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Transporte de O2 e CO2 pelo sangue e líquidos teciduais Introduçã�; O O2 é transportado para os capilares dos tecidos, quase totalmente e combinação com as hemoglobina das hemácias; Composição da hemoglobina: é uma proteína de estrutura quaternária, formada por duas cadeias 𝛽 (beta) e duas cadeias Ⲁ (alfa). Além disso, existe um grupamento chamado heme, no qual o átomo de ferro está inserido. Esse ferro que faz parte da molécula de hemoglobina é o Fe+2. Imagem: fórmula estrutural do grupamento heme. A presença de hemoglobina em suas hemácias permite que o sangue transporte de 30 a 100 vezes mais O2, caso não tivesse essa estrutura, ou seja, por causa da molécula de hemoglobina que o sangue tem uma enorme capacidade de transportar grandes volumes O2. QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII O CO2, assim como o O2, também se combina com a Hb das hemácias e é transportado até os alvéolos., porém, em menor proporção, pois, como veremos adiante, o CO2 é transportado, em sua maior parte, em forma de bicarbonato. Definiçõe�; Oxihemoglobina: hemoglobina oxigenada; Desoxihemoglobina: hemoglobina não oxigenada. Obs: as veias pulmonares trazem sangue arterial dos pulmões para o coração e depois para o corpo e distribuído para os tecidos. A artéria pulmonar envia sangue venoso para os pulmões. O sangue chega nos alvéolos com as concentrações gasosas da artéria pulmonar (sangue desoxigenado) e sai com as concentrações da veia pulmonar (sangue oxigenado). O que determina o deslocamento de um gás de um meio para o outro é a variação de pressão parcial. Dessa forma, um gás sempre vai se deslocar de um lugar com maior pressão parcial para outro com menor pressão parcial. Na imagem, percebe-se o alvéolo e o capilar, que é a região em que se ocorre a hematose, isto é, a troca entre os gases de O2 e de CO2. A extremidade da artéria pulmonar traz o sangue desoxigenado, rico em desoxihemoglobina, do ventrículo direito (VD). A extremidade da veia pulmonar leva o sangue oxigenado dos pulmões, rico em oxihemoglobina, até o átrio esquerdo (AE). Análise das pressões parciais da imagem: 1 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII Di�sã� d� �igêni� d� alvéol� par� � sangu� capilar pulmonar; Trata-se da troca gasosa que ocorre no interior dos alvéolos pulmonares. Depois da troca de gases o sangue venoso (desoxigenado) passará a ser sangue arterial (oxigenado) e o oxigênio poderá ser enviado para as células. Animação: https://www.youtube.com/watch?v=a1xxdSzbIgE ❏ PCO2; A PCO2 dentro do alvéolo é de 40 mmHg. Todavia, na extremidade da artéria pulmonar a PCO2 é de 45 mmHg, ou seja, há uma diferença de pressão. Assim, seguindo o fato de que o gás se desloca sempre de uma região com maior pressão para uma região com menor pressão, o CO2 vai sair da artéria pulmonar e ir para o alvéolo (capilar, no extremo da artéria pulmonar→alvéolo). ❏ PO2; A PO2 dentro do alvéolo é de 104 mmHg. Entretanto, na extremidade da artéria pulmonar, a PO2 é de 40 mmHg, ou seja, há uma diferença de pressão. Tendo variação na pressão dos gases, há difusão gasosa. Nesse caso, como a pressão alveolar é bem maior que a pressão da artéria pulmonar, o gás se desloca na direção alvéolo→capilar (na extremidade da artéria pulmonar). Após esse processo, ocorre a oxigenação do sangue pelos alvéolos, o qual vai, por meio da veia pulmonar, até o coração (VE). 