Direito Constitucional, Emenda à Constituição

A proposta de emenda não pode alterar o titular do poder de reforma, que é o Congresso Nacional, composto pela Câmara e Senado. Essa é uma limitação implícita ao poder de reforma. A abolição do sistema bicameral importaria também prejuízo a forma federativa de Estado, uma vez que a representação dos Estados (Senado) seria afetada. Desse modo, tal proposta não seria objeto de deliberação, pois tende a abolir a forma federativa de Estado (art. 60, Parágrafo 4, I).

A questão é polêmica.

O artigo 60, em seu parágrafo 4º, traz as chamadas cláusulas pétreas:

"Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais."

Entendemos que, apesar do bicameralismo não ser, por si só, cláusula pétrea, é extremamente importante para a força do Federalismo brasileiro. Desta forma, entendemos que uma proposta de emenda constitucional tendente a abolir o sistema bicameral seria inconstitucional, por infringência ao inciso I do artigo 60 da CRFB, vez que enfraqueceria de maneira significativa a forma federativa de Estado.

Nos paises que adotam o unicameralismo, a quantidade de cadeiras por estado normalmente é baseada no número de habitantes de cada estado. Desta forma, o sistema unicameral traria prejuízos aos estados menos populosos, que se submeteriam ao domínio político dos mais populosos, causando imenso enfraquecimento do federalismo.

O sistema bicameral mitiga tal hipótese, uma vez que no Senado existe número igual de cadeiras por estado da federação.