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A IMPORTÂNCIA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL NO BRASIL

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A IMPORTÂNCIA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA 
ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL NO BRASIL1 
 
Iracir Maria Ferreira2 
 
Declaro que o trabalho apresentado é de minha autoria, não contendo plágios ou citações não 
referenciadas. Informo que, caso o trabalho seja reprovado duas vezes por conter plágio pagarei 
uma taxa no valor de R$ 250,00 para terceira correção. Caso o trabalho seja reprovado não 
poderei pedir dispensa, conforme Cláusula 2.6 do Contrato de Prestação de Serviços (referente 
aos cursos de pós-graduação latu senso, com exceção à Engenharia de Segurança do Trabalho. 
Em cursos de Complementação Pedagógica e Segunda Licenciatura a apresentação do Trabalho 
de Conclusão de Curso é obrigatória). 
 
RESUMO 
O presente trabalho aborda a importância das aulas de educação física em escolas de tempo integral no Brasil, 
enfatizando seus benefícios para o desenvolvimento dos alunos. Nessa pesquisa, são abordados (1) Panorama das 
escolas de tempo integral no Brasil; (2) A Educação Física à luz do movimento eugenista; (3) A disciplina de 
Educação Física nas escolas no Brasil. Essa disciplina desempenha um papel fundamental na promoção da saúde 
física, mental e social dos estudantes. As atividades proporcionaram oportunidades para o fortalecimento muscular, 
melhoria da coordenação motora e prevenção de doenças relacionadas ao sedentarismo. Adicionalmente, a prática 
regular de exercícios contribuiu para a redução do estresse, ansiedade e melhoria da concentração dos alunos, 
proporcionando um ambiente propício para a aprendizagem. As interações sociais durante as aulas de educação 
física promoveram o desenvolvimento de habilidades de trabalho em equipe, comunicação e respeito mútuo, 
preparando os alunos para uma participação ativa na sociedade. Ao reconhecer a interconexão entre saúde física, 
bem-estar mental e interação social, as escolas de tempo integral investiram na formação integral dos alunos, 
proporcionando-lhes as ferramentas necessárias para uma vida saudável e equilibrada. Em suma, as aulas de 
educação física desempenharam um papel crucial no desenvolvimento holístico dos alunos. 
Palavras-chave: Educação física, desenvolvimento integral, saúde, bem-estar, interação social. 
 
ABSTRACT 
The present study addresses the importance of physical education classes in full-time schools in Brazil, 
emphasizing their benefits for student development. This research covers (1) an overview of full-time schools in 
Brazil; (2) Physical Education in the light of the eugenic movement; (3) Physical Education discipline in Brazilian 
schools. This discipline plays a fundamental role in promoting the physical, mental, and social health of students. 
The activities provide opportunities for muscle strengthening, improvement of motor coordination, and prevention 
of sedentary-related diseases. Additionally, regular exercise practice has contributed to reducing stress, anxiety, 
and improving students' concentration, providing a conducive environment for learning. Social interactions during 
physical education classes have promoted the development of teamwork, communication, and mutual respect 
skills, preparing students for active participation in society. By recognizing the interconnectedness of physical 
health, mental well-being, and social interaction, full-time schools have invested in the holistic development of 
 
1 Artigo científico apresentado ao Grupo Educacional IBRA como requisito para a aprovação na disciplina de 
TCC. 
2 Discente do curso de Licenciatura em Educação Física pelo Grupo Educacional IBRA. E-mail: 
iracirmf@gmail.com 
 
