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unidade 3 Ângela Kroetz dos Santos Gilberto Fonseca LINGUAGEM Comunicação e A Articulação da Escrita Prezado estudante, Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. OBJETIVO GERAL Estudar os principais elementos necessários à adequada articulação da escrita, com o objetivo de elaborar frases, parágrafos e textos coesos e coerentes, que garantam uma comunicação efetiva e crítica a partir do uso lógico e dinâmico da língua. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Refletir sobre a escrita como processo emancipatório dos sujeitos; • Refletir sobre a escrita na contemporaneidade; • Compreender os conceitos de coesão e coerência; • Estudar os articuladores textuais; • Estudar a estrutura da frase, do parágrafo e do texto; • Buscar estratégias dinâmicas de escrita textual, com foco no texto argumentativo; • Organizar esquemas de texto que facilitem a escrita textual. QUESTÕES CONTEXTUAIS 1. Você tem dificuldade de escrever? 2. Acredita que, por vezes, lhe falte “inspiração” para redigir um texto? 3. O que você pode fazer para melhorar a sua escrita? unidade 3 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca70 3.1 Introdução Você já se percebeu em uma situação em que precisava escrever e, mesmo cheio de ideias e argumentos sobre um assunto, teve dificuldades de colocá-los no papel? Ou, ainda, as ideias lhe faltaram e você acreditou não estar “inspirado” para escrever? Você não é o único que passou (ou passa) por isso! No entanto, ao contrário do que muitos pensam, a escrita não depende de uma “inspiração” que surge como um passe de mágica. Escrever é mais uma das muitas atividades humanas que requerem treino para serem bem executadas. Uma escrita coesa, precisa, coerente e sem erros graves é uma habilidade que se espera de qualquer profissional. Isso reforça, mais uma vez, a ideia de que o domínio da língua é determinante para o bom desempenho dos sujeitos em qualquer profissão. No capítulo anterior, você pôde perceber que para interpretar é necessário ampliar o repertório cultural e comunicativo, o que acontece por meio da leitura e das experiências culturais a que você tem acesso. Você também foi estimulado a notar que a leitura estende a capacidade de compreender as estruturas linguísticas que constituem os diversos gêneros. A boa notícia é que, para escrever bem, os pré-requisitos são os mesmos! Ao desenvolver a habilidade de interpretar, você aprimora a capacidade de escrever, visto que os elementos necessários para essas duas atividades são similares: reconhecer estruturas linguísticas e textuais, aprimorar práticas culturais e desenvolver a fluência. Assim, novamente, quanto mais você lê, maior é o seu repertório para escrever, visto que a escrita demanda, igualmente, conhecimento de mundo. Com isso, entende-se que escrever não é algo que se realiza do nada. É preciso ter o que dizer, e só tem o que dizer quem sabe o que acontece, quem lê, quem se relaciona, quem interage. Nesta unidade, você é convidado a refletir sobre a escrita e sobre a sistematização de textos argumentativos. Expressar-se adequadamente pela escrita é fundamental para a sua carreira, como também é imprescindível que você saiba defender logicamente um pensamento, utilizando argumentos plausíveis para defender suas posições. Independente da dificuldade que você sinta ao escrever, seja em termos de criação ou de organização, algumas práticas simples podem qualificar muito o seu texto. Vamos conhecê-las? A Articulação da Escrita | UNIDADE 3 71 Na Figura 3.1, está contemplada a sequência didática da Unidade 3. Figura 3.1 – Sequência Didática. Fonte: Elaborado pelos autores. A escrita na contemporaneidade Estruturas Básicas da Escrita A Construção do Texto Argumentativo Estrutura do Texto Argumentativo Elementos de Coesão e Coerência Texto e Fatores de Textualidade COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca72 3.2 A Escrita na Contemporaneidade Para que você entenda o valor da escrita na contemporaneidade, é interessante retomar a origem da escrita, já contemplada na Unidade 1, verificando o quanto ela contribuiu para que chegássemos à era tecnológica. Você se lembra de que a escrita fomentou o desenvolvimento das civilizações por meio da transmissão do conhecimento pelos séculos afora? Recorda-se de que falamos sobre o fato de a sociedade ter passado de uma dimensão oral para uma perspectiva de escrita, transformando hábitos sociais antes voltados à oralidade? Por meio desse histórico, entendemos a significativa importância que o texto adquire na vida contemporânea. É possível dizer, como explora a reportagem que analisamos na Unidade 2, que nunca se escreveu tanto quanto hoje, muito embora a escrita moderna seja fragmentada e reduzida a frases curtíssimas redigidas em smartphones. É inegável que a tecnologia impôs novas formas de nos relacionarmos com a escrita, mas, apesar disso, é essencial que você tenha o domínio da língua escrita padrão (assim como de suas variações), visto que ela empodera o sujeito e pode permitir ou negar o seu acesso a determinados círculos. Nas próximas seções, você aprofundará o seu conhecimento acerca da escrita e de suas propriedades, iniciando pelas formas mais elementares: a frase e o parágrafo. Adicionalmente, verificará breves tópicos de sintaxe. Contudo, esse aspecto não será aprofundado, uma vez que o objetivo desta unidade é, primordialmente, que você exercite a escrita. SINTAXE é a “parte da gramática que estuda as palavras enquanto elementos de uma frase, as suas relações de concordância, de subordinação e de ordem”. (HOUAISS, 2009, p. 1751). GLOSSÁRIO A Articulação da Escrita | UNIDADE 3 73 3.3 Estruturas Básicas da Escrita: Frase e Parágrafo Você sabe que a frase é a estrutura básica da comunicação humana? Sempre que você fala ou escreve, junta as palavras em frases, para que formem sentido e comuniquem o que você quer expressar. A palavra possui significado por si só, mas é apenas na sua interação com outros termos, em uma frase, e na sua inserção em um contexto comunicativo, que ela adquire valor. Como exemplo, podemos citar a palavra trabalho. Se consideramos o termo isoladamente, talvez você imagine que estejamos falando do substantivo trabalho (O trabalho estava bastante difícil.), mas é possível que nossa intenção tenha sido utilizar o verbo (Eu trabalho todos os dias da semana.). Perceba que é o contexto que determina o sentido por meio da interação que existe entre os termos. Observe que tomando a palavra isoladamente, ela admite mais de um significado, já dentro da frase, na maioria da vezes, apenas um sentido é possível. Uma frase é um enunciado que possui sentido completo. Existem diferentes tipos de frases: as frases nominais (formadas apenas por substantivos, adjetivos etc), as orações (apresentam um verbo) e os períodos (apresentam mais de um verbo). No exemplo a seguir, você pode visualizar a estrutura básica de uma oração, a saber, a divisão entre sujeito e predicado (formado por verbo e/ou complementos): A empresa em que João trabalha concedeu férias coletivas SUJEITO (quem pratica a ação) A empresa em que João trabalha VERBO (a ação) concedeu COMPLEMENTO (complementa o verbo: concedeu o que?) férias coletivas Quando temos um conjunto de frases que “conversam entre si”, reconhecemos um parágrafo. Um parágrafo, por sua vez, pode ter sentido completo ou também depender da relação com outros parágrafos para expressar uma ideia global. A reunião de vários parágrafos encadeados é um texto. Com isso, você pode perceber que o mecanismo de articulação da língua funcionacom o agrupamento de palavras em frases, de frases em parágrafos, e de parágrafos em textos. DESTAQUE COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca74 Parece simples, mas nem sempre é. Muitas pessoas têm dificuldade de escrever e de articular logicamente as ideias por desconhecerem os mecanismos de encadeamento da língua. Se esse é o seu caso, para facilitar a sua prática, você precisa começar pelo princípio: aprender a construir boas frases, seguir para bons parágrafos para, por fim, construir bons textos. Então, vamos seguir esse caminho e falar sobre a construção de frases. Um erro comum é a elaboração de frases muito extensas. Frases longas podem comprometer a argumentação, enquanto frases curtas demais podem fragmentar o texto. Veja exemplos dessas ocorrências: FRASE LONGA FRASES FRAGMENTADAS CONSTRUÇÃO IDEAL A indústria de alimentação abrange as empresas de alimentos e bebidas e verifica-se que o setor apresentou aumento do faturamento tanto para o mercado interno, quanto para o mercado externo, entre 2012 e 2014, mas o desempenho positivo da indústria brasileira e do setor de alimentos foi afetado pelo cenário da economia do Brasil, em 2015 o PIB apresentou uma retração de 3,8%, enquanto que em 2016 essa retração foi de 3,6%, em função do encolhimento da economia a indústria de transformação apresentou queda de 5,2% em 2016 e a produção física da indústria de alimentação teve resultado de queda de 1% no mesmo ano, as empresas em geral e o setor de alimentos, em particular, precisaram se tornar mais competitivos. A indústria de alimentação abrange as empresas de alimentos e bebidas. Verifica- se que o setor apresentou aumento do faturamento. Isso no mercado interno e no mercado externo, entre 2012 e 2014. Mas o desempenho positivo da indústria brasileira e do setor de alimentos foi afetado pelo cenário da economia do Brasil. Em 2015 o PIB apresentou uma retração de 3,8%. Enquanto que em 2016 essa retração foi de 3,6%, em função do encolhimento da economia. A indústria de transformação apresentou queda de 5,2% em 2016. A produção física da indústria