A redução dos gastos governamentais, a elevação da taxa de juros e a redução do crédito via instituições públicas, em paralelo à variação cambial, reduziram eficazmente o salário real e aumentaram o desemprego. Também foram capazes de majorar a relação dívida/PIB, seja pela recessão gerada, seja pelo maior montante gasto em juros. Há aqueles que acreditam em “fadas da credibilidade”. De acordo com esse mito, bastaria o governo se mostrar “responsável”, cortando gastos, que os empresários seriam sensibilizados, magicamente, retomando o investimento privado. A realidade é mais dura do que isso. O gasto do governo faz parte do PIB. O empresário decide com base em suas vendas e não a partir do déficit/superávit dos governos. Com demanda em queda, o investimento privado caminha no mesmo sentido. Em 1942, em “Aspectos políticos do pleno emprego”, um dos maiores economistas do século 20, Michal Kalecki, fez um presságio eterno, que, não por acaso, explica bem o momento atual no Brasil: “[…] mas se forem feitas tentativas de aplicar esse método a fim de manter o alto nível de emprego alcançado na subsequente prosperidade, é provável que haverá uma forte oposição por parte dos ‘líderes empresariais’. Como já foi assinalado, um pleno emprego duradouro não é absolutamente do gosto deles. Nessa situação é provável a formação de um poderoso bloco de grandes empresários e rentistas, que encontraria mais de um economista para declarar que a situação é claramente enferma. A pressão de todas essas forças, e em particular das grandes empresas, muito provavelmente induziria o Governo a retornar à política ortodoxa de corte do déficit orçamentário. Seguir-se-ia uma recessão, na qual a política governamental de despesa voltaria a seu sentido próprio”.
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Economia Política Internacional
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