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Fisiologia Caso 1 Aula 3: Sono e Vigília pt.1 Introdução O organismo humano não é uma máquina com processos exatos, mas sim previsíveis. Para que essa previsibilidade aconteça, existe o relógio biológico, que é basicamente o ciclo de descanso e atividades do organismo. O organismo funciona 24 horas por dia, porém existem algumas atividades que são realizadas preferencialmente no período diurno e outras no noturno. O sono é o estado de inconsciência do qual uma pessoa pode ser despertada por estímulos (como sensoriais). O coma é o estado de inconsciência do qual a pessoa não pode ser despertada por vários motivos, como alterações neurológicas. A vigília é o estado de alerta, é o “estar desperto” e consciente. Ritmos da Vida Muitos mecanismos de funcionamento do corpo obedecem a ritmos que se repetem, sendo que esses ritmos biológicos são universais (todos os seres vivos apresentam) e existem 3 principais tipos, o ritmo circadiano, que corresponde a um evento que se repete a cada 24 horas, como os momentos de sono e vigília. O ritmo infradiano é aquele cuja repetição leva mais de 24 horas para acontecer, como o ciclo menstrual. Por fim, o ritmo ultradiano é aquele cuja repetição acontece num período menor que 24 horas, como os batimentos cardíacos. A existência e persistência da ritmicidade sugere a existência de um sistema que mantêm a organização temporal interna do organismo, o chamado de oscilador interno, ou relógio biológico. Teoria Passiva do Sono Na época de formulação dessa teoria, já se sabia que o local do encéfalo onde se encontram os neurônios responsáveis por promover a vigília é o mesencéfalo e a porção superior da ponte. Na região mediana do tronco encefálico existe a chamada formação reticular, também chamada de sistema ativador reticular ascendente (SARA), que é um conjunto de estruturas formadas por núcleos de neurônios muito primitivos (são praticamente os primeiros do SNC a se desenvolverem) que se encontram na porção superior da ponte e no mesencéfalo. A primeira teoria básica do sono descrevia ele como um mecanismo passivo. A formação reticular nessa teoria se fatigava (cansava) durante o dia e quando chegava a noite surgia o cansaço. Foi comprovado que essa teoria não é verdadeira. Núcleos para Estimulação Cortical Com o passar do tempo, se descobriu que além da formação reticular localizada no tronco encefálico, outros núcleos do SNC também participavam da regulação do sono e da vigília, e eles estavam presentes no tálamo e hipotálamo. No tálamo (e no prosencéfalo basal, onde recebe o nome de núcleo basal de Meynert) existem os núcleos colinérgicos, no hipotálamo lateral existem os núcleos que liberam hipocretinas (HCRT ou orexinas) e no hipotálamo posterior há o núcleo tubermamilar (histaminérgico). No tronco encefálico, os núcleos serão o locus coeruleus (noradrenérgico, se encontra anteriormente ao aqueduto do mesencéfalo), os núcleos dorsais da Rafe (serotoninérgicos) e o núcleo do tegumento do pedúnculo pontino (também chamado de área tegmentar ventral ou núcleo dorsolateral, é colinérgico), que são as três estruturas que compõe a formação reticular. . Substância/ área negra do mesencéfalo é outra estrutura importante, a qual libera dopamina e ativa o córtex cerebral também Todas as estruturas mencionadas até agora, independente de qual neurotransmissor liberam, vão liberar seus neurotransmissores para ativar o córtex cerebral e garantir o estado vigília. *Serotonina também é chamada de 5-HT Núcleos para Inibição Cortical O principal núcleo responsável pela inibição cortical se encontra na região anterior do hipotálamo, ele é chamado de núcleo pré-óptico ventro-lateral (libera GABA e galanina). Além desse núcleo, na mesma região do hipotálamo, existe o núcleo supra-quiasmático e é considerado o marca-passo do sono e da vigília. Os neurotransmissores liberados por