2 https://www.youtube.com/watch?v=a1xxdSzbIgE QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII Imagem: Captação de oxigênio pelo sangue capilar pulmonar. A parte superior dessa figura mostra alvéolo pulmonar adjacente ao capilar pulmonar, demonstrando a difusão de moléculas de oxigênio entre o ar alveolar e o sangue pulmonar. A PO2 do oxigênio gasoso no alvéolo é em média, de 104 mmHg, enquanto a PO2 do sangue venoso que entra nos capilares pulmonares, em sua porção arterial, é em torno de apenas 40 mmHg, porque grande quantidade de oxigênio foi removida desse sangue enquanto ele passava através dos tecidos periféricos. Portanto, a diferença de pressão inicial que faz com que o oxigênio se difunda para os capilares pulmonares é 104 - 40, ou 64 mmHg. No gráfico, na parte inferior da figura, a curva mostra o rápido aumento da PO2 sanguínea, enquanto o sangue passa pelos capilares. A PO2 do sangue aumenta até o nível da PO2 do ar alveolar, passando a ser quase 104 mmHg e isso acontece quando o sangue já percorreu cerca de ⅓ do seu percurso pelos capilares. Captaçã� d� �igêni� pel� sangu� pulmonar durant� � �ercíci�; Mesmo no exercício físico, o sangue consegue ficar bem oxigenado. No momento do exercício físico, o fluxo sanguíneo aumenta, ou seja, a velocidade com que o sangue passa pelos vasos sanguíneos aumenta. Durante o exercício intenso, o corpo da pessoa pode precisar de até 20 vezes mais da quantidade normal de oxigênio. Nesse contexto, à medida que o fluxo sanguíneo aumenta, ocorre uma vasodilatação, aumentando, assim, o diâmetro e a área do vaso e isso permite que haja um aumento na difusão gasosa do alvéolo para o capilar em relação ao O2 e permite que o CO2 seja liberado para o alvéolo. 3 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII ➢ A concentração de oxigênio nos alvéolos e, também, sua pressão parcial são controladas por 2 mecanismos; ❏ Pela intensidade de absorção de O2 pelo sangue; Quanto mais sangue passa pelo alvéolo, mais intensa vai ser a difusão do O2 para o capilar sanguíneo. Por que quando estamos fazendo exercícios físicos o coração bombeia mais sangue? R: Não é apenas pelo motivo de ter que mandar mais sangue para os tecidos (↑ perfusão), mas, também, pelo fato de o VE ter que mandar mais sangue para o pulmão, para realizar uma maior hematose (troca gasosa), ou seja, aumenta, também, a ventilação. Por esse motivo, durante o exercício físico, nós respiramos mais forte, pois estamos hiperventilando. ↑ Perfusão e ↑ Ventilação. Perfusão: é o mecanismo que bombeia sangue nos pulmões. O sangue oxigenado circula por meio das veias pulmonares, indo dos pulmões ao lado esquerdo do coração, que fará o bombeamento para o resto do corpo. ❏ Pela intensidade de entrada de novo O2 nos pulmões pelo processo ventilatório. A perfusão e a ventilação controlam a concentração de O2 no alvéolo. Quanto mais há ventilação, mais O2 é retirado o alvéolo. Quanto mais há perfusão no tecido pulmonar, mais O2 é retirado do alvéolo. Recordar: PO2 alveolar = 104 mmHg. 4 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII Explicação: a pressão parcial de oxigênio no ar atmosférico (ver tabela) é de 159 mmHg. A pressão parcial de oxigênio no ar inspirado (umidificado) é de 149,3 mmHg. Se começarmos a hiperventilar e, consequentemente, colocar muito O2 na nossa via respiratória, essa PO2 vai subir na via respiratória, ou seja, a pressão do O2 que está chegando no alvéolo vai aumentar muito. Todavia, o ar atmosférico não vai diminuir, ou seja, não é pelo fato de ter ocorrido a hiperventilação que o ar da atmosfera vai "diminuir" pois há MUITO oxigênio na atmosfera. Dessa forma, o ar atmosférico vai permanecer com a pressão parcial do O2 normal, ou seja, de 159 mmHg. No momento em que o pulmão chega próximo ao valor de 159 mmHg (PO2 ar atm), estourando 150 mmHg (círculo rosa), o ar da atmosfera não consegue mais entrar, pois o O2 atmosférico já não tem tanta força para passar, justamente pelo fato de as duas pressões (PO2 ar atm e PO2 ar alveolar) estarem muito próximas. Assim, há um limite para esse O2 que entra, por causa da diferença de pressão. Resumindo: quanto mais ventilamos o pulmão, maior será a concentração de O2 no pulmão, logo, maior será a pressão parcial de O2. Entretanto, essa pressão não é infinita, ou seja, não dá para ficar “subindo” ela a níveis maiores que 159 mmHg, pois na atmosfera há o valor de 159 mmHg, o qual não dá para ser ultrapassado. Relembrand�: pequen� circulaçã�; É a bomba para a circulação pulmonar. O pulmão recebe, pelo AE, todo o sangue desoxigenado, o qual é vermelho escuro e que retorna da circulação sistêmica. Ele retorna com uma PO2 de 40 mmHg e com uma PCO2de 45 mmHg. O sangue ejetado do VD flui para o tronco pulmonar, que se divide em artérias pulmonares que levam o sangue para os pulmões direito e esquerdo. Nos capilares pulmonares, o sangue descarrega o CO2, que é expirado, e capta o O2 do ar inalado. O sangue recentemente oxigenado então flui para as veias pulmonares e retorna ao AE, reiniciando o trajeto. 