É fácil entender a paixão com que o Professor Angelo Vaz trata os autores desse Curso de Filosofia do Direito. Um deles, Foucault - estrela de nossa vigésima terceira edição -, construiu, apesar de ter morrido tão jovem, uma obra impressionante, capaz de marcar toda uma geração de profissionais, estudantes, intelectuais e ativistas do mundo inteiro. No caso específico de Foucault, isso é ressaltado pela intensa atividade política do pensador francês. Nomes como “Arqueologia do Saber”, “Vigiar e Punir” ou “Microfísica do Poder” dão uma ideia bastante aproximada daquilo que é central na obra de Michel Foucault, filósofo, autor de livros com os títulos acima: a articulação entre poder e conhecimento e seu uso para o controle social, por meio das instituições. Assim, Foucault marca definitivamente a discussão sobre o justo ao situar a compreensão do Direito na microfísica do poder ou nas formas como as instituições que cuidam da aplicação do direito funcionam. É aí que nos revela: “O Direito Penal é a cadeia, não o Código Penal”! O poder passa a ser enfocada, sob essa visão crítica da modernidade, como o resultado de uma prática, ou ato, e não como pura intenção. Em suma, chega de palavras bonitas! Foucault foi um severo crítico da sociedade e de sua aparente racionalidade. Desenvolvendo as formas de articulação do poder em forma de rede, ele quebra com a visão de uma estrutura binária de divisão de poder na sociedade. O poder está por todos os lados e os atores mudam de posição dependendo do posto que ocupam em determinadas situações desde o centro até a periferia do corpo social. Michel Foucault vai desbancando mitos. Para ele, poder não se coloca mais como ideologia, mas como saber, o verdadeiro instrumento de dominação é a pretensa posse de um saber institucionalizado. O francês muda a maneira como percebemos os fracassos da razão humana em meio ao seu caos histórico e social quando aponta a materialização do poder no próprio corpo do homem, depois que este percorre toda a estrutura social: “o réu está corporalmente domesticado”. Angelo Vaz dá exemplos claros, como quando os presos vão aos tribunais com a “cabeça baixa, em sinal de respeito ou submissão”. Mais uma aula imperdível. http://cursofilosofiadodireito.blogspot.com.br
Compartilhar