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: O Ministério Público Federal ofereceu denúncia em face de Armando Volta , em virtude do mesmo ter supostamente praticado o crime previsto no art. 171, parágrafo 3º do CP, já que vinha recebendo benefício previdenciário manifestamente indevido. O processo criminal tramitou perante uma das Varas Federais Criminais da Seção Judiciário do Rio de Janeiro, culminando pela prolação de uma sentença penal condenatória. Neste mesmo ato decisório, o magistrado determinou que o denunciado deve ressarcir o INSS (autarquia federal) da importância de R$ 50.000,00, que seria o montante indevidamente recebido em virtude da sua conduta criminosa. Indaga-se: A) pode o magistrado, lotado em juízo especializado em matéria criminal, efetuar a liquidação dos prejuízos cíveis sofridos? Justifique a resposta juridicamente. : B) Levando-se em consideração à autonomia ou independência da responsabilidade civil e criminal, podemos afirmar que a responsabilidade civil é independente da criminal e por este motivo é possível questionar sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, ainda que estas questões já tenham sido decididas no juízo criminal?

💡 2 Respostas

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Carlos Eduardo Ferreira de Souza

a) Não é possível. A fixação das balisas podem ser feitas no juízo criminal, através da decisão condenatória, mas a execução (que inclui a liquidação) deve ser feita perante juízo cível, conforme arts. 63 e 387, IV, do CPP:

"Art. 63.  Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.

Parágrafo único.  Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso iv do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido."

"Art. 387.  O juiz, ao proferir sentença condenatória:       

[...]

IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;  "

b) Depende. Se houver sentença penal condenatória, estaremos diante de título executivo extrajudicial, cabendo ao juízo cível a liquidação e execução. Se houver sentença penal absolutória, é necessário investigar as causas, tendo duas soluções:

  • Se na hipótese do art. 386, I, do CPP: a questão não poderá ser rediscutida na esfera cível. É que a cognição no processo penal é mais profunda e, portanto, se houve absolvição naquela esfere, então não pode haver reapreciação na esfera cível.
  • Se nas demais hipóteses do art. 386, do CPP: pode ser proposta ação reparatória cabível no juízo cível, com intuito de discutir a responsabilidade civil.

"Art. 386.  O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;

II - não haver prova da existência do fato;

III - não constituir o fato infração penal;

IV –  estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;         

V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;       

VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;    

VII – não existir prova suficiente para a condenação."

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