5 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII Transport� d� �igêni� n� sangu� arteria�; Cerca de 98% do sangue que entra no AE, vindo pelas veias pulmonares proveniente dos pulmões, acabou de passar pelos capilares alveolares e foi oxigenado até PO2 em torno de 104 mmHg. Outros 2% do sangue vêm da aorta, proveniente da circulação brônquica que supre basicamente os tecidos profundos dos pulmões e não é exposta ao ar pulmonar. Esse sangue é conhecido como sangue de derivação. CIRCULAÇÃO BRÔNQUICA TEM A VER COM OS ESPAÇOS MORTOS? As veias da circulação brônquica drenam para as veias pulmonares. Esses 2% de sangue vêm desoxigenado para a veia pulmonar que chega no AE, ou seja, é um sangue que não passou pelos capilares pulmonares para receber o O2. Dessa maneira, há uma mistura de sangue venoso e arterial no sangue total que chega no AE. O sangue não chega totalmente oxigenado. Essa mistura é conhecida como mistura venosa. Essa mistura implica na redução da PO2 dentro da veia pulmonar. Nesta veia, a PO2 é de 104 mmHg, pois tem a mesma PO2 dos alvéolos pulmonares, porém, quando ocorre essa mistura com o sangue venoso, na qual a concentração de O2 é reduzida, há, também, uma redução da PO2 que chega no coração. PO2 do sangue antes e depois da mistura venosa: ➢ Antes da mistura: PO2 = 104 mmHg; ➢ Depois da mistura: PO2 = 95 mmHg. 6 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII Imagem: mudanças da Po2 do sangue capilar pulmonar, do sangue arterial sistêmico e do sangue capilar sistêmico, demonstrando o efeito da "mistura venosa”. Descrição: o sangue venoso sistêmico é o que está chegando no coração com uma PO2 de 40 mmHg (ver circulação sistêmica). Quando esse sangue vai para o pulmão e passa pelos capilares, há o aumento do O2 e, consequentemente, de sua pressão parcial, a qual sobe para 104 mmHg. Após isso, no gráfico, há uma leve queda da PO2, a qual se mantém constante, em 95 mmHg, até ir para a circulação sistêmica, ou seja, até passar pelos capilares sistêmicos, onde vai abaixar para 40 mmHg, pois o O2 será consumido. O momento constante, em 95 mmHg, é a mistura dos 2% de sangue proveniente da circulação brônquica com os 98% proveniente dos pulmões, isto é, a mistura venosa. Di�sã� d� O2 d� capilare� pulmonare� par� � líquid� tecidua�; Imagem: difusão do oxigênio do capilar tecidual para as células. (PO2 no líquido intersticial=40 mmHg e nas células dos tecidos PO2= 23 mmHg). Descrição: há as células, o líquido intersticial (espaço branco entre as células) e os capilares. Terminal arterial do capilar (traz o sangue oxigenado): PO2 chega com 95 mmHg; Terminal venoso do capilar (leva o sangue desoxigenado): PO2 sai com 40 mmHg; Líquido intersticial: a PO2 é de 40 mmHg; Interior da célula: PO2 é de 23 mmHg. 7 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII Na chegada do sangue no terminal arterial a PO2 é de 95 mmHg. Como já visto, o O2 sempre vai sair da região com maior concentração gasosa e vai para a que possui menor concentração gasosa. Sendo a pressão no espaço intersticial (líquido que banha as células dos tecidos) de 40 mmHg, o O2 flui do terminal arterial do capilar para o líquido intersticial, por causa da enorme diferença de pressão (55 mmHg). Essa enorme diferença da pressão inicial faz com que o oxigênio se difunda rapidamente do sangue capilar para os tecidos e esse processo é tão rápido que a PO2 capilar diminui, quase se igualando à pressão de 40 mmHg, no interstício. Portanto, a PO2 do sangue que deixa os capilares dos tecidos e entra nas veias sistêmicas é também de aproximadamente, 40 mmHg. ➢ Efeito da Intensidade do fluxo sanguíneo sobre a PO2 do líquido intersticial; Imagem: efeito do fluxo sanguíneo e intensidade do consumo de oxigênio na PO2 tecidual. Existem 2 fatores que irão influenciar a PO2. 