Prévia do material em texto
Micoses Superficiais Estritas São infecções fúngicas localizadas nas camadas superficiais da pele e seus anexos (unhas e cabelos). Fungo confinado ao extrato córneo ou anexos. Basicamente assintomáticas, por dificilmente induzem resposta inflamatória do hospedeiro, e não invasivas. As micoses superficiais têm maior incidência em países de clima tropical e possuem aspectos bastante característicos. Alguns fatores podem proporcionar o surgimento dessas micoses como: Além dos já descritos para micoses no geral: Uso de cremes e bronzeadores; Gravidez; Contato com animais; Compartilhamento de objetos pessoais. O diagnóstico laboratorial é feito de diversas formas, sendo através da pesquisa microscópica direta do fungo ou através de seu isolamento em meio de cultura. Para identificar os agentes etiológicos deve-se raspar as lesões de pele ou unha com bisturi, lâmina de vidro ou barbear. As descamações devem ser coletadas em placa de petri estéril, papel alumínio ou lâmina de microscopia. Os pêlos devem ser retirados com pinça. O couro cabeludo é um importante foco e permanece ativo pelo fato de, geralmente, não ser tratado, permitindo constantes recidivas. Um recurso de bastante valor para identificar as micoses superficiais é utilizar a lâmpada de Wood. Características das micoses superficiais: Lesões hipocrômicas e hipercrômicas; Lesões avermelhadas e com bordas definidas; Prurido no local da lesão; Lesões com discreta ou intensa descamação; Regressão da lesão com tratamento. As principais micoses superficiais estritas são: 1. DOENÇA: PITIRÍASE VERSICOLOR: (Pano branco, Tinea versicolor ou Micose de praia) Infecção superficial benigna, crônica, redicivante e não contagiosa. Micose cosmopolita. Incidência em Adolescentes e adultos jovens. 2. Agente etiológico: Malassezia spp. Lipofílica (com exceção da M. pachydermatis). Polimórfica. Pertence a microbiota cutânea humana, com prevalência nas áreas seborreicas do corpo. Em parasitismo, se apresenta como células leveduriforme globosas ou ovais agrupadas e filamentos curtos, septados e irregulares. Pertence ao filo Basidiomycota. 3. Epidemiologia: locais de clima tropical e subtropical. 4. Características clinicas: As lesões são constituídas por placas hipo ou hiperpigmentadas, escamosas e de bordas delimitadas, que podem confluir cobrindo extensas áreas do corpo. As Lesões são chamadas de máculas (são pequenas manchas de coloração variada). 5. Fatores predisponentes: Exógenos: altas temperaturas e umidade. Endógenos: pele oleosa, sudorese, uso de imunossupressores e hidratantes. 6. Forma de contágio: contato direto. ___________________________________________________________ 7. Patogenicidade: Lesão Hipocrômica: A levedura libera ácido azaléico ao sol -> que tem atividade antitirosinase -> gera uma ação tóxica sobre os melanócitos -> inibe a produção de melanina -> leva a lesão hipocrômica. Diagnóstico diferencial: 1. Pitiríase alba (uma dermatofitose). 3. Hanseníase. 2. Pitiríase rósea. 4. Vitiligo. Diagnóstico clínico: Sinal de Besnier ou sinal da unhada. Sinal de Zileri. Lâmpada de Wood. Quando a micose não é tratada, as lesões aumentam e diminuem espontaneamente por anos. Exame direto: Sobre escamas, observam-se filamentos curtos de parede grossa, com 1 ou 2 septos, podendo ser ligeiramente curvos e irregulares. Observa-se também a presença de leveduras esféricas ou ovais isoladas ou agrupadas em cachos. As leveduras apresentam membrana de duplo contorno e a forma pode ser globosa, oval ou elipsóide. Apresenta pseudo-hifa. 8. CARACTERISTICAS MICROSCÓPICAS: Blastoconídios agregados em forma de cachos de uva. Pseudo- hifas curtas e grossas Colônia/cultivo: Tem textura cremosa, de cor creme a marrom clara, topografia convexa, superfície lisa ou levemente rugosa, aspecto seco e de diâmetro variável. Todas as espécies do gênero são catalase-positivas, exceto a M. restricta. 8. CARACTERISTICAS MICROSCÓPICAS: Blastoconídios redondos e globosos com brotamento de células- filhas. Doença: PITIRÍASE CAPITIS (Pano branco na cabeça) Agente etiológico: Malassezia spp. Atinge o bulbo capilar. Perda de cabelo espalhada. Pouca inflamação. Diagnóstico diferencial: Tinea capitis (dermatofitose). 1. DOENÇA: TINEA NIGRA (Keratomycosis nigricans palmaris) 2. Agente etiológico: Hortaea werneckii (ou Phaeoannelomyces werneckii). 3. Epidemiologia: Restrita a locais tropicais e sub-tropicais. Habitat não se sabe ao certo, mas se sabe que vive bem em ambientes de alta salinidade, esgotos, restos vegetais, pescados. Considerada uma levedura escura polimórfica, que, em parasitismo, apresenta-se principalmente com hifas demáceas, septadas e ramificadas que produzem conídios. A fase leveduriforme apresenta morfologia simples, como célula única e gemulante (brotante). Levedura do filo Ascomycota. É um patógeno oportunista. Diagnóstico diferencial: doenças dermatológicas malignas. 