de alimentação teve resultado de queda de 1% no mesmo ano. As empresas em geral e o setor de alimentos, em particular, precisaram se tornar mais competitivos. A indústria de alimentação, que abrange tanto empresas de alimentos quanto de bebidas, apresentou aumento do faturamento nos mercados interno e externo entre 2012 e 2014. Contudo, o desempenho positivo do setor foi afetado pelo cenário econômico brasileiro, considerando que o PIB sofreu retração de 3,8% em 2015 e de 3,6% em 2016. Em função da recessão da economia, a indústria de transformação apresentou queda de 5,2% em 2016, e a produção física da indústria de alimentação caiu 1% no mesmo ano. Nesse contexto, as empresas, em geral, e o setor de alimentos, em particular, precisaram se tornar mais competitivos. Veja que, na frase longa, há apenas um ponto final. As muitas informações estão sobrepostas, distanciando-se do objetivo da argumentação. O leitor perde o “fio da meada”, e não consegue prestar atenção à condução das ideias. Já a segunda sequência é uma sucessão de frases entrecortadas, sendo que algumas relações entre elas se perdem. O texto ideal é o que apresenta frases não tão extensas, e igualmente não tão cortadas. Nesse formato, cada frase trabalha uma ideia, ou seja, tem-se o cuidado de manter os elementos da frase padrão (sujeito – verbo – complemento). Na proposta, você facilmente identifica quem é o sujeito (quem pratica a ação), diferentemente da frase longa, em que tal definição não é precisa. Assim, lembre-se de jamais construir frases tão longas quanto a do exemplo, porque elas dificultam, e muito, o entendimento do leitor. A Articulação da Escrita | UNIDADE 3 75 Começamos falando em frase, mas logo avançamos ao parágrafo, uma vez que transformamos a frase única do exemplo em um parágrafo. O que podemos perceber ao analisar mais precisamente o parágrafo que construímos? Vejamos: Figura 3.2 – A composição do parágrafo. Fonte: Elaborado pelos autores. Quando analisamos frase a frase, parece que tudo se torna mais claro, e compreendemos melhor o processo de construção. Existe uma lógica que permeia a ligação dos elementos que compõem o parágrafo. A estrutura da Figura 3.2 permite compreender que o parágrafo é uma unidade constituída por uma oração que desenvolve uma ideia central, a qual se agregam outras orações que apresentam ideias secundárias, decorrentes da ideia central e a ela relacionadas pelo sentido. Guimarães (2011) apresenta a noção de que o parágrafo é construído a partir de um Tópico Frasal, ou seja, de uma ideia núcleo, que seria a principal informação do parágrafo, sendo que as demais ideias são apenas um desdobramento do que foi expresso no tópico. De acordo com a autora, a estrutura do parágrafo-padrão seria a seguinte: Parágrafo padrão = Tópico Frasal + desenvolvimento + conclusão A indústria de alimentação, que abrange tanto empresas de alimentos quanto de bebidas, apresentou aumento do faturamento nos mercados interno e externo entre 2012 e 2014. Contudo, o desempenho positivo do setor foi afetado pelo cenário econômico brasileiro, considerando que o PIB sofreu retração de 3,8% em 2015 e de 3,6% em 2016. Em função da recessão da economia, a indústria de transformação apresentou queda de 5,2% em 2016, e a produção física da indústria de alimentação caiu 1% no mesmo ano. Nesse contexto, as empresas, em geral, e o setor de alimentos, em particular, precisaram se tornar mais competitivos. Fase 1 Apresenta um fato Fase 2 Fase 3 Fase 4 O desempenho do setor de alimentos foi afetado com a queda do PIB. Apresenta um contraponto ao fato Os números confirmam o desempenho negativo do setor de alimentos. Explica contraponto As empresas do setor setor precisam ser competitivas para contornar a crise. Conclui o pensamento O setor de alimentos cresceu entre 2012 e 2014. “Enunciando logo de saída a ideia-núcleo, o tópico frasal garante de antemão a objetividade, a coerência e a unidade do parágrafo, definindo-lhe o propósito e evitando digressões”. (GARCIA, 1983). DESTAQUE COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca76 Conforme Garcia (2003), há diferentes tipos de tópico frasal, adequados a diferentes estilos de escrita. O autor destaca três tipos, conforme disposto na Figura 3.3: Figura 3.3 – Tipos de tópico frasal. Fonte: Elaborado pelos autores. Veja, no Quadro 3.1, um exemplo de cada tipo. O tópico frasal de cada parágrafo está destacado em negrito: Quadro 3.1 – Tipos de tópico frasal. Declaração inicial Definição Divisão A escrita é uma atividade desafiadora para muitos. De fato, parece haver resistência à escrita em várias áreas do conhecimento, mesmo nas humanas. Um ponto que determina essa realidade é a ineficiência da leitura, muitas vezes realizada sem atenção ou a partir de fontes duvidosas. Originalmente, liderar significa conduzir. Assim, o líder é aquele que conduz um determinado grupo, como fizeram Júlio César, Martin Luther King e Gandhi ao longo da história. Nessa perspectiva, conforme Maximiano, a liderança sempre está relacionada a pessoas, e diz respeito a tarefas que elas realizam quando são responsáveis por um grupo. Nos EUA existem dois segmentos políticos, a saber, o democrata e o republicano. A maior diferença entre eles diz respeito às ideologias, que são a base de construção de um governo. Enquanto os democratas são de centro-esquerda, os republicanos têm ideias de direita. Assim, a forma de atuação desses grupos políticos é totalmente contrária. Fonte: Elaborado pelos autores. Até aqui, você refletiu sobre a escrita de frases e parágrafos, conhecendo algumas particularidades de estrutura. Vamos, agora, avançar nossa reflexão em direção ao texto e aos fatores de textualidade, que sãoas características que fazem com que um texto seja, de fato, um texto. DECLARAÇÃO INICIAL Faz uma declaração genérica (ampla) que será explicada DEFINIÇÃO Apresenta um conceito que será desenvolvido nas frases seguintes DIVISÃO Divide o tópico em conceitos que serão explicados nas frases seguintes A Articulação da Escrita | UNIDADE 3 77 NOÇÕES DE USO DA VÍRGULA Para escrever melhor, é importante que você tenha noção de como empregar a vírgula. A vírgula é um elemento de pontuação que contribui muito para a coesão textual. Tanto o sujeito quanto o predicado (verbo + complemento) são chamados termos essenciais porque formam a estrutura básica da oração. Por isso, a ligação entre esses termos não pode ser interrompida por uma vírgula. No entanto, em algumas ocasiões, o uso da vírgula (ou de vírgulas) é permitido. Veja as possibilidades: a) Quando se intercalam termos entre o sujeito e o predicado: A intercalação de termos entre o sujeito e o predicado deve ser marcada por vírgulas. É indispensável que, nesses casos, haja uma vírgula antes e outra depois do termo intercalado. Exemplo: Os alunos, ontem à noite, apresentaram o seminário. Sujeito Os alunos Predicado apresentaram o seminário Termo Intercalado ontem à noite b) Quando vários termos formam um sujeito composto: Exemplo: Ana, Carlos, Joana e Sandra fazem parte da comissão de formatura. c) Quando há adjunto adverbial deslocado: O adjunto adverbial é um termo acessório da oração. Trata-se da função sintática exercida por um advérbio, denotando alguma circunstância sobre o fato expresso pelo verbo ou intensificando o sentido de um verbo, advérbio ou adjetivo. Exemplo 1: Naquela tarde, professores, tutores e alunos celebraram o sucesso da disciplina. Sujeito professores, tutores e alunos Predicado celebraram o sucesso da disciplina Termo Intercalado naquela tarde Exemplo 2: De repente, todos foram surpreendidos com uma festa. Sujeito todos Predicado foram surpreendidos com uma festa Termo Intercalado de repente COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca78 3.4 Texto e Fatores de Textualidade Quando você domina a redação de um parágrafo, boa parte da dificuldade de escrever já foi vencida. A Figura 3.4 evidencia o desafio do texto: Figura 3.4 – Os desafios do texto. Fonte: Elaborado pelos autores. Você já refletiu sobre quais são as características de um bom texto? E quais são os elementos que fazem um texto ser um texto? Como já observamos, um texto não é um amontoado aleatório de frases, mas um conjunto preciso e bem articulado de orações que interagem entre si para produzir sentidos. Os elementos que permitem essa boa articulação são chamados de fatores de textualidade. São eles: coesão, coerência, informatividade, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade e intertextualidade. A coesão se refere ao uso que você faz da língua para construir um texto. Trata- se do emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais, da concordância, dos tempos e modos verbais, das conjunções, das substituições e reiterações etc. Escrever parágrafos que se conectam internamente Integrá-los em um todo, de modo que façam sentido entre si Desafio do texto LÉXICO: é o conjunto de palavras que as pessoas de uma determinada língua têm à sua disposição para expressar-se, oralmente ou por escrito. Pode ser definido como o acervo de palavras de um determinado idioma. GLOSSÁRIO A Articulação da Escrita | UNIDADE 3 79 A coerência corresponde ao “como” você diz. Relaciona-se ao domínio dos mecanismos necessários para alcançar os objetivos do texto. Nesse sentido, refere-se aos conceitos dispostos no texto (aspectos semânticos, lógicos e cognitivos). (ANTUNES, 2005). O texto faz sentido? É lógico? Essa dimensão diz respeito não só ao autor, mas também ao leitor, que deve ter subsídios para compreender o texto. A informatividade relaciona-se ao fato de você “ter o que dizer”. Ao escrever, você deve fazer o texto progredir, trazendo informações novas na medida em que avança. Estas devem