Rebeca comprou terreno em loteamento empreendido por Amaranta. Sem que constasse do instrumento contratual, Amaranta garantiu a Rebeca que teria vista definitiva a um belo monte, que era a grande atração do empreendimento, tendo inclusive assegurado que a legislação local não permitia edificações nos terrenos a frente do seu. Após alguns meses da aquisição do terreno, Amaranta solicitou uma alteração no plano de urbanização da cidade, que passou a permitir a edificação nos lotes em frente ao terreno de Rebeca, fazendo com que ela perdesse a visão para o monte.
Inconformada, Amaranta moveu uma ação contra Rebeca, tendo obtido êxito porque o órgão jurisdicional entendeu que pela boa-fé objetiva, existe um dever de não adotar atitudes que possam frustrar o objetivo perseguido pela autora, ou que possam implicar, mediante o aproveitamento da antiga previsão contratual, a diminuição das vantagens ou até infligir danos ao contratante.
Diante dos fatos narrados acima e com base no conteúdo das aulas desta semana, responda:
a) A boa-fé objetiva é uma cláusula geral? Em caso afirmativo, explique o porquê de a boa-fé objetiva adequar-se ao conceito de cláusula geral. Em caso negativo, indique de maneira justificada a que categoria pertence a boa-fé objetiva.
Sim, A boa fé objetiva é uma cláusula geral. Se a norma deixa em aberto a descrição da conduta devida, ela é uma cláusula geral. A boa fé objetiva é uma conduta social ou um padrão ético de comportamento, que impõe a todo cidadão que, em suas relações atuem com honestidade, lealdade e probidade.
Dessa maneira, observamos que, se aplicado o expresso no artigo 422, essa norma pode vir a ser fruto do arbítrio do poder discricionário do juiz que confiaria exclusivamente em sua percepção subjetiva a tarefa da concretização normativa, gerando insegurança jurídica, ou ainda pode simplesmente ficar esquecida por 150 anos como a cláusula geral do Código Comercial brasileiro, que assim como nosso Código Civil de 2002 não apresentava qualquer ponto de referência normativa, sendo que o art. 131 trata da boa fé da seguinte maneira: “1 - a inteligência simples e adequada, que for mais conforme à boa fé, e ao verdadeiro espírito e natureza do contrato, deverá sempre prevalecer à rigorosa e restrita significação das palavras”.
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