esses núcleos não inibem o córtex, mas sim os núcleos ativadores do córtex. Teoria Ativa do Sono Diferente da teoria passiva, a teoria ativa do sono diz que durante o período de vigília existem núcleos realizando a estimulação cortical e, quando o núcleo supra-quiasmático identifica que é o momento de descanso, ele e o núcleo pré- óptico ventro-lateral realizam a inibição dos núcleos ativadores para que a ativação cortical deixe de acontecer. Dessa forma, a inativação do córtex é ativa e indireta. Durante o sono, os núcleos da Rafe secretam serotonina para a medula espinal a fim de inibir neurônios motores dos nervos espinais. Com isso, a secreção de neurotransmissores na placa motora é diminuída drasticamente e os músculos estriados esquelético ficam com o tônus bem reduzido. Para que o estado de vigília seja iniciado novamente, o núcleo pré-óptico deve ser inibido. Após isso, há a ativação dos núcleos ativadores do córtex e a ativação do córtex consequentemente. Com base em tudo o que foi explicado, então, durante a vigília há uma estimulação cortical realizada pela histamina (núcleo tubermamilar), hipocretina (núcleos da região lateral do hipotálamo), noradrenalina (locus coeruleus), dopamina (substância negra), serotonina (núcleos dorsais da Rafe) e acetilcolina. Durante o sono, todos os neurotransmissores supracitados deixam de ser secretados (passam a ser secretadas quantidades mínimas) graças a inibição realizada pelo GABA e galanina (núcleo pré-óptico ventro-lateral). Vale mencionar que pequenas quantidades de acetilcolina permanecem sendo secretadas mesmo no sono para manutenção de algumas funções corticais, assim como a noradrenalina também é liberada em determinados momentos do sono. Controle Homeostático do Sono Ainda dentro da teoria ativa do sono, existe o chamado controle homeostático do sono. Esse controle é aquele que induz o núcleo pré-óptico a inibir os outros núcleos no momento certo e faz com que essa inibição deixe de acontecer no momento certo. A adenosina é o produto do metabolismo energético neuronal, ela vai se acumulando nas fendas sinápticas durante a vigília (principalmente no prosencéfalo basal e na região do núcleo pré-óptico), vai atuar de forma inibitória no prosencéfalo basal e realizar a ativação do núcleo pré-óptico. A cafeína, aminofilina e teofilina, por exemplo, são substâncias de efeito antagônico ao da adenosina e vão agir nos receptores dessa substância impedindo que o córtex seja inativado. Manutenção do Ritmo Circadiano do Sono O marca-passo do sono, que realiza a manutenção do ritmo circadiano do sono e vigília é formado, além do núcleo supra- quiasmático já citado, pela glândula pineal (pertencente ao epitálamo, que é uma região do diencéfalo). Indo da retina ao hipotálamo, especificamente ao núcleo supra-quiasmático, existe o trato retino-hipotalâmico. Quando anoitece, a retina recebe menos estímulos luminosos naturais, a condução de estímulos pelo trato retino- hipotalâmico é diminuída, o núcleo supra-quiasmático recebe menos estímulos e ativa o núcleo paraventricular (localizado na região anterior do hipotálamo), o qual emite um axônio até a medula torácica superior onde ocorre uma sinapse e a consequente ativação do SN simpático. O SN simpático emite fibras ascendentes até a glândula pineal para estimular, por meio da secreção de noradrenalina, ela a produzir melatonina. A melatonina é o hormônio que ativa o núcleo pré-óptico. *A partir dos 30 anos a pineal começa a calcificar, o que vai modificar o ciclo do sangue. Tipos de Sono Os dois principais tipos de sono são o sono de ondas lentas (NREM) e o sono com movimento rápido dos olhos (REM, corresponde a 25% do sono total). . Sono de Ondas Lentas ou Não-REM (NREM) É o sono profundo que se inicia durante a primeira hora de sono. É o sono relaxante no qual o tônus vascular periférico diminui, assim como a PA, a frequência respiratória e a taxa