1. Fluxo sanguíneo; Se o fluxo de sangue por determinado tecido aumentar, maior quantidade de oxigênio é transportada para os tecidos, e a PO2 tecidual fica proporcionalmente maior. Se o fluxo diminuir, a PO2 também diminuirá. Observe que o aumento do fluxo para 400% acima do normal (ponto B) aumenta a PO2 de 40 mmHg (no ponto A na figura) para 66 mmHg (no ponto B). Entretanto, existe um limite superior, o qual determina até que ponto a PO2 pode atingir mesmo com fluxo sanguíneo máximo, que é de 95 mmHg, porque essa é a PO2 no sangue arterial. 8 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII Por outro lado, se o fluxo de sangue pelo tecido diminuir, a PO2 tecidual também diminui, como mostrado pelo ponto C. 2. Metabolismo tecidual. Se as células usarem mais oxigênio para seu metabolismo (produção de energia) do que o normal, ocorrerá redução da PO2 do líquido intersticial, que é de onde as células pegam O2. ↓ concentração de gás ↓ pressão parcial do gás. No gráfico também mostra esse efeito com a PO2 do líquido intersticial reduzida, quando o consumo de oxigênio celular aumenta, e com a PO2 elevada, quando o consumo diminui. Linhas pontilhadas. Em suma, a PO2 tecidual é determinada pelo balanço entre: (1) a intensidade do transporte de oxigênio para os tecidos no sangue; (2) a intensidade da utilização do oxigênio pelos tecidos. Di�sã� d� CO2 da� célula� par� � capilare� � d� capilare� par� � alvéol�; Imagem: captação de CO2 pelo sangue nos capilares teciduais. (PCO2 nas células teciduais = 46 mmHg e no líquido intersticial = 45 mmHg). O O2 é usado pelas células para a produção de energia. Então essa célula vai produzindo como metabólitos (seria o resíduo que sobra depois que ela aproveita a parte útil do alimento, no caso, o O2) o CO2, o qual vai precisar ser eliminado. Assim, o CO2 que é produzido no interior da célula é lançado para o espaço intersticial e deste para o capilar. Esse CO2 vai ser levado, pelas veias até os pulmões, região em que se difunde dos capilares pulmonares (PCO2 de 45 mmHg) para os alvéolos (PCO2 de 40 mmHg), onde vai ser expirado (expelido) e se difunde em direção oposta à do O2. ❏ No capilar arterial chega uma PCO2 de 40 mmHg (pressão de CO2 baixa pois o sangue, nessa região, é rico em O2); ❏ No interior da célula a PCO2 é de 46 mmHg; ❏ No espaço intersticial (capilar) a PCO2 é de 45 mmHg; ❏ No capilar venoso sai uma PCO2 de 45 mmHg. 9 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII O CO2 sempre vai sair da região de maior pressão para a de menor pressão. Assim, o CO2 que é produzido no interior da célula vai para o espaço intersticial (capilar) e sai pelo capilar venoso (PCO2 45 mmHg). A PCO2 no alvéolo vai ser de 40 mmHg. Difusão oposta: o CO2 sai do capilar e vai para o alvéolo, enquanto o O2 sai do alvéolo e vai para o capilar. Apesar dessa difusão, existe grande diferença entre a difusão de CO2 e a difusão do O2. Isso ocorre, pois o CO2 consegue se difundir cerca de 20 vezes mais rápido que o O2. Esse fato se deve aos fatores que afetam a intensidade de difusão gasosa em líquido. ❏ A diferença de pressão ;△𝑃 Quanto mais a pressão, maior vai ser a intensidade de difusão e vice-versa. Por exemplo: suponha que o PO2 alveolar tenha 10 mmHg (o valor é muito maior, esse é só um exemplo) e a PO2 sanguínea (no capilar) seja de 1 mmHg. A variação, então, é de 9 mmHg e esta será a intensidade da difusão do alvéolo para o capilar. A passagem desse O2 terá uma força de 9 mmHg. Dessa forma, se aumentarmos essa diferença, a difusão será muito maior, ou seja, mais forte. ❏ A solubilidade do gás no líquido ;𝑆 Quanto mais solúvel for um gás, maior vai ser a sua difusão. Nesse caso, o CO2 tem essa maior difusão, se comparado ao O2, pois existem “capas” da membrana respiratória, a existência de líquidos: capa líquido