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Mecanismos de Patogenicidade, Microbiota Anfibiôntica e Genética Bacteriana

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(
 Sarah 
Michalsky
 3º Período, 101
) Mecanismos de Patogenicidade, Microbiota Anfibiôntica e Genética Bacteriana
Alguns conceitos:
- Patogenia: como a doença acontece. O começo: transmissão. O final: sinais e sintomas.
- Doença: desordem física e bioquímica que pode ou não ser causada por patógenos, apresentando sinais e sintomas.
- Infecção: quebra da homeostasia causada por um microrganismo patogênico. Não apresenta sinais e sintomas.
- Doença infecciosa: possui capacidade de transmissão.
- Inflamação: doença que pode ou não conter microrganismos. Exemplo: lesão por esforço repetitivo. Não se usa antibiótico.
SE TIVER MICRORGANISMO PRECISA LOGO TRATAR? NÃO. 
- Paciente na UTI colocou sonda uretral e quando a tirou, pediu logo exame, denunciando pseudomonas na urina. O paciente não queixou nenhum sintoma, como disúria. Então, se não apresenta queixa, não há doença porque não se trata o exame, mas sim, o paciente. Ele possui apenas uma bactéria que colonizou esse espaço, mas que não resultou em nada clinicamente.
- Exceção à regra que se trata o exame e o paciente: gravidez. Qualquer processo inflamatório urinário causará parto prematuro ou criança abaixo do peso ideal. Por quê? Resposta inflamatória de longa data estimula produção de ocitocina e resulta em contração uterina. Essa paciente evolui o quadro.
- Jovem com disúria não precisa pedir exame, simplesmente trata o paciente porque a chance de ser infecção urinária é de 90%.
- O principal agente infeccioso urinário da mulher é o E. coli proveniente do intestino (infecção endógena).
- Uma paciente de 28 anos chega à emergência com queixa de disúria. Diagnóstico: cistite ou pielonefrite (doenças e não infecção).
- Paciente com 36 anos pratica atividade física há muito tempo, morou seis meses na França e voltou ao Brasil. No eletrocardiograma deu uma área de isquemia. Quais as chances de infarto? Baixas, porque ela já fazia exercício, possui pouca idade e hormônio protetor. O ecocardiograma não exibe nada. O cateterismo também não apresentou nada. Então, o que não faz sentido é o eletrocardiograma porque a paciente possui muita mama e os eletrodos foram posicionados de maneira errônea, perto do diafragma.
· Microbiota Anfibiôntica
- Conceito: microrganismos internos benéficos, mas quando expostos fora de seu nicho podem causar doenças.
- Simbiose: relação equilibrada entre os dois organismos.
- Anfibiose: relação de equilíbrio que não se pode dar brecha ao outro.
- Antibiose: os dois no mesmo ambiente não combinam.
- Disbiose: quando a microbiota não está equilibrada.
- Probiótico: microrganismos vivos que beneficiam a multiplicação das bactérias benéficas da flora intestinal, favorecendo o trânsito intestinal. Exemplos: iogurtes, queijos e leites.
- Prebiótico: componentes não-digeríveis que estimulam a proliferação e atividades de bactérias desejáveis no cólon. Também pode inibir a multiplicação de patógenos. Exemplos: aveia, alho e cebola (fonte de fibras).
- Em situação de sinusite há prescrição de clavulin (antibiótico). Porém, esse medicamento causa efeito adverso, a diarreia: ele também mata as bactérias intestinais, elas liberam LPS, o tecido inflama, há edema (água) e diarreia. Para reverter esse quadro (terapêutica) o paciente precisará repor a flora intestinal tomando prebiótico (alimento para bactéria boa, fonte de fibras, precisa ser ingerida crua).
- Colite pseudomembranosa: aparece em paciente internado que usa antibióticos e quimioterápicos, o cólon inflama e é grave, podendo levar à morte. O melhor tratamento é implante fecal.
- O indivíduo que faz ingestão excessiva de proteína possui microbiota diferente, sendo suas bactérias selecionadas para digestão desse componente. Esse indivíduo possui predisposição ao câncer de intestino. 
- Paciente que não come carne, porém possui creatinina e ureia aumentada na urina indica degradação muscular.
- A criança possui anticorpos vindos da mãe enquanto seu sistema imune ainda é imaturo. As IgG são imunoglobulinas que atravessam a barreira placentária e chegam ao feto para realizar as defesas necessárias. A vacina é uma forma de amadurecimento, mas a melhor maneira é a criança crescer em ambientes onde há diversas proliferações bacterianas para criar resistência a elas.
- Os benefícios da microbiota são: impede a entrada de patógenos externos, controlam a quantidade de microrganismos, ajudam na absorção de nutrientes e vitamina K.
- O uso de antibiótico precocemente causa perda da microbiota.
- Os malefícios da microbiota são: causa infecção, é fonte de carcinógenos (o peristaltismo diminuído por conta da degradação muscular intestinal faz os agentes agressores carcinógenos (amônia e ureia) terem mais contato com a mucosa intestinal).
· Microbiota da Pele
- As principais bactérias: Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus aureus.
- Staphylococcus epidermidis é a principal bactéria responsável por causar falso positivo na hemocultura. Por fazer parte da microbiota, uma má antissepsia da pele antes de procedimentos pode exibi-las em uma das amostras de sangue. Não há necessidade de tratamento.
- Sthapylococcus aureus é o principal agente de foliculite, infecção endógena.
