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A Liberdade guiando o povo.

A Liberdade guiando o povo. pintura de Éugène Delacroix, 1830.

A pintura famosa do pintor francês Eugène Delacroix representa uma mulher simbolizando a Liberdade e carregando a bandeira revolucionária francesa em uma mão e um mosquete com baioneta na outra. O quadro tornou-se um ícone das revoluções francesas do início do século XIX ao representar de maneira folclórica e idealizada uma mulher (a “Liberdade”) como um novo referencial de beleza.

Delacroix e sua pintura podem ser classificados dentro de qual período?

💡 2 Respostas

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Andreia Bessa

Delacroix é considerado o mais importante representante do romantismo francês. A Liberdade guiando o povo (em francêsLa Liberté guidant le peuple) é uma pintura de Eugène Delacroix em comemoração à Revolução de Julho de 1830, com a queda de Carlos X.[1] Uma mulher representando a Liberdade, guia o povo por cima dos corpos dos derrotados, empunhando a bandeira tricolor da Revolução francesa em uma mão e brandindo um mosquete com baioneta na outra.[1] A pintura é talvez a obra mais conhecida de Delacroix. (https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Liberdade_guiando_o_povo)

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LR

A pintura de Delacroix A liberdade guiando o povo (1830), foi uma importante obra do Romantismo, escola artística da era do Iluminismo, período em que a liberdade era recorrentemente vinculada aos ideais de independência nacional: “É aqui que se insere a Liberdade de Delacroix. Ela guia o povo, ela não o comanda, não o ordena, não tira dele a percepção de que ele é agente em um mundo material e em que as entidades abstratas precisam se personificar – tornar-se iguais – para agirem igualmente.” (COSTA; GOMES; MELO, 2014: 481); “A personificação iluminada da Liberdade à frente de franceses no campo de batalha urbano é, dessa forma, emblemática. Aquelas pessoas lutavam por sua autodeterminação, pela possibilidade de se organizarem politicamente, libertos de um jugo que não lhes convinha. Carregavam consigo instrumentos que lhes permitiriam a conquista desse objetivo: armas e bandeira, força e nação. A moderna ideia de estado aí se legitima e com ela traz conceitos jurídicos de soberania nacional e liberdade individual, protetores dos cidadãos contra avanços externos ao seu país e lesões à sua dimensão privada: identidade, privacidade e patrimônio.” (WALKWER; HANNING, 2017: 63).

Sobre o Romantismo:

“A palavra romântico surgiu no fim do século dezoito e possuía, inicialmente, vários significados. Denominava, por um lado, as línguas de origem romana: francês, espanhol, português, italiano e romeno; línguas que até hoje são estudadas na faculdade de Romanistik, na Alemanha. Romântica era também a literatura antiga dessas línguas; era escrita em medidas rítmicas não-clássicas e tinha para o público alemão da época traços fantásticos, estranhos e maravilhosos, isto é, românticos. Como romantismo denominamos, também, uma época literária entre aproximadamente 1790 e 1830 e em contato ambivalente com a época clássica (1786-1805). Era a década da cooperação de Goethe e Schiller em Weimar e a fase do Biedermeier, entre 1815 e 1850.” (BRUSEKE,2004: 24).

“O romantismo, apesar de seu auge na Alemanha, é um movimento cultural europeu, com influência também nas colônias européias da época. Possuiu vários precursores e esteve ligado a vertentes filosóficas, literárias e artísticas que apresentavam, antecipadamente, motivos românticos em contextos iluministas e clássicos. São pré-românticos, na França, Diderot e Rousseau e, na Inglaterra, Young, Shaftesbury, Gray e Macpherson. Também a cultivação dos sentimentos, no pietismo, preparou o chão, ou melhor dizendo, a alma para os sentimentos românticos posteriores. Autores clássicos, como o já mencionado Goethe, que se voltaram na idade madura contra o movimento romântico, contribuíram para seu surgimento. Podemos interpretar o culto do gênio e da subjetividade sensível que encontramos no Jovem Werther e em geral na literatura do Sturm und Drang como momentos românticos. Cedo vincula-se o romantismo com o folclore literário. Já em Herder encontramos a valorização da poesia popular, tão característica da última fase do romantismo com seus grandes colecionadores de lendas, como os irmãos Grimm, que documentaram de forma escrita o que foi até então transmitido oralmente de geração para geração. A volta às raízes populares e históricas era expressão da saudade romântica de encontrar a fonte pura e original da arte e da cultura. Não surpreende, então, que o romantismo, superando o iluminismo num movimento de busca para trás, descobrisse a idade média e sua mística, considerada obscura e incompreensível pelos autores racionalistas. A transformação do narrado em literatura contribuiu, por sua vez, para um processo de cientificização e racionalização da narrativa popular e impulsionou o desenvolvimento da germanística como ciência da literatura e disciplina universitária; um efeito racionalizante não intencionado pelos românticos.” (BRUSEKE,2004: 24-25).

“O romantismo define-se mais através de um novo olhar, de um novo entendimento do homem, na sua subjetividade, e da vontade de expressar essa subjetividade. Ser romântico é mais do que uma forma de ser, é muito mais uma maneira de sentir. O fato desses sentimentos estarem sendo valorizados, além de serem sentidos, coloca, como Kundera nos mostrou, o homo sentimentalis ao lado do homo hystericus. Não surpreende que os sentimentos expostos por nosso romântico expõem-se freqüentemente ao ridículo ou, pelo menos, à ironia afiada de um Heinrich Heine. Em termos da crítica estética, podemos dizer: a arte romântica tem afinidade especial com o Kitsch. Ter essa afinidade, todavia, não significa ser idêntico a ele. E isso pode mesmo ser o segredo do romantismo, que é por muitos considerado tão irritante: o romantismo escapa de sua definição, é uma eterna busca da flor azul, é um querer e não alcançar, é uma saudade sem fim.” (BRUSEKE,2004: 30).

Referências bibliográficas:

BRUSEKE, Franz Josef. Romantismo, mística e escatologia política. In Lua Nova, n° 62, 2004.

WALKWER, Antônio Carlos; HANNING, Ana Clara Correa. Aportes Saidianos para um Direito (des)colônia: sobre iconologias e revoluções e odaliscas. In Sequencia (Florianópolis), n. 77, nov., 2017.

COSTA, Lucas Piter Alves; GOMES, Renan Araújo, MELO, Mônica Santos de Souza. Dos imaginários românticos e de sua construção sígnica em La Liberté guidant le peuple. Signótica. [S. l.], v. 26, n. 2, p. 475-494, jul.-dez., 2014.

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