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1 n. 30 DJE de Agosto 2020 2 TE SE S E FUNDAMENTOS BOLE TIM DE ACÓRDÃOS PUBLICADOS Este Boletim contém resumos de decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal. Elaborado a partir de acórdãos publicados no mês de referência, e cujo julgamento tenha sido noticiado no Informativo STF, o periódico traz os principais fundamentos e conclusões dos julgados. A fidelidade deste trabalho ao conteúdo efetivo das decisões, embora seja uma das metas almejadas, apenas poderá ser aferida pela leitura integral do inteiro teor publicado no Diário da Justiça Eletrônico. SUMÁRIO DIREITO ADMINISTRATIVO AGENTES PÚBLICOS ......................................................................................................... 7 CONCURSO PÚBLICO CLÁUSULA DE BARREIRA – REPERCUSSÃO GERAL AGENTES PÚBLICOS ........................................................................................................ 8 CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA TERCEIRIZAÇÃO AGENTES PÚBLICOS ......................................................................................................... 8 SERVIDORES PÚBLICOS REGIME JURÍDICO AGENTES PÚBLICOS ........................................................................................................ 9 SISTEMA REMUNERATÓRIO REVISÃO GERAL ANUAL AGENTES PÚBLICOS ....................................................................................................... 10 SISTEMA REMUNERATÓRIO TETO REMUNERATÓRIO PODERES ADMINISTRATIVOS .......................................................................................... 12 PODER DE POLÍCIA FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ............................................................................. 13 RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DEVER DE INDENIZAR – REPERCUSSÃO GERAL 3 DIREITO AMBIENTAL POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ....................................................................... 14 PRINCÍPIOS PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 15 DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS DIREITO À INFORMAÇÃO DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 16 DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS DIREITO À NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 17 DIREITOS SOCIAIS SALÁRIO-FAMÍLIA DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .......................................................................... 17 DIREITOS SOCIAIS REPOUSO SEMANAL REMUNERADO ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ............................................................................................ 18 UNIÃO COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ............................................................................................ 18 UNIÃO COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA – REPERCUSSÃO GERAL ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ............................................................................................ 19 ESTADOS FEDERADOS COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ............................................................................................ 20 ESTADOS FEDERADOS COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ............................................................................................ 21 ESTADOS FEDERADOS PRINCÍPIO DA SIMETRIA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ............................................................................................ 21 MUNICÍPIOS COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 4 TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO .......................................................................................... 23 FINANÇAS PÚBLICAS ORÇAMENTO ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ........................................................................................ 24 PODER JUDICIÁRIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ........................................................................................ 26 PODER JUDICIÁRIO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) 26 ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ......................................................................................... 27 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E JUÍZES FEDERAIS – REPERCUSSÃO GERAL ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ......................................................................................... 29 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS ORDEM SOCIAL............................................................................................................. 30 EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO EDUCAÇÃO – REPERCUSSÃO GERAL ORDEM SOCIAL............................................................................................................. 30 EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO EDUCAÇÃO DIREITO INTERNACIONAL DIREITO PENAL INTERNACIONAL ..................................................................................... 33 COOPERAÇÃO INTERNACIONAL EM MATÉRIA PENAL EXTRADIÇÃO DIREITO PENAL PRINCÍPIOS E GARANTIAS PENAIS ................................................................................... 34 PRINCÍPIOS E GARANTIAS PENAIS INTERNACIONAIS PROIBIÇÃO DE DUPLA PERSECUÇÃO PENAL CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .................................................................. 35 CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL CRIME DE DESOBEDIÊNCIA LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL .......................................................................................... 