metabólica. Esse sono é composto por 4 estágios. O primeiro é apenas um relaxamento, o segundo a pessoa já se encontramais inconsciente, mas caso seja estimulada responde sem tanta dificuldade, o terceiro estágio já é o sono mesmo e o quarto representa um sono profundo. Sono REM, paradoxal ou dessincronizado Após o estágio 4 do sono NREM o indivíduo entra em sono REM, onde sua consciência (e a percepção do mundo externo) é um pouco retomada, porém o nível de relaxamento permanece inalterado ou é até aumentado. O sono REM é o principal onde sonhamos, onde acordamos mais facilmente, onde se pode falar mesmo dormindo, onde geralmente se muda de posição e onde consolida-se a memória. Esse sono ocorre a cada 90 minutos de sono e pode durar de 5 a 30 minutos, sendo que corresponde a 25% do tempo de sono aproximadamente. Nesse sono há o movimento dos músculos oculares e a atonia para todos os demais músculos corporais. Nesse sono o encéfalo está altamente ativo. *É chamado de paradoxal pois existe a movimentação ocular e outras ações mesmo dormindo. Neurotransmissores na Vigília e no Sono Efeitos Fisiológicos do Sono No sistema nervoso, o sono proporciona reposição de glicose ao encéfalo, redução das atividades cerebrais, consolidação da memória e manutenção celular. Nos sistemas funcionais do corpo o sono permite a liberação de alguns hormônios (como melatonina, hormônios sexuais, GH e TSH), a queda da temperatura corporal, queda dos níveis de cortisol e ainda permite um melhor funcionamento do sistema imunológico. Aula 4: Sono e Vigília pt. 2 Ondas Cerebrais A atividade elétrica dos neurônios (todo o mecanismo de potencial de ação) gera ondas eletromagnéticas que podem ser registradas pelo eletroencefalograma (EEG) e são chamadas de ondas cerebrais. Essas ondas são influenciadas pelo sono, pela vigília e por eventos que podem acontecer na vigília. Na vigília, em condições normais, as ondas cerebrais assumem um ritmo chamado de beta. Onda Beta A onda Beta, característica da vigília pela acentuada atividade elétrica cerebral, apresenta frequência aumentada e amplitude diminuída. As ondas Beta estão associadas com a consciência normal, a um estado elevado de alerta, a um pensamento lógico e ao raciocínio. Em quantidade ideal, mantém a concentração para o trabalho, estudos ou desempenho esportivo, porém em excesso geram um alto stress prejudicial. Estágios do Sono e o EEG Estágio 1 do sono NREM O primeiro estágio do sono NREM é aquele atingido de 5 a 15 minutos depois que o indivíduo deitou na cama. É o estágio entre a vigília e o sono, quando a melatonina começa a ser liberada induzindo o sono. Nesse momento, há uma redução do tônus muscular. É importante lembrar que esse estágio ainda é de vigília, porém com menor excitação cortical. Nesse estágio, existem ondas Alfa no EEG. As ondas Alfa são de 8 a 13 Hz, são semelhantes às da vigília, e compreendem ondas do estágio de transição entre a consciência e a inconsciência. A frequência dessas ondas é menor que a das ondas Beta e a amplitude é maior, o que é chamado de sincronismo (frequência baixa e amplitude elevada), e há uma melhor definição das ondas no EEG. Estágio 2 do sono NREM Nesse estágio ocorre uma maior redução da atividade cortical, com isso o ritmo cardíaco e o respiratório diminuem e o sono leve começa. O relaxamento dos músculos aumenta e a temperatura corporal cai. . Esse estágio do sono gera certa confusão pois o indivíduo ainda está em vigília, porém mais inconsciente do que no estágio anterior. Caso seja estimulado, ele retoma a consciência sem tanta dificuldade. Por conta disso, é difícil dizer qual onda predomina nesse estágio, porém existem sinais presentes no EEG que indicam que esse estágio foi atingido, e esses sinais são os fusos de sono e o complexo K. Estágios 3 e 4 do sono NREM São os estágios de sono profundo, onde o tônus muscular diminui mais ainda. Nesse momento ainda