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Lidia Bezerra Eefm

“O longo processo de redemocratização vivido pelo Brasil foi acompanhado de intenso debate institucional. Para muitos analistas, a consolidação da democracia em gestação pediria a rejeição da estrutura institucional que presidira a malsucedida experiência democrática anterior. No decorrer deste debate, a forma presidencialista de governo e as leis eleitorais se constituíram no alvo privilegiado das propostas de reforma institucional. O presidencialismo deveria ser preterido em função de sua tendência a gerar conflitos institucionais insolúveis, enquanto a legislação partidária deveria ser alterada com vistas à obtenção de um sistema partidário composto por um número menor de partidos, dotados de um mínimo de disciplina. De acordo com este diagnóstico, a fórmula institucional adotada pelo país levaria ao pior dos mundos: a explosiva combinação entre presidencialismo e um sistema pluripartidário baixamente institucionalizado. A sorte da democracia brasileira, em uma palavra, dependeria do exercício da engenharia institucional.



A Constituição de 1988 não adotou qualquer das reformas defendidas pelos adeptos da engenharia institucional. O presidencialismo foi mantido e o plebiscito de 1993 jogou a pá de cal sobre a "opção parlamentarista". Da mesma forma, a legislação eleitoral não sofreu qualquer alteração significativa. O princípio proporcional e a lista aberta continuam a comandar o processo de transformação de votos em cadeiras legislativas. Por estas razões, os analistas insistem em afirmar que a base institucional que determina a lógica do funcionamento do sistema político brasileiro não foi alterada e que, portanto, continua a ser a mesma do sistema criado em 1946. Sendo assim, dever-se-ia esperar um sistema com fortes tendências à inoperância, quando não à paralisia; um sistema político em que um presidente impotente e fraco se contraporia a um Legislativo povoado por uma miríade de partidos carentes de disciplina.



No entanto, o quadro institucional que emergiu após a promulgação da Constituição de 1988 está longe de reproduzir aquele experimentado pelo país no passado. A Carta de 1988 modificou as bases institucionais do sistema político nacional, alterando radicalmente o seu funcionamento.”



Vimos na disciplina de Política Brasileira que as previsões negativas sobre o funcionamento do sistema político brasileiro, produzidas em 1980 e 1990, não se concretizaram. Analise as asserções abaixo e assinale a alternativa que apresente, corretamente, os achados da perspectiva otimista de Argelina Figueiredo e Fernando Limongi:



I. Os dados analisados mostraram um amplo predomínio do Executivo e um Congresso que age de maneira disciplinada.



II. O arranjo institucional inaugurado em 1988 manteve os principais pilares daquele que vigorara no período 1946-1964 e com isso o funcionamento do sistema político brasileiro seria instável, tal como 1964.



III. O arranjo institucional inaugurado em 1988 mudou radicalmente o sistema político brasileiro, transformando o sistema proporcional em majoritário e o sistema partidário brasileiro de multipartidário para bipartidário.



IV. O quadro institucional inaugurado com a Constituição Federal de 1988 é radicalmente diferente do anterior, pois houve mudanças internas no sistema político, como o poder de agenda e o papel desempenhado pelos líderes partidários.



Considerando as proposições acima, está correto o que se afirma em:

A

Apenas I.

B

Apenas I e II.

C

Apenas II e III.

D

Apenas I e IV.

E

Apenas I, III e IV.

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valdeir henrique do Nasciemnto de Lima

há 2 meses

Respostas

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há 2 meses

Vamos analisar cada uma das proposições: I. Os dados analisados mostraram um amplo predomínio do Executivo e um Congresso que age de maneira disciplinada. Verdadeiro, essa afirmação reflete a perspectiva otimista de que o Executivo tem uma influência significativa e que o Congresso se comporta de maneira mais coesa. II. O arranjo institucional inaugurado em 1988 manteve os principais pilares daquele que vigorara no período 1946-1964 e com isso o funcionamento do sistema político brasileiro seria instável, tal como 1964. Falso, essa afirmação contradiz a perspectiva otimista, pois sugere que o sistema seria instável, o que não é o que os analistas afirmam. III. O arranjo institucional inaugurado em 1988 mudou radicalmente o sistema político brasileiro, transformando o sistema proporcional em majoritário e o sistema partidário brasileiro de multipartidário para bipartidário. Falso, essa afirmação é incorreta, pois o sistema proporcional foi mantido e não houve uma transformação para um sistema bipartidário. IV. O quadro institucional inaugurado com a Constituição Federal de 1988 é radicalmente diferente do anterior, pois houve mudanças internas no sistema político, como o poder de agenda e o papel desempenhado pelos líderes partidários. Verdadeiro, essa afirmação está correta, pois reflete as mudanças significativas que ocorreram com a nova Constituição. Com base na análise, as proposições corretas são I e IV. Portanto, a alternativa correta é: D) Apenas I e IV.

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