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Sobre aborto é possível discutir sua ilegalidade levando em discussão o direito de sucessões ? tendo em vista o direito que o nascituro possui tanto ?

o aborto é ilegal no direito sucessorio?

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Sara Izabela

Aborto x Direito

O STF e sua mania de meter a colher no mingau alhei0

Em época de extrema divergência, encontramos dois grupos: pró e contra aborto. Uns se amparam no direito da mulher sobre seu corpo e outro se ampara nas leis eclesiásticas. Quem está certo? Por isso quero abrir um debate com o terceiro envolvido: o Feto.

Não quero discorrer sobre os antagonistas e o tema diretamente, pois acho que é um assunto que não deveria sair sequer da gaveta pelo prisma de que já existem leis para amparar a ilegalidade do tema. Toda vez que um partido político entra no tema, principalmente o PSOL que sequer tem moralidade para exercer esse tipo de ativismo jurídico (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442). Tanto que a sua filiada e na época senadora Heloísa Helena abandonou o partido (reportagem em https://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/09/heloisa-helena-abandona-psol-desabafa-me-obrigaram-de...).

Mas não vamos perder tempo com essa bandalheira (PSOL/PPS) que faz a nação acordar de uma forma e dormir de outra. Vamos ao direito.

Concepção e Desenvolvimento

O conceito de aborto é a interrupção do desenvolvimento do Feto e não do óvulo fecundado. A partir da máxima, penso, logo existo, em latim Cogito, ergo sum, uma frase do filósofo francês René Descartes. A frase original foi escrita em francês (Je pense, donc je suis) e está no livro Discurso do Método, de 1637. O pensamento emana do cérebro e de suas sinapses.

O cérebro do bebê começa a se formar nos 22 primeiros dias da gestação.
Os processos do cérebro do bebê se desenvolvem com bastante rapidez nos primeiros meses da gravidez. O aumento da quantidade e do tamanho das células nervosas, por exemplo, ocorre com uma alta velocidade nesse período. Assim como a organização das sinapses, que são os pontos de comunicação entre os neurônios.
Bibliografia: Prado EL, Dewey KG. Nutrition and brain development in early life. Nutr Rev. 2014;72 (4): 267-284.

O desenvolvimento do cérebro do feto

5 a 8 semanas
O embrião cresce a um ritmo muito rápido. Na quinta semana começam a formar-se os rins, o fígado, o sistema nervoso, a coluna vertebral, a cabeça e o tronco. Uma parte do centro do embrião irá converter-se no coração do bebé.
Na sexta semana o embrião já cresceu cerca de 6 milímetros. Se pudesse ver para dentro do útero encontraria uma cabeça enorme com umas manchas escuras que correspondem à formação dos olhos e do nariz. De lado estão dois buracos que marcam os ouvidos ainda em crescimento. Por baixo uma abertura que mais tarde será a boca do bebé e umas pequenas ‘’pregas’’ que serão a garganta. Por dentro a língua e as cordas vocais começam a tomar forma.
O cérebro aumenta de tamanho e o coração já bate a um ritmo de 100 a 130 pulsações por minuto.
Começa a notar-se o que mais tarde serão os braços e as pernas. As mãos e os pés assemelham-se a pás porque os dedos ainda não estão definidos.
A circulação do sangue também inicia o seu funcionamento. É nesta altura que se diferenciam os órgãos genitais e se desenvolvem os intestinos.
O bebé já tem os lábios e o nariz visíveis. Formam-se os dentes e o interior da boca e os ouvidos começam a desenvolver-se. As pálpebras cobrem parcialmente a íris que já tem cor.
Desenvolve-se o cordão umbilical que fornece alimento e elimina os resíduos do bebé. Para além disso, o sistema digestivo e os pulmões continuam a ganhar forma. O bebé também tem um apêndice e um pâncreas que, eventualmente, produzirá o hormônio insulina para ajudar na digestão. O fígado já está a trabalhar na produção de glóbulos vermelhos.
No final da oitava semana o bebé já mede 2,5 centímetros. Todos os órgãos principais já estão formados, mas não completamente. A cauda embrionária do bebé desaparece. O cérebro está completamente desenvolvido e os neurônios começam a dividir-se formando o sistema nervoso.
9 a 12 semanas
Os dedos desenvolvem-se formando as impressões digitais. Todas as articulações começam a trabalhar para que o bebé movimente os seus membros.
O crescimento do cérebro aumenta rapidamente. Cerca de 250 mil novos neurônios são produzidos a cada minuto.
As pálpebras permanecem fechadas e não vão abrir até às 27 semanas. Os lóbulos das orelhas já estão formados e até ao final da semana todas as funções dos ouvidos estão completas. O lábio superior está completamente formado e a sua boca e narinas começam a mudar.
A cada dia aparecem novos detalhes no corpo do bebé – unhas, pelugem, etc. Os dedos estão agora completamente distintos. As pernas esticam e os pés podem ser bastante grandes.
A pele ainda é transparente permitindo ver muitos vasos sanguíneos. Alguns ossos começam agora a endurecer.
No final deste trimestre o bebé mede cerca de 6,3 centímetros e pesa mais ou menos 14 gramas. A cabeça começa a ficar redonda e a cara a tomar forma (aqui já é possível ver o perfil do bebé). Os olhos, que no inicio estavam nos lados da cabeça, ficam agora sobre a cara e os ouvidos estão próximos das posição certa. [texto em português de Portugal]
Fonte: https://www.todopapas.com.pt/gravidez/semanasasemanas/desenvolvimento-do-feto-semanaasemana--302...