 
students, providing them with the necessary tools for a healthy and balanced life. In summary, physical education 
classes have played a crucial role in the holistic development of students. 
Keywords: Physical education, holistic development, health, well-being, social interaction. 
3 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
No contexto educacional brasileiro, a implementação de escolas de tempo integral tem 
sido uma medida significativa para promover uma educação mais completa e abrangente. 
Dentro deste contexto, este artigo se propõe a discutir a importância das aulas de Educação 
Física nas escolas de tempo integral no Brasil. Nesse sentido, a presente pesquisa tem como 
objetivo explorar a importância das aulas de Educação Física no contexto da escola em tempo 
integral no Brasil, explorando os benefícios para o desenvolvimento físico, mental e social dos 
alunos, destacando a importância de uma abordagem holística no currículo educacional no 
contexto da escola em tempo integral. 
A escolha deste tema decorre do reconhecimento do papel multifacetado desempenhado 
pela Educação Física no desenvolvimento dos estudantes, papel crucial que desempenha no 
cultivo não apenas da saúde física, mas também do bem-estar mental e social entre os alunos. 
Embora exista uma ampla literatura sobre o tema da Educação Física, especialmente em relação 
aos resultados de saúde, há uma escassez de pesquisas especificamente focadas em seu papel 
em configurações de escolas em tempo integral. Ao examinar essa interseção, esta pesquisa 
visa contribuir para o amplo debate acerca da educação e saúde, considerando a necessidade de 
compreender melhor os impactos e benefícios das aulas de Educação Física em escolas de 
tempo integral, além de abordar o papel desempenhado por esta disciplina no contexto 
educacional brasileiro. 
Neste sentido, a partir do cenário exposto e as questões decorrentes do tema, de modo a 
compreender a contribuição da disciplina para a formação dos alunos, o problema central desta 
pesquisa reside na seguinte questão: qual é a importância das aulas de Educação Física na escola 
de tempo integral no Brasil e como essas aulas contribuem para o desenvolvimento integral dos 
alunos? 
O objetivo geral deste trabalho é compreender a importância das aulas de Educação 
Física nas escolas de tempo integral, dado o contexto brasileiro, visando identificar os principais 
benefícios físicos, cognitivos, emocionais e sociais das aulas de Educação Física, bem como 
investigar as possíveis barreiras ou desafios enfrentados na implementação efetiva desta 
disciplina. 
Em termos de metodologia, esta pesquisa adota uma abordagem qualitativa, recorrendo 
à literatura existente para fornecer estruturas teóricas e a captação dos elementos necessários 
para fomentar o debate. Foram utilizados autores como Darido (2003), Góis Júnior e Simões 
(2011), Simões e Tavares da Silva (2013), Oliveira e Daolio (2014), Fensterseifer e Gónzales 
4 
 
(2007), Taffarel (1999), Wilhelms e Sampaio (2014), Braga (2015), Cavaliere (2009, 2010, 
2014), Hildebrandet-Stramann e Taffarel (2017), Nobrega (2005) e Freire (1997). Por meio 
desta metodologia, a pesquisa visa fornecer uma compreensão matizada do assunto e oferecer 
recomendações acionáveis para a prática da disciplina, sendo ela dividida da seguinte forma: 
(1) Panorama das escolas de tempo integral no Brasil; (2) A Educação Física à luz do 
movimento eugenista; (3) A disciplina de Educação Física nas escolas no Brasil; e, por fim, (4) 
Conclusão. 
 
5 
 
2. PANORAMA DAS ESCOLAS DE TEMPO INTEGRAL NO BRASIL 
 
De acordo com a Lei nº 9394 (BRASIL, 1996, art. 1º, caput), a educação no Brasil “[...] 
abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, 
no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da 
sociedade civil e nas manifestações culturais”. Ainda conforme esta lei, a educação é um dever 
da família e do Estado, tendo como objetivo “[...] o pleno desenvolvimento do educando, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o mundo do trabalho” (BRASIL. 
Lei nº 9394, 1996, art. 2º). 
Segundo Hildebrandet-Stramann e Taffarel (2017, p. 111), a educação 
[...] é uma parte da socialização geral,isto é, aquele setor de interações conscientes e 
socialmente regulamentadas, nas quais o jovem, no seu processo de desenvolvimento, 
é qualificado a aprender maneiras culturais de uma sociedade e prosseguir no seu 
desenvolvimento e nesse processo de qualificação tornar-se uma pessoa independente 
e responsável. 
 
Nesse sentido, as escolas de tempo integral têm sido uma iniciativa importante para 
promover a qualidade da educação, oferecendo um ambiente propício para o aprendizado 
contínuo e o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e políticas dos alunos. Essas 
escolas oferecem uma jornada educacional mais ampla, que vai além do currículo tradicional, 
integrando atividades extracurriculares, apoio pedagógico e alimentação balanceada. 
 Conforme Cavaliere (2014), a atual implementação da escola pública em tempo integral 
é uma reação à demanda por aprimoramento do sistema educacional público e à busca por maior 
qualidade no ensino. Este debate ganhou relevância no Brasil no início do século XX, com 
figuras como Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Lourenço Filho emergindo como 
impulsionadores da extensão da jornada escolar e da reforma curricular, visando consolidar 
uma escola pública democrática (Cavaliere, 2010). 
Cavaliere (2009, p. 52) argumenta que 
 
