Prática do cheque pré - datado

O Exemplo mais claro de costume praeter legem ( utilizável quando a lei for omissa para preencher a lacuna existente ) é justamente a admissão do cheque pré-datado.

Pois conforme a legislação, o cheque tem a natureza de ordem de pagamento à vista ( art. 32 da Lei n.7357/85.) Desta forma, o  cheque pré-datado, constitui - se de um verdadeiro acordo entre os contratantes no sentido de que o pagamento de obrigação far-se-á em data futura, ante a conveniência para ambos.

De acordo com a doutrina, o costume é constituído por dois elementos essenciais que devem estar sempre presentes:

• Corpus (usus): ser uma prática social reiterada e constante.
• Animus: a convicção da respectiva obrigatoriedade, como se estivesse a obedecer a uma norma geral e abstracta.

O cheque pré-datado é costume jurídico em quase todos os países em que o cheque-papel ainda é utilizado.

Como é cediço, o cheque é uma ordem de pagamento à vista. Assim, se a cártula de cheque for pré-datada com data de emissão futura, e venha a ser apresentada ao banco antes dessa data, a instituição financeira será obrigada a pagá-la na data de apresentação.

Entretanto, devido ao costume jurídico, o cheque pré-datado deve ser apresentado ao banco após a data nele constante, sob pena do credor ser responsabilizado, podendo responder por danos morais.

Temos aqui, portanto, a prática social reiterada e constante de apresentar o cheque na forma pré-datada (corpus), e a convicção social da obrigatoriedade de apresentá-lo após a data nele constante (animus). O costume jurídico, neste caso, figura-se tão forte, que o seu não-cumprimento pode gerar a obrigação de indenizar por dano moral.