intersticial, capa de líquido surfactante, capa de água (embaixo da capa de líquidosurfactante). Todas estas capas, se estão recebendo gás muito solúvel, proporcionam uma passagem mais rápida dele, pois é solúvel. Se o gás for pouco solúvel, ele não vai passar com tanta intensidade. Assim, sendo o CO2 mais solúvel nessas capas, ele passa com maior facilidade e mais rápido,cerca de 20x, comparado ao O2, o qual é menos solúvel, por exemplo. Portanto, as diferenças de pressão necessárias para causar a difusão do CO2 são, em cada instância, bem menores que as diferenças de pressão necessárias para causar a difusão de O2. As pressões do CO2 são aproximadamente as seguintes: 1. PCO2 intracelular, 46 mmHg; PCO2 intersticial, 45 mmHg. Assim, existe de apenas 1Δ𝑃 mmHg; 2. PCO2 do capilar arterial (sangue arterial, rico em O2) que entra nos tecidos, 40 mmHg; PCO2 do capilar venoso (sangue venoso, pobre em O2) que deixa os tecidos, 45 mmHg. Assim, o sangue dos capilares dos tecidos entra quase em equilíbrio com a PCO2 de 45 mmHg. 10 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII 3. PCO2 do sangue que entra nos capilares pulmonares, pelo terminal arterial, 45 mmHg; PCO2 do ar alveolar, 40 mmHg. Assim, a diferença de pressão de apenas 5 mmHg faz com que todo o necessário dióxido de carbono se difunda para fora dos capilares pulmonares, para os alvéolos. Ademais, A PCO2 do sangue capilar pulmonar diminui, quase se igualando à PCO2 alveolar de 40 mmHg antes de ter percorrido mais de cerca de um terço do percurso pelos capilares. Esse é o mesmo efeito observado antes, em relação à difusão de oxigênio, exceto pelo fato de ocorrer na direção oposta. ➢ Efeito da intensidade do metabolismo tecidual e do fluxo sanguíneo tecidual na PCO2 intersticial. O fluxo sanguíneo pelos capilares dos tecidos e o metabolismo do tecido afetam a PCO2 de modo exatamente oposto a seu efeito na PCO2 nos tecidos. 1. A redução do fluxo sanguíneo aumenta a PCO2 do tecido; Se o sangue não está conseguindo retirar a quantidade de CO2 suficiente de uma região (de um tecido) é pelo motivo de o fluxo estar reduzido naquela região. Então, se é a corrente sanguínea que tem a função de transportar (retirar) o CO2 do tecido em que está sendo produzido e se há um fluxo reduzido, pouco CO2 está sendo retirado, pois para que o CO2 seja retirado, faz-se necessário um fluxo sanguíneo maior. Assim, a PCO2 vai aumentar pelo acúmulo de CO2 naquele tecido (região). 2. O aumento do fluxo sanguíneo diminui a PCO2 do interstício; Se aumentar o fluxo, mais CO2 vai ser retirado do tecido e menor vai ser a PCO2 nesse tecido. 3. O aumento da intensidade metabólica do tecido eleva bastante a PCO2 do líquido intersticial em todas as intensidades do fluxo sanguíneo. 11 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII Em todas, pois nessa questão da PCO2 o metabolismo tem uma influência maior do que o fluxo. Isso ocorre pelo fato de que se a célula está aumentando seu metabolismo, ou seja, aumentando sua produção de energia, mais metabólitos (nesse caso, o CO2) ela vai formar. Pape� d� hemoglobin� n� transport� d� O2; 97% do O2 é transportado pelas hemácias, aderido à molécula de hemoglobina contida em seu interior. Por ser pouco solúvel em solução aquosa, praticamente todo o O2 transportado pelo sangue total está ligado à Hb. Cada Hb pode transportar quatro moléculas de O2, uma para cada um de seus quatro grupos heme. Os outros 3% são transportados dissolvidos na água do plasma e em outras células sanguíneas. A ligação do oxigênio com a hemoglobina é frouxa e reversível, para que haja a facilidade na hora do desprendimento do oxigênio com a hemoglobina. Quando a PO2 é alta, como nos capilares pulmonares, o oxigênio se liga à hemoglobina, mas quando a PO2 é baixa, como nos capilares teciduais, o oxigênio é liberado da hemoglobina. Essa é a base de quase todo transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos. Como dito, 97% do O2 é transportado pelas hemácias. Esse percentual, de 97%, é chamado de percentual de saturação da hemoglobina, o qual corresponde ao percentual do número de moléculas de O2 ligadas à hemoglobina. 