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a doutrina interesse da criança e do adolescente, fale sobre a incidência do princípio da dignidade da pessoa humana em nosso ordenamento jurídico

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Juliana Oliveira

A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, tem em seu art. 1º, dentro dos Princípios Fundamentais, a presença de um Estado Democrático de Direito e a dignidade da pessoa humana.

A priori, para Maria Sylvia Zanella di Pietro:

O Estado Democrático de Direito pretende vincular a lei aos ideais de justiça, ou seja, submeter o Estado não apenas à lei em sentido puramente formal, mas ao Direito, abrangendo todos os valores inseridos expressa ou implicitamente na Constituição.[1]

Após a Revolução Francesa, foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, fundando-se em princípios mais humanitários para todos os homens, constituindo assim, dignidade em direitos.

É com base nessa Declaração que a atual Constituição foi elaborada. Ela simboliza a redemocratização do Brasil após um regime militar que durou 21 anos, e é por meio dela que os Princípios Fundamentais, bem como os Direitos e Garantias Fundamentais do povo brasileiro e dos estrangeiros são assegurados. Tais prerrogativas estão dispostas, principalmente, em seus artigos 1º e 5º, respectivamente.

Explicadamente, o art. 1ª da CF/1988, cujo dispositivo expõe que o Brasil se constitui em Estado Democrático de Direito e tem como um dos fundamentos a dignidade da pessoa humana, conforme inciso III. Em seu art. 5ª, dispõe-se “que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.[2] Ou seja, todos são iguais perante à Constituição, sem distinção de cor, nacionalidade, credo, sexo, opção sexual, etc.

Dessa forma, entende-se por Princípio da Dignidade da Pessoa Humana todo o reconhecimento que um indivíduo tem em ser enxergado pela sociedade como pessoa, respeitando suas integridades física e moral e de fruir de um âmbito existencial próprio[3].

Em outras palavras, o direito existe para ser respeitado e para que todos sejam enxergados com equidade e dignidade, fornecendo ferramentas para que os indivíduos sejam capazes de expor os interesses e cobrar da sociedade o que lhe é digno.

Assim, pode-se reafirmar o conceito de dignidade da pessoa humana de acordo com Alexandre de Moraes:

A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se em um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.[4]

Vale dizer que quando se respeita a dignidade da pessoa humana, uma sociedade consegue alcançar a sua justiça mais rapidamente, pois traz a garantia de uma igualdade de direitos entre todos, bem como a preservação da liberdade, da independência e da autonomia do ser humano e a não aceitação de meios que submetem à alguém uma situação de vida subhumana.

Entendendo esses conceitos, pode-se complementar que o ECA, também conhecido como Estatuto da Criança e do Adolescente visa, justamente, trazer essa segurança constitucional de forma mais forte e eficaz no ordenamento jurídico brasileiro. Em um contexto prático, a criança e o adolescente são indivíduos que deveriam ter mais voz na sociedade, porém cada caso, em sua individualidade, não permitem que a lei possa realizar o seu papel da forma que deveria, tendo em vista a falta do controle constitucional sobre o poder que decide o futuros das crianças e dos adolescentes brasileiros.

Dessarte, a dignidade da pessoa humana está presente em todos os contextos sociais, e inclui o tratamento e o respeito à vontade dos menores frente às normas brasileiras.


[1] DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 30ª ed. Rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2017.

[2] BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado, 1988.

[3] AWAD. Fahd. O Princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Just. do Direito Passo Fundo, v. 20, n. 1, p. 111-120, 2006.

[4] MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. São Paulo: Atlas, 2002. p. 128.


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