Creio que não.
É certo que o direito evolui com o tempo, e a legislação proposta em questão, representa um retrocesso em vários pontos.
O código civil e a constituição, afirmam que o casamento e a união estável são institutos conferidos pela união de um homem e uma mulher. Não culpo tais legislações por não abrangerem os relacionamentos homoafetivos, que hoje em dia, felizmente, já são bem mais aceitos, mas à epoca era marginalizados.
Tranto que o STF já decidiu o assunto em 2011, afirmando que casais do mesmo sexo podem se casar, como os mesmos direitos de casais heterossexual. Percebemos aqui uma evolução do direito.
O Estatuto da Família por sua vez, deseja novamente positivar a ideia anterior, vejamos o art. 2º do Projeto de lei:
"Para os fins desta Lei, define-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes."
Por esse motivo, falando agora sobre constitucionalidade, tal projeto fere direitos constitucionais que deveriam ser conferidos à todos, inclusive aos homossexuais que são pessoas, como todos nós. Vejamos:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
O direito à constituição famíliar discrimina quando não confere à casais homossexuais direitos iguais de união afetiva.
Assim, pelo fato de a proposta se mostrar discriminatória, discriminando à formação de família por pessoas do mesmo sexo, causando o mal para essas pessoas e por ir contra o entendimento do STF, considero inconstitucional.
Segundo as informações fornecidas pelo site do STF, o Partido dos Trabalhadores (PT) ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) a Ação Direta de inconstitucionalidade (ADI) 5971, contra a Lei Distrital 6.160/2018, que institui as diretrizes para implantação da Política Pública de Valorização da Família no Distrito Federal, conhecida como estatuto da família.
De acordo com o PT, a lei distrital usurpa a competência privativa da União, prevista no artigo 22, inciso I, da Constituição Federal, para legislar sobre direito civil. O partido aponta violação ao princípio constitucional da dignidade humana, na medida em que a norma exclui das políticas públicas distritais as pessoas e entidades familiares diversas da formação do casamento ou união estável entre homem e mulher. Também segundo o partido, a lei desrespeita o princípio da igualdade e da isonomia, ao criar diferenciação entre os núcleos familiares e discriminação em função da opção sexual das pessoas, além de violar a proteção constitucional a todos os núcleos familiares existentes na sociedade brasileira.
Entretanto, a questão ainda não foi apreciada pelo plenário da corte, com isso, não é possível afirmar constitucionalidade ou não da norma em questão.
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