Os modelos de organização para realizar a ampliação do tempo de escola que vem se 
configurando no país podem ser sintetizados em duas vertentes: uma que tende a 
investir em mudanças no interior das unidades escolares, de forma que possam 
oferecer condições compatíveis com a presença de alunos e professores em turno 
integral, e outra que tende a articular instituições e projetos da sociedade que ofereçam 
atividades aos alunos no turno alternativo às aulas, não necessariamente no espaço 
escolar, mas, preferencialmente, fora dele 
 
6 
 
Inicialmente, essas escolas eram voltadas principalmente para comunidades em situação 
de vulnerabilidade social, visando oferecer oportunidades educacionais mais amplas e garantir 
a permanência dos alunos na escola durante todo o dia. Com o passar do tempo, o conceito de 
escola de tempo integral foi se expandindo para além desse público, sendo adotado por diversas 
redes de ensino em todo o país. 
No entanto, o país enfrenta uma série de desafios na implementação e manutenção 
dessas escolas, incluindo questões relacionadas à infraestrutura inadequada, que muitas vezes 
não está preparada para receber os alunos em tempo integral. Além disso, o financiamento 
insuficiente é uma questão crítica, pois as escolas de tempo integral demandam recursos 
adicionais para cobrir os custos com alimentação, transporte, material didático e atividades 
extracurriculares. A formação e capacitação de professores também representam um desafio, 
uma vez que o modelo de ensino em período integral requer uma abordagem pedagógica 
diferenciada, voltada para o desenvolvimento dos alunos em campos que podem ultrapassar a 
sala de aula. 
Além dos desafios mencionados anteriormente, a falta de envolvimento e participação 
da comunidade também pode representar um obstáculo significativo para a implementação 
bem-sucedida das escolas de tempo integral. É fundamental que as famílias, os pais e os 
responsáveis estejam engajados no processo educacional de seus filhos, apoiando as atividades 
desenvolvidas nas escolas em período integral e colaborando com os professores e demais 
profissionais da educação. A falta de apoio e engajamento da comunidade pode comprometer 
a eficácia das iniciativas de educação em período integral e dificultar a construção de uma 
cultura escolar sólida e participativa. 
Apesar dos desafios enfrentados, as escolas de tempo integral têm o potencial de 
desempenhar um papel crucial na transformação do sistema educacional brasileiro. Com 
investimentos adequados em infraestrutura, financiamento e formação de professores, essas 
escolas podem oferecer uma educação de qualidade e promover o desenvolvimento dos 
estudantes por meio de projetos e atividades extracurriculares, visando a redução das 
desigualdades educacionais e a construção de uma prática educativa voltada para a formação 
humana. 
Para garantir o sucesso das escolas de tempo integral no Brasil, é essencial que haja um 
compromisso contínuo por parte dos governos em nível federal, estadual e municipal, bem 
como dos diferentes atores envolvidos no campo da educação. Isso inclui a alocação de recursos 
financeiros adequados para a expansão e manutenção das escolas em período integral, bem 
como a implementação de políticas públicas que promovam a equidade e a inclusão no sistema 
7 
 
educacional. Além disso, é necessário investir na formação e capacitação continuada de 
professores e gestores escolares, proporcionando-lhes as ferramentas e o suporte necessários 
para atender às demandas do ensino em período integral. 
 
8 
 
3. A EDUCAÇÃO FÍSICA À LUZ DO MOVIMENTO EUGENISTA 
 
A introdução da Educação Física no Brasil, segundo Góis Júnior e Simões (2011), 
ocorreu por volta do século XIX, trazendo consigo a perspectiva higienista e utilitária da 
Europa. A disciplina foi inicialmente oferecida como ginástica no país, em 1837, em uma escola 
no Rio de Janeiro, sob responsabilidade de um médico. Em 1851, por meio da reforma Couto 
Ferraz, tornou-se obrigatória a prática de ginástica em todas as escolas do município da Corte, 
de forma que, em 1855, estabeleceu-se a ginástica como disciplina no ensino primário e a dança 
no ensino secundário. 
Conforme Simões e Tavares da Silva (2013, p. 9), 
No início do século XX, o positivismo no Brasil influenciou na criação das primeiras 
escolas de Educação Física, tendo os militares como pioneiros na área. Em 1910 foi 
criado na cidade de São Paulo o primeiro curso de formação de professores em 
Educação Física, destinados aos oficiais da Força Pública do Estado e meio civil. O 
curso era ministrado por oficiais franceses e desta forma se dava início ao embrião da 
Escola de Educação Física do Exército. Assim, não houve dificuldades para a inserção 
do método francês. 
 
