O que diferencia o Estupro da Violação Sexual Mediante Fraude?
O crime de Estupro(art. 213) que consiste em “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso” tem por principal elemento a prática da violência e da grave ameaça mesmo que não haja a conjunção carnal, bastando, apenas, o constrangimento a sua prática ou qualquer outro ato libidinoso com pena de reclusão de 6 a 10 anos. Caso essa conduta resulte lesão corporal grave ou gravíssima ou a vítima for menor de 18 ou maior de 14 anos a pena será de reclusão de 8 a 12 anos. E, se resultar morte a pena será de reclusão de 12 a 30 anos.
A Violação Sexual Mediante Fraude (art. 215) também chamada de estelionato sexual consiste em “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima”. Nesse crime a vítima é levada à prática de conjunção carnal ou ato libidinoso sem sua anuência, sendo impedida ou dificultada a manifestação de sua vontade por meio de fraude praticada pelo agente, sem violência ou grave ameaça. Se a finalidade dessa conduta for à obtenção de lavagem econômica será aplicada, além da reclusão de 2 a 6 anos, multa.
No caso do estupro de vulnerável (art. 217-A), a situação é diversa. A vítima não está sob coação (não há violência ou grave ameaça) nem é induzida ou mantida em erro por fraude. Mesmo assim, seu consentimento não é válido por três possíveis hipóteses: (a) não atingiu ainda maturidade suficiente para a prática dos atos sexuais (menor de 14 anos); (b) porque sua capacidade está prejudicada por enfermidade ou deficiência mental; (c) porque não consegue manifestar seu real consentimento. A última hipótese é genérica e encontra alguns exemplos em doutrina: vítima dopada, inconsciente, hipnotizada, embriagada por força maior etc. É o caso do médico que, aproveitando-se da paciente anestesiada, pratica com ela atos libidinosos ou do sujeito que utiliza-se de substância capaz de deixar a vítima desacordada para manter relações sexuais enquanto dura o efeito do produto.
A violação sexual mediante fraude é diferente. Neste crime, o agente induz ou mantém a vítima em erro para com ela manter relação sexual sem retirar-lhe a consciência ou abusar de condição de vulnerabilidade. Portanto, a vítima da violação sexual mediante fraude não é vulnerável, ela apenas acredita numa situação que, na verdade, não existe. O exemplo de Hungria, tão repetido pela doutrina, é o do sujeito que aproveita a viagem do vizinho para manter relações sexuais com sua esposa, fazendo-a acreditar que era seu marido que havia retornado antes do previsto. Na escuridão da noite, a vítima poderia acreditar que o homem que estava em sua cama era realmente seu esposo e somente por isso praticou a relação sexual. Um exemplo mais concreto é o indivíduo que contrata uma prostituta, combinando um preço a ser pago ao final do programa, e, agindo de má-fé, não efetiva o pagamento. A prostituta, no caso, só aceita ter relações sexuais porque acredita que vai receber por isso; se soubesse a verdade, teria negado a prestação do serviço sexual.
Espero ter ajudado, abraços!
Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta
Compartilhar