não há movimentação dos olhos. O sincronismo que começou no estágio 1 se estabelece de vez no estágio 3, onde existem ondas com frequência baixa e amplitude alta chamadas de ondas Theta (3,5 a 8 Hz). No estágio 4 começam as ondas Delta (1 a 3 Hz) que são as mais lentas dentre todas as registradas durante o sono. Sono REM O EEG apresenta ondas semelhantes às da vigília, pois o córtex se encontra tão ativo que o sincronismo conquistado no estágio anterior é perdido. As ondas serão de baixa amplitude e frequência alta, e o relaxamento máximo da musculatura esquelética é atingido (a chamada atonia muscular), exceto pelos músculos oculares. Distúrbios do Sono ●Insônia: A insônia vai gerar lentidão do pensamento, irritação, problemas com a atenção e memória, redução da consolidação da memória, obesidade e queda da imunidade. ●Jat-Lag: São alterações de sono causadas por mudança de fuso horário. Há uma alteração da atividade cortical pois o organismo precisa se adaptar ao novo fuso horário. ●Sonambulismo: Os neurônios motores, que deveriam ser desativados durante o sono, se encontram ativados, o que permite a realização de movimentos involuntários pois o nível de consciência está rebaixado ou ausente. *Na paralisia do sono ocorre o contrário, o nível de consciência é retomado, mas os neurônios motores não são reativados ●Narcolepsia: Comum em jovens e adultos, é um sono incontrolável principalmente durante o dia causado por distúrbios na produção de hipocretina. Polissonografia Atualmente, o principal exame para se avaliar a arquitetura do sono é o exame de polissonografia, o qual pode ser realizado tanto em hospitais quando em casa. Esse exame é composto por vários outros exames que vão permitir uma avaliação completa do sono. Os principais exames inclusos são: Eletroencefalograma, que registra a atividade cerebral durante o sono, eletro-oculograma, que identifica quando começa cada fase do sono, eletro-miograma, registra o movimento dos músculos durante a noite, exame de fluxo aéreo, analisa a respiração pela boca e nariz, esforço respiratório de tórax e abdome, eletrocardiograma, avalia o ritmo do coração, oximetria, avalia a taxa de oxigênio no sangue, e o sensor de ronco, registra a intensidade do ronco. Arquitetura do Sono Pode ser avaliada pelo hipnograma e ela compreende algumas variáveis como o tempo total no leito, tempo de sono, tempo acordado, tempo dormindo, eficiência do sono, latência ao sono, latência ao sono REM, troca de estágios, número de movimentos corpóreos e outras. É importante lembrar da diferença entre o sono de uma criança, um jovem adulto e um idoso. A seguir, um hipnograma de um jovem seguido de um idoso. É possível notar que a quantidade de despertares do idoso é muito maior que do jovem. . A seguir, exemplos de insônia, um com despertar precoce (depressão), o outro com dificuldade de iniciar o sono (ansiedade) e um terceiro com dificuldade em iniciar e manter o sono, que é o tipo mais comum. Epilepsia X Convulsão A convulsão, ou crise convulsiva, é o episódio de desligamento momentâneo do cérebro quando ele se encontra sobrecarregado por algum motivo. Ela pode ser generalizada ou parcial/ focal, a convulsão generalizada é quando todo o cérebro desliga e todas as funções cerebrais perdem o controle, por isso o indivíduo passa a se debater, babar e realizar outras ações. A crise convulsiva parcial afeta apenas uma região do cérebro e as alterações que ela provoca corresponderão as funções da região que ela está afetando. Se a crise for em uma região de olfato, a pessoa terá alterações de olfato, se for em uma região da visão, a pessoa terá alucinações visuais, etc. A crise pode ser desencadeada por vários fatores, como motivos agudos que, quando removidos, a pessoa deixa de ter crises. Porém, quando as crises não apresentam um causador agudo, mas sim genético ou estrutural, e se repetem várias vezes ao longo da