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Gente alguém sabe me dizer o que significa stare decisis e qual vínculo dessa aplicação no case law?

💡 3 Respostas

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Giovanna

Aninha, bom dia,

Segue uma breve explicação para sua pergunta. 

A expressão stare decisis é uma fórmula reduzida do adágio latino stare decisis et non quieta movere, que, literalmente, significa “mantenha-se a decisão e não se moleste o que foi decidido” (MIRANDA, 2006, p. 12). Na Inglaterra, é utilizada como sinônimo da doctrine of precedent (ou rule of precedent), definitivamente reconhecida em 1898, no caso London Trainways Company v. London County Council, em que a House of Lords reiterou a obrigatoriedade de nortear-se por suas próprias decisões, em efeito autovinculante (vinculação horizontal), além de declarar a eficácia externa de seus julgados a todas as cortes de grau inferior (vinculação vertical). Em verdade, desde 1861 (caso Beamisch v. Beamisch), já se havia estabelecido que a House of Lords “estaria obrigada a acatar sua própria autoridade proclamada nos julgamentos”, tese repetida no caso Bradford v. Pickles, de 1895. Em 1898 fixou-se em definitivo a regra do precedente (TUCCI, 2010, p. 219-222), doutrina que somente veio a flexibilizar-se em 1966, quando a câmara judicial do Parlamento britânico reconheceu que a aderência excessivamente rígida às decisões pretéritas poderia levar à injustiça em um caso particular, além de restringir indevidamente o correto desenvolvimento do Direito (BUSTAMANTE, 2012, p. 77).

Abraços

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idemar da silva pinto filho

Bom Dia, Aninha

Segue ai sua resposta: e espero ter ajudado, em seu entendimento jurisprudencial.

Stare decisis é uma expressão em latim que se traduz como "ficar com as coisas decididas", utilizada no direito para se referir à doutrina segundo a qual as decisões de um órgão judicial criam precedente (jurisprudência) e vinculam as que vão ser emitidas no futuro. A frase vem de uma locução mais extensa, stare decisis et non quieta movere.

Esta doutrina é característica do common law  anglo saxão, e não tão forte em sistemas de direito continental e onde a jurisprudência tem uma obrigatoriedade muito menor e a capacidade do juíz de interpretar a lei segundo seu critério é muito mais ampla.

A maioria dos sistemas, no entanto, reconhecem que a jurisprudência deve ligar de alguma forma os juízes como se fossem independentes, é necessário evitar que as suas penas sejam totalmente imprevisíveis ou contraditórias de forma caótica.

No Brasil, a Emenda Constitucional 45 de 2004 criou o sistema de súmulas vinculantes, que são editadas pelo Supremo Tribunal Federal e vinculam a Administração Pública e os demais órgãos do Poder Judiciário. Não vinculam o Poder Legislativo, que pode vir a aprovar leis contrárias à orientação sumulada.

Entretanto, segundo José Fábio Rodrigues Maciel (Teoria Geral do Direito e da Política, in Concurso da Magistratuta: noções gerais de direito e formação humanística - Ed. Saraiva) o instituto do stare decisis se diferencia da súmula vinculante: esta é formulada de maneira genérica, para aplicação em todos os casos futuros; aquele é precedente obrigatório apenas para o caso em julgamento: do precedente se extrai a norma aplicável unicamente ao caso posto.

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DLRV Advogados

O emprego da expressão stare decisis, proveniente do direito anglo-saxão, denota que os precedentes firmados por um tribunal superior são vinculantes para todos os órgãos jurisdicionais inferiores dentro de uma mesma jurisdição. Assim, por exemplo, pelo stare decisis, uma decisão da Corte Suprema tem capacidade de vincular todos os demais juízes e tribunais.

Tal fato se dá em respeito a necessidade de que haja segurança jurídica no ordenamento jurídico, evitando decisões discrepantes sobre o mesmo assunto.

Alguns doutrinadores subdividem o stare decisis em horizontal e vertical:

a) stare decisis horizontal: a ratio decidendi firmada no precedente é de observância obrigatória pelo tribunal que a formulou, isto é, o tribunal deve obediência aos seus próprios precedentes; 

b) stare decisis vertical (binding effect): a ratio decidendi firmada no precedente é de observância obrigatória pelos tribunais hierarquicamente inferiores.

Portanto, levando em conta o stare decisis, uma decisão de um tribunal superior vincula orgãos jurisdicionais inferiores, que devem observancia a tal decisão.

Segundo Rafael Teodoro, "adaptando-se o stare decisis anglo-saxão ao Brasil, é possível identificar, mutatis mutandis, alguns elementos da doutrina que advoga a vinculação obrigatória dos precedentes judiciais no controle de constitucionalidade brasileiro. A título de exemplo, o stare decisis em sentido horizontal corresponderia à coisa julgada erga omnes em matéria constitucional, na medida em que impede a rediscussão da matéria pelo Supremo Tribunal Federal (MARINONI, 2007). Já o stare decisis em sentido vertical (ou binding effect) corresponderia ao efeito vinculante que emana das decisões prolatadas pelo STF em sede de controle abstrato de constitucionalidade".

 

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