Para a existência do crime é necessária uma conduta humana positiva (ação em sentido estrito) ou negativa (omissão). É necessário, ainda, que essa conduta seja típica, ou seja, que a mesma esteja descrita em lei como infração penal. Só haverá crime, também, se for fato anti-jurídico, contrário ao direito por não estar protegido por causa que exclua sua injuridicidade. Analiticamente são duas as características do crime: a) tipicidade; b) antijuridicidade.
Fato típico é o comportamento humano, positivo ou negativo, que provoca um resultado previsto como infração penal.
Fato antijurídico é tudo o que contraria o ordenamento jurídico. No Direito Penal, a antijuridicidade é a relação de contrariedade entre o fato típico praticado e o ordenamento jurídico. Exemplo: matar alguém é fato típico se o agente o fez dolosa ou culposamente, mas não será antijurídico se o agente praticar a conduta em estado de necessidade, em legítima defesa, etc. Não há, nessas hipóteses, crime.
A culpabilidade, tida como componente do crime pelos doutrinadores causalistas, é conceituada pela teoria finalista da ação como a reprovação da ordem jurídica em face de estar ligado o homem a um fato típico e antijurídico. É, em última análise, a contradição entre a vontade do agente e a vontade da norma. Desta forma, a culpabilidade não é característica, aspecto ou elemento do crime, e sim mera condição para se impor a pena pela reprovabilidade da conduta.
A punibilidade é apenas a consequência jurídica do delito e não uma sua característica.
Requisitos, elementos e circunstâncias do crime
São requisitos genéricos do crime, a tipicidade e a antijuridicidade. São requisitos específicos do delito os elementos, elementares ou, como impropriamente a lei se refere no art. 30 do Código Penal, as circunstâncias elementares. Esses elementos são as várias formas que assumem os requisitos genéricos nos diversos tipos penais. É o verbo que descreve a conduta, o objeto material, os sujeitos ativo e passivo, etc. inscritos na figura penal. Inexistente um elemento qualquer da descrição legal, não há crime.
São circunstâncias do crime determinados dados que, agregados à figura típica fundamental, têm função de aumentar ou diminuir suas consequências jurídicas, em especial a pena. A prática do crime contra ascendente é circunstância que agrava a pena dos crimes dolosos (agravante genérica) e o homicídio praticado por asfixia contém uma circunstância qualificadora. O fato de o agente ter praticado o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou, é circunstância atenuante de qualquer delito e a prática do homicídio por relevante valor moral é circunstância que causa diminuição de pena nesse ilícito. Inexistentes essas circunstâncias, o crime permanece, desaparecendo apenas a agravação ou atenuação da pena.
Ilícito penal e ilícito civil
Não existe diferença de natureza ontológica entre crime (ilícito penal) e ilícito civil, pois ambos ferem o ordenamento jurídico. Assim, é nosso entendimento que a única diferença entre o ilícito penal e o ilícito civil é meramente formal, ou seja, aquela estabelecida na lei penal; se ali não está tipificada, é ilícito civil. Estabelece o legislador, através das figuras penais, quais ilícitos que devem ser reprimidos através de sanções penais, prevendo-os como ilícitos penais, enquanto os demais estarão sujeitos apenas às sanções civis (indenização, restituição, multa civil, despejo, desapropriação, execução, etc.), administrativas (suspensão e demissão de funcionário, etc.), tributárias (multa tributária, acréscimos, etc.), etc.
A distinção assinalada não impede que, além da sanção penal ao autor de um crime de furto, por exemplo, seja imposta a sanção civil (restituição ou indenização), ao autor de peculado a sanção administrativa (exoneração do serviço público), ao de sonegação fiscal a pecuniária (multa), etc.
O crime na teoria geral do direito
O crime é um ente jurídico, como dizia Carrara, e, portanto, deve-se enquadrar na teoria geral do direito. Pode-se afirmar que não é um ato jurídico, uma vez que uma de suas características não é a finalidade do agente de obter as consequências jurídicas do fato, o que ocorre com aquele. Como o crime é apenas uma conduta humana de efeitos jurídicos involuntários (imposição de pena, etc.) e um ato que contrasta com a ordem jurídica (ato ilícito), pode-se situar o crime entre os fatos jurídicos.
Referências
http://www.juridicohightech.com.br/2013/08/elementos-constitutivos-do-crime.html
O crime, sob o aspecto jurídico formal, apresenta-se com as características: fato típico e antijuricidade. O fato típico consiste no fato que se enquadra no conjunto de elementos descritivos do delito contido na lei penal.
São elementos do fato típico:
a) a conduta dolosa ou culposa;
b) o resultado (salvo nos crimes de mera conduta);
c) o nexo causalidade entre a conduta e o resultado (salvo nos crimes de mera conduta e nos formais);
d) a tipicidade.
O fato típico se diferencia do fato material, que é o conjunto dos elementos de natureza objetiva descritos pela norma incriminadora. São elementos do fato material:
a) a conduta;
b) o resultado;
c) o nexo causal.
O conceito analítico do crime é dividido é substratos. Há divergência doutrinária, mas costuma-se adotar a corrente bipartida ou tripartida.
A bipartida entende que o crime é fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade pressuposto de aplicação da pena. Já a tripartida entende que o crime é fato típico, antijurídico e culpável.
o fato típico pode ter 2 estruturas. nos crimes dolosos materiais: a) conduta, b) nexo causal, c) resultado naturalístico, d) tipicidade (material e formal). nos crimes culposos: a) conduta, b) resultado não desejado; c) quebra do dever objetivo de cautela; d) previsibilidade objetiva do resultado.
A culpabilidade é composta da imputabilidade, potencial consciencia da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.
há doutrina, como rogério greco, que adota a teoria da tipicidade conglobante do ZAFFARONI. segundo esta teoria a tipicidade (subtrato do fato típico) recebe um plus. ZAFFARONI critica a situação de uma conduta ser permitida ou estimulada por um ramo do direito, mas tida como um fato típico penal. Assim, para ZAFFARONI e GRECO, o carrasco que mata o condenado não cometeu fato típico, por falta de tipicidade. Já, para aqueles que não adotam a tipicidade conglobante, não há crime, pois incide a excludente da antijuridicidade do estrito cumprimento do dever legal.
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