sustentar a tese, comprovando os raciocínios que você procura expor. Esse critério revela o grau de conhecimento do autor, e determina o interesse que o leitor terá no texto. Se um texto não acrescenta nada, se só traz o óbvio, o leitor pode não se interessar por ele. A intencionalidade pode ser entendida como o que você quer transmitir com o texto. Diz respeito às intenções de quem escreve, e está ligada à aceitação do texto pelo leitor. A aceitabilidade tem foco voltado ao leitor, que aceita o texto quando o compreende e consegue interagir com ele. A situacionalidade determina que você, enquanto autor, deve considerar o interlocutor, o ambiente em que este se encontra e o assunto abordado, adequando a linguagem à situação comunicativa. Se a situação é formal, você deve ter mais cuidado com a escolha das palavras e com a organização textual como um todo. Por fim, a intertextualidade, já estudada na Unidade 2, pressupõe que todo texto remete a outro ou a vários textos, já que todo o conhecimento humano sempre advém de um saber anterior, configurando uma cadeia dinâmica de relações. A Figura 3.5 sintetiza os fatores de textualidade: Figura 3.5 – Fatores de textualidade. Fonte: Elaborado pelos autores. Coesão Coerência Aceitabilidade Situacionalidade Intertextualidade Informatividade Intencionalidade COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca80 Os fatores de textualidade contemplam todas as dimensões de um texto, sejam linguísticas ou interacionais, tornando-se elementos indispensáveis a um bom texto. De todos esses aspectos, vamos enfatizar a coesão e a coerência, estudando-os mais detalhadamente. 3.4.1 A Coesão Você sabe a diferença entre coesão e coerência? Embora os dois conceitos contribuam para uma boa organização textual, a coesão é focada nos elementos linguísticos e a coerência no sentido. A coesão atua, pois, na materialidade do texto, e a coerência em um nível mais ideológico (de ideias). Por fim, enquanto a coesão depende do autor, a coerência depende dos dois interlocutores (autor e leitor). Vamos explicar. Um texto é formado por várias frases e alguns parágrafos, e todos precisam estar articulados entre si. A adequada articulação dos termos indica coesão, e a adequada articulação das ideias caracteriza a coerência. É claro que esses dois fenômenos são interdependentes. Na língua, os elementos que possibilitam interligar palavras, frases e parágrafos são chamamos de “articuladores textuais”. Esses articuladores são as preposições, os advérbios e as conjunções. A Figura 3.6 apresenta tais conceitos. Figura 3.6 – Articuladores textuais. Fonte: Elaborado pelos autores. Preposição Estabelece relações entre dois ou mais termos de uma frase. Só tem sentido no contexto. Exemplos: de, do (de+o), da (de+a) por, pelo (por+o) em, no (em+o), etc Conjunção Liga duas ou mais ideias, garantindo a continuidade do sentido do texto Exemplos: mas, porque, pois, logo, embora, conforme, etc. Advérbio Modifica um verbo, um adjetivo ou uma oração inteira, indicando uma circunstância (tempo, lugar, modo, intensidade) Exemplos: aqui, certamente, bastante, apenas, bem, etc. A Articulação da Escrita | UNIDADE 3 81 Vamos verificar, no Quadro 3.2, um exemplo (PLATÃO; FIORIN, 2006) de como a coesão se efetiva em um texto argumentativo a partir do uso de preposições, advérbios e conjunções: Quadro 3.2 – Análise das relações de coesão de um texto. TEXTO COESÃO Preposições COESÃO Advérbios COESÃO Conjunções No início do século, a Paulista era a avenida mais espaçosa DA cidade, com pistas separadas para bondes, carruagens e cavaleiros. Também era a mais bela, COM quatro fileiras DE magnólias e plátanos. Era um fim DE mundo, NO final DA ladeira DA Consolação. Lá residiam imigrantes recém-enriquecidos: Martinelli, Crespi, Matarazzo, Von Bullow. Depoisdisso, lá PELOS anos 50 e 60, o acelerado processo DE urbanização DA cidade varreu dali os 24 casarões DA avenida. No seu lugar, surgiram prédios, alguns enquadrados entre os mais modernos do mundo, como o Citibank e o Sudameris. Já completamente ladeada DE prédios DE porte, a recente inauguração do metrô lhe conferiu novo charme. COM todos esses antecedentes, ela é hoje, apesar DAS contradições, a avenida mais moderna, dinâmica e nervosa DA cidade, eleita PELOS moradores o mais fiel retrato DE São Paulo. São os elementos destacados em caixa alta: DA, DE, COM, NO, PELOS. Por exemplo: [...] fileiras DE magnólias: especifica o tipo de fileiras; [...] NO final DA ladeira: ‘no’ indica local e ‘da’ especifica de que tipo de final se trata. São os elementos sublinhados: Por exemplo: [...] No início do século: especifica circunstância de tempo; No seu lugar, [...]: especifica circunstância de lugar; Já completamente ladeada [...]: especifica circunstância de modo [...] avenida mais moderna: especifica circunstância de intensidade. São os elementos hachurados: Por exemplo: e: especifica ideia de adição; também: especifica ideia de adição; depois: especifica ideia de tempo; apesar: especifica ideia de concessão Fonte: Elaborado pelos autores. No texto acima, você pode perceber que há uma série de elementos que proporcionam a interação entre substantivos e verbos. Eles orientam a argumentação, indicando o tempo, o espaço e as circunstâncias do texto. Em relação às conjunções, terceiro elemento de coesão mencionado na Figura 3.6, são classificadas de acordo com a ideia/relação que estabelecem no texto. Conforme Goulart e Both (2015), para saber a ideia que um conector articula, é preciso sempre voltar ao texto e não simplesmente decorar seu sentido. A seguir, na Figura 3.7, veja a relação das principais conjunções e suas respectivas relações: COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca82 Figura 3.7 – Conjunções. Fonte: Elaborado pelos autores. CONJUNÇÕES Veja as principais conjunções da língua e os sentidos que elas estabelecem E, nem, ainda, também, além disso, não só... mas também, tanto... quanto Exemplo: NÃO SÓ era bonita, COMO TAMBÉM culta. Adição Ou, ou... ou, ora... ora, ora, seja... seja, quer... quer Exemplo: A festa seria OU no natal OU no ano novo.Alternância Mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto Exemplo: Estou com dor, MAS não vou tomar remédios. Oposição Logo, portanto, com isso, assim, dessa forma, então, pois, por conseguinte Exemplo: Vou à festa. LOGO, sairei mais cedo do trabalho Conclusão Ainda que, embora, mesmo que, conquanto, a despeito de Exemplo: EMBORA esteja atrasado, vou tomar um café.Concessão Tanto que, a ponto de, tal que, tão que Exemplo: Chorou TANTO QUE borrou a maquiagem. Consequência Porque, pois Exemplo: Vou à festa PORQUE fui convidado pelo meu melhor amigo. Explicação Já que, como, uma vez que, porque, porquanto, como, visto que, por isso, como Exemplo: COMO cheguei cedo, trabalhei mais. Causa Se, caso, desde que, a não ser que Exemplo: SE eu chegar cedo, conseguirei um bom lugar. Condição Como, assim como, tal qual, do que, tão que, mais... do que, menos... do que, tanto... quanto Exemplo: Ela era bonita COMO a mãe. Comparação Para, para que, a fim de que, com o intuito de Exemplo: Ele bebia PARA esquecer a dívida. Finalidade À medida que, à proporção que, ao passo que Exemplo: À MEDIDA QUE crescia, tornava-se menos tímido Proporção Quando, enquanto, depois que, desde que, logo que, assim que, sempre que Exemplo: No trem, ENQUANTO dormia, ele foi assaltado. Tempo Como, conforme, consoante, de acordo com, segundo, para Exemplo: COMO disse o presidente, não haverá aumento de salário. Conformidade A Articulação da Escrita | UNIDADE 3 83 Até aqui, falamos da coesão que se estabelece por meio de preposições, advérbios e conjunções. Há, ainda, outras formas de coesão, como as pronominalizações, as substituições vocabulares e as elipses, que tornam o texto mais enxuto e não repetitivo. Tais recursos acontecem sempre que algum elemento do texto é retomado com uso de outra palavra, ou quando algum termo é suprimido. Leia a resenha abaixo e após, no Quadro 3.3, observe a definição e exemplos de pronominalização, substituição vocabular e elipse. Em Amor Líquido, Zygmunt Bauman aborda a fragilidade das relações, utilizando um texto sério, sem ser sisudo e também sem levá-lo a um cientificismo desnecessário, deixando claro que seu livro não tem por objetivo compreender o amor em seu âmago, mas considerar seus efeitos e as mutações na forma de vê-lo nesses tempos. O olhar do autor perturba o leitor, pois o coloca diante de um espelho e o faz enxergar cicatrizes que se procura esconder ou, ao menos, disfarçar. Bauman não tem receio de apontar a ambiguidade do “líquido cenário da vida amorosa”, que oscila entre o céu e o inferno. Mostra que, ao mesmo tempo em que tudo fazemos para fugir da solidão, não queremos vínculos permanentes, porque não há certeza de que faremos a escolha certa, de que a pessoa que partilhará do nosso dia a dia não nos fará sofrer, ou ainda, de que nos comprometendo com ela, não estamos abrindo mão de outra, ainda melhor, com mais qualidades, que nos tornaria ainda mais felizes ou satisfeitos. Não queremos desperdiçar tempo nem energia em uma relação que possa não trazer resultado algum. O que se quer é, com o mínimo de esforço, obter o máximo de satisfação. A fórmula testada e aprovada é bem-vinda, mas mesmo esta, não é garantida. [...] (FONSECA, 2010). COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca84 Quadro 3.3 – Análise das relações de coesão de um texto. RECURSO O QUE É? EXEMPLO OBSERVAÇÃO Pronominalização Quando se usa um pronome para retomar um referente. Esse pronome pode ser de qualquer tipo (reto, oblíquo, demonstrativo, possessivo, relativo, indefinido, de tratamento) O olhar do autor perturba o leitor, pois O