vida, caracteriza-se uma epilepsia. Epilepsia então é a doença e a crise convulsiva é o sintoma. Aula 5: Hemodinâmica Introdução A hemodinâmica é o estudo dos princípiosfísicos que governam o fluxo sanguíneo através dos vasos sanguíneos. Didaticamente se divide a hemodinâmica em arterial (como o sangue sai do coração e chega até o capilar) e em venosa (como o sangue retorna dos capilares ao coração). ●Volemia: volume sanguíneo total circulante no organismo (é em torno de 5 a 6 litros em um homem adulto) ●Complacência dos vasos: relacionada a distensibilidade, essa característica descreve o volume de sangue que o vaso pode conter sob determinada pressão. ●Resistência Vascular: também chamada de resistência ao fluxo sanguíneo, é qualquer impedimento proporcionado por um vaso ao fluxo sanguíneo nele contido. É qualquer coisa que dificulte o fluxo sanguíneo pelo vaso. Circulações Quanto ao sistema cardiovascular, já sabemos que existe a pequena circulação (circulação pulmonar) a qual corresponde a 9% do volume sanguíneo total, e a grande circulação (circulação sistêmica) a qual corresponde a 84% do volume sanguíneo total, sendo que os 7% restantes se encontram no coração. As leis físicas que regem ambas as circulações são as mesmas, o que muda entre elas é basicamente a velocidade do fluxo sanguíneo e a pressão (na aorta é em torno de 100 mmHg, já na artéria pulmonar é em torno de 10 mmHg). A hemodinâmica que será estudada será a da grande circulação. A grande circulação se inicia no ventrículo esquerdo, segue pela aorta, artérias, arteríolas e porção arterial dos capilares. Em seguida, o sangue segue pela porção venosa dos capilares, para veias e veias cavas, terminando no átrio direito. Dos 84% do volume de sangue total que se encontram na grande circulação, 64% estão em veias e vênulas, enquanto 13% em artérias e 7% em arteríolas e capilares. *O grande objetivo da circulação é oferecer trocas adequadas de substâncias entre os tecidos e o sangue Características dos Vasos Histologicamente, existem diferenças entre os vasos, porém todos apresentam endotélio. As artérias têm uma grande camada muscular, apresentam tecido elástico e tecido fibroso. A arteríola apresenta uma camada muscular menor que a das artérias e não apresenta tecido elástico e fibroso. O capilar é formado apenas por endotélio, enquanto as vênulas . são formadas por endotélio e tecido fibroso. Por fim, as veias apresentam as mesmas camadas que as artérias, porém menos espessas, e apresentam as válvulas, estruturas importantes para impedir o refluxo de sangue. As artérias são os chamados vasos de pressão, pois apresentam uma espessa camada muscular para resistir à pressão exercida pelo sangue bombeado pelo coração contra suas paredes. As veias, por outro lado, são chamadas de vasos de capacidade pois elas apresentam uma elevada complacência (elasticidade), o que as permite suportar um elevado volume de sangue sem se romper e sem aumentar a pressão. Por fim, os capilares são chamados de vasos de trocas por serem os únicos com poros que permitem trocas entre sangue e tecido. Pressão Arterial A PA impulsiona o fluxo sanguíneo e ele determina a nutrição tecidual . A pressão sanguínea é a força exercida pelo sangue contra a parede vascular, e é considerada a força motriz responsável pela circulação do sangue. É considerada uma grandeza física. Se a pressão de um vaso é 50 mmHg, isso significa que a força exercida pelo sangue em seu interior é suficiente para impulsionar uma coluna de mercúrio até a altura de 50 milímetros contra a gravidade. A pressão sanguínea é necessária para permitir trocas adequadas nos capilares, pois a pressão de 30 mmHg do lado arterial é maior que a de 10 mmHg do lado venoso, o que permite a saída de substâncias graças a pressão sanguínea. A pressão sanguínea é indispensável para o processo de filtração e reabsorção dos capilares. Fluxo Sanguíneo (Q ou F) É o volume (em