Por fim, para encerrarmos o tópico fecundação e formação do feto, a Bayer Brasil elaborou um vídeo explicativo em 3D para demonstrar a evolução do embrião até o nascimento. Assistam. É somente 4:24 minutos.

O Direito do Nascituro

Constituição Federal de 88 define em seu artigo  que: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]

Também define nos incisos:

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Já no art.  do Código Civil de 2002, os legisladores definiram que: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Ou seja, o código civil abriga quanto a direitos, o direito do Feto.

Código Civil, ao mesmo tempo em que concebe direitos ao nascituro, dispõe que a personalidade começa do nascimento com vida, o que põe em questão a relação entre personalidade (humana) e subjetividade jurídica. Para os defensores dos direitos dos animais, por exemplo, um animal pode ser titular de direitos subjetivos, mas não possui personalidade (humana). A diferenciação entre ambos os institutos é questionada por Amaral, que desafia: "como se fosse possível separar personalidade da subjetividade jurídica". Para Bevilácqua, in Teoria geral do direito civil (RIO 1975), "a capacidade de direito confunde-se com a própria personalidade".
Já com relação à questão da capacidade jurídica, Carlos Maximiliano expressa que "A mãe da criança pode acionar, porém, em nome do filho menor ou nascituro, no papel de tutora, ou curadora, nata; pois não se cogita de reparação à mulher, e sim de adquirir ou recobrar o filho o seu estado civil. Basta estar a pessoa concebida para ser sujeito de direito; naquilo que ao embrião aproveita, intervém a seu favor a Justiça, provocada a agir pelos representantes legais dos incapazes: Infans conceptus pro jam nato habetur quoties de ejus commodis agitur," a criança concebida se tem como nascida já, toda vez que se trata do seu interesse e proveito "."
Carlos Maximiliano, Direito das Sucessões, vol. I, 2ª edição, 1942, Livraria Editora Freitas Bastos, Rio de Janeiro, pág. 299 (O Instituto dos Advogados Brasileiros concedeu ao Autor o Prêmio Teixeira de Freitas de 1953 pela publicação da 3ª edição desta obra, considerada a melhor do ano)
É premissa, portanto, que o nascituro é pessoa incapaz. E ele pode ser representado judicialmente por quem detém o pátrio poder, quando não tiver interesses conflitantes e for capaz ou, caso contrário, por curador nomeado ou pelo Ministério Público, até quando for suficiente para o exercício pleno.
Esta ressalva exprime que o ser humano, desde o momento em que é concebido, considera-se como já tendo nascido para tudo quanto diga a conservação de sua expectativas de direito. É a consagração do velho preceito do direito romano - "nasciturus pro jam nato habetur si de ejus commodo agitur” (o nascituro considera-se como nascido, quando se trata de seus interesses)." Curso de Direito Civil Brasileiro, João Franzen de Lima, Professor de Direito Civil da Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais, Edição Revista Forense, Rio de Janeiro 1955
Nasciturus pro iam nato habetur quando de eius commodo agitur ("no interesse do nascituro, é ele considerado já nascido"). Sempre que se trata de aplicação do princípio, há pretensão do nascituro à sentença (resolução judicial), qualquer que seja (declarativa, condenatória, constitutiva, mandamental, executiva), e à execução. A cada pretensão corresponde ação, como aconteceria se o titular da pretensão fosse pessoa já nascida. Pontes de Miranda, Tratado das Ações, Tomo VI, editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1976, pág. 438-9.
Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Nascituro

Direitos Gravídicos

Pode-se dizer que os alimentos gravídicos são uma modalidade de alimentos a serem pagos de pais para filhos, fixados somente naqueles casos em que o filho ainda não nasceu, ou seja, os alimentos são fixados durante o período gestacional da mulher (gravidez). O intuito é de que ambos os genitores colaborem com as despesas essenciais decorrentes da gravidez. Isso porque, o nascituro – como é chamado o feto antes do nascimento – já é considerado um sujeito que possui direitos e, um desses direitos é o de se desenvolver naturalmente de maneira saudável no útero materno, até o nascimento. Assim, os alimentos gravídicos contribuirão para o desenvolvimento do nascituro (bebê), ainda que quem os esteja solicitando seja a genitora. [https://direitofamiliar.jusbrasil.com.br/artigos/410059212/alimentos-gravídicos]

O Direito do Concepturo

O Concepturo é aquele que um dia será concebido.