coloca diante de um espelho e O faz enxergar cicatrizes que se procura esconder ou, ao menos, disfarçar. Em Amor Líquido, Zygmunt Bauman aborda a fragilidade das relações, utilizando um texto sério, sem ser sisudo e também sem levá-LO a um cientificismo desnecessário, deixando claro que SEU livro [...] O pronome oblíquo O retoma O LEITOR nas duas ocorrências. O pronome oblíquo LO retoma TEXTO; O pronome possessivo SEU retoma Zygmunt Bauman Substituição Vocabular Quando se usa uma palavra ou expressão com o mesmo sentido para retomar um elemento. Em Amor Líquido, Zygmunt Bauman aborda a fragilidade das relações, utilizando um texto sério, sem ser sisudo e também sem levá- lo a um cientificismo desnecessário, deixando claro que seu LIVRO [...] A palavra “livro” retoma o nome da obra, “Amor Líquido”. O recurso permite não repetir os mesmos termos. Elipse Quando se suprime a referência direta, porque pelo contexto é possível inferir o referente Bauman não tem receio de apontar a ambiguidade do “líquido cenário da vida amorosa”, que oscila entre o céu e o inferno. MOSTRA que, ao mesmo tempo em que tudo fazemos para fugir da solidão [...] Na segunda frase, o nome “Bauman” não é repetido. Ao utilizar só o verbo (MOSTRA), recorre- se ao recurso da elipse. Fonte: Elaborado pelos autores. A Articulação da Escrita | UNIDADE 3 85 Nesta seção, você estudou os elementos de coesão que contribuem para uma boa articulação textual. Na sequência, verificará aspectos de coerência, fechando o ciclo de estudos acerca dos fatores de textualidade. 3.4.2 A Coerência De acordo com Garcia (2003, p. 287), a coerência, “do latim cohaerens, entis: o que está junto ou ligado, consiste em ordenar e interligar as ideias de maneira clara e lógica e de acordo com um plano definido”. O autor aindaressalta que sem coerência é praticamente impossível obter-se [...] unidade e clareza. Ela é, por assim dizer, a “alma” da composição. Os organismos vivos, os próprios mecanismos, só funcionam quando suas partes componentes se ajustam, se integram numa unidade. Podem-se reunir as mil e uma peças de um aparelho de televisão, mas o conjunto só funcionará quando todas estiverem adequadamente ajustadas e conectadas segundo o esquema de montagem. (GARCIA, 2003, p. 287). Com isso, evidencia-se a relevância de as ideias estarem adequadamente dispostas a fim de não comprometer o todo de um texto. As frases do Quadro 3.4 evidenciam exemplos de coerência e incoerência: Quadro 3.4 – Coerência x Incoerência. FRASES COERENTES FRASES INCOERENTES A festa estava ótima e, dessa forma, voltei muito tarde A festa estava ótima, porém voltei muito tarde. Gosto de café, por isso comprei vários tipos, produzidos em vários estados brasileiros. Gosto de café, por isso comprei biscoitos. Gosto de café, embora prefira chá. Prefiro café, embora prefira chá. Fonte: Elaborado pelos autores. Zygmund Bauman (1925-2017) foi um grande pensador da modernidade, analisando temas fundamentais para a compreensão das relações afetivas da atualidade. O filósofo aborda a sociedade por meio do conceito de liquidez. Sua obra Amor Líquido é um best-seller. Leia a entrevista do autor à Revista Cult (Ago, 2009) em: http://gg.gg/cw8vv. SAIBA MAIS COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca86 Você percebe a diferença que há entre cada par de frases acima? É possível entender que há coisas que não podem ser ditas porque não fazem sentido, não é mesmo? A incoerência pode existir tanto no nível frasal (como nos exemplos acima) quanto no textual. Um exemplo de incoerência textual é quando o autor defende um ponto de vista e, mais adiante, no mesmo texto, muda de perspectiva, passando a sustentar uma ideia contrária. Assim, em termos de coerência textual, qual você acha que é o maior erro que se pode cometer? Quando se escreve sem planejamento, lançando as ideias no papel na medida em que elas vêm à mente, sem um raciocínio lógico e uma organização precisa, permite-se a ocorrência de lapsos e deslocamentos de sentidos prejudiciais à coerência e clareza do texto. Para evitar esses problemas, é necessário que você execute um plano para colocar os pensamentos em uma ordem adequada ao propósito da comunicação. “Ordem e transição constituem os principais fatores da coerência”. (GARCIA, 2003, p. 287). Na seção 3.6 abordamos o planejamento do texto para que você entenda melhor como projetar um texto coerente. Leia o poema a seguir: Subi a porta e fechei a escada. Tirei minhas orações e recitei meus sapatos. Desliguei a cama e deitei-me na luz. Tudo porque Ele me deu um beijo de boa noite... (Autor anônimo) O que podemos dizer sobre esse texto? Ele é incoerente? Percebe-se que vários elementos estão trocados no texto. No entanto, o poema não é incoerente. A aparente incoerência, que se desfaz com os dois últimos versos, é um recurso estilístico que dá ao texto um sentido próprio. Assim, a leitura do poema reforça o que você já estudou: a importância de olhar além do texto, entendendo os sentidos, por vezes, escondidos nas entrelinhas. A Articulação da Escrita | UNIDADE 3 87 3.5 Estrutura do Texto Argumentativo Como já sinalizamos, o foco de estudo desta unidade é o texto argumentativo. O tipo textual dissertativo-argumentativo é caracterizado, entre outros elementos, pela existência de argumentos que defendem determinado posicionamento. A estrutura clássica consiste em introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução é a parte do texto que apresenta a tese, a ideia central, o ponto de vista principal a ser desenvolvido. O desenvolvimento consiste na argumentação, no desenrolar da ideia central apresentada. Para que o desenvolvimento seja coerente, é preciso selecionar, dentre muitas possibilidades, argumentos que permitam defender a tese escolhida. Por fim, a conclusão é a parte final da produção escrita, na qual o ponto de vista é reafirmado e/ou é oferecida uma possível solução para a problemática apresentada. A Figura 3.8 apresenta um esquema de estrutura do texto argumentativo. Figura 3.8 – Estrutura do Texto Argumentativo. Fonte: Elaborado pelos autores. Macroestrutura do Texto Dissertativo Estabelecer uma cadeia lógica entre as três partes comunicantes Divisão básica das três partes comunicantes Introdução Título 1 1 2 2 3 3 1 2 3 Introdução ConclusãoConclusão Desenvolvimento Desenvolvimento argumentos 1,2 e 3 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca88 Em termos formais, é fundamental a presença de título. Este deve ser significativo, sinalizando a essência do texto. Espera-se que o texto argumentativo seja composto por pelo menos 3 parágrafos (1 de introdução, 1 de desenvolvimento e 1 de conclusão), mas o ideal é que, no desenvolvimento, seja estruturado um parágrafo para cada um dos argumentos escolhidos. Nesta seção abordamos breves pontos sobre a estrutura do texto argumentativo. A seguir, para finalizar esta unidade, mostramos a você uma forma prática de construir um texto. Trata-se de um passo a passo, que pode facilitar, e muito, a sua escrita. Evite escrever parágrafos com uma frase única em textos argumentativos. Essa prática é recorrente entre os estudantes e, algumas vezes, até entre escritores. Mas qual é o problema? Um parágrafo é uma reunião de frases que articulam sentido entre si. Um parágrafo não é uma frase, mas um conjunto de frases. Em uma única frase, não se conclui toda a argumentação que um parágrafo requer, até porque, de acordo com a estrutura que estudamos, um parágrafo deve ter tópico frasal, desenvolvimento e conclusão internos. É claro que em textos mais livres, como crônicas e narrativas, essa prática pode ser utilizada como recurso estilístico. DICA A Articulação da Escrita | UNIDADE 3 89 3.6 A Construção do Texto Argumentativo: Passo a Passo Você se recorda do esquema de leitura que construímos na Unidade 2? Naquela ocasião, partimos de um texto já escrito, e selecionamos as partes mais relevantes para construir um esquema que funcionasse como resumo da reportagem “A Era da Burrice”. Para elaborar um texto argumentativo, você pode fazer um exercício muito semelhante, usando a mesma metodologia, mas de modo inverso. Nessa perspectiva, você vai partir de um esquema, construído sob orientação de algumas perguntas norteadoras, para chegar a uma espécie de “esqueleto do texto”. Vamos ver como isso funciona? Na Figura 3.9, estão algumas perguntas que podem nortear a construção do texto que vamos compor. Figura 3.9 – Questões norteadoras da escrita. Fonte: Elaborado pelos autores. Sobre o que vou falar?Tema Qual é o problema que existe em relação ao tema?Problema Qual é o primeiro argumento que sustenta o que quero dizer?Argumento 1 Quais são os demais argumentos que justificam o que quero dizer?Argumento 2 Quais são os contrapontos daquilo que defendo?Contraponto Considerando o tema e os argumentos expostos, o que é possível concluir?Conclusão COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca90 Para executar o nosso “esqueleto de texto”, vamos, inicialmente, responder às perguntas acima. Para tanto, vamos utilizar a proposta do Enem 2017, cujo tema foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Na Figura 3.10 vamos elaborar um esquema que dê conta do assunto proposto: Figura 3.10 – O esqueleto do texto. Fonte: Elaborado pelos autores. A partir do esquema acima, é possível desenvolver muito mais facilmente um texto. Claro que cada um dos tópicos apresentados precisa ser desmembrado e detalhado, mas a sequência textual já está elaborada. Vamos ver o texto que poderia resultar desse esquema? Desafios para a formação educacional de surdos no BrasilTemaDificuldades da formação educacional de surdos no Brasil, com queda de matrículas desses alunos na educação