12 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII O % de saturação de hemoglobina = % do número de moléculas de O2 ligadas à hemoglobina. ➢ Observação: à medida que a PO2 diminui, a saturação também diminui, ou seja, são grandezas diretamente proporcionais. ↓ PO2 ↓ Saturação. ➢ Oxímetro de pulso: consegue medir o percentual do número de moléculas de O2 que estão ligadas à moléculas de hemoglobina. O valor padrão varia entre 95% e 99%. Não chega a 100%, pois parte das moléculas de O2 não são transportadas pela hemoglobina, mas dissolvidas em plasma sanguíneo e outras células sanguíneas. O oxímetro de pulso não registra essa porcentagem que é dissolvida, apenas a de O2 ligadas às hemoglobinas. ➢ Qual a quantidade máxima de O2 que pode se combinar com a hemoglobina? Em 1g de hemoglobina, pode-se combinar até 1,34 mL de O2; Em 100 mL de sangue (fluxo sanguíneo), tem-se 15g de hemoglobina. 13 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII Após uma regra de três: O sangue venoso se caracteriza por ter ↓ Saturação e↓ Volume de O2 transportado. O O2 é levado pelas hemoglobinas às células com um volume de 19,4 mL. Esse O2 vai ser consumido pelas células e, por isso, seu volume diminui, correspondendo a 14,4 mL no sangue venoso (no terminal venoso). Percebe-se, assim, que nem todo o O2 que foi levado à célula pela hemoglobina foi consumido, apenas um volume de 5 mL. Esse volume consumido corresponde ao coeficiente de utilização. Coeficiente de utilização: é o termo usado para determinar a % de O2 que é liberado das hemoglobinas aos tecidos. Isso significa que 25% das hemoglobinas com O2 liberam seu O2. No exercício, a célula pode usar até 15 mL de O2/100mL. Isso ocorre, pois no exercício, as células estão produzindo e consumindo mais energia, logo, precisam de mais O2 para serem supridas. O coeficiente de utilização, nesse caso, é de 75%-85%. A hemoglobin� “tampon�” � PO2 d� tecid�; A hemoglobina no sangue tem a função de estabilizar a PO2 nos tecidos, pois se espera que, em momentos ou situações em que ocorra uma queda da PO2 no alvéolo pulmonar, a saturação de O2 diminua proporcionalmente, mas não é isso que ocorre. 14 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII ➢ Primeiro alvéolo; Possui uma saturação de 97%, com uma PO2 de 104 mmHg, como estabelecido nos parâmetros normais. ➢ Segundo alvéolo; Possui uma saturação de 89% (↓ 8%), com uma PO2 de 60 mmHg. Nota-se que, apesar de a PO2 ter tido uma queda significativa, a saturação não abaixa muito. ➢ Terceiro alvéolo; Possui um aumento (↑ 3%) da saturação (não passa de 100%, mesmo com o elevado aumento da PO2), com uma PO2 de 500 mmHg. Existe um limite para que a hemoglobina exerça essa atividade estabilizadora. Em situações em que a pressão diminua em menos de 60 mmHg, a saturação vai diminuir de forma mais severa. Fatore� qu� desvia� � curv� d� dissociaçã� d� �igêni�-hemoglobin�; Fatores que aumentam ou diminuem a afinidade do O2 pela Hb e aumentam (aumentam o grau de liberação do O2 da Hb) ou diminuem (faz com que o O2 mantenha uma ligação mais forte com a molécula de Hb, dificultando sua liberação) a dissociação do O2. ➢ Aumento/diminuição da temperatura; ➢ Aumento/diminuição da PCO2; ➢ Aumento/diminuição da BPG (2,3-bifosfoglicerato); ➢ Aumento/diminuição de íons H+. 15 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII Quando se tem um ou mais dos fatores de dentro do quadrado amarelo, a curva de dissociação oxigênio-hemoglobina se move para a direita. Quando se tem um ou mais dos fatores de dentro do quadro rosa, a curva de dissociação oxigênio-hemoglobina se move para a esquerda. Efeit� Bohr; Fala da relação que o aumento do H+ e CO2 tem sobre a afinidade que o O2 tem com a hemoglobina ➢ Nos tecidos; Fala da relação que o aumento do H+ e CO2 tem sobre a afinidade que o O2 tem com a hemoglobina. Corresponde ao efeito do CO2 sobre a hemoglobina, o qual promove uma maior facilidade de liberação do O2 que está unido à Hb e maior captação dos pulmões. Esse efeito proporciona adiminuição do ph. O aumento do H+ e do CO2 diminui a afinidade do O2 com a hemoglobina, fazendo com que ele seja liberado para que ocorra o metabolismo celular (respiração). 