e III estão incorretas. d. Todas as alternativas estão corretas. e. Todas as alternativas estão incorretas.
A filosofia platônica pode ser contada entre as principais concepções idealistas que fundam a compreensão da realidade. O filósofo contemporâneo Alfred N. Whitehead chega a pontuar que, em matéria de filosofia, 'tudo o mais, depois de Platão, não passa de notas de rodapé'. Acerca da filosofia platônica, podemos considerar: Assinale a assertiva correta: I. A defesa platônica da geometria e do pensamento geométrico é uma tentativa exitosa de respaldar a primazia do mundo teórico sobre o mundo sensível. No entanto, ela padece do problema de considerar a realidade como mera representação do mundo sensível. II. A filosofia platônica, expressa em A república, representa uma segunda navegação, em que ele constitui sua própria filosofia, não dependendo mais da filosofia de seu mestre Sócrates. III. A filosofia platônica é destituída de uma metafísica porque ignora completamente a relevância da teoria no processo de constituição do conhecimento como uma forma específica de reflexo da realidade. IV. Platão, em sua obra O sofista, opera uma espécie de parricídio de Parmênides, em que afirma a possibilidade da existência da meta-ideia do não-ser para poder refutar os sofistas como vendedores de simulacros. a. Todas as alternativas estão corretas. b. Todas as alternativas estão incorretas. c. As alternativas II e IV estão incorretas. d. Apenas a alternativa II está incorreta. e. As alternativas I e III estão incorretas.
Entre os filósofos romanos, o nome de Lucrécio merece consideração pela relevância concedida à investigação da natureza. Acerca de sua filosofia, é INCORRETO: a. A filosofia de Lucrécio é herdeira da filosofia de Epicuro, pois concebe os átomos como infinitos em número, indivisíveis fisicamente (insecáveis) e imensamente pequenos (sua variação de tamanho estaria situada aquém do limiar de percepção); além disso, seriam móveis por si mesmos, pois o vazio não ofereceria qualquer resistência à locomoção. b. A doutrina do clinamen consiste na declinação representada pela força do arbítrio na natureza, quer dizer, a presença do acaso e da contingência em contraposição ao critério da necessidade. O clinamen é o desvio espontâneo ou declinação no movimento atômico, postulado para fugir ao determinismo e introduzir o caos no movimento do átomo. c. Na teoria atomista de Lucrécio, erige-se uma constituição física do mundo visando à afirmação da autonomia do homem. É um mundo no qual os átomos se movem livremente, em turbilhão. Isso serve para afirmar também a liberdade do homem e que o mesmo não carece de religião nem teogonia para justificar sua existência moral. d. A filosofia atomista de Lucrécio admite a existência do nada como princípio elementar das coisas, haja vista que todas as coisas podem ser destruídas e anular as partes da decomposição da matéria. É possível então afirmar que tudo procede do nada e tudo retorna ao nada. e. O estudo da física serve para libertar os homens dos preconceitos arraigados que impedem o usufruto da felicidade. O processo de explicação dos fenômenos naturais deve ser isento das interferências das explicações divinas.
