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Tema 1046 do STF


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Tema 1046 do STF
Prevalência do negociado sobre o legislado
Direitos absolutamente indisponíveis e direitos disponíveis – Posicionamento TST
Direito do Trabalho II - Professor Otávio Pinto e Silva
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Direitos disponíveis - TST
Base de cálculo das horas extras e do adicional noturno – salário nominal sem a incidência de outros adicionais – Art. 468, CLT
TST-Ag-AIRR-423-36.2015.5.02.0039 – 5ª Turma – Min. Rel.: Douglas Alencar Rodrigues Publicação: 30/06/2023
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, em sessão realizada em 02/06/2022, apreciou o Tema 1.046 do ementário de repercussão geral e deu provimento ao recurso extraordinário (ARE 1121633) para fixar a seguinte tese: “São constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis”. 
Portanto, segundo o entendimento consagrado pelo STF no referido julgamento, alçada a autonomia negocial coletiva ao patamar constitucional (art. 7º, XXVI, da CF), as cláusulas dos acordos e convenções coletivas de trabalho, em que previsto o afastamento ou limitação de direitos, devem ser integralmente cumpridas e respeitadas, salvo quando, segundo a teoria da adequação setorial negociada, afrontem direitos revestidos com a nota da indisponibilidade absoluta. No caso dos autos, não se discute direito absolutamente indisponível do trabalhador. O elastecimento da base de cálculo das horas extras e do adicional noturno pode ser transacionado pelos atores coletivos pactuantes, na linha da mais recente jurisprudência do STF.
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Direitos disponíveis - TST
Parcelamento da PLR e elastecimento de jornada de trabalho
TST-Ag-AIRR - 60200-25.2007.5.02.0461 – 5ª Turma – Min. Rel.: Breno Medeiros - Publicação: 20/04/2023
O e. STF, no recente julgamento do Tema 1046 da Repercussão Geral, fixou a seguinte tese jurídica: “São constitucionais os acordos e as convenções coletivas que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis”. De acordo com a referida tese, é vá lida norma coletiva que limita ou restringe direito trabalhista, desde que não assegurados constitucionalmente, ou seja, as cláusulas normativas não podem ferir um patamar civilizatório mínimo. 
Desse modo, não se tratando a prorrogação de jornada e a participação nos lucros e resultados de direitos indisponíveis há de ser privilegiada a autonomia das partes, conforme previsto no art. 7º, XXVI, da Constituição Federal. Fixada no acórdão regional a premissa fática de autorização em norma coletiva do elastecimento da jornada em turnos ininterruptos de revezamento, assim como de parcelamento da parcela PLR, o processamento do recurso de revista encontra óbice na Súmula nº 333 desta Corte Superior.
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Direitos disponíveis - TST
Supressão de anuênios – Art. 468, CLT
TST-Ag-RRAg-160-70.2015.5.03.0105 – 4ª Turma – Min. Rel.: Alexandre Luiz Ramos - Publicação: 16/06/2023
Como consignado na decisão ora agravada, o recurso de revista do Reclamante foi conhecido, contudo desprovido, em obediência à tese jurídica fixada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Tema 1046 de sua Tabela de Repercussão Geral, no sentido de que "são constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis". 
Sendo que o caso discutido nos autos refere-se à supressão da parcela anuênio, matéria que não se enquadra na vedação à negociação coletiva. Nessa circunstância, os argumentos da parte Agravante acima transcritos não logram desconstituir a decisão agravada, razão pela qual nego provimento ao agravo.
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Direitos disponíveis - TST
Limitação do pagamento da prorrogação da jornada noturna
Sumula 60 do TST
Nº TST-Ag-RR-1471-82.2015.5.09.0088 – 5ª Turma – Min. Rel.: Douglas Alencar Rodrigues - Publicação: 14/04/2023
Embora não tenha definido o STF, no enunciado da Tese 1046, quais seriam os direitos absolutamente indisponíveis, é fato que eventuais restrições legais ao exercício da autonomia da vontade, no plano das relações privadas, encontra substrato no interesse público de proteção do núcleo essencial da dignidade humana (CF, art. 1º, III), de que são exemplos a vinculação empregatícia formal (CTPS), a inscrição junto à Previdência Social, o pagamento de salário mínimo, a proteção à maternidade, o respeito às normas de proteção à saúde e segurança do trabalho, entre outras disposições minimamente essenciais. 