16 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII No momento em que a célula vai produzir a sua energia, na mitocôndria, nos processos de respiração celular, ela libera, pela diferença de pressão (46 mmHg dentro da célula e 45 mmHg no líquido intersticial) um metabolito, o CO2. Esse CO2 entra no sangue, na circulação (em azul), onde reage com a água e forma o ácido carbônico. CO2 + H2O → H2CO3 Essa reação vai ocorrer mediante o auxílio de uma enzima, chamada anidrase carbônica. Em seguida, após a formação do ácido carbônico, pela reação de CO2 +água, ele se dissocia, ou seja, ele vai se quebrar em íons H+ e íons de bicarbonato (HCO-3). H2CO3 → H+ HCO3-+ Nesse contexto já vai existir dois dos fatores necessários para diminuir a afinidade do O2 com a hemoglobina. Condições: ➢ ↑ do íon hidrogênio, que faz com que o ph do sangue abaixe, tornando o ambiente mais ácido; ➢ ↑ da molécula de CO2. É dessa forma que o O2 vai se desprender da hemoglobina. Quando o O2 (sangue arterial) chega nos capilares teciduais, trazido pela hemoglobina, ele vai encontrar um ambiente mais ácido (pela presença de H+) e rico em CO2 e, dessa forma, facilitando a sua liberação para que possa ser utilizado pela célula. Em suma: ↑ H+ ↑ CO2 ↓ afinidade de O2 pela hemoglobina. Desvio da curva de dissociação para a direita. ➢ No pulmão; O CO2 trazido pelas hemácias, nesse momento, passa para o alvéolo pulmonar pela diferença de PCO2 (45 mmHg no capilar e 40 mmHg no alvéolo), diminuindo, assim, sua concentração no sangue. 17 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII O íon bicarbonato (HCO3-), produzido pela dissociação do ácido carbônico (H2CO3 → H+ HCO3) foi trazido ao capilar pulmonar pela corrente sanguínea e acaba tornando esse+ ambiente do capilar do pulmão alcalino, ou seja, aumenta o ph. Quando há o aumento do ph, o O2 passa a ter uma maior afinidade pela molécula de hemoglobina. Somado a esse contexto, a PO2 no alvéolo pulmonar corresponde a 104 mmHg, fato que facilita a passagem do O2 para o capilar pulmonar. (perguntarrrrrrrrrrrrrrr) Ademais, o fato de ocorrer a diminuição dos íons de hidrogênio se deve à sua reação (do H+) com o íon bicarbonato (HCO3-), formando o ácido carbônico (H2CO3). Em suma: ↓ H+ ↓ CO2 ↑ afinidade de O2 pela hemoglobina. Desvio da curva de dissociação para a esquerda. ❏ Tampão bicarbonato; O sistema tampão constituído pelo bicarbonato (HCO3-) e pelo ácido carbônico (H2CO3) tem características especiais nos líquidos do organismo. O ácido carbônico (H2CO3) é um ácido bastante fraco e a sua dissociação em íons hidrogênio (H+) e íons bicarbonato é mínima, em comparação com outros ácidos. Quando um ácido é adicionado ao sangue, o bicarbonato do tampão reage com ele produzindo um sal, formado com o sódio do bicarbonato e ácido carbônico. O ácido carbônico produzido pela reação do bicarbonato do tampão, se dissocia em CO2 e água e é eliminado nos pulmões. H+ + HCO3- H2CO3 Quando uma base invade o organismo, o ácido carbônico (H2CO3) reage com ela, produzindo bicarbonato e água. O ácido carbônico diminui. Os rins aumentam a eliminação de bicarbonato ao invés do íon hidrogênio, reduzindo a quantidade de bicarbonato no organismo, para preservar a relação do sistema tampão. ➢ No exercício físico; Vai ocorrer o desvio da curva para a de dissociação do O2 para a direita, pois se tem uma ↑ liberação de CO2 (pois há mais energia produzida na célula), ↑ produção de ácido lático (diminuição do ph) e ↑ da temperatura. 