13) O que se deve entender por reserva do possível.

O Princípio da Reserva do Possível ou Princípio da Reserva de Consistência é uma construção jurídica germânica originária de uma ação judicial que objetivava permitir a determinados estudantes  cursar o ensino superior público embasada na garantia da livre escolha do trabalho, ofício ou profissão.  Neste caso, ficou decidido pela Suprema Corte Alemã que, somente se pode exigir do Estado a prestação em benefício do interessado, desde que observados os limites de razoabilidade. Os direitos sociais que exigem uma prestação de fazer estariam sujeitos à reserva do possível no sentido daquilo que o indivíduo, de maneira racional, pode esperar da sociedade, ou seja, justificaria a limitação do Estado em razão de suas  condições sócioeconômicas e estruturais.

A reserva do possível diz respeito a limitação financeira do Estado, que nem sempre pode dispor de recursos para garantir os direitos fundamentais que por ele devem ser concretizados.

Segundo Paulo e Alexandrino, os direitos constitucionais vigentes devem ser concretizados pelo Poder Público, mas dentro do limite do que seja possível. Entretanto, falando sobre este princípio ou cláusula, advertem:

"É importante entender que esse princípio não significa um “salvo conduto” para o Estado deixar de cumprir suas obrigações sob uma alegação genérica de que “não existem recursos suficientes”. A não efetivação, ou efetivação apenas parcial, de direitos constitucionalmente assegurados somente se justifica se, em cada caso, for possível demonstrar a impossibilidade financeira (ou econômica) de sua concretização pelo Estado".

Ao analisar os conceitos trazidos por Alexandrino, Dolivar Gonçalves Jr. afirma que "o Estado não pode simplesmente alegar insuficiência de recursos para se eximir de prestar suas obrigações para com os cidadãos, mas é necessário provar que efetivamente não há possibilidade de arcar com os custos no caso concreto.

Em contrapartida, o que se tem como limite ao princípio da reserva do possível é justamente o princípio constitucional implícito da garantia do mínimo existencial. Segundo este princípio, apesar de o Estado ter recursos financeiros limitados, não está eximido de seu dever de garantir um mínimo necessário para que população tenha uma existência digna, no que se refere aos direitos sociais."

Temos, então, que os princípios do mínimo existencial e da reserva do possível estão intrinsecamente ligados, e atuam como uma balança em situações concretas, nas quais o Estado tem o dever de garantir o mínimo necessário para manter o que é considerado fundamental para coletividade (como a saúde, por exemplo), e, em contrapartida, não há recursos suficientes destinados a esse fim.