Nesse exato sentido, a recente Lei 13.467/2017 definiu, com clareza, conferindo a necessária segurança jurídica a esses negócios coletivos, quais seriam os direitos transacionáveis (art. 611-A da CLT) e quais estariam blindados ao procedimento negocial coletivo (art. 611-B da CLT). 
Ao editar a Tese 1.046, a Suprema Corte examinou recurso extraordinário interposto em instante anterior ao advento da nova legislação, fixando, objetivamente, o veto à transação de “direitos absolutamente indisponíveis”, entre os quais não se inserem, obviamente, direitos de índole essencialmente patrimonial, inclusive suscetíveis de submissão ao procedimento arbitral (Lei 9.307/96), como na hipótese, em que se questiona o pagamento do adicional noturno quanto às horas prorrogadas. A previsão em norma coletiva acerca da limitação quanto ao pagamento do adicional noturno relativo às horas prorrogadas além das 5 horas é plenamente válida e deve ser respeitada, ainda mais quando foi convencionada a majoração para 25% do adicional noturno devido pelo labor prestado entre 22h e 5h.
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Direitos absolutamente indisponíveis - TST
Minutos residuais – atos preparatórios para o trabalho – Art. 4º, § 2º, VIII, CLT
TST-RRAg-11502-64.2016.5.03.0163 – 8ª Turma – Min. Rel.: Alexandre Agra Belmonte - Publicação: 03/11/2022
Concluiu, ainda, aquela e. Corte ser inaplicável a norma coletiva indicada pela reclamada, que suprime o direito às horas extras pelo tempo de permanência na empresa, antes e após a jornada de trabalho, usufruído para fins particulares do próprio trabalhador, por entender que os minutos deferidos são, na verdade, tempo à disposição do empregador. É certo que, em recente julgado, proferido nos autos do ARE 1121633, com repercussão geral reconhecida (Tema 1046), o Supremo Tribunal Federal [...] Ao assim decidir, a Suprema Corte buscou reforçar o compromisso constitucionalmente assumido de dar validade e reconhecimento às convenções e aos acordos coletivos de trabalho (art. 7º, XXVI, da CF/88). Entretanto, o que se observa da decisão regional é que o afastamento da norma coletiva se deu pelo fato de que os minutos residuais teriam sido utilizados em prol do empregador, tendo em vista que nesse período o reclamante realizava deslocamento interno e atos preparatórios para o trabalho, ou seja, não se trata de tempo despendido em prol dos interesses particulares do trabalhador, como consta na norma coletiva. Assim, não se trata de deixar de dar validade à norma coletiva avençada, mas de não a aplicar ante a ausência de identidade com as circunstâncias dos autos, inexistindo falar-se, portanto, em afronta ao art. 7º, XXVI, da CF/88. Por sua vez, para se alcançar entendimento diverso ao da Corte Regional, no sentido de que o tempo despendido pelo reclamante antes e após a jornada de trabalho, nas dependências da empresa, era utilizado tão somente com atividades de conveniência do trabalhador, para fins particulares, e não em função de preparação para o trabalho, a fim de atrair a aplicação da norma coletiva, seria necessário o revolvimentode fatos e provas, procedimento este vedado nessa esfera recursal, ante o óbice constante da Súmula 126/TST. Sendo inaplicável o convencionado no acordo coletivo, conclui-se que a decisão do Regional está em consonância com o entendimento desta Corte Superior.
