As ciências sociais têm como precondição de sua própria exigência o mesmo princípio de qualquer outra disciplina que se autoproclame ser uma ciência. Se por um lado as ciências biológicas buscam, por exemplo, na dessecação de animais ou na categorização de espécies as provas, a empiria necessária para comprovar/validar suas teses, as ciências sociais são mediadas pela mesma precondição. Dessa forma, método e administração de provas são obrigações comuns a todos que se dedicam ao fazer científico. Existe uma diferenciação clássica que opõe ‘ciência’ e ‘opinião’. Há na ciência uma racionalidade mediada pela demonstração da realidade através de provas concretas, não há na opinião a mesma prerrogativa. As ciências sociais compreendem as fenômenos sociais segundo uma metodologia de pesquisa capaz de produzir dados concretos sobre a realidade humana, assim o que se produz não são conjecturas, são teses cientificas empiricamente validadas. De forma antagônica a formulação de uma opinião não é de forma alguma mediada pela comprovação do que se propõe afirmar. Se as ciências sociais comprovam qualitativamente e/ou quantitativamente que a resolução da violência urbana tende a se resolver através do investimento em educação, por outro lado seria mera opinião se esta mesma tese, que conecta a violência urbana com inexistência de uma política publica educacional efetiva, não fosse apresentada mediada pela administração de provas. Não é possível estabelecer regras e certezas mobilizados apenas por opiniões, já a ciência é em si regras e certezas.
I) Definição de ‘ciência’: “Conhecimento que inclua, em qualquer forma ou medida, uma garantia da sua própria validade. A limitação expressa pelas palavras ‘em qualquer forma ou medida’ é aqui incluída para tornar a definição aplicável à C. [ler ‘ciência’] moderna, que não tem pretensões ao absoluto. Mas, segundo o conceito tradicional, a C. inclui a garantia absoluta de validade, sendo, portanto, como conhecimento, o grau máximo de certeza. O oposto de C. é a opinião, caracterizada pela falta de garantis acerca de sua validade. As diferentes concepções de C. podem ser distinguidas conforma a garantia de validade que se lhes atribui. Essa garantia pode consistir: 1.° na demonstração; 2.° na descrição; 3.° na corrigibilidade.” (ABBAGNANO, 2007: 157).
II) Definição de ‘opinião’: “Este termo tem dois significados: o primeiro, mais comum e restrito, designa qualquer conhecimento (ou crença) que não inclua garantia alguma de validade; no segundo, designa genericamente qualquer asserção ou declaração, conhecimento ou crença, que inclua ou não garantia de validade. Este segundo significado é mais usado do que explicitamente definido. No primeiro significado, O. [ler ‘opinião’] contrapõe-se a ciência.” (ABBAGNANO, 2007: 850-851).
Referência bibliográfica:
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
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