O impacto da dieta na microbiota intestinal pode ser estimado pela forma como alterações alimentares em curto prazo influenciam a composição da microbiota (GONÇALVES, 2014). David et al. (2014) observaram alterações na composição e atividade intestinal em indivíduos, após 3 dias de mudanças na dieta, superando as diferenças interindividuais na expressão de genes microbianos. A microbiota intestinal é influenciada por diversas particularidades do estilo de vida moderno, como: melhoria do saneamento básico, urbanização, uso excessivo de antibióticos, menor exposição a infeções na infância, vacinação, sedentarismo, entre outros (BERNSTEIN; SHANAHAN, 2008). A higiene, também relacionada com a melhoria do saneamento básico, é um fator ambiental que pode contribuir para a alteração da microbiota. Contrário ao pensamento popular, a exposição escassa a microrganismos, sejam eles benéficos (simbiontes) ou prejudiciais (patogênicos) para o organismo, na fase inicial da vida, pode influenciar negativamente o desenvolvimento normal e adequado do sistema imunológico, o que pode ser explicado por perda de tolerância imunológica por parte do hospedeiro, resultando em respostas imunitárias agressivas e induzindo a ativação de mecanismos de autoimunidade (BOERNER; SARVETNICK, 2011; GONÇALVES, 2014). O tratamento com antibióticos, embora essencial em casos de infeção, podem ter efeitos drásticos na microbiota (especialmente na microbiota intestinal), como a eliminação da diversidade de microrganismos e a desregulação do sistema imunológico do hospedeiro, aumentando a susceptibilidade à doença. O espectro de ação do antibiótico, a dosagem e o tempo de duração do tratamento, a via pela qual é administrado e também as características relativas ao fármaco e ao organismo (farmacocinéticas e farmacodinâmicas), influenciam a forma como os antibióticos alteram a microbiota intestinal (JERNBERG et al., 2010). Os antibióticos usados no tratamento de doenças são, normalmente, de amplo espetro, atingindo não só as bactérias responsáveis pela infecção, como também outros microrganismos. Os microrganismos que resistem podem depender de produtos resultantes do metabolismo secundário efetuado pelas bactérias eliminadas pelo tratamento, o que pode levar à perda de nutrientes e/ou acumulação de produtos tóxicos, interferindo com o equilíbrio normal destes microrganismos, podendo também conduzir à sua eliminação (WILLING et al., 2009).
Embora esta associação tenha sido corroborada em muitos casos específicos, mecanismos gerais que explicam o papel da microbiota na evolução do hospedeiro ainda precisam ser entendidos.
Os organismos evoluem dentro dos ecossistemas, de modo que a mudança de um organismo afeta a mudança dos outros. A teoria da evolução de Hologenome propõe que um objeto de seleção natural não é o organismo individual, mas o organismo junto com seus organismos associados, incluindo suas comunidades microbianas. Recifes de coral . A teoria do hologenome originou-se em estudos sobre recifes de coral.
Os recifes de coral são as maiores estruturas criadas por organismos vivos e contêm comunidades microbianas abundantes e altamente complexas. Nas últimas décadas, ocorreram grandes declínios nas populações de corais. As alterações climáticas , a poluição da água e a pesca excessiva são três factores de stress que foram descritos como responsáveis pela susceptibilidade a doenças.
Mais de vinte diferentes doenças dos corais foram descritas, mas, destas, apenas um punhado teve seus agentes causadores isolados e caracterizados. O branqueamento dos corais é a mais grave dessas doenças. No mar Mediterrâneo, o branqueamento de Oculina patagonicafoi descrita pela primeira vez em 1994 e determinou-se em breve devido à infecção por Vibrio shiloi .
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Microbiologia
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