básica Problema O estado é omisso para com a formação de surdos Poucas escolas são adeptas ao uso de libras Argumento 1 Existe preconceito da sociedade para com os surdos Os deficientes são vistos como pouco capazes Argumento 2 Iniciativas de apoio à cultura surda que existemContraponto Atuação maior do Estado Atuação maior da iniciativa privadaConclusão A Articulação da Escrita | UNIDADE 3 91 A formação educacional de surdos encontra, no Brasil, uma série de empecilhos. Essa tese pode ser comprovada por meio de dados divulgados pelo Inep, os quais apontam que o número de surdos matriculados em instituições de educação básica tem diminuído ao longo dos últimos anos. Nesse sentido, algo deve ser feito para alterar essa situação, uma vez que milhares de surdos de todo o país têm o seu direito à educação vilipendiado, confrontando, portanto, a Constituição Cidadã de 1988, que assegura a educação como um direito social de todo o cidadão brasileiro Introdução O tópico frasal apresenta o tema e o problema. A 2º frase explica o tópico. A 3º frase fecha a ideia. Em primeira análise, o descaso estatal com a formação educacional de deficientes auditivos mostra-se como um dos desafios à consolidação dessa formação. Isso porque poucos recursos são destinados pelo Estado à construção de escolas especializadas na educação de pessoas surdas, bem como à capacitação de profissionais para atenderem às necessidades especiais desses alunos. Ademais, poucas escolas são adeptas do uso de libras, segunda língua oficial do Brasil, a qual é primordial para a inclusão de alunos surdos em instituições de ensino. Dessa forma, a negligência do Estado, ao investir minimamente na educação de pessoas especiais, dificulta a universalização desse direito social tão importante. Desenvolvimento O tópico frasal apresenta o argumento 1 (descaso estatal com a formação de surdos). A 2º frase explica o tópico, o porquê do descaso. A 3º frase apresenta um desdobramento do argumento 1 (pouca adesão escolar a libras). A 4º frase conclui a ideia. Em segunda análise, o preconceito da sociedade com os deficientes apresenta-se como outro fator preponderante para a dificuldade na efetivação da educação de pessoas surdas. Essa forma de preconceito não é algo recente na história da humanidade: ainda no Império Romano, crianças deficientes eram sentenciadas à morte, sendo jogadas de penhascos. O preconceito ao deficiente auditivo, no entanto, reverbera na sociedade atual, calcada na ética que considera inúteis pessoas que, aparentemente menos capacitadas, têm pouca serventia à comunidade, como é caso de surdos. Os deficientes auditivos, desse modo, são muitas vezes vistos como pessoas de menor capacidade intelectual, sendo excluídos pelos demais, o que dificulta aos surdos não somente o acesso à educação, mas também à posterior entrada no mercado de trabalho. Desenvolvimento O tópico frasal apresenta o argumento 2 (preconceito da sociedade). As frases 2 e 3 explicam o porquê do preconceito e a origem dele. A 4º frase conclui a ideia, trazendo as consequências do preconceito contra os surdos. Nesse sentido, urge que o Estado, por meio de envio de recursos ao Ministério da Educação, promova a construção de escolas especializadas em deficientes auditivos e a capacitação de profissionais para atuarem não apenas nessas escolas, mas em instituições de ensino comuns também, objetivando a ampliação do acesso à educação aos surdos e assegurando a eles, por fim, um direito garantido constitucionalmente. Outrossim, ONGs devem promover, através da mídia, campanhas que conscientizem a população acerca da importância do deficiente auditivo para a sociedade, enfatizando em mostrar a capacidade cognitiva e intelectual do surdo, o qual seria capaz de participar da população economicamente ativa (PEA), como fosse concedido a este o direito à educação e à equidade de tratamento, por meio da difusão do uso de libras. Dessa forma, o Brasil poderia superar os desafios à consolidação da formação educacional de surdos. Conclusão O tópico frasal amarra as ideias apresentadas nos parágrafos anteriores propondo uma solução ao problema. A frase 2 apresenta uma segunda possibilidade de solução. A última frase retoma e conclui as ideias anteriores COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca92 O texto acima foi redigido por uma estudante do Piauí para o Enem 2017. A redação em questão foi avaliada com a nota máxima. Procuramos explicar o desenvolvimento de cada parágrafo a fim de que você perceba como a trama do texto constitui sentidos, progredindo a cada nova frase composta. É importante destacar que nem sempre o texto que você vai escrever admitirá todas as questões trazidas na Figura 3.9. No texto que você acabou de analisar, o item “Contraponto” não foi desenvolvido. Isso significa que o texto poderia ter mais um parágrafo trazendo boas práticas que são realizadas no Brasil em relação às pessoas surdas. Um outro exemplo nesse sentido poderia ser um texto sobre a maioridade penal, que permite tanto uma posição contrária quanto uma opinião favorável ao tema. Esse tipo de texto requer o contraponto, ou seja, que você relate fatores favoráveis e contrários a uma posição. Para finalizar esta unidade, desafiamos você a criar novos esquemas e a desenvolver textos a partir de temas de seu interesse ou então a partir de temáticas trazidas pelas disciplinas que você está cursando. Lembre-se de que a escrita também requer exercício para ser aprimorada. A Articulação da Escrita | UNIDADE 3 93 SÍNTESE DA UNIDADE Neste capítulo, você refletiu sobre a escrita e sobre a importância de redigir textos coesos e coerentes a fim de que o processo de comunicação seja eficaz. Nesse contexto, foram estudadas as estruturas básicas da escrita, a saber, a frase e o parágrafo. Para facilitar o seu aprendizado, comparamos frases ideais com estruturas deficitárias. No que diz respeito à construção de parágrafos, estudamos o tópico frasal, para que você pudesse compreender melhor o ponto de partida para redigir um parágrafo. A seguir, você foi conduzido a refletir sobre as características de um bom texto, estudando os elementos que permitem a articulação textual: coesão, coerência, informatividade, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade e intertextualidade. Dentre esses aspectos, nosso foco de análise recaiu sobre a coesão e a coerência. Você pôde compreender que a coesão é constituída na materialidade do texto, ou seja, a partir do uso de articuladores textuais, e que a coerência se projeta em um nível ideológico, ou seja, a partir das ideias desenvolvidas no texto. Você ainda observou, brevemente, a estrutura do texto argumentativo, e acompanhou o desenvolvimento de um passo a passo que problematiza a construção desse tipo de texto. A partir desse “esqueleto textual”, objetivamos facilitar o seu processo de redação daqui em diante. Esperamos que você utilize esses recursos sempre que produzir trabalhos acadêmicos ou redigir e-mails, relatórios e demais textos em seu ambiente profissional. COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca94 REFERÊNCIAS ANTUNES, I.: Lutar com palavras: Coesão e Coerência. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. FONSECA, G. Resenha: Amor Líquido. Porto Alegre, 2010. Não publicado. GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna: aprender a escrever, aprendendo a pensar. 23.ed. Rio de Janeiro –RJ Ed. FGV, 2003. GOULART, C. R.; BOTH, Joseline Tatiana. Interpretação e compreensão de textos. In: AIUB, T N. (Org). Português: práticas de leitura e escrita. Porto Alegre: Penso, 2015. GUIMARÃES, T. C. Comunicação e Linguagem. São Paulo: Pearson, 2011. HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. PLATÃO,F.; FIORIN, J. L. Lições de Texto: Leitura e Redação. 5. ed. São Paulo: Ática, 2006. O Texto em Ação Prezado estudante, Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. OBJETIVO GERAL Estudar alguns gêneros textuais acadêmicos, orais e escritos, a fim de instrumentalizar os estudantes para que possam organizar, articular, redigir e apresentar ideias. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Estudar gêneros textuais acadêmicos escritos, como a resenha, o resumo, o ensaio, o mapa mental e a apresentação, e orais, como o seminário; • Reconhecer características dos textos supracitados e entender os seus processos de construção; • Elencar e problematizar alguns erros comumente encontrados em textos escritos. QUESTÕES CONTEXTUAIS 1. Você conhece os principais gêneros do contexto acadêmico? 2. Você já escreveu um ensaio, uma resenha? 