Ficava gemendo na beira do rio. Um gemido que só ele próprio ouvia, se tanto. “Por quê?”, indagariam se pudessem escutar. Mas ninguém perguntava nada àquele homem que ordenhava no escuro do estábulo. E que lá mesmo dormia. Para ele, gemer nas margens da correnteza era tão natural quanto olhar a igreja na praça. Via pessoas limpando, varrendo. Pareciam querer espelhar os ambientes no prateado do rio. Entrou na água como se procurasse interromper a mania de olhar. Veio uma coisa mais pesada do que nuvem. A pálpebra da Lua. Que desceu.
NOLL. Zé na Margem . 1999.
O ser humano produz textos que lhe são significativos, dentre os quais, narrativos. Mesmo numa época de produção midiática e hipertextual, ainda nos prendemos a construção de narrativas, pois são uma forma de
reunir dados, como armazenando-os.
expor dados, padronizando-os
reunir dados, ressignificando-os.
expor dados, descontruindo-os.
organizar dados, catalogando-os.
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