Nome: Israel de Borba
A lei 9.784/99, ou seja, lei do processo administrativo federal será usada de paradigma em confronto ao processo judicial.
O processo judicial é trilateral, no qual uma parte, que está em conflito com outra, busca a intervenção do Estado-juiz, que até então era inerte, para resolver um conflito com imparcialidade, assegurando a igualdade de oportunidade às partes. Na seara administrativa há uma relação bilateral, sendo que o processo pode ser instaurado mediante provocação do interessado ou por iniciativa da própria administração pública, além disso, a movimentação (impulsão) e decisão do processo far-se-á também pela administração (principio da oficialidade – art. 5º).
Nos procedimentos administrativos dispensam-se, em regra, formas rígidas, em relação aos procedimentos judiciais, sendo este conhecido por principio do informalismo no processo administrativo (art. 2º, parágrafo único, IX c/c art. 22.
No direito brasileiro, não há um sistema uniforme para o processo administrativo, como existe para o processo judicial. Quanto ao procedimento judicial, no país inteiro se utiliza a mesma lei processual, civil ou penal, para julgar conflitos. Todavia, os Estados e Municípios, precisam elaborar suas próprias leis processuais administrativas para disporem da matéria, e, não podem ficar atrelados à lei federal, pois cada ente possui autonomia de serviços, podendo utilizar da legislação federal de forma subsidiaria (art. 1º e 69), conforme Meirelles.
No processo administrativo busca-se a verdade material, e não somente a verdade formal como no processo judicial em que somente pertence ao mundo dos fatos o que está nos autos, devendo as partes apresentar estes fatos para que o magistrado se convença, desde que tempestivamente. Contudo, no processo administrativo, como se busca a verdade efetiva, as provas podem ser apresentadas tanto pelos interessados quanto pela administração pública, a qualquer tempo e também produzidos em outro processo até o julgamento final (art. 3º, III c/c art. 29). E baseado neste principio da verdade real, é que se permite o reformatio in pejus no processo administrativo (art. 64), onde a autoridade que julgou, pode modificar uma decisão recorrida em desfavor do recorrente, porém deverá ser notificado para que formule suas alegações antes da decisão. Entretanto, no judicial o reformatio in pejus é proibido, visto haver o principio da adstrição, em que o juiz está limitado a julgar com base nos pedidos das partes, e não pode agravar a pena de quem recorre.
Tendo em vista que a administração pública é parte interessada no processo, decorre a gratuidade no processo administrativo, para que este não seja causa de ônus econômico ao administrado (art. 2º, parágrafo único, XI), e porque a administração atuará de acordo com seus interesses. Em contrapartida, no processo judicial, em regra, é de cobrança de taxas e emolumentos, pois o Estado, como terceiro estranho a lide a pedido das partes para que decida a causa de forma imparcial, e este procedimento é regulado pelas regras do CPC. No processo administrativo, o recurso independe de caução (art. 56, ss 2º), ao contrario do judicial.
No processo judicial, em regra, é necessário a presença de defesa técnica por advogado, sob pena de nulidade dos atos por afronta do devido processo legal, mas, no processo administrativo, a presença de advogado é facultativa (art. 3º, IV), demonstrando aqui o cerne do informalismo. O impedimento e suspeição, no processo judicial, são causas de nulidades absoluta e relativa, respectivamente, porém, no administrativo, ambos os institutos tornam o ato anulável, passível de convalidação por uma autoridade competente (art. 18 ao 21).
Outro aspecto importante, que é necessário diferenciar é a coisa julgada. A administração é parte interessada e julgadora ao mesmo tempo, o que por si só já seria suspeito o julgamento, e ainda assim, a nossa Constituição Federal, em seu art. 5º, XXXV, diz que a lei não excluirá de apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito. Destarte, somente o processo judicial pode dizer o direito com força definitiva, com a chamada coisa julgada.
Com base nos recursos e pluralidade de instâncias (S. 473 do STF e arts. 53 e 57), a administração pública pode rever seus próprios atos eivados de vicio, ou por motivo de conveniência e oportunidade, e o recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo disposição diversa. Contudo, as diferencias entre as pluralidades de instância no processo judicial e administrativo decorrem do principio da verdade material, ou seja, neste podemos alegar em instância superior o que não foi arguido de inicio, e reexaminar a matéria de fato e produzir novas provas, e naquele o juiz deve ficar atrelado ao pedido das partes.
Bibliografia:
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.
Carvalho Filho, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo.20. Ed. Rio de Janeiro. Lumen Juris. 2008
GASPARINI, Diogenes. Direito administrativo. 12. Ed. Rev. Atual. São Paulo: Saraiva, 2007.
Processo Administrativo | Processo Judicial |
processo se instaura mediante provocação do interessado ou por iniciativa da própria Administração | processo se instaura por iniciativa de uma parte |
é gratuito (em regra) | não é gratuito (em regra) |
decisão NÃO faz coisa julgada (não é definitiva) | decisão faz coisa julgada (definitividade) |
Cada ente possui a sua legislação regulando o processo administrativo | somente a união legisla sobre direito processual |
a parte não precisa estar representada por advogado | a parte precisa estar representada por advogado (em regra) |
instrução de provas possui certas restrições, uma vez que certos atos estão sujeitos à reserva de jurisdição (quebra de sigilo, etc) | instrução probatória ampla |
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Processo Administrativo Tributário
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