3. Ou já organizou um roteiro para apresentar oralmente? unidade 4 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca98 4.1 Introdução Nas unidades que você estudou até aqui, seguimos um percurso que se iniciou com as noções do processo comunicativo e seus elementos, passando pelas funções da linguagem e pelos gêneros textuais. Depois, seguimos nossa reflexão com foco na leitura e na compreensão textual, entendendo que esse processo é inerente a todas as atividades em que o homem se envolve. A seguir, passamos pelos elementos necessários à articulação da escrita, com vistas a uma construção textual coesa e coerente. A proposta, agora, é discutir alguns gêneros textuais muito usuais na academia. Ao longo de sua graduação, você terá contato com textos orais, como seminário e palestra, e escritos, como texto argumentativo, resenha, resumo, apresentação de trabalho e outros dessa natureza, por meio dos quais você poderá articular e sistematizar o conhecimento teórico adquirido nas disciplinas. Nesse sentido, vamos problematizar, nesta unidade, caraterísticas dos gêneros supracitados, mostrando, inclusive, o processo de construção de alguns deles. Além disso, também apresentamos uma relação de problemas usualmente encontrados em redações e trabalhos de estudantes universitários. O objetivo é que você possa usar esse material como um manual de consulta, recorrendo a ele em caso de dúvidas sobre algumas formas gramaticais da língua. Na Figura 4.1, está contemplada a sequência didática da Unidade 4. Figura 4.1 – Sequência Didática. Fonte: Elaborado pelos autores. Resenha Resumo Problemas Gramaticais Recorrentes Seminário Apresentação Mapa Mental Ensaio O Texto em Ação | UNIDADE 4 99 4.2 Gêneros Acadêmicos Você conhece os gêneros textuais que fazem parte do mundo universitário? Há uma série de textos, de caráter mais formal, que são empregados para organizar e divulgar o pensamento. Conforme apresentado na Unidade 1, pertencem ao domínio textual “acadêmico” ou “instrucional” os gêneros artigo científico, relatório, resumo, resenha, tese/dissertação, mapa mental, manual de ensino, ata de reunião, prova, seminário, palestra, aula dialogada, entre outros. Dentre estes, selecionamos e apresentamos aqueles que julgamos ser mais relevantes na sua trajetória no ensino superior. Vamos aprender a elaborá-los? 4.2.1 Resenha Mesmo que você imagine não saber o que é uma resenha, provavelmente já teve contato com um texto desse gênero. A resenha é um texto objetivo, que tem como característica principal apresentar, de maneira breve, uma apreciação crítica sobre determinado assunto, na maioria das vezes ligado ao meio cultural (livros, peças de teatro, filmes). Uma resenha é composta por uma parte descritiva (apresentação da obra em si) e por uma parte crítica (juízo de valor sobre a obra). O texto deve se valer de um vocabulário simples e objetivo, mas não superficial. É preciso que a crítica seja amparada por argumentos convincentes que justifiquem o ponto de vista do autor, seja ele positivo ou negativo, sobre a obra resenhada. A seguir, você pode observar um exemplo de resenha, postada em um site direcionado a esse tipo de publicação. A resenha é sobre o seriado americano Friends (1994-2004). COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca100 Resenha | Friends Friends, seriado criado por David Crane e Marta Kauffman, é estrelado por Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer. Essa série, de grande sucesso no mundo todo, conta a história dos amigos Rachel, Monica, Phoebe, Joey, Chandler e Ross, e foi pensada para atingir um público que não necessariamente queria decifrar citações. A proposta é fazer uma crônica mais ou menos desajeitada e sem muitas pretensões sobre o cotidiano de seis amigos que viviam em Nova York. A pauta é a mais popular possível: sexo, amor, relacionamentos, carreira, amizade. O ingrediente elementar da série é a aproximação com o público, que começa já na abertura, embalada pela canção I’ll Be There For You, dos The Rembrandts, com os seis protagonistas dançando e se divertindo em torno de uma fonte. Não só a música, mas também o formato de clipe musical, levam o espectador para perto dos personagens, fazendo valer a temática da amizade e a emoção necessária para fidelizar o público. Os roteiros das 3 primeiras temporadas são mais estruturados na psicologia dos protagonistas, marcando o território de cada um e plantando os futuros “pequenos arcos” da 4ª temporada e os “grandes eventos” das 6 temporadas finais, como os casamentos de Ross; as conquistas na vida de cada um dos friends; os desenlaces do romance Ross-Rachel; o romance Monica-Chandler; a gravidez de Phoebe, os preparativos para o final do show. É impressionante que esses blocos são colocados de forma mais ou menos espalhada ao longo de uma década e, quando as coisas começam a se organizar para a despedida, já em meados da 9ª Temporada, essas mesmas pontas são amarradas com inteligência e precisão. A despeito de todo crescimento dos personagens, os textos da temporada final não negam as origens humildes, a ingenuidade dos “vinte e tantos anos” e os sonhos do passado de cada um. Com o maior respeito ao público e cientes do legado que deixariam, Crane e Kauffman prepararam um término emotivo, fechando a contento o ciclo aberto em 1994 e terminando o programa com um novo começo, um capítulo diferente na vida dos personagens. Mas não só de boa estrutura nos roteiros que sobrevive Friends. Mesmo em se tratando de uma série menos exigente em termos de conhecimentos culturais, isso não significa que ela é um clímax eterno de “piadas sobre qualquer coisa”. O show tem o mérito de trabalhar temas transversais de enorme importância, como a igualdade de gêneros, a sexualidade, a ciência, a arte e questões familiares que, ganharam versões simpáticas, criativas, engraçadas e bem representadas pela excelente química do grupo em cena. As indicações culturais e a exposição de itens da cultura pop por meio de pôsteres, nomes de personalidades ou artistas, citações de grandes obras da literatura, teatro, cinema ou eventos históricos são os “pontos nerd” que os mais atentos podem perceber e admirar na série. Já nos primeiros episódios há citações, homenagens O Texto em Ação | UNIDADE 4 101 4.2.2 Resumo O resumo é um gênero textual muito comum, que requer duas habilidades básicas: síntese e objetividade. O produto final é um texto em que são apresentados os pontos essenciais, as ideias ou os fatos principais que foram desenvolvidos no decorrer de um outro texto. Tudo isso é exposto de forma abreviada, sempre respeitando uma ordem cronológica do que aparece no original a ser resumido. A capacidadede resumir informações está relacionada à habilidade de compreensão. Assim, para resumir, é preciso separar o que é ideia primária do que é informação secundária, selecionando o que é mais importante e descartando o que é acessório. Vamos fazer um exercício, resumindo a resenha apresentada no tópico anterior? Nosso objetivo será reduzir o texto a um único parágrafo. ou representações simbólicas de Pinóquio (1940), Psicose (1960), A Noviça Rebelde (1965), Banzé no Oeste (1974), O Poderoso Chefão (1990), Sociedade dos Poetas Mortos (1990) e O Silêncio dos Inocentes (1991), de modo que se constata que a ideia dos produtores é citar sucessos cinematográficos e a cultura pop para prender o público com algo familiar. Friends é uma daquelas produções artísticas que nunca enjoam e sempre farão parte dos preferidos do público. A série não apenas marcou uma mudança na estrutura de produção televisiva, mas conseguiu conquistar públicos distintos e estabelecer um novo padrão para as séries de comédia que a sucederam. Na maioria das vezes, os enredos de Friends riam do material que traziam à tona, mas, em outros momentos, expunham questões de uma forma mais filosófica, humana, analítica, o que não era a base da série, mas esteve presente em alguns icônicos episódios ao longo dos 10 anos em que o programa se manteve no ar, especialmente no capítulo de despedida, que fez muita gente chorar, falar sobre o que acontecia com os personagens e imitá- los. Fonte: Adaptado de http://gg.gg/cw93o. Friends é uma premiada sitcom americana. Sitcom, a abreviação de situation comedy, trata-se de uma “comédia de situação”, encenada por personagens comuns que retratam ambientes do cotidiano como família, grupo de amigos, local de trabalho. Emissora: NBC • Episódios: 236 • Duração média de cada episódio: 22 min. SAIBA MAIS COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca102 Resumo | Friends Friends, criado por David Crane e Marta Kauffman, aborda o cotidiano dos amigos Rachel, Monica, Phoebe, Joey, Chandler e Ross em Nova York. A pauta é a mais popular possível: sexo, amor, relacionamentos, carreira, amizade. As 3 primeiras temporadas estruturam a psicologia dos protagonistas, preparando o cenário para os “grandes eventos” da trama, como os casamentos de Ross; as conquistas na vida de cada um; os desenlaces do romance Ross-Rachel; o romance Monica- Chandler, a gravidez de Phoebe. Na 9ª temporada, essas pontas são amarradas com inteligência e precisão. Os textos da temporada final não negam as origens humildes, a ingenuidade dos vinte anos e os sonhos de cada um, fechando o ciclo da série com um novo começo, um capítulo diferente na vida dos personagens. Mas não só de boa estrutura nos roteiros sobrevive Friends. Mesmo sendo menos exigente em termos de conhecimentos culturais, a série não se restringe a “piadas sobre qualquer coisa”, mas trabalha temas importantes como igualdade de gêneros, sexualidade, ciência, arte e questões familiares, em versões simpáticas, criativas e engraçadas. Friends marcou uma mudança na estrutura de produção televisiva, estabelecendo um novo padrão para as séries de comédia que a sucederam. Na maioria das vezes, os enredos riam do material que traziam à tona, e em outros, expunham questões de uma forma filosófica, humana e analítica, especialmente no capítulo de despedida, que fez muita gente chorar, falar sobre os personagens e imitá-los. Fonte: Elaborado pelos autores Para escrever, também é importante saber parafrasear. Parafrasear é reescrever um texto com outras palavras. Paráfrase deriva do latim (paraphrasis), cujo significado é "maneira adicional de expressar-se". Vamos ver um exemplo de paráfrase originado do texto anterior? TEXTO ORIGINAL TEXTO RESUMIDO E PARAFRASEADO Mesmo em se tratando de uma série menos exigente em termos de conhecimentos culturais, isso não significa que ela é um clímax eterno de “piadas sobre qualquer coisa”. O show tem o mérito de trabalhar temas transversais de enorme importância, como a igualdade de gêneros, a sexualidade, a ciência, a arte e questões familiares que, ganharam versões simpáticas, criativas, engraçadas e bem representadas pela