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Direitos absolutamente indisponíveis - TST
Prorrogação da jornada de trabalho em ambiente insalubre - norma de saúde, higiene e segurança do trabalho – art. 7º, XXII, CF
TST-RR-281-20.2013.5.04.0662 – 7ª Turma – Min. Rel.: Evandro Valadão- Publicação: 02/06/2023
Em 3/5/2019, o Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal, analisando o Tema 1046 da Tabela de Repercussão Geral, que trata da “validade de norma coletiva de trabalho que limita ou restringe direito trabalhista não assegurado constitucionalmente”, reconheceu, por unanimidade, a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada e decidiu submeter a matéria a posterior julgamento no Plenário físico (leading case: ARE-1121633, Relator Ministro Gilmar Mendes, acórdão de repercussão geral publicado no DJe-108 de 23/5/2019). [...] Na hipótese vertente, discute-se exclusivamente a possibilidade ou não de a negociação coletiva estipular, sem autorização da autoridade competente, prorrogação e compensação jornada em atividade insalubre. A matéria, entretanto, está abarcada por direito absolutamente indisponível, havendo previsão constitucional e legal que vedam a ampliação da jornada de trabalho em atividade insalubre sem autorização da autoridade competente, nos termos do art. 7º, XXII, da Constituição da República, que assegura ao trabalhador a redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança, e do art. 60 da CLT, com a redação anterior à alteração promovida pela Lei nº 13.467/2017, que, sem nenhuma exceção, dispõe ser indispensável a autorização prévia da autoridade competente em matéria de higiene do trabalho para que haja acordo de prorrogação da jornada de trabalho em atividades insalubres.
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Divergência - TST
Prorrogação da jornada trabalho em atividade insalubre - norma de saúde, higiene e segurança do trabalho – art. 7º, XXII, CF
TST-Ag-RRAg - 20631-62.2019.5.04.0001 – 5ª Turma – Min. Rel.: Breno Medeiros - Publicação: 18/08/2023
Conforme mencionado na decisão agravada, verifica-se que o recurso de revista versa sobre a validade de norma coletiva, matéria afetada pela tese firmada pelo Supremo Tribunal Federal no Tema nº 1.046 da Tabela de Repercussão Geral, cuja aplicação aos casos concretos ainda não foi suficientemente enfrentada por esta Corte, razão pela qual reconheço a transcendência jurídica da controvérsia. O e. TRT, em que pese a autorização da compensação de horário por meio de norma coletiva, reconheceu a invalidade do regime compensatório adotado, sob o fundamento de que “sendo insalubres as atividades desempenhadas pela parte autora, não há como validar a jornada compensatória praticada”. Ocorre que o e. STF, no recente julgamento do Tema 1046 da Repercussão Geral, fixou a seguinte tese jurídica: “São constitucionais os acordos e as convenções coletivas que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis”. De acordo com a referida tese, é válida norma coletiva que limita ou restringe direito trabalhista, desde que não assegurados constitucionalmente, ou seja, as cláusulas normativas não podem ferir um patamar civilizatório mínimo. Desse modo, havendo expressa previsão constitucional acerca da faculdade de compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho (art. 7º, XIII, da Constituição Federal), há de ser privilegiada a autonomia das partes, reconhecendo a validade do acordo coletivo. Ressalta-se, também, que houve inclusão do art. 611-A, XIII, à CLT pela Lei nº 13.467/2017, que estabeleceu que terá prevalência sobre a lei a norma coletiva que dispuser sobre a prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho, sendo certo que não há discussão quanto à constitucionalidade do referido dispositivo.
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Direitos absolutamente indisponíveis - TST
Adicional de insalubridade – redução do percentual para atividade insalubre em grau máximo – art. 7º, XXII, CF e Art. 611-B, XVII, CLT
EDCiv-RR-492-77.2018.5.12.0009 – 6ª Turma – Min. Rel.: Augusto César Leite de Carvalho - Publicação: 14/08/2023
 A reclamada defende a validade da norma coletiva que fixa o percentual do adicional de insalubridade em 20%, estando configurado o grau máximo, nos termos da Súmula 448, II, do TST. Pleiteia a aplicação do o entendimento do STF no julgamento do Tema 1046. Contudo, tratando-se de norma de saúde, higiene e segurança do trabalho, incide a exceção prevista no Tema 1046 da Tabela de Repercussão Geral do STF, por tratar-se de direito absolutamente indisponível. Embargos declaratórios parcialmente providos, apenas para prestar esclarecimentos.
