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sobre suspeição

Em relação à exceção de suspeição:

 

 Não pode ser arguida contra membro do ministério público. É verdadeira a afirmação? 

 

💡 1 Resposta

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Iromax Lima

Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz; Por seu turno, o art. 572 do Código de Processo Penal preconiza que as nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h e IV, considerar-se-ão sanadas: quando não forem arguidas em tempo oportuno, de acordo com o art. 571; se mesmo praticado por outra forma, o ato tiver atingido seu fim; ou se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito seus efeitos. Em que pese o legislador não tenha sido expresso ao apontar tais nulidades como relativas, pela simples leitura dos incisos I a III, torna-se fácil concluir que se trata de atos anuláveis, ou seja, nulidades sanáveis, passíveis de convalidação. Nesta senda, consoante regramento do próprio codex, a suspeição do juiz seria causa de nulidade absoluta, eis que não consta do referido rol do art. 572 do Código de Processo Penal. Assim considerando, estaríamos diante de atos nulos, eivados de vício insanável, incontestáveis, sem prazo para argüição. É cediço que a suspeição diz respeito à parcialidade do julgador no caso concreto, havendo de ser reconhecida de ofício ou arguida pelas partes, quando da ocorrência das seguintes hipóteses legais: Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. Mister se faz transcrever, ainda, os artigos que se seguem ao art. 254, complementando-o: Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo. Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la. Hão de serem invocadas apenas as hipóteses legais supra, sendo o rol taxativo. Entretanto, ensina o magistério de Fernando da Costa Tourinho Filho, que, embora o diploma processual penal seja silente quanto ao motivo de foro íntimo, nada impede, em respeito ao art. 135 do Código de Processo Civil c/c art. 3º do Código de Processo Penal, que tal hipótese seja utilizada[2]. A doutrina, seguindo orientação do próprio Código, é majoritária no sentido de que a suspeição do juiz é causa de nulidade absoluta. Impende destacar o magistério de Eugênio Pacelli de Oliveira, prelecionando que a imparcialidade do juiz é requisito de validade do processo, restando certo que as hipóteses de suspeição configuram situações da realidade externa ao processo levado ao conhecimento do juiz. Para o referido autor, em sendo a imparcialidade um requisito de validade do processo e da própria jurisdição penal, trata-se a suspeição de nulidade absoluta, devendo ser anulados todos os atos processuais praticados[3]. Na mesma trilha de entendimento, Tourinho Filho[4]. Julio Fabbrini Mirabete, seguindo posicionamento de Magalhães Noronha, aponta a nulidade em virtude da suspeição como absoluta, não incidindo os art. 566 e 567 do Código de Processo Penal[5], por haver presunção absoluta de que o interesse do juiz ou das partes a ele ligadas influiu na decisão da causa[6]. Lado outro, Guilherme de Souza Nucci, muito embora em sua obra elenque a suspeição e o impedimento dentro do subtítulo “espécies de nulidades absolutas”, posiciona-se no sentido de considerar como atos inexistentes aqueles praticados pelo juiz impedido, por estar proibido de exercer a jurisdição naquele processo, excepcionando a suspeição, onde, de fato, ocorrerá nulidade. Ao discorrer especificamente acerca da suspeição, Nucci argumenta que apenas será razão para decretação de nulidade quando as partes a arguirem através de exceção. Consequentemente, em não havendo oposição de exceção, entender-se-á que o juiz suspeito foi aceito, não existindo motivo para anulação dos atos por ele praticados.[7] Pelo simples estudo das características apontadas pelo referido autor, resta indubitável que se está a descrever uma hipótese de nulidade relativa, pois necessária a arguição das partes para sua declaração, as quais, assim não o fazendo, serão sancionadas com a preclusão. Haverá presunção de que as partes aceitaram o juiz suspeito, convalidando o ato. De fato, essa é a posição adotada por Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar[8], os quais, em sua respeitável obra, argumentam que as hipóteses de suspeição devem ser arguidas no primeiro momento em que se seguir ao seu conhecimento pela parte prejudicada, sob pena de preclusão. Dessa forma, admite-se, diante da inércia, que a parte aceitou a condição de suspeição, apontando, por fim, expressamente, a suspeição como uma hipótese de nulidade relativa. Vale destacar a distinção entre suspeição e impedimento, pois, enquanto a suspeição advém de um vínculo ou relação do juiz com as partes, o impedimento revela o interesse do juiz em relação ao objeto da demanda.[9] Veja-se que os motivos que deságuam na declaração de suspeição não se revestem de gravidade quanto aos do impedimento e do suborno, cuja existência leva à nulidade absoluta ante a presunção juris et jure da parcialidade do juiz. As hipóteses de impedimento estão elencadas no art. 252 do Código de Processo Penal: Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. Segundo bem delineia Renato Brasileiro[10], “as causas de impedimento referem-se a vínculos objetivos do juiz com o processo, independentemente de seu ânimo subjetivo, sendo encontradas, em regra, dentro do processo”. Já as causas de suspeição estão ligadas ao “animus subjetivo do juiz quanto às partes, e geralmente são encontradas externamente ao processo”, evidenciando que ambas são hipóteses que afastam a competência do juiz. O impedimento do juiz impede a sua jurisdição, configurando uma hipótese de nulidade absoluta, não se admitindo prova em contrário, podendo ser reconhecida de ofício ou argüida pelas partes a qualquer tempo, até o trânsito em julgado, ou em favor do acusado após o trânsito, através de ações autônomas de revisão criminal ou habeas corpus. Todos os atos praticados pelo juiz são invalidados, não havendo qualquer aproveitamento, sendo tal nulidade insanável e não sujeita à convalidação.

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