No debate que se constituiu em torno da filosofia empirista e racionalista, emerge o nome de Francis Bacon. Desconsiderando as possíveis especulações que tendem a preservar seu nome como representante do empirismo, marque a afirmativa INCORRETA. a. Francis Bacon, em sua obra Novum Organum, advoga a necessidade fundamental de investigação da natureza como critério e medida do conhecimento da realidade e recusa as impostações idealistas que perpassam as filosofias idealistas de Platão e Aristóteles, pois estes se valem de categorias puramente subjetivas. b. Bacon pontua que se deve recusar as especulações lógicas e silogísticas como critérios para o entendimento correto da realidade, pois para a penetração nos estratos mais profundos da natureza, é necessário que tanto as noções quanto os axiomas sejam abstraídos das coisas por um método mais adequado e seguro. c. Bacon entende que os ídolos do foro são provenientes do intercurso e da associação recíproca dos indivíduos entre si. As palavras, impostas de maneira imprópria, bloqueiam o intelecto. Os ídolos do foro são perturbadores devido à existência de um pacto entre as palavras e as coisas. Por sua vez, os ídolos do teatro são as diferentes doutrinas filosóficas, que mais parecem fábulas. Os referidos ídolos são inerentes e inatos aos homens e resultam da interposição de um processo natural. d. Na primeira parte de seu livro, Aforismos sobre a interpretação da natureza e o reino do homem, Bacon aponta que os ídolos da tribo (idola tribus) têm sua gênese na compreensão uniforme da substância espiritual do homem, que ele é fruto das limitações e instabilidades dos sentidos humanos. e. Para Bacon, a filosofia aristotélica é vista como uma tendência que despreza a consulta da experiência no estabelecimento de seus axiomas, e submete a experiência à condição de escrava de seus axiomas e de suas opiniões.
Acerca da peculiaridade da lógica dialética, expressa na filosofia de G. W. F. Hegel, podemos dizer que: Assinale a alternativa CORRETA. I. em Princípios da Filosofia do Direito, Hegel tenta compreender a sociedade através das categorias lógicas. Existe uma superação da lógica aristotélica centrada na forma do discurso para a constituição de lógica que reconhece a dinâmica da realidade e estabelece um vínculo fundamental entre lógica e história. II. a lógica dialética hegeliana se mantém nos limites da lógica tradicional, pois confere um papel de primazia da forma sobre o conteúdo do conceito, do juízo e do silogismo. Desse modo, ele mantém-se fiel à tradição que entende o conceito como algo estritamente relacionada à forma e não ao conteúdo. As formas lógicas são os únicos e verdadeiros receptáculos das representações. III. a lógica dialética hegeliana considera o verdadeiro como uma totalidade dinâmica. O conceito é tanto o imediato quanto o mediato. Os momentos do conceito não podem ser separados. Os três momentos são o mesmo que a identidade (universalidade), diferença (particularidade) e o fundamento (singularidade). O universal é o idêntico consigo mesmo na medida em que contém o singular e o particular. O particular é o determinado, e toda determinação é uma negação. IV. na lógica dialética, o conhecimento começa com o abstrato, isto é, com as determinações isoladas, universais e simples. O abstrato é imediato para o conhecimento. O singular é o ponto de partida porque é o indeterminado, é o sujeito abstrato, da mesma maneira que o ser. V. o conhecimento do singular não pressupõe o da universalidade e da particularidade. O singular é tanto mais conhecido quanto menos rico for sua mediação com o particular e o universal. a. I e II estão corretas. b. I, III, IV estão corretas. c. II, IV, V estão corretas. d. Todas estão corretas. e. Todas estão incorretas.
Na Critica da razão pura, de Immanuel Kant, encontramos uma tentativa de unidade entre racionalismo e empirismo pela mediação do conceito de experiência e sensibilidade puras. Acerca das formulações encontradas na estética transcendental kantiana, é INCORRETO afirmar que a. é pela mediação da sensibilidade que os objetos são dados e são fornecidas as intuições; não cabendo ao entendimento, nenhuma atividade fundamental. b. o conhecimento sistemático e a ciência dos objetos da experiência fornecem um modelo de certeza; a filosofia crítica marca os limites do que se pode conhecer e estima o que é permitido esperar. c. o espírito humano nada pode saber das realidades transcendentes aos fenômenos, pois não há uma intuição intelectual; isso implica que não é possível conhecer a coisa em si. d. os fenômenos, sejam da experiência interna ou da experiência externa, não passam de representações, pois os dados da percepção nelas são transmutados graças ao espaço e ao tempo. e. as formas de intuição pura são representações a priori e não a posteriori, que se encontram completamente no espírito humano e não na realidade empírica.
