DIREITO EM FOCO - ÉTICA APRESENTAÇÃO: Dr. Jorge Sarkis - Advogado e Professor TRANSCRIÇÃO INTEGRAL DO ÁUDIO: “Nosso último encontro gerou alguns pedidos para que falássemos de ética. Ética é uma palavra de origem grega – ETHOS - que significa, numa acepção bem simplória, caráter, modo de ser. Devemos entender com isso que quando eu digo que uma pessoa, é uma pessoa ética, é porque ela é uma pessoa de caráter, ou seja, seu modo de ser se enquadra naquilo que a sociedade entende como sendo um comportamento normal. A ética não é parte do nosso pacote ao nascermos. Ela é construída ao longo de nossa vida, de acordo com a sociedade da qual fazemos parte. Dessa forma, começamos a entender porque é que temos tantos códigos de ética para as diversas sociedades, sejam profissionais, políticas, religiosas, etc... Se nos ativermos apenas aos princípios gerais da conduta humana, tida como ideal, chegaremos ao ponto em que o indivíduo tem a sua satisfação, sem ferir a sociedade. Isso é o equilíbrio entre o interesse pessoal e o coletivo, ou social. Como eu disse antes, a ética é construída ao longo do crescimento da consciência individual e da coletiva e essa tem seu ritmo próprio, que não é igual ao do indivíduo. Apesar de seculares, algumas instituições apresentam ainda descompasso entre a sua ética e os anseios da sociedade atual, que cobra condutas menos pessoais de seus membros, uma conduta mais ligada a realidade, que a média da sociedade considera normal. Desvirtuar a sua conduta representa, na maioria das vezes, responder aos seus pares pelo deslize, o que deve ser feito observando-se procedimentos próprios e princípios aplicáveis a todo processo. Na maioria das sociedades abertas, como são os colegiados, profissionais ou de classe, qualquer pessoa, usuária dos serviços dos membros, ou que se sinta, de alguma forma, prejudicada pela atuação de um deles, pode se dirigir ao órgão responsável pela fiscalização da conduta ética e apresentar uma representação. O que nos assusta, entretanto são as sociedades de castas, assim chamadas aquelas em que seus membros detêm uma condição diferenciada com relação a própria sociedade da qual se originam. Normalmente são as sociedades cujos códigos de conduta são mais obscuros, ou não tão conhecidos. São as ditas sociedades secretas, as sociedades políticas, religiosas, e etc... Das várias sociedades que podemos citar algumas ligadas ao crime organizado, se tornam interessantes de estudar pela rigidez de suas normas, não escritas normalmente, e a radicalidade e rapidez das punições que são aplicadas. Por vezes, não entendemos tamanha violência na punição dos infratores destas sociedades, mas cobramos de outras que se coloquem em sintonia com a própria ideia de controle da ética. Lembramos do que foi dito quanto ao corporativismo, quando entendemos que o corpo acaba sendo o maior prejudicado quando não eficiência no controle da conduta ética dos membros da sociedade. Não devemos colocar num mesmo patamar a moral, pois essa seria o conjunto de valores representado pelas regras, preceitos, costumes, e etc..., que caracterizam uma normatividade, quanto a ética, que é eminentemente teórica e filosófica. Talvez por isso tão sujeita a interpretações direcionadas, na busca de justificativa para os seus próprios dilemas.”
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