4. Características clinicas: Geralmente é assintomática. Presença de lesões (máculas) hiperpigmentadas de cor marrom a cinza, com bordas definidas e com maior pigmentação, sem descamação. Aparece na palma das mãos e, ocasionalmente, na planta dos pés e outros lugares do corpo. A micose é crônica. É mais frequente em mulheres. 5. Fatores predisponentes: Exógeno: profissão/atividade de lazer que o mantenha em contato com areia da praia. Endógeno: pele oleosa, sudorese e uso de imunossupressores. 6. Forma de contágio: Não se conhece com exatidão, mas ela está associada ao contato direto do hospedeiro com o ambiente marinho. 7. Patogenicidade: O fungo adere-se a pele pela sua alta hidrofobicidade em relação às células humanas, podendo aderir-se também pela produção de polissacarídeos extracelulares e sobreviver dos lipídios excretados. O H. werneckii apresenta elevada hidrofobicidade, degrada queratina e apresenta atividade lipolítica significante, demonstrando capacidade de adesão lipofílica à pele. Pode haver hiperqueratose (quando há um excesso na produção de queratina) da pele e o aspecto marrom da pele é devido à melanina que o fungo apresenta na parede. Pessoas com hiperidrose (transpiração anormalmente aumentada) tem maior susceptibilidade em adquirir a infecção. Exame direto: No início, observam-se células leveduriformes, gemulantes, de cor marrom-escura, podendo apresentar septo central. Podem gerar conídios. A cultura madura apresenta hifas densamente septadas, de cor marrom. Podem gerar conídios. Os conídios inicialmente são únicos e hialinos, negro-oliváceos. Frequentemente evolui para uma estrutura bicelular que gradualmente se transforma em clamidoconídios gemulantes. 8. CARACTERISTICAS MICROSCÓPICAS: células leveduriformes com hifas septadas de cor ocre ou parda. PIEDRAS (Tricomicoses nodulares) São infecções fúngicas assintomáticas que comprometem a porção extrafolicular dos pelos acometidos. Mais prevalentes em zonas tropicais e subtropicais. Caracterizadas por baixo contágio, são assintomáticas e benignas. Não comprometem a pele vizinha à infecção. Tratamento: Corte dos pelos e uso de medicação, loções à base de antimicóticos. 1. DOENÇA: PIEDRA BRANCA (Tricopatia pura) 2. Agente etiológico: Trichosporon spp. Levedura artrosporada. 3. Epidemiologia: Áreas tropicais e subtropicais. Tem como habitat a microbiota, terra, água de lagos e rios e animais domésticos. 4. Característica clinica: Nódulos mucilaginosos de coloração branco-amarelada ou amarelo-acastanhada e aspecto fusiforme, aderidas ao pelo. São facilmente destacadas do pelo ao toque. Diagnóstico diferencial: piolho. 5. Fatores predisponentes: Exógenos: Endógenos: 6. Forma de contágio: contato direto. 7. Patogenicidade: Inicia com a adesão de uma célula fungica ao pêlo, seguidade proliferação desse fungo que então forma um nódulo em torno da haste do pêlo formando um nódulo branco. Exame direto: Hifas hialinas, artroconídeos e poucos blastoconídeos. 8. CARACTERISTICAS MICROSCÓPICAS: pêlo com nódulos hialinos ou acastanhados, mucilaginoso e de fácil remoção. Colônia/levedura: Textura glabrosa, com relevo variando de rugoso a cerebriforme, coloração de creme a branco. Microscopia da colônia: Micélio hialino, septado, com artroconídeos e blastoconídeos. 8. CARACTERISTICAS MICROSCÓPICAS: Presença de blastoconídios e artroconídios. 1. Doença: PIEDRA PRETA 2. Agente etiológico: Piedraia hortae. Fungo filamentoso demáceo. Estrutura de reprodução sexuada em parasitismo: ascosporos. 3. Epidemiologia: Regiões tropicais e sub-tropicais. Tendo como habitat solo contaminado. 4. Características clinicas: Nódulos de consistência pétrea, com coloração de castanho a negro. São fortemente aderidos ao pelo, não sendo fácil a sua remoção. Acomete cabelos e, raramente, em outros pelos do corpo. De caráter crônico e frequentemente recidivante. 5. Fatores predisponentes: Exógenos: Endógenos: 6. Forma de contágio: contato direto. 7. Patogenicidade: Exame direto: Observam-se estruturas formadas por agrupamento de unidades fúngicas de coloração acastanhada, associada ou não a filamentos septados semelhantes a artroconídios. A eles se somam ascos, contendo de 2 a 8 ascosporos. 8. CARACTERISTICAS MICROSCÓPICAS: pelo com nódulo de cor escura. Colônia/cultivo: Castanho-escura, verde-oliva ou preta, com textura glabrosa ou veludosa, com um centro em relevo apiculado que tende a se tornar cerebriforme. A periferia da colônia é plana com borda irregular, tendendo a formar uma textura veludosa de coloração cinza-esverdeado com o passar do tempo. O reverso da colônia é negro. Microscopia da colônia: Hifas acastanhadas, grossas, algumas irregulares, septadas. Numerosos clamidoconídeos intercalares, associados ou não a um material amorfo de coloração castanho-clara que envolve as estruturas fúngicas. Podem ser observados ascos. 8. CARACTERISTICAS MICROSCÓPICAS: hifas septadas de cor acastanhada.