Tanto a Lei nº 10.639/2003 quanto a Lei nº 11.645/2008 (na sua atualização, na qual as mesmas orientações foram destinadas às temáticas indígenas) podem ser consideradas políticas públicas educacionais de ação afirmativa por terem a seguinte finalidade:
Promover a reparação, o reconhecimento e a valorização de diferentes grupos que foram subjugados por meio, dentre outras medidas, da discriminação, da exclusão ou da marginalização da história desses povos.
Estabelecer apenas um conjunto de reflexões sobre a história da trajetória dos povos africanos e indígenas no Brasil. Questões como metodologias, reconhecimento, igualdade, valorização da cultura cabem estritamente às escolas da Educação Básica.
Promover apenas o reconhecimento da história e das culturas africana, afro-brasileira e indígena, porque não há mais nada que se possa fazer com o passado.
Promover, exclusivamente, a reparação desses grupos que foram discriminados historicamente na sociedade brasileira. As políticas afirmativas educacionais servem apenas para garantir o ensino da cultura e da história desses povos nas escolas.
Prescrever metodologias de ensino e formas de lidar com a cultura dos diferentes povos que formaram a sociedade brasileira.
Explicação:
Ambas as leis reforçam a necessidade de se considerar a diversidade cultural existente no Brasil. É urgente que se compreenda que a formação cultural da sociedade brasileira é fruto da presença das diferentes matrizes étnico-raciais e que se pode encontrar um pouco de cada um desses elementos culturais em nosso cotidiano.
Leia o texto a seguir.
Ruth Benedict escreveu em seu livro O crisântemo e a espada que a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, têm visões desencontradas das coisas. (Roque de Barros Laraia – Cultura: um conceito antropológico)
De acordo com as palavras do texto referentes ao conceito de cultura, é possível afirmar:
O conceito apresentado no texto corresponde à erudição.
A cultura é a lente que faz o olhar humano ser no mundo da mesma forma.
Os homens de mesma cultura têm visões desencontradas das coisas.
O conceito de Ruth Benedict está deslocado do sentido antropológico.
A cultura confere singularidade e diferença à constituição das sociedades.
Explicação:
A cultura confere singularidade e diferença à constituição das sociedades, pois homens de culturas diferentes usam lentes diversas, tendo visões de mundo e práticas que se diferenciam culturalmente de outras sociedades.
Em 2003, uma antiga reivindicação dos movimentos negros se concretizou com a obrigatoriedade do ensino de história e culturas afro-brasileira e africana nas instituições de ensino públicas e privadas de todo o país, a partir da promulgação da Lei Federal nº 10.639/2003. É possível afirmar que essa Lei:
Institui, de maneira opcional, o ensino da história e das culturas africana e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino.
Institui a obrigatoriedade do ensino da história e das culturas africana e afro-brasileira apenas na disciplina de Artes, por entender que somente ela propicia uma abertura para o trabalho nessa perspectiva.
Institui a obrigatoriedade da história e do ensino das culturas africana e afro-brasileira em todos os estabelecimentos de ensino, públicos e privados, no intuito de mostrar as diferentes experiências de tais povos que participaram (e participam) da formação de nossa sociedade.
Institui a obrigatoriedade do ensino da história e das culturas africana e afro-brasileira especificamente para a disciplina de História, uma vez que os temas perpassam exclusivamente tal disciplina.
Propõe a obrigatoriedade do ensino da cultura africana nos estabelecimentos de Ensinos Fundamental e Médio da rede pública de ensino. Nos demais estabelecimentos, como os privados, a lei permanece de maneira opcional.
Explicação:
A lei consiste num marco histórico na legislação brasileira e numa conquista dos movimentos sociais. A ideia é justamente a valorização das diversas experiências culturais africanas e afro-brasileiras na formação social do Brasil.
Leia o trecho a seguir.
“Juntos com os valores espirituais, os negros retêm, no mais recôndito de si, tanto reminiscências ritmas e musicais, como saberes e gostos culinários.” (Darcy Ribeiro - O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil)
Podemos afirmar corretamente:
O Brasil é miscigenado, ou seja, o hibridismo sobrepõe a africanidade.
A musicalidade está descolada do continente africano e colada aos europeus.
Os saberes africanos tiveram pouca importância na formação do Brasil.
A formação do Brasil tem na África uma referência reconhecida pelas elites.
A africanidade percorre todas as instâncias do fazer cultural brasileiro.
Explicação:
A africanidade percorre todas as instâncias do fazer cultural brasileiro, pois o Brasil é um país de forte influência cultural africana em decorrência da forte presença negra ao longo da história brasileira
A palavra indígena denota que o povo é originário de determinado país, localidade ou região. Os povos indígenas apresentam algumas características. Dentre as afirmações abaixo, destaque a alternativa correta:
Uma das principais características dos povos indígenas é que eles têm uma estrita relação com a natureza.
Os costumes e características dos povos indígenas são os mesmos, não sofrendo alterações ao longo dos anos.
Esses povos são considerados nativos ou originários da Europa e vieram para cá junto com os colonizadores.
Os povos indígenas ocuparam o território brasileiro a partir da vinda dos portugueses para cá.
A divisão territorial dos países da América do Sul coincide com a ocupação indígena das terras.