excelente química do grupo em cena. Em relação a conhecimentos culturais, a série é menos exigente, embora não se restrinja a “piadas sobre qualquer coisa”. Ao contrário, trabalha temas importantes como igualdade de gêneros, sexualidade, ciência, arte e questões familiares, em versões simpáticas, criativas e engraçadas. O Texto em Ação | UNIDADE 4 103 4.2.3 Ensaio O ensaio é um tipo de texto discursivo argumentativo expositivo livre de convenções. Nele, o autor pode se manifestar sobre qualquer assunto, sendo mais comum a abordagem de temas ligados à política, economia, cultura e ética. Por não ter fronteiras bem demarcadas com os outros gêneros, o ensaio é assim rotulado pelos próprios escritores. Seu principal objetivo é refletir sobre algo de forma crítica e apresentar, na maioria das vezes, conclusões originais, fundamentadas essencialmente em um raciocínio lógico e na defesa de um ponto de vista, apoiando-se na retórica e na persuasão para fins didáticos. Abaixo, você pode visualizar um exemplo de ensaio. Ao utilizar a ideia de um autor a par tir de um livro ou site, o ideal é sempre parafrasear o autor. Isso significa que, em vez de copiar na íntegra o que o autor diz, deve-se interpretar o tex to e reescrevê-lo com as próprias palavras. Mas cuidado! Mesmo parafraseando, é necessário mencionar a autoria. DICA COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca104 ESCRITA: O MAIS FINO INVÓLUCRO DO PENSAMENTO A escrita é uma atividade desafiadora para os mais diversos públicos. Um dos pontos que determina essa realidade é a ineficiência da leitura, muitas vezes realizada de forma fragmentada ou a partir de fontes duvidosas. Não menos importante é a falta de exercício da escrita, o que equivale a dizer que só escreve bem quem pratica essa atividade e quem atribui importância a ela. Mas afinal, para que escrever? Vários são os motivos que colocam a escrita como uma atividade fundamental ao homem. Dela depende o registro da história e o desenvolvimento da ciência, que só progride pelo compartilhamento do que já foi descoberto. Igualmente, a escrita é essencial à comunicação de um povo e à inter-relação entre as diversas culturas. Em um nível mais intimista, entretanto, as razões da escrita são a expressão do sentimento e a organização do pensamento. Clarice Lispector, ao dizer que “devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos”, atribui importância subliminar às palavras, considerando que elas são constituidoras da subjetividade humana. Assim, cada homem expressa, na escrita, experiências de vida e percepções únicas, constituindo uma riqueza que ninguém pode repetir. Nesse contexto, a escrita é sentimento, é um revelar-se a si mesmo do escritor, é a expressão daquilo que cada ser humano tem de mais “seu”. Se a expressão do sentimento não depende exclusivamente da escrita, visto que também pode ser feita oralmente, a organização do pensamento é mais efetiva quando realizada pela escrita. Nesse aspecto, nada substitui o registro gráfico, que pode ser refeito, reorganizado e postergado. Quando se escreve, reflete-se sobre o pensamento e visualizam-se possibilidades que a fluidez da oralidade não permite alcançar. Além disso, depois de repousar por um tempo, o texto mostra novas perspectivas, que proporcionam aprimorar ainda mais as intenções originais. Dessa forma, pode-se comparar a escrita a uma obra de arte, que deve ser executada manualmente, com primor e sem pressa, com base em reflexões mais apuradas do mundo e da cultura. Por esse motivo, escrever não é algo que se realiza do nada. É preciso saber o que dizer, sobretudo ter o que dizer. E só tem o que dizer quem sabe o que acontece, quem lê, quem escutaos outros, quem vive. Assim, pode-se refletir que a escrita é uma ação essencialmente humana, como também são fundamentalmente humanas atitudes como pensar, intercambiar experiências, expor sentimentos, escutar e se relacionar. Fonte: SANTOS (2014). SUBLIMINAR: o que os sentidos humanos não conseguem perceber de forma consciente, atingindo o subconsciente. GLOSSÁRIO O Texto em Ação | UNIDADE 4 105 4.2.4 Mapa Mental Um mapa mental é um tipo de resumo do resumo, em forma de esquema, construído com palavras ou expressões que se interligam de acordo com o sentido que apresentam em um texto ou em um tópico de conteúdo. Pode ser construído a partir de um texto ou de relações que se estabelecem livremente a partir de um dado tema. O mapa mental auxilia a imaginar uma sequência lógica da escrita e pode ser utilizado para fins de estudo, já que ativa vários pontos importantes do raciocínio para a aprendizagem de conteúdos e retenção de informações. Para que você entenda o que é um mapa mental, vamos construir um a partir do ensaio discutido no tópico anterior. Veja na Figura 4.2: Figura 4.2 – Exemplo de Mapa Mental. Fonte: Elaborado pelos autores. O termo ensaio, foi utilizado pela primeira vez no século XVI pelo filósofo e humanista francês Michel de Montaigne (1533-1592) com a publicação de sua obra “Les Essais” (Os Ensaios), em 1580. SAIBA MAIS Escrita Desafios Pressupõe leitura, escuta e vivências Falta do exercício da escrita Registrar a história Comunicar-se Ineficiência da Leitura Por que escrever? Refletir sobre as ideias Reorganizar as ideias Organizar o pensamento Expressar o sentimento Constituir a subjetividadeVizualizar novas possibilidades COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca106 No mapa mental acima, você pode observar que as ideias principais referentes à escrita, apresentadas no texto, foram ligadas ao tema principal, e as ideias decorrentes foram ligadas cada qual à sua origem, em um esquema hierárquico. Isso significa que, para produzir um mapa mental a partir de um texto, as relações estabelecidas nele devem ser respeitadas. No entanto, um mapa mental não precisa ter origem em um texto, podendo caracterizar-se como um brainstorm de ideias acerca de um assunto. Vamos mostrar um exercício de Mapa Mental que foi aplicado aos alunos da disciplina de Leitura, Produção e Revisão de Textos, em 2018. A instrução era a seguinte: Brainstorming significa tempestade de ideias. Trata-se de uma dinâmica que pressupõe colocar no papel todas as ideias que vem à mente sobre o assunto em pauta. GLOSSÁRIO O Texto em Ação | UNIDADE 4 107 Veja um Mapa elaborado a partir da motivação acima: Figura 4.3 – Mapa Mental elaborado. Fonte: Elaborado por estudantes da disciplina de Leitura, Produção e Revisão de Textos. “Estude, meu filho!” Esse conselho, dado pela sua mãe ainda enquanto você era criança, talvez seja a melhor lição que você possa ter recebido em sua vida. Dados apresentados pela Fundação Getúlio Vargas mostram a diferença que os anos de estudo podem representar no seu crescimento profissional: para cada ano estudado, o salário do trabalhador aumenta, em média, 15%. Observe que o tempo médio de permanência de um brasileiro no ambiente escolar não ultrapassa os 8 anos (isso quer dizer que a formação média é inferior ao ensino fundamental, que é de 9 anos). É claro que hoje o acesso ao ensino superior/ profissionalizante está mais facilitado. Milhões de brasileiros estão matriculados em faculdades ou em universidades, mas boa parte deles não conclui a formação, o que faz com que, em algumas áreas, haja uma escassez de mão de obra. Ou ainda, que a mão de obra disponível não seja tão qualificada quanto necessário. “Estude, meu filho!”. Forme-se e estude mais ainda. Boa parte dos que investem seu tempo e/ou dinheiro em cursos de pós-graduação têm um aumento de mais de 66% em seus salários. Isso sem falar no ganho pessoal que o estudo promove. Quem estuda aprende mais. Parece uma obviedade, mas muita gente esquece disso. O estudo amplia as fronteiras do conhecimento, desenvolve e aprimora o senso crítico. E liberta. Ninguém continua sendo o mesmo depois de conhecer. Que tal pensar nisso? A partir da leitura do texto acima, com o objetivo de aprimorar o seu conhecimento pessoal, elabore um MAPA MENTAL apresentando estratégias de estudo que envolvam: a) EDUCAÇÃO FORMAL (ensino superior e leituras técnicas que envolvam a sua área profissional); b) EDUCAÇÃO INFORMAL (aprendizados práticos, culturais e do dia a dia) Formal Informal Escola/Faculdade Orientação SabedoriaExercícios Formação Livros Didáticos Professores Respeito Amor Educação Educação Família Sociedade Palestras Cinema Seminários Peças Teatrais Exposições Culturais COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca108 Observe que o texto base apenas motivou a elaboração do segundo mapa, mas não foi o tema central, como no primeiro exemplo. Assim, o mapa foi construído a partir de ideias sobre o assunto que vieram à mente do aluno que o construiu. 