A presença da Educação Física nas escolas brasileiras tem uma longa história, 
influenciada por diferentes correntes pedagógicas e contextos sociopolíticos. No entanto, uma 
análise mais profunda revela que, em certos períodos, essa disciplina foi instrumentalizada para 
promover ideais eugênicos, em consonância com o movimento eugenista. 
O movimento eugenista, influente no final do século XIX e início do século XX, 
promovia a ideia de aprimoramento da raça humana por meio de práticas seletivas de 
reprodução e educação. Influenciado por ideias de darwinismo social e conceitos de "melhoria" 
genética da sociedade, o eugenismo reforçava que certos traços físicos e mentais eram 
hereditários e que a seleção cuidadosa dos parceiros e políticas de reprodução poderiam 
melhorar a qualidade da população. Essas ideias foram impulsionadas por figuras como Francis 
Galton, que cunhou o termo "eugenia" em 1883. O movimento defendia a melhoria da raça 
humana por meio da seleção genética e social, buscando promover características consideradas 
desejáveis. 
No contexto da Educação Física, essas ideias se refletiram em políticas e práticas que 
buscavam promover determinados padrões físicos e atléticos, muitas vezes em detrimento da 
diversidade e inclusão. De acordo com Oliveira e Daolio (2014), a disciplina foi reduzida à 
prática esportiva como uma forma de controle social. 
 
9 
 
No contexto brasileiro, a introdução da Educação Física – ligada a ideais eugênicos, 
especialmente no início do século XX – dava ênfase em atividades físicas e atléticas específicas, 
refletindo uma busca por corpos saudáveis e vigorosos, vistos como ideais eugênicos. O 
movimento eugenista encontrou terreno fértil em um país que buscava construir uma identidade 
nacional, muitas vezes associada à imagem de um povo forte e saudável.Como resultado, as 
políticas educacionais frequentemente enfatizavam a prática de atividades físicas e esportivas 
como meio de desenvolver um corpo robusto e apto para o serviço militar e o trabalho. 
Dentro desse contexto, muitas vezes, indivíduos que não se enquadravam nos padrões 
físicos estabelecidos eram excluídos ou marginalizados. Isso contribuiu para a perpetuação de 
estereótipos e preconceitos em relação a determinados grupos étnicos, sociais ou físicos. Essa 
ênfase na "fortificação" física frequentemente levava à exclusão de grupos considerados 
"inferiores" de acordo com os padrões eugênicos da época. Indivíduos com deficiências físicas 
ou mentais, pertencentes a minorias étnicas ou sociais marginalizadas, muitas vezes eram 
deixados de fora dos programas de Educação Física ou eram submetidos a regimes 
segregacionistas. 
Segundo Simões e Tavares da Silva (2013), a Educação Física escolar era vista como 
um meio de democratização do Estado Brasileiro durante a ditadura militar. Nesse período, 
surgiram novas perspectivas para o ensino da disciplina, a partir das tendências construtivistas 
e desenvolvimentistas. Essas tendências pedagógicas trazem consigo uma nova abordagem 
sobre como o conhecimento em Educação Física é abordado nas escolas, destacando um 
enfoque na cultura corporal (SIMÕES; TAVARES, 2013). 
Darido (2003, p. 1) apontou que 
 
Os objetivos e as propostas educacionais da Educação Física foram se modificando 
ao longo deste último século, e todas estas tendências, de algum modo, ainda hoje 
influenciam a formação do profissional e as práticas pedagógicas dos professores de 
Educação Física. 
 
