Você conhece a Obestatina?
Obestatina é um hormônio descoberto em 2005 por Zhang e colaboradores, observando uma possível ligação no controle alimentar juntamente com a grelina e outros hormônios.
Desde então, esse hormônio tem recebido uma atenção importante de estudos científicos mas ao mesmo tempo muito debate sobre sua eficácia e veracidade.
Mas afinal, o que é a Obestatina? A obestatina, como você pode observar ao lado esquerdo da imagem, pode ser considerada uma irmã quase gêmea da Grelina, por ambas serem sintetizadas a partir da molécula pré-progrelina. Em resumo, sem me ater muito aos processos químicos para não ficar muito aprofundado, a molécula pré-progrelina possui 117 aminoácidos, onde sofre ação de clivagem pelo pró-hormônio convertase, que pode converter tanto a grelina e/ou a obestatina (também produção de des-acil grelina). Sendo assim, é considerado um hormônio peptídico, composto por 23 aminoácidos. Atualmente, ainda há grandes controvérsias sobre a real ligação de receptor sobre essa molécula, mas o mais aceito atualmente é a ligação em receptor GPR39, mas também demonstra certa afinidade com receptor da GLP-1 (glucagon-like peptide) e outros.
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Até então, alguns pontos são evidenciados:
- Secreção principal pelo trato gastrointestinal, principalmente no estômago;
- As principais hipóteses de expressão são em tecido adiposo, pâncreas endócrino, musculo esquelético, pulmão, fígado, tireóide, entre outros;
- Seus níveis plasmáticos são significativamente menores em pacientes com obesidade e síndrome metabólica, mostrando assim, que sua expressão está diretamente ligada na reflexão de adiposidade, resposta insulínica e resposta hormonal sobre outras adipocinas.
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Sobre seus papéis em nosso organismo, podemos visualizar de forma mais precisa ao lado direito da imagem, mostrando possíveis efeitos fisiológicos da Obestatina, estudados e relacionados pela ciência até então. Sobre sua perspectiva atual e já analisada por diversos estudos, que é a relação com a obesidade, mostra-se uma molécula primordial nessa resposta fisiológica.
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Em resumo, de forma o mais sucinta possível, os estudos evidenciam que a Obestatina demonstra poder antidiabetogênico (auxiliando de forma significativa na homeostasia energética), além de ser um forte auxiliar no processo de adipogênese por aumentar a expressão de alguns compostos relacionados a essa finalidade, como C-EBP e PPARy, diminindo a lipólise e aumentando a captação de glicose e ácido graxo pelo tecido adiposo branco. Os estudos que analisaram ratos tratados com esse hormônio, mostrou um aumento significativo de adiponectina e redução de leptina. Porém, ao mesmo passo, pelo conhecimento obtido até então, mostrou um potencial efeito protetor na diminuição de citocinas pró-inflamatórias, apoptose celular, auxiliar na diminuição da resistência à insulina e processos inflamatórios, além da relação pela diminuição do apetite.
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Ainda se torna necessário mais estudos sobre esse componente, entretanto, com ótimas perspectivas em estudos ligados a saúde cardiovascular, síndrome metabólica e obesidade. Vamos aguardar novos estudos e evidências mais fortes sobre ela, mas recomendo a leitura de estudos realizados até então, pois a sua complexidade instiga o conhecimento mais aprofundado da obesidade e sua característica poligênica. Outra ressalva, ainda é considerada uma baixa relevância prática de consultório por exemplo, mas é indispensável seu conhecimento e a continuação de estudos sobre ela, principalmente com novas tecnologias como CRISP-Cas9 e alterações nocautes em nível gênico.
Algumas das referências utilizadas:
ZHANG JV; et al; Obestatin, a peptide encoded by the ghrelin gene, opposes ghrelin’s effects on food intake. Science 2005; 310: 996–999.
Mancini, Marcio C; et al; Tratado de obesidade. - 2. ed. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2015.
TROVATO, Letizia; et al; Obestatin: Is It Really Doing Something?. Delhanty PJD, van der Lely AJ (eds): How Gut and Brain Control Metabolism. Front Horm Res. Basel, Karger, 2014, vol 42, pp 175–185 (DOI: 10.1159/000358346)
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