4.2.5 Seminário e Apresentação de Trabalho Figura 4.4 – Tirinha Calvin. Fonte: http://gg.gg/cwqo0. A tirinha da Figura 4.4 mostra o personagem Calvin tentando fugir de uma apresentação oral. É muito comum o fato de falar em público causar um desconforto e até mesmo um sentimento de desespero em quem precisa fazer um exposição oral ou apresentar um trabalho. Se isso acontece com você, saiba que é possível minimizar esses sentimentos apenas com uma boa preparação. Quem lê sobre o assunto que vai abordar e se prepara adequadamente para falar, pode até ficar inseguro, mas terá grande chance de se sair bem. Dessa forma, é evidente que você precisa montar um roteiro e ensaiar aquilo que vai apresentar. Mesmo em uma situação simples e talvez não tão formal, saber o que dizer faz toda a diferença. O Mapa Mental é um diagrama simplificado que conecta informações em torno de um tema central. Você pode imaginá-lo como uma árvore cujos galhos consistem em informações concisas que saem de um eixo principal. Esse recurso é uma ferramenta poderosa para a memorização e o aprendizado. Recomenda-se a construção de Mapas Mentais utilizando o Go Conqr. Acesse em: http://gg.gg/cw97q. SAIBA MAIS O Texto em Ação | UNIDADE 4 109 O seminário é um gênero oral expositivo cujo objetivo é apresentar um estudo/ pesquisa/dados a um determinado público a fim de compartilhar um saber. No contexto de sala de aula, muitas vezes você fará uso dessa prática, expondo um conhecimento adquirido em uma pesquisa aos colegas e ao tutor/professor. Para conduzir um seminário, o orador precisa conhecer o assunto, organizar um esquema de apresentação, ter postura, cuidar de gestos, tom de voz e fluência da fala, além de usar formalmente a língua. Veja, a seguir, alguns pontos que norteiam o planejamento de um roteiro de exposição oral. A Figura 4.5 dispõe os passos quanto à elaboração de conteúdo: Figura 4.5 – Planejamento de um roteiro de exposição oral. Fonte: Elaborado pelos autores. Com base nos passos apresentados anteriormente, vamos elaborar uma apresentação de trabalho a partir do tema “O fracasso como professor”. Certamente você já assistiu uma palestra de alguém bem sucedido que apresentou fórmulas de como obter sucesso e tornar-se uma pessoa de destaque em determinada área. Aproveitamos a matéria publicada na revista Galileu, sessão Novas Ideias, para propor uma visão diferente sobre o fracasso. Leia a matéria para compreender a sequência da nossa apresentação. Definir o tema e os objetivos do trabalho Pesquisar o assunto em referências diversas ( jornais,livros,internet, revistas e especializadas, vídeos,etc.) Produzir um esquema com informações sucintas que norteiam o discurso Enriquecer o conteúdo com recursos audiovisuais e imagens condizentes ao tema COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santose Gilberto Fonseca110 Os fracassados são os melhores professores Ouvir palestras de pessoas bem-sucedidas não vai trazer nada de útil para o seu dia a dia Cass Phillips O fracasso é inevitável, enquanto o sucesso só acontece de vez em quando. Então, por que continuamos tentando aprender apenas a partir de experiências bem-sucedidas? Em todas as conferências para empreendedores, você escuta palestrantes se vangloriando dos passos certeiros que deram. Mas será que isso é realmente útil? As palestras podem ser inspiradoras mas, na maioria das vezes, você não consegue replicar aquela experiência, já que há diversos fatores diferentes do que você tem na vida real. Se quisermos aprender algo útil, precisamos — em vez de escutar as histórias onde tudo deu certo — ouvir os fracassos retumbantes e dar voz às pessoas que fizeram tudo errado. Primeiro, porque dentro do sucesso há uma boa parcela de sorte. Já o fracasso está mais relacionado com as escolhas que você realmente tem de fazer a cada dia. Uma boa parte do sucesso se deve a pessoas que você conheceu, um determinado momento propício do mercado ou a uma série de fatores que não se repete. Já as falhas sempre estarão presentes em algum ponto do seu caminho, mesmo em empreendimentos bem-sucedidos. Quando você se depara com elas, é importante saber como outras pessoas se recuperaram rapidamente depois de errar feio. Minha experiência de fracasso numa start-up me ensinou que, para corrigir erros, precisamos fazer pequenas modificações rápidas em vez de mudar todo o projeto. Se mudarmos tudo, é impossível saber exatamente o que foi feito corretamente. Um exemplo de como lidar com as falhas vem da empreendedora Janice Fraser. Depois de fundar uma start-up bem-sucedida, ela começou uma segunda companhia, a Emmet Labs. Mesmo com muito investimento e atraindo alguns clientes, a ideia deu errado. Na época, ela escreveu um e-mail para os investidores reconhecendo os erros (inclusive os que foram de seus funcionários, pois foi ela quem os contratou) e citando as lições que aprendeu. Cada um dos investidores respondeu que voltaria a financiar uma nova start-up de Janice. A partir daí ela abriu uma nova empresa — que deu certo —, a LUXr. Essa atitude pode inspirar muitos a sair do limbo, e cada empreendedor que falhou tem uma lição para ensinar. Além das lições de como se virar frente ao fracasso, ouvir como tudo deu errado para alguém pode ser encorajador. Veja o exemplo de Mark Levchin, que teve 4 start- ups falidas e ficou com o nome sujo antes de se tornar um dos fundadores do Pay- Pal. Quando você se depara com histórias como a dele e vê que dá para se recuperar (o Pay-Pal foi vendido por US$ 1,5 bilhão ao Ebay), há sempre mais esperança de que as coisas melhorem. Por mais paradoxal que pareça, a ideia de aprender com o fracasso tem sido bem-sucedida. A conferência dos fracassados está no nosso terceiro ano em San Francisco, temos uma edição programada para Paris e contatos para trazer a ideia ao Chile, Brasil e Cingapura. Cass Phillips é produtora-executiva da failcon, conferência em san francisco em que empreendedores falidos dividem suas experiências. Texto disponível em: http://gg.gg/cw98l. O Texto em Ação | UNIDADE 4 111 O objetivo da apresentação é entender que aprender com os nossos erros (e os dos outros, claro) pode ser muito mais interessante do que seguir fórmulas prontas, que muitas vezes são impossíveis de replicar. Veja alguns exemplos a seguir: 1. Prefira fundo branco nos seus slides (a menos que exista um excelente motivo para usar alguma cor), pois o branco vai iluminar melhor a sala e ajudar na leitura dos textos. Apresente seu trabalho, dê um título a ele e assuma a autoria. Os fracassados são os melhores professores Por (nome do apresentador) O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo. Winston Churchill COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca112 2. Uma boa maneira de começar é partir de uma vivência particular, de uma história sobre uma personalidade ou a partir de uma contextualização. Prefira textos curtos e priorize as imagens. 3. Defina seu tema e a forma como você irá abordar o assunto, permita a seu público entender o caminho que você irá percorrer. 4. Todo mundo gosta de ouvir histórias, capriche na narrativa e utilize os recursos visuais em momentos estratégicos. Nessa parte da apresentação o objetivo foi apresentar a história da terceira vez que o homem pisaria a Lua. A missão Apollo 13 partiu rumo ao espaço em 11 de abril de 1970 e, depois Segundo o dicionário, fracasso, refere-se ao estado ou condição de não atingir um objetivo desejado ou pretendido. Pode ser visto como o oposto de sucesso. - Huston, nós temos um problema. O Texto em Ação | UNIDADE 4 113 de 47 horas de uma viagem tranquila, uma pane comprometeu a missão. Felizmente, o fracasso em chegar até o satélite espacial foi transformado em sucesso, ao trazer os astronautas vivos à Terra. 5. Os exemplos de sucesso podem ser inspiradores mas, na maioria das vezes, replicar aquela experiência é impossível, já que há diversos fatores diferentes do que você tem na vida real. Para aprender algo útil, precisamos ter contato com fracassos retumbantes e escutar as pessoas que fizeram tudo errado. Ayrton Senna GP Brasil 1991 Cair para levantar! COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca114 6. Aqui usamos exemplos particulares de quem aprendeu com os erros, Cass Phillips, a autora do artigo, cita Mark Levchin, que teve 4 start-ups falidas e ficou com o nome sujo antes de se tornar um dos fundadores do Pay-Pal. Quando você se depara com histórias como a dele e vê que dá para se recuperar (o Pay-Pal foi vendido por US$ 1,5 bilhão ao Ebay), há sempre mais esperança de que as coisas melhorem. 7. Traga uma novidade para o seu público. Guarde uma carta na manga para quando estiver perto da conclusão. Aqui apresentamos a FailCon, uma conferência de fracassados que já teve edições em vários países e que, em breve, terá sua versão brasileira. Conferência dos Fracassados Eleito o melhor vídeo motivacional de 2015. O Texto em Ação | UNIDADE 4 115 8. Conclua em grande estilo! Guarde seu melhor para o final. Aqui, terminamos com um vídeo que entendemos que dialoga muito com o assunto abordado. 9. Deixe espaço para perguntas e apresente uma maneira de seu público entrar em contato. 10. Dica final: fuja das canetas laser, das animações (a menos que as considere importante para apresentar as suas ideias). Lembre-se: menos é mais! Os slides são um recurso e não devem carregar toda a responsabilidade da apresentação. Visualize o vídeo em http://gg.gg/cw9ab. VÍDEO Seu nome aqui Email ou telefone COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM | Ângela Kroetz dos Santos e Gilberto Fonseca116 Agora que você sabe elaborar uma apresentação, na Figura 4.6 mostramos pontos que você deve observar durante a apresentação oral: Figura 4.6 – Pontos a observar na comunicação oral. Fonte: Elaborado pelos autores. Ensaiar previamente a apresentação Considerar as características do público-alvo, como faixa etária, tipos de interesse, expectativas e conhecimentos prévios Usar linguagem formal, evitando hábitos da oralidade como: Né? Tipo assim, Ahnn... Atentar para a postura: evitar gestos execessivos, manter o tom de voz em ritmo bem articulado e não monótono, permanecer de frente para a plateia Para verificar um exemplo de apresentação de conferência, assista ao vídeo da romancista Chimamanda Adichie, no qual ela pontua os perigos de ouvirmos apenas uma história sobre outra pessoa ou país, não observando a sua diversidade. A apresentação foi realizada no TED conference, evento sem fins lucrativos destinado à disseminação "ideias que merecem ser disseminadas". Acesse no link: http://gg.gg/cw9b5. VÍDEO O Texto em Ação | UNIDADE 4 117 4.3 Dúvidas Gramaticais Recorrentes
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