Embora o movimento eugenista tenha perdido influência ao longo do tempo devido às 
suas conotações discriminatórias e opressivas, seu legado pode ser observado em práticas 
contemporâneas de exclusão e marginalização na Educação Física e no esporte como um todo. 
Seus efeitos podem ser observados até os dias de hoje e a ênfase na excelência atlética em 
detrimento da diversidade de habilidades e corpos ainda persiste em muitos contextos 
esportivos e educacionais. Além disso, os estereótipos e preconceitos enraizados na ideologia 
eugênica continuam a impactar as percepções sociais sobre saúde, aptidão e beleza. 
10 
 
A análise da relação entre a Educação Física nas escolas brasileiras e o movimento 
eugenista revela a importância de se reconhecer e problematizar as influências históricas e 
ideológicas por trás das práticas educacionais. Ao compreender o contexto no qual 
determinadas políticas e abordagens foram desenvolvidas, pode-se trabalhar para promover 
uma educação física mais inclusiva e diversificada, que valorize e respeite a singularidade de 
cada indivíduo. 
A partir do pensamento de Fensterseifer e Gónzalez (2007), é fundamental abandonar a 
concepção de Educação Física meramente baseada em prática, técnica, mecanicismo, 
esportivismo e reprodução. Em vez disso, é crucial adotar uma abordagem que a reconheça 
como uma disciplina educacional capaz de produzir conhecimentos teórico-práticos 
relacionados à cultura corporal de movimento. 
 
 
 
11 
 
4 A DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS NO BRASIL 
 
Ao examinar a manifestação das práticas da Educação Física na escola contemporânea, 
reavalia-se também a sua abordagem pedagógica, visando a uma nova instrumentalização de 
seu objeto de estudo. Segundo Taffarel (1999), o que antes era considerada uma disciplina 
normativa, agora assume o papel de uma prática educativa mais abrangente e humanizadora – 
que leve em conta os processos históricos, sociais, políticos, econômicos – contribuindo para a 
formação integral do ser humano: 
 
Uma prática pedagógica humanizadora sustenta-se na participação dos sujeitos 
envolvidos no ato de conhecer, reconhece as diferenças culturais, sociais, étnicas, de 
gênero e de pessoa, sem reafirma-las como causa de desigualdade ou exclusão. Revela 
o compromisso com o desempenho escolar dos/as estudantes, ao tempo em que leva 
em conta o desenvolvimento integral dos sujeitos e reconhece que o modelo societário 
em que vivemos as oportunidades não são iguais para todos/as, uma vez que as 
condições não são as mesmas (BRAGA, 2015, p.36). 
 
A Educação Física é uma disciplina fundamental no contexto educacional, contribuindo 
para o desenvolvimento dos alunos em diferentes aspectos, sendo reconhecida como um 
componente essencial da educação, fornecendo, dentre outros, benefícios físicos, cognitivos e 
sociais. A Educação Física desempenha um papel crucial no desenvolvimento motor, cognitivo 
e afetivo dos alunos, além de promover hábitos saudáveis, contribui para a formação de 
cidadãos ativos e conscientes. 
A Educação Física desempenha um papel multifacetado no contexto escolar, indo além 
do simples desenvolvimento físico dos alunos. Ela proporciona oportunidades para aprimorar 
habilidades motoras, promover a socialização, desenvolver valores como respeito, cooperação 
e liderança, além de contribuir para a melhoria da saúde e qualidade de vida. Os profissionais 
de Educação Física, conforme Nobrega (2005, p. 83-84), 
 
[...] têm muito a contribuir com a educação, socializando um novo conceito de 
corpo, a partir das diferentes expressões de movimento que, historicamente, fazem 
parte do seu acervo e outras, que possam vir a incorporar-se, considerando-se 
também que o movimento deve despertar no sujeito a percepção de si mesmo como 
ser corporal, em relação com os outros e com o mundo, e da sensibilidade como 
atribuidora de significado às ações humanas. 
 
Apesar da importância reconhecida, a Educação Física enfrenta desafios significativos 
em sua inserção nas escolas brasileiras. Questões como falta de estrutura adequada, ausência 
de profissionais qualificados e sobrecarga curricular são frequentemente citadas como 
obstáculos. Para superar os desafios, é necessário adotar estratégias que promovam uma prática 
12 
 
efetiva da Educação Física nas escolas. Isso inclui investimentos em infraestrutura, formação 
continuada de professores e integração da disciplina com outras áreas do conhecimento. 
Muitas escolas enfrentam dificuldades em oferecer instalações como quadras esportivas, 
campos de jogo e equipamentos adequados, limitando as possibilidades de desenvolvimento 
das atividades propostas. Conforme Wilhelms e Sampaio (2014, p.5), 
O atual contexto da realidade brasileira, no que diz respeito às escolas sem quadras 
ou área para a prática de esportes coletivos, ainda carece de cobertura. Cremos que, 
propiciar melhores condições de trabalho aos professores de Educação Física e seus 
alunos, significa valorizar a prática da disciplina e proporcionar uma prática educativa 
de melhor qualidade. 
 