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Divergência - TST
Adicional de insalubridade – redução do percentual para atividade insalubre em grau máximo – art. 7º, XXII, CF e Art. 611-B, XVII, CLT
Ag-RR-60-33.2021.5.12.0048, - 5ª Turma – Min. Rel.: Breno Medeiros -Publicação: 14/08/2023
Na hipótese, o e. TRT condenou a reclamada ao pagamento do adicional de insalubridade de 40%, inobstante a existência de norma coletiva estabelecendo, a tal título, o percentual de 20%, sob o fundamento de que a previsão normativa não exclui o direito disposto no art. 192 da CLT para os trabalhadores sujeitos à insalubridade em grau máximo. De fato, no tocante à atividade de limpeza de instalações sanitárias de uso coletivo de grande circulação, caso dos autos, a jurisprudência desta Corte consubstanciada na Súmula nº 448, II, do TST [...}. Ocorre que o e. STF, no recente julgamento do Tema 1046 da Repercussão Geral, fixou a tese jurídica de que é válida norma coletiva que limita ou restringe direito trabalhista, desde que não assegurados constitucionalmente, ou seja, as cláusulas normativas não podem ferir um patamar civilizatório mínimo. No caso do adicional de insalubridade, cumpre destacar que houve inclusão do art. 611- A, XII, à CLT pela Lei nº 13.467/2017, que estabeleceu que terá prevalência sobre a lei a norma coletiva que dispuser sobre enquadramento do grau de insalubridade. Deve ser ressaltado, ainda, que o acórdão relativo ao julgamento do Tema 1046, publicado em 28/4/2023, foi enfático ao estabelecer a possibilidade de a norma coletiva dispor sobre remuneração, inclusive quanto a adicionais . Desse modo, não se tratando o enquadramento do grau de insalubridade de direito indisponível, há de ser privilegiada a norma coletiva que, no caso dos autos, fixou o adicional no importe de 20%, conforme previsto no art. 7º, XXVI, da Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e provido.
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Direitos absolutamente indisponíveis - TST
Intervalo intrajornada - Art. 611-B, XVII, CLT
TST-RR-81000-33.2009.5.05.0134 - 6ª Turma, Min. Rel. Augusto Cesar Leite de Carvalho – Publicação: 14/08/2023
 É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da Constituição), infenso à negociação coletiva. Conforme esclareceu o STF ao julgar o Tema 1046 da sistemática de repercussão geral, a OJ 342 da SDI-1 do TST, vigente ao tempo o acórdão recorrido, hoje item II da Súmula 437 do TST, anunciam temas de indisponibilidade absoluta, insuscetíveis de flexibilização por convenção ou acordo coletivo de trabalho. Recurso de revista não conhecido.
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Divergência- TST
Intervalo intrajornada - Art. 611-B, XVII, CLT
TST-Ag-RR-20351-76.2018.5.04.0761, - 5ª Turma – Min. Rel.: Douglas Alencar Rodrigues- Publicação: 14/08/2023
Com efeito, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, em sessão realizada em 02/06/2022, apreciou o Tema 1.046 do ementário de repercussão geral e deu provimento ao recurso extraordinário (ARE 1121633) para fixar a seguinte tese: "São constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis". [...]
Nesse exato sentido, a recente Lei 13.467/2017 conferindo a necessária segurança jurídica a esses negócios coletivos, definiu, com clareza, quais seriam os direitos transacionáveis (art. 611-A da CLT) e quais estariam blindados ao procedimento negocial coletivo (art. 611-B da CLT). Ao editar a Tese 1.046, a Suprema Corte examinou recurso extraordinário interposto em instante anterior ao advento da nova legislação, fixando, objetivamente, o veto à transação de "direitos absolutamente indisponíveis", entre os quais não se inserem, por óbvio, direitos de índole essencialmente patrimonial, suscetíveis de submissão ao procedimento arbitral (Lei 9.307/96), como na hipótese, em que se discute a redução do intervalo intrajornada. Não se tratando, portanto, de direito indisponível, deve ser privilegiada a autonomia negocial coletiva (art. 7º, XXVI, da CF), não havendo como divisar contrariedade à Súmula 437, II e IV, do TST, tampouco violação dos dispositivos de lei e da Constituição Federal indicados. Nesse contexto, não afastados os fundamentos da decisão agravada, nenhum reparo enseja a decisão.
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