litros ou ml) de sangue que passa em um dado ponto da circulação em um determinado período de tempo (geralmente 1 minuto). No repouso, em um indivíduo cuja volemia é igual a 5 litros, a porcentagem do débito cardíaco encaminhada para cada tecido é a seguinte: No exercício físico, obviamente, essas proporções se alteram. Os tecidos que mais recebem sangue são os músculos, o coração e a pele, e os que menos recebem são os componentes do s. digestório e os rins. Na digestão, o sistema digestório recebe muito mais sangue do que todos os outros tecidos, como músculos, pele e outros. Para regulação do fluxo, as arteríolas alteram seu calibre. Tecidos que precisam de mais sangue têm suas arteríolas dilatadas enquanto tecidos que não precisam tanto têm suas arteríolas comprimidas. Além desse estímulo, os capilares realizam auto-regulação de seus calibres, quando se tem excesso de oxigênio no sangue, o capilar tende a contrair, o contrário também é verdadeiro. *É importante perceber que a vasoconstrição e a vasodilatação não alteram o fluxo total de sangue, somente o fluxo para determinados tecido. Fluxo, Pressão e Resistência A primeira lei que se deve conhecer para entender as relações entre essas três grandezas físicas é a seguinte: o sangue SEMPRE flui das áreas de maior pressão para as de menor pressão (dessa forma, não é útil ter um valor absoluto de pressão, mas sim dois valores para poder compreender a direção do fluxo), logo, o fluxo do sangue ao longo de um vaso é definido por dois fatores, o gradiente de pressão entre as extremidades desse vaso e a resistência ao fluxo que será explicada. Lei de Ohm É a relação física que traduz o conceito de fluxo, dizendo que o fluxo sanguíneo é diretamente proporcional ao valor da diferença de pressão (delta P ou gradiente de pressão), e inversamente proporcional à resistência. Quanto maior a diferença de pressão, maior o fluxo, quanto maior a resistência, menor o fluxo. Quando a diferença de pressão é igual a zero, não há fluxo. Outra coisa importante é que, independente se a pressão inicial é 100 e a final é 75, ou a inicial é 40 e a final 15 mmHg, a diferença entre elas é a mesma (25 mmHg), dessa forma, em ambos os vasos o fluxo será o mesmo. Equação de Poiseuille A resistência é diretamente proporcional à viscosidade do sangue e ao comprimento do vaso (quanto mais viscoso o sangue ou comprido o vaso, maior a resistência), assim como é inversamente proporcional ao raio (quanto maior o raio, menor a resistência). O principal determinante da resistência . é o raio (uma vez que ele varia na quarta potência), pois sua alteração é mais fácil do que a das outras variáveis. A equação de fluxo pode ser escrita da seguinte forma também: *Perceba que ao duplicar o raio, o fluxo será aumentado em 16 vezes, assim como ao diminuir pela metade, o fluxo será diminuído em 16 vezes. Pode-se concluir então que a vasodilatação é uma diminuição da resistência que aumenta o fluxo sanguíneo no capilar, enquanto a vasoconstrição é um aumento da resistência que aumenta o fluxo sanguíneo no capilar. Pressões no S. Cardiovascular Como já foi mencionado, a grande circulação começa no ventrículo esquerdo e termina no átrio direito. A pressão cai continuamente do ventrículo esquerdo até o átrio direito, o que forma um gradiente de pressão. A pressão diminui, à medida que o sangue flui pela árvore vascular, porque energia é consumida para vencer a resistência. A queda mais significativa da pressão sanguínea sistêmica é nas arteríolas por serem os vasos que oferecem a maior resistência ao fluxo sanguíneo. As arteríolas são verdadeiras válvulas pela enorme capacidade de controlar seu diâmetro. São vasos capazes de regular a perfusão tecidual graças a sua camada muscular, sua responsividade a substâncias vasoativas e a inervação simpática. Quanto a inervação, como já foi visto, existem nervos que emitem impulsos constantemente para