Explicação:
Os índios que estão hoje no Brasil têm uma longa história. Seus costumes e características foram se alterando ao longo do tempo. Desde antes da vinda dos portugueses já havia habitantes que ocupavam áreas do território do país. A divisão territorial dos países da América do Sul não coincide necessariamente com a ocupação indígena das terras. Esses povos são considerados nativos ou originários do Brasil, pois não há registro de onde eles vieram, considerando que já estavam aqui antes da ocupação europeia.
A tutela das minorias é garantida pelo Direito. Há na Constituição e em diversas leis regras que tutelam os grupos minoritários. Qual o motivo para tutelar as minorias?
Elas são inferiores.
Elas são fracas.
Elas são marginalizadas.
Elas não se impõem.
Elas não têm espaço.
Explicação:
O fato das minorias terem sido marginalizadas, seja na história recente ou não, faz com que elas tenham o direito à tutela conferida pelo Direito.
A proteção às minorias condiz com um Estado Democrático de Direito, porquanto merecem tutela. Com base nisso, marque a alternativa INCORRETA.
É preciso dizer que minorias para o Direito não são compreendidas como grupos (étnicos, raciais, culturais etc.) de poucas pessoas.
As minorias podem ser entendidas como grupos marginalizados dentro da sociedade por diversos motivos, tais como a religião, a cor etc.
Políticas de reparações e de reconhecimento formarão programas de ações afirmativas.
O reconhecimento da importância da história e cultura dos negros e indígenas requer adoção de políticas de ações afirmativas.
Os criminosos, como estão marginalizados pela sociedade, também compõem um grupo de minorias aos quais a sociedade e o Estado devem respeitar a cultura, a história e as raízes.
Explicação:
Os criminosos não compõem um grupo de minorias tuteláveis. É possível, contudo, que sejam parte de uma minoria, mas não como infratores da lei e sim por outra condição sexual, religiosa, cultural, étnica etc.
Os educadores, especialmente aqueles que trabalham com a educação multicultural, podem agir como intermediários culturais para ajudar a criar um espaço pedagógico inofensivo a todos os estudantes. Para tanto, é necessário que o processo educativo de grupos minoritários não se transforme em uma experiência permanente de subordinação. Os professores precisam desenvolver sua atenção com relação à escolha do vocabulário para se referir aos temas da diversidade sociocultural, racial ou de gênero. De acordo com o enunciado, assinale a alternativa CORRETA:
A educação multicultural foi pensada inicialmente para as maiorias dominantes.
É necessário moldar os jovens de outras etnias aos costumes da cultura majoritária e a tarefa primordial da educação multicultural.
Uma preocupação no campo da educação multicultural é evitar o uso de diversos idiomas estudados no processo educativo.
Podemos considerar a educação multicultural como um processo que enfatiza o respeito aos hábitos e costumes de vários povos.
Atualmente, a terminologia a ser utilizada na educação multicultural é isenta e imparcial.
Explicação:
De fato, a educação multicultural engloba estudar e aprender as culturas e hábitos de povos que convivem juntos com a cultura majoritária, com o intuito de promover o respeito e a igualdade entre estas culturas.
Existe um tipo de conflito cultural que é definido como um embate de opiniões relacionadas às mais diversas áreas que compõem o tecido social. De acordo com a ideologia ou a visão política de um cidadão ou grupo, em divergência com grupos que pensam de modo oposto sobre este ou aquele assunto, este conflito potencial pode, facilmente, instaurar-se. Imbernón chama tal conflito de guerra cultural, que se manifesta como desacordo de costumes, de diferenças religiosas e de posições ideológicas, entre outras causas. Sobre ela, pode-se afirmar que:
Manifestar nas redes sociais nossos pontos de crítica e não aceitação sobre outra cultura ou etnia enfraquece este conflito.
A proposta da pedagogia em favor da paz e contrária à guerra cultural pode ser uma resposta a esse tipo de conflito.
A guerra cultural pode ser considerada como um movimento em favor da liberdade, pois defende os direitos da cultua majoritária.
Na análise em larga escala do panorama mundial, a guerra cultural perdeu totalmente suas forças, graças ao fenômeno da globalização.
Não existindo mais um racismo institucionalizado, a simples linguagem com teor racista não apresenta um mal a ser evitado.
Explicação:
De fato, uma pedagogia inspirada na tolerância, no respeito às diferenças de pensamento e de cultura e na solidariedade pode educar a sociedade a um convívio não conflitante na diversidade.
A criação de políticas públicas afirmativas é uma forma de enfrentar o racismo presente na sociedade. Diante disso, Moreira (2016) apresenta duas vias de pensamentos conflitantes em torno da questão das políticas de cotas raciais. Uma que defende e outra que critica tal medida. Do ponto de vista da corrente que defende as políticas de cotas, é correto afirmar:
As pessoas nascem iguais, portanto, todas possuem as mesmas capacidades, as cotas são uma forma de segregação racial.
As políticas de cotas raciais é uma forma racista de resolver a desigualdade social.
Não há preconceito racial no Brasil.
O Brasil é um país onde há uma democracia racial, as raças se misturam naturalmente.
A igualdade constitucional tem uma função transformadora, ela reconhece a relação entre o respeito pelo pluralismo e a defesa da justiça social.
Explicação:
De acordo com Moreira (2016), do ponto de vista da corrente de pensamento que defende as políticas afirmativas, é correto afirmar que uma das formas de combater o racismo na sociedade é através da intervenção de instituições como o Estado no âmbito social, a fim de propagar uma igualdade.
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