A história da Filosofia é pautada, desde a Antiguidade, pelo interesse acerca das questões metafísicas, em que encontramos sua sustentação em vários pensadores. Acerca da metafísica, podemos dizer que I. através do conceito de espírito, a filosofia hegeliana se constitui como uma crítica exemplar à filosofia dos limites e ao sujeito transcendental, formulada por Immanuel Kant. II. Kant entende que a metafísica, para alcançar o estatuto de ciência, precisa copiar o modelo das ciências da natureza, especialmente a biologia e a química, ciências que emergiam em seu período histórico. III. a prova ontológica da existência de Deus se constitui como fundamento da certeza indubitável do cogito cartesiano. IV. na “Analítica transcendental”, mediante o estabelecimento da tábua das suas categorias, Kant esboça os fundamentos metafísicos do conhecimento científico. a. apenas I é falsa. b. apenas II é falsa. c. III e IV são falsas. d. todas são verdadeiras. e. todas são falsas.
No contexto de dissolução do império romano e ascensão de um novo período histórico, feudalismo, encontra-se a filosofia patrística, que tem na pessoa de Santo Agostinho (Aurelius Augustinus) sua expressão máxima. Acerca da filosofia agostiniana, podemos dizer: I. Agostinho investigou a noção de tempo, revelando pouca penetração analítica. O tempo é por ele pensado como cindido em relação à estrutura fundamental do próprio mundo. II. A teoria da graça e da predestinação se constitui como o cerne da antropologia agostiniana. A dualidade dos eleitos e dos condenados é a estrutura explicativa da história, exposta na Cidade de Deus. III. O cerne da antropologia agostiniana concentra-se no entendimento de que o homem não é o réprobo miserável, condenado à danação eterna e irrecuperável pela graça divina. IV. A Cidade de Deus apresenta o dualismo platônico entre corpo e alma, espírito e matéria, bem e mal, ser e não-ser, sintetizando aspectos poucos essenciais do pensamento de Agostinho. a. I. b. II. c. III. d. IV. e. todas.
A sociedade capitalista se distingue das sociedades precedentes pela forma singular como trata dos problemas relativos à técnica. Na perspectiva da ontologia marxiana, a peculiaridade da técnica pode ser entendida como: (Marque apenas a questão CORRETA) a. Existe uma distinção nodal na sociedade capitalista entre técnica e ciência, em que é descabido vislumbrar qualquer aplicabilidade concreta das descobertas científicas ao mundo do trabalho. b. A técnica é dotada de uma substância em-si em que é impossível alterar sua essência destrutiva da sociedade e da natureza. c. A técnica é uma produção histórica, em que sua objetivação concreta resulta da síntese das múltiplas determinações subjetivas que perpassa a história dos homens. d. A técnica ganhou contornos proporcionais na sociedade capitalista que a identifica como um monstro animado que se levanta contra os homens. Em outros termos: vive-se em um tempo histórico em que a técnica é tudo e o homem é nada, a técnica pode existir em-si enquanto o homem não pode existir sem a técnica. e. A técnica tem pouquíssima relação com o processo de produção e com o aprimoramento dos meios necessários ao controle e domínio do homem sobre a natureza e ao desenvolvimento da sociedade.
Sobre a produção filosófica de Jean-Jacques Rousseau, marque a afirmativa abaixo que se constitui como CORRETA. a. Articulado à produção teórica dos iluministas, ela constitui-se como antípoda aos preceitos elementares que permearam a Revolução Francesa. b. Em sua obra Do contrato social advoga que os homens nasceram desiguais e encontram-se aprisionados por natureza. c. A democracia rousseauísta é idêntica à democracia burguesa em que a participação popular é postulada nos termos da representatividade parlamentar. d. A vontade geral, que é mais do que a soma das partes, é representada pela figura do monarca ou do príncipe como aquele que põe os pingos nos is. e. O verdadeiro soberano de uma nação é o povo que deve exercer poder de decisão sobre seu destino.