as arteríolas a fim de realizar a manutenção do tônus. Quando a frequência de estímulos aumenta, ocorre a vasoconstrição, quando diminui, ocorre a vasodilatação. O principal mecanismo para promover variações do fluxo sanguíneo,no sistema cardiovascular, consiste na alteração da resistência dos vasos sanguíneos, em especial, na das arteríolas. Quando as arteríolas se contraem, a pressão nas artérias aumenta e a pressão nos capilares diminui, a fim de se manter o gradiente de pressões. Hemodinâmica Arterial É a parte da hemodinâmica que explica o trajeto do sangue do ventrículo esquerdo até os capilares. Na aorta, a pressão é de 100 mmHg, no capilar é de 30 mmHg, com isso o delta P é igual a 70 mmHg. Durante a sístole, a valva aórtica se abre, o ventrículo se contrai e o sangue é impulsionado para a aorta. A aorta é um vaso elástico, então acomodará o volume de sangue recebido e o encaminhará para outras artérias graças a pressão do sangue acomodado. Na diástole ventricular, o ventrículo relaxa, a valva mitral se abre e a aórtica se fecha, com isso o sangue flui do átrio para o ventrículo. Nesse momento, as artérias realizam retração elástica, o que impulsiona novamente o sangue para os capilares. Então um novo ciclo cardíaco começa e tudo se repete. Hemodinâmica Venosa Nessa parte da hemodinâmica, é explicado o trajeto do sangue das vênulas, onde a pressão é de 10 mmHg, até a veia cava, onde a pressão é 0 mmHg. O gradiente de pressão é pequeno como pode-se perceber. Especialmente na posição vertical, o retorno venoso precisa de auxílio de outras estruturas além das veias pois existe um fluxo contra a gravidade. Os mecanismos que auxiliam esse retorno são a diferença de pressão (já explicada), as válvulas venosas, as pulsações arteriais, a bomba muscular, a bomba plantar e a bomba respiratória. Válvulas venosas e bomba muscular As válvulas são estruturas importantes que segmentam as veias e impedem seu refluxo. Ao redor das veias se encontram músculos esqueléticos que se contraem para impulsionar o sangue. As válvulas associadas a bomba são indispensáveis para o impulsionamento do sangue. Pulsação arterial e bomba plantar A pulsação arterial é o mesmo mecanismo da bomba muscular, porém realizado pelas artérias adjacentes as veias que, ao se dilatarem e contraírem acabam por impulsionar o sangue das veias que se encontram próximas delas. A bomba plantar é a propulsão de sangue do membro inferior realizado pela movimentação do pé que contrai a musculatura da perna e impulsiona o sangue para cima. Bomba respiratória Na expiração o diafragma relaxa e se eleva, na inspiração ele contrai e se deprime. Na inspiração, o volume da cavidade torácica aumenta e o da cavidade abdominal diminui, na expiração o contrário acontece. Essa movimentação do diafragma e a modificação dos volumes das cavidades abdominal e torácica vão alterar a pressão intra-abdominal e a intratorácica. Quando o volume da cavidade abdominal aumenta na expiração, a pressão abdominal diminui e o sangue chega até a porção da veia cava presente nessa região. Quando o volume da cavidade abdominal diminui na inspiração, a pressão abdominal aumenta e o sangue é impulsionado para a porção torácica da veia cava. . Resumindo A rede venosa opera em regime de baixa pressão (delta P em torno de 10 mmHg). Na posição horizontal, o fluxo venoso é passivo, auxiliado apenas pelo gradiente de pressão. Na posição ereta, o fluxo venoso acima do coração é passivo, determinado pelo gradiente de pressão e pela gravidade, já o fluxo venoso abaixo do coração pode ser: Passivo, determinado pelo gradiente de pressão, com prejuízo da circulação capilar, das trocas e da função geral. Ou ativo, determinado por sistemas de propulsão ativa que são representados pela função da bomba da musculatura esquelética, bomba plantar, pulsação arterial e bomba respiratória.
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