18 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII No processo de produção de energia pelas células, nas mitocôndrias, por meio dos processos de respiração celular, a célula vai produzir energia na forma de ATP (adenosina trifosfato), o qual se deriva do ADP (adenosina difosfato). A maior concentração de ADP vai aumentar a utilização metabólica de O2. Dessa forma, o ADP atua como um fator determinante para a utilização do oxigênio, pois em maiores concentrações de ADP, maiores concentrações de O2 vão ser exigidas. O fluxo sanguíneo deve ser capaz de geral 1 mmHg de O2 no interior da célula. Caso isso não ocorra, as reações no interior celular ficam comprometidas. A PO2 no interior da célula é de 23 mmHg. O fluxo sanguíneo que chega até os tecidos deve ser suficiente para gerar uma PO2 no interior da célula de, no mínimo, 1 mmHg e, se isso não acontecer, as reações metabólicas que envolvem o O2 serão comprometidas. Transport� d� CO2 n� sangu�; Em condições normais, são transportados 4 mL de CO2 dos tecidos para os pulmões por 100 mL de sangue. O dióxido de carbono é transportado de 3 formas: ➢ Combinado com a Hb (cerca de 20%); Tem uma ligação fraca, assim como a do O2. Esse transporte é conhecido, também, como carbaminoemoglobina. Não é a carboxiemoglobina!!! ➢ Na forma de bicarbonato (cerca de 70%); É a forma mais importante!!! ➢ Dissolvido no plasma sanguíneo (cerca de 10%). 19 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII 1. Aqui nós temos a célula e no momento em que a célula produz a sua energia, ela libera CO2 na corrente sanguínea; 2. 7% do CO2 vai ter transportado dissolvido no plasma; A outra porção do CO2 entra na hemácia. Dentro dessa hemácia o CO2 segue dois caminhos. 3. 23% do CO2 se combina com a hemoglobina, sendo transportado na forma de carbaminoemoglobina, no interior da hemácia; 4. 70% do CO2 vai ser transportado na forma de bicarbonato, mediante essa reação. O CO2 reage com a água e, mediante a ação da enzima anidrase carbônica (AC), há a formação do ácido carbônico, o qual se dissocia, liberando um átomo de íon hidrogênio (H+), o qual se liga com a Hb, e o íon bicarbonato (HCO2-), o qual sai da hemácia e vai para o plasma sanguíneo. 5. No plasma sanguíneo, vai ser transportado na forma de bicarbonato. Na saída do bicarbonato, tem-se a entrada de um cloro (Cl-). O processo da saída do bicarbonato e entrada do cloro é promovido por uma proteína transportadora. A entrada do cloro é essencial, pois ele vai manter o equilíbrio osmótico no interior da hemácia. O H+ vai se ligar à hemoglobina (ainda no processo 5) para poder diminuir a acidez que vai estar sendo gerada pela presença do H+ que se encontra sozinho. Após esse processo, o CO2, na forma de bicarbonato (HCO3-) vai sendo transportado (“transporte para os pulmões”), através do plasma, até chegar nos capilares pulmonares. 20 QUEREM NEVES - MEDICINA UNIC XXXVIII 8. No capilar pulmonar, o bicarbonato volta a entrar na hemácia, mediante à proteína transportadora, e, quando essa entrada ocorre, o cloro (Cl-) volta a sair (pois entrou no processo 5). Quando o CL- sai, a hemoglobina que estava ligada com o hidrogênio, dissocia-se. O H+, então, reage, novamente, com o bicarbonato, formando ácido carbônico (H2CO3). Todavia, dessa vez, o ácido carbônico que foi formado, não vai mais se dissociar em bicarbonato e hidrogênio, como no processo 4. Mediante, novamente, ao auxílio da enzima anidrase carbônica (AC), o ácido carbônico vai se dissociar em água e CO2; 7. Esse CO2 vai ser liberado da hemácia e vai se dirigir para o alvéolo pulmonar. Nesse momento, também, o CO2 que estava unido à hemoglobina, vai ser dissociado e liberado no alvéolo pulmonar; 6. CO2 dissolvido se dirige ao alvéolo pulmonar. https://www.youtube.com/watch?v=JkhsxBCjrXE Efeit� Haldan�; ❏ Aborda-se a influência que o O2 vai exercer na afinidade do CO2 e do íon H+ pela Hb. A união do O2 com a hemoglobina, nos pulmões (nos capilares), faz com que ela passe a atuar como ácido mais forte. Quanto mais O2 unido à Hb, menor a afinidade do CO2 e do H+ pela Hb. Dessa forma, a ligação do O2 com a Hb, libera mais facilmente o CO2 para os alvéolos. Efeit� Bohr X Efeit� Haldan�; 21 https://www.youtube.com/watch?v=JkhsxBCjrXE
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