- A maioria dos microrganismos em contato direto com a pele não se torna residentes, pois as secreções das glândulas sudoríparas e sebáceas possuem propriedades antimicrobianas.
- Como faz diagnóstico de sepse? Usando três amostras de hemocultura. A coleta é feita em um braço, depois em outro e após uma hora do procedimento, no primeiro braço novamente. 
Exemplos:
- A primeira amostra não cresceu nenhuma cultura, a segunda também não e a terceira cresceu Staphylococcus epidermidis. Tratar? Não. Trata-se quando há dois frascos positivos e se for uma infecção sanguínea, os três fracos estarão positivos.
- Exemplo 2: e se for Staphylococcus aureus? Tratar? Sim. Essa bactéria é extremamente agressiva e pode causar celulite de face. Dica: é necessário tratamento em qualquer lugar que ela for encontrada, porém apenas quando paciente apresenta queixa/sintoma.
- Pede-se hemocultura apenas em pacientes com suspeita de sepse.
· Microbiota da Boca
- As principais: Streptococcus e Candida.
- É o segundo lugar com maior diversidade de microbiota no corpo humano.
- Importante saber: o Streptococcus pneumoniae por broncoaspiração pode causar uma infecção endógena (própria microbiota).
- O dentista irá prescrever antibiótico amoxicilina antes de manipulação oral em quatro pacientes para evitar endocardite, para isso são quatro comprimidos entre meia hora ou uma hora antes de mexer na boca. Grupos de risco: prótese valvar, endocardite prévia, pacientes recém-transplantados e com alterações congênitas. Porém, longilíneos com síndrome de Marfan também são indicados.
- A primeira manifestação clínica de pacientes com HIV é candidíase oral.
· Microbiota do Nariz e Garganta
- Guardar: Staphylococcus aureus e Streptococcus pneumoniae.
- Embora alguns membros sejam patógenos potenciais, sua capacidade de causar doença é reduzida pelo antagonismo microbiano.
· Microbiota do Intestino
- As principais: E. coli (gram-negativa), Bacteroides (anaeróbica, gram-negativas) e Enterococcus (gram-positivas).
- 90% são anaeróbias – não sobrevivem na presença do oxigênio.
- Paciente com abscesso agudo abdominal, baseado nisso, a antibiose seria usada para matar quais bactérias? Na prática, escolhem-se os antibióticos que matam as bactérias anaeróbicas ou aeróbicas. Ciprofloxacino mata aeróbico e anaeróbico e metronidazol mata anaeróbico.
- Causas de diarreia: viroses, intoxicação alimentar, infecção intestinal, antibióticos e verminoses. Na prática, a diarreia é tratada de forma empírica porque não se sabe a causa. É usado repositor de flora de maneira desnecessária muitas vezes, porque quem destrói a microbiota intestinal são os antibióticos. A diarreia comum apenas lava o intestino.
- O professor só prescreve floratil (probiótico) quando o paciente possui colite pseudomembranosa porque tem ciência que a enzima do fungo Saccharomyces degrada a toxinada bactéria Clostridium difficile.
- Carvão ativado é uma forma de prescrição para paciente na emergência que sofre de diarreia porque ele é absorvedor (removedor de toxina, vírus e gases).
· Microbiota Urogenital
- Guardar: Lactobacillus.
- A microbiota urogenital da mulher conhece a bactéria Neisseria, a do homem, não. Por isso, ao entrar em contato com a Neisseria gonorreia, o homem desenvolve quadro clínico pelo fato de seu organismo não conhecer essa bactéria, enquanto a mulher não desenvolve justamente pelo fato de seu organismo já o conhecer.
· Biofilme
- Formar biofilme significa criar vantagem à bactéria contra a antibiose, resistência e proteger da fagocitose. Isso acontece no mínimo em 48 horas.
- Precisa haver uma superfície com carga elétrica.
- Na pele não forma biofilme porque ela escama e não dá tempo para a sua formação.
- No dente forma-se biofilme que evolui para tártaro.
Etapas de formação:
- Adesão: o microrganismo se adere a uma superfície.
- Colonização: refere-se à multiplicação desses organismos.
- Acumulação: ocorre a produção de matriz intracelular.
- Comunidade.
- Dispersão de pequenos pedaços.
- Se o paciente possuir pico febril à noite, qual é a primeira pergunta? Sobre os acessos que ele possui. Observa-se sinal de inflamação (vermelhidão) porque há bactéria dentro do tecido (biofilme dentro do cateter). A conduta é trocar o acesso. Esses pedaços soltos pelo biofilme causam o pico febril. A resposta inflamatória é feita por fagocitose de neutrófilos. O aglomerado fixo não é fagocitado, apenas os fragmentos soltos.
- Caso não seja possível trocar o cateter, ele é lavado com antibiótico e deixa-se um dreno durante 24 horas (doença de Paget é um exemplo – impede a substituição de tecido ósseo antigo por tecido ósseo novo).
· Patogenicidade x Virulência
- Patogenicidade é a capacidade de causar a doença.
- Virulência é quanto o microrganismo é patogênico. Geralmente é expressa em DI50 (dose infecciosa para 50% de uma amostra da população). Exemplo: antraz.
- Existe a bactéria A e a bactéria B que foram injetadas em 100 ratos. A bactéria “A” matou 80 ratos e a “B” matou 20. As duas são patogênicas, mas a “A” é mais virulenta.

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