O conceito de Concepturo está descrito no Código Civil de 2002, no artigo 1798, 1799, inciso I, e 1800 quando trata do Direito das Sucessões, quando, por exemplo, um avô deixa sua herança para um neto que ainda não foi concebido. De acordo com o artigo 1799, podem ser chamados a suceder: I – os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas ao abrir-se a su­cessão. O Código Civil, aqui, pretendeu dar amparo ao chamado concepturo, do latim concepturus: aquele que há de ser concebido, porém, ainda não o foi. Aberta a sucessão, a herança será confiada a um curador que deve ser designado pelo juiz. Nascendo com vida, a criança usufruirá dos bens como previsto. Contudo, decorrendo dois anos após a morte do testador e não havendo a concepção do futuro herdeiro, caso o testamento não indique contrariedade, a herança percorrerá a vocação hereditária.

A legislação em suas linhas descreve que: Código civil é um conjunto de normas que determinam os direitos e deveres das pessoas, dos bens e das suas relações no âmbito privado, com base na Constituição Federal.

Se o código civil se baseia na CF88, certamente também também embarca o Art. 5º dos direitos fundamentais. Se nos incisos 35 e 36 obriga o judiciário a receber todos os que procuram o direito, e receberam por conta dos nascituros e concepturos, garantindo na vara de família Direitos Gravídicos e na esfera Civil os Direitos de Sucessão, não resta dúvidas que o Estado protege o futuro bebê desde sua concepção ou até mesmo antes dela. E se na nona semana o feto desenvolve 250 mil neurônios por minuto, podemos considerar que na décima segunda semana este feto terá impressionantes 32,4 bilhões de neurônios. Em um adulto de 50 a 70 anos existem aproximadamente 86 bilhões de neurônios. O feto na 12ª semana possui 38% de todos os neurônios de um adulto já bem vivido.

Ainda se considerarmos um feto atacado pelo vírus Zika, que provavelmente desenvolverá micro-cefalia e terá ao menos 40% dos seus neurônios destruídos e o restante comprometidos, este feto não se enquadra nas premissas previstas da lei que permite o aborto nas seguintes situações: (1) em caso de risco de vida para a mulher causado pela gravidez, (2) quando a gestação é resultante de um estupro ou (3) se o feto for anencefálico.

No Terceiro caso, o Ministro Marco Aurélio de Mello, na ADPF 54 votou da seguinte maneira:

Aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida em potencial. No caso do anencéfalo, não existe vida possível. O feto anencéfalo é biologicamente vivo, por ser formado por células vivas, e juridicamente morto, não gozando de proteção estatal.

Nesta ADPF foi autorizado o aborto com um resultado de 9x2.

Se interpretarmos e expandirmos o conceito, cometeu prevaricação ( crime cometido por funcionário público quando, indevidamente, este retarda ou deixa de praticar ato de ofício, ou pratica-o contra disposição legal expressa, visando satisfazer interesse pessoal) a primeira turma do STF e o Ministro Barroso no Habeas Corpus 124.306 que por maioria, entendeu que a interrupção da gravidez até o terceiro mês de gestação não pode ser equiparada ao aborto.

Como já vimos, no primeiro trimestre o nascituro, protegido por lei, tem aproximadamente 32,4 bilhões de neurônios, e portanto, a formação do cérebro quase completa. Se olharmos o voto do Ministro Marcos Aurélio de Mello relata que:

no caso do anencéfalo ( Anencefalia é uma má formação do cérebro durante a formação embrionária, que acontece entre o 16º e o 26º dia de gestação, caracterizada pela ausência total do encéfalo e da caixa craniana do feto), não existe vida possível. O feto anencéfalo é biologicamente vivo, por ser formado por células vivas, e juridicamente morto.

Ao considerar que a anencefalia ocorre entre o 16º e o 26º dia da gestação, presume-se que não sendo identificado anomalias, o aborto se torna ilegal pela legislação atual, pela interpretação do pleno do STF, e não pela prevaricação da primeira turma.

Assim sendo, atualmente a legislação e os julgados tornam o feto um receptor de direitos futuros devidamente tutelados pela mãe e portanto, direitos adquiridos.

Este artigo é um exercício mental na minha ociosidade e não tem vínculo fundamentalista ou eclesiástico. Somente uma forma de exercitar meu cérebro que foi formado antes da 12ª semana. Todos são bem-vindos a comentar.

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Bianca Nominato

Aborto é crime contra a vida. Tutela-se a vida em potencial. No caso do anencéfalo, não existe vida possível. O feto anencéfalo é biologicamente vivo, por ser formado por células vivas, e juridicamente morto, não gozando de proteção estatal.

Dessa maneira, é perceptível a defesa da vida em primeiro lugar no que tange ao sistema jurídico brasileiro. Assim, o feto passa a obter direitos desde a gravidez.


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