Além disso, a formação e capacitação dos professores de Educação Física também 
emergem como um ponto crucial. É essencial que esses profissionais estejam preparados não 
apenas em termos de conhecimento técnico, mas também em habilidades pedagógicas e de 
gestão de aula. Investimentos em programas de formação continuada são fundamentais para 
garantir que os professores estejam atualizados com as melhores práticas e abordagens 
pedagógicas. 
Outro desafio relevante é a sobrecarga curricular enfrentada pelas escolas, que muitas 
vezes resulta na redução do tempo dedicado à Educação Física em detrimento de outras 
disciplinas consideradas prioritárias para avaliações padronizadas. Essa diminuição do tempo 
de aula pode comprometer a qualidade e eficácia do ensino da disciplina, limitando as 
oportunidades de aprendizado e vivência prática dos alunos. 
Nesse sentido, é importante promover uma abordagem interdisciplinar da Educação 
Física, integrando-a com outras áreas do conhecimento, como ciências, matemática e saúde. 
Isso não apenas enriquece o currículo escolar, mas também ajuda a contextualizar a importância 
da atividade física e seus benefíciospara a saúde e bem-estar geral. De acordo com Freire 
(1997), 
 
Em relação ao seu papel pedagógico, a Educação Física deve atuar como qualquer 
outra disciplina da escola, e não desintegrada dela. As habilidades motoras precisam 
ser desenvolvidas, sem dúvida, mas deve estar claro quais serão as consequências 
disso do ponto de vista cognitivo, social e afetivo. 
 
A saúde física deve ser um pilar central das aulas de Educação Física em escolas de 
tempo integral, de modo que as atividades planejadas e supervisionadas por profissionais 
especializados visem não apenas promover a aptidão física, mas também inculcar hábitos 
saudáveis desde cedo. Exercícios aeróbicos, jogos esportivos e práticas de resistência 
13 
 
contribuem para o fortalecimento muscular, melhoria da saúde cardiovascular e prevenção de 
problemas relacionados ao sedentarismo. Dessa forma, as aulas de Educação Física se tornam 
um investimento preventivo no bem-estar físico dos alunos, estabelecendo a base para um estilo 
de vida ativo e saudável. 
 O bem-estar mental está intrinsecamente ligado à prática regular de atividades físicas. 
As endorfinas liberadas durante o exercício não apenas proporcionam uma sensação de prazer, 
mas também desempenham um papel crucial na redução do estresse e da ansiedade. Além disso, 
a melhoria da concentração e da capacidade cognitiva observada em alunos engajados em 
atividades físicas regulares destaca a correlação entre a saúde mental e as aulas de educação 
física. Ao fornecer uma válvula de escape para as pressões acadêmicas e sociais, essas aulas se 
tornam um elemento fundamental na promoção do equilíbrio emocional e mental dos 
estudantes. A partir de Heldebrandet-Stramann e Taffarel (2017, p. 39), movimentar o corpo 
nas aulas de Educação Física pode proporcionar experiências em três áreas: 
 
Mediante a função instrumental e sensitiva é possível adquirir experiências com o 
material por meio do movimento. 
Por intermédio da função social é possível fazer experiências sociais por meio do 
contato com outras pessoas. 
Por meio da função simbólica é possível fazer experiências corporais mediante um 
confronto direto como seu próprio corpo pelo movimento. 
 
 Além disso, as interações sociais proporcionadas pelas aulas de educação física são 
cruciais para o desenvolvimento social dos alunos. Jogos em equipe, competições e atividades 
colaborativas criam um ambiente propício para o desenvolvimento de habilidades sociais 
essenciais. Aprendendo a trabalhar em equipe, respeitar as diferenças individuais e enfrentar 
desafios juntos, os estudantes não apenas desenvolvem laços sociais mais fortes, mas também 
adquirem competências interpessoais valiosas. Esse aspecto social das aulas de educação física 
contribui para a formação de cidadãos responsáveis e colaborativos, preparando-os para uma 
participação ativa na sociedade. 
O desenvolvimento holístico emerge da interconexão desses elementos – saúde física, 
bem-estar mental e interação social. Ao reconhecer que a educação não se limita apenas à 
transmissão de conhecimento acadêmico, as escolas de tempo integral abraçam a importância 
de nutrir todas as dimensões dos alunos. Essa abordagem integrada não apenas prepara os 
estudantes para os desafios acadêmicos, mas também os equipa com as ferramentas necessárias 
para enfrentar as complexidades da vida cotidiana de maneira equilibrada e resiliente. 
14 
 
Ao compreender em detalhes cada faceta do desenvolvimento proporcionado pelas aulas 
de Educação Física, percebe-se que elas vão além do mero exercício físico, pois podem 
contribuir para a formação de indivíduos saudáveis, mentalmente equilibrados e socialmente 
conscientes. 
Ao reconhecer a saúde física como um componente fundamental, as escolas investem 
não apenas na prevenção de doenças, mas também na promoção de estilos de vida saudáveis a 
longo prazo. O fortalecimento muscular, a melhoria da coordenação motora e a prevenção de 
problemas relacionados ao sedentarismo destacam-se como benefícios tangíveis, moldando 
uma geração mais ativa e consciente de sua saúde. 
O impacto positivo nas dimensões do bem-estar mental não pode ser subestimado. As 
aulas de educação física proporcionam não apenas uma pausa revigorante nas demandas 
acadêmicas, mas também um ambiente propício para a liberação de endorfinas, contribuindo 
para a redução do estresse, ansiedade e aprimoramento da concentração. Assim, o equilíbrio 
entre mente e corpo pode se manifestar como um resultado direto dessas práticas. 
A importância da interação social nas aulas de educação física transcende a esfera 
acadêmica, preparando os alunos para a sociedade. O trabalho em equipe, o respeito mútuo e o 
desenvolvimento de habilidades sociais são aspectos fundamentais que não apenas 
complementam a educação formal, mas também moldam cidadãos mais colaborativos e 
compreensivos. 
 
15 
 
5 CONCLUSÃO 
 
Ao fim desta exploração sobre a importância das aulas de Educação Física em escolas 
de tempo integral no Brasil, fica evidente que essas atividades desempenham um papel 
insubstituível no desenvolvimento global dos alunos. A interconexão entre saúde física, bem-
estar mental e interação social estabelece uma base sólida para a formação humana, preparando 
os estudantes para serem sujeitos ativos nas mais possíveis áreas de suas vidas. 
Ao reconhecer a influência do movimento eugenista na implementação de tal disciplina 
nas escolas brasileiras do século passado, pode-se entender melhor as origens de certas práticas 
e ideologias presentes na Educação Física contemporânea. É essencial questionar e desafiar 
esses legados históricos, promovendo uma abordagem mais inclusiva, que valorize a 
diversidade de corpos, habilidades e experiências. Somente assim será possível criar ambientes 
educacionais que respeitem e celebrem a singularidade de cada indivíduo, sem perpetuar noções 
obsoletas de superioridade e inferioridade baseadas em características físicas. 
Nesse contexto, as escolas de tempo integral no Brasil representam uma importante 
estratégia para promover a qualidade da educação e o desenvolvimento de seus alunos. No 
entanto, para que essas escolas alcancem todo o seu potencial, é necessário enfrentar os desafios 
existentes e investir recursos significativos em sua implementação e manutenção. Com o apoio 
adequado do governo, das comunidades e de outros atores relevantes, as escolas de tempo 
integral podem se fortalecer e cada vez mais e se tornarem uma realidade acessível para mais 
crianças e adolescentes brasileiros. 
A inserção da disciplina de Educação Física nas escolas no Brasil, incluindo o período 
integral, é essencial para garantir uma educação ampla e de qualidade. Superar os desafios 
enfrentados requer um compromisso coletivo e contínuo com a promoção da atividade física e 
do bem-estar dos alunos. Somente através de investimentos em infraestrutura, formação de 
professores e integração curricular será possível alcançar uma prática efetiva e significativa da 
Educação Física nas escolas brasileiras de tempo integral. 
Em suma, as aulas de Educação Física desempenham um papel crucial no 
desenvolvimento holístico dos alunos, fornecendo benefícios que vão além dos limites da sala 
de aula. Ao reconhecer e fortalecer esses aspectos, as escolas de tempo integral no Brasil não 
apenas educam, mas cultivam indivíduos saudáveis, mentalmente resilientes e socialmente 
conscientes. Este investimento na formação dos alunos reflete não apenas na qualidade de vida 
durante a fase escolar, mas também na preparação para os desafios e oportunidades que a vida 
apresenta após a conclusão da educação formal. 
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