36 LEI 8.666/1993 ART. 89 5 LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL .......................................................................................... 36 LEI 11.343/2006 – DROGAS ART. 48 – PROCEDIMENTO PENAL DIREITO PREVIDENCIÁRIO BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS ....................................................................................... 38 APOSENTADORIA APOSENTADORIA ESPECIAL – REPERCUSSÃO GERAL DIREITO PROCESSUAL PENAL PROCESSO EM GERAL .................................................................................................... 40 PRINCÍPIOS E GARANTIAS PROCESSUAIS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA – REPERCUSSÃO GERAL PROCESSO EM GERAL .................................................................................................... 40 PROVA BUSCA E APREENSÃO DIREITO TRIBUTÁRIO ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA ....................................................................................... 42 ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL TRIBUTOS .................................................................................................................... 43 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS GERAIS – REPERCUSSÃO GERAL TRIBUTOS .................................................................................................................... 44 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO TRIBUTOS .................................................................................................................... 45 IMPOSTOS IMPOSTO DE RENDA - IR TRIBUTOS .................................................................................................................... 46 IMPOSTOS IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO (ICMS) – REPERCUSSÃO GERAL TRIBUTOS .................................................................................................................... 47 IMPOSTOS IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS (IOF) 6 TRIBUTOS .................................................................................................................... 48 IMPOSTOS IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES – IPVATRIBUTOS .................................................................................................................... 50 IMPOSTOS IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO – ICMS TRIBUTOS .................................................................................................................... 51 TAXAS TAXA JUDICIÁRIA N. 30 AGOSTO DE 2020 7 DIREITO ADMINISTRATIVO AGENTES PÚBLICOS CONCURSO PÚBLICO CLÁUSULA DE BARREIRA – REPERCUSSÃO GERAL Sem previsão constitucional adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou ação penal. Como regra geral, a existência de inquéritos ou processos penais em curso não autoriza a eliminação de candidatos em concursos públicos, o que pressupõe: a) condenação por órgão colegiado ou definitiva; e b) relação de incompatibilidade entre a natureza do crime em questão e as atribuições do cargo concretamente pretendido, a ser demonstrada de forma motivada por decisão da autoridade competente. Destaque-se que mesmo eventual condenação penal transitada em julgado não resulta necessariamente na perda do cargo público para o servidor que já é efetivo, como dispõe o art. 92 do Código Penal (CP)1. Nesse sentido, é excessiva a exigência de que a condenação tenha transitado em julgado. Na ausência de lei, parece perfeitamente razoável aplicar por analogia os critérios previstos para fins eleitorais na Lei Complementar 135/2010. Eles pressupõem não apenas o recebimento da denúncia e o transcurso de toda a instrução mas também uma condenação definitiva ou um juízo colegiado, de cognição exauriente, no sentido da condenação. Este último 1 CP/1940: “Art. 92. São também efeitos da condenação: I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a julgamento é feito por juízes mais experientes, em estágio avançado da carreira judiciária, e não poderá ser revisto pelos Tribunais Superiores, em recurso especial e extraordinário, quanto às suas premissas fáticas. Tais circunstâncias permitem a formulação de um juízo de reprovabilidade moral em relação ao candidato, e podem implicar sua eliminação do certame. Não entender assim implica restrição demasiada ao princípio da moralidade, sendo excessiva a invocação de um princípio afeto à seara penal, em toda a sua extensão, de modo a exigir o trânsito em julgado para a produção de efeitos relativos ao direito administrativo (acessibilidade aos cargos públicos). Além do aspecto relativo à fase processual (condenação por órgão colegiado ou definitiva), é preciso que haja pertinência entre a acusação e as atribuições do cargo em questão. Em outras palavras: nem todas as condenações criminais colegiadas ou definitivas devem implicar, automaticamente, a eliminação de candidatos de concursos, mas apenas aquelas que revelem, em razão da natureza do crime apurado, uma incompatibilidade com os pressupostos necessários ao exercício da função pública em questão. Nessa linha, o parágrafo único do art. 92 do CP exige fundamentação específica para a determinação de perda do cargo, ao prever que tal efeito da condenação não é automático. Essa exigência deve ser entendida como um ônus argumentativo de demonstrar a incompatibilidade entre a condenação em questão e as atribuições do cargo concretamente exercido. O mesmo raciocínio pode ser utilizado na seleção de candidatos em concursos públicos. Administração Pública; b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (...) Parágrafo único – Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.” N. 30 AGOSTO DE 2020 8 Ademais, a lei pode instituir requisitos mais rigorosos para determinados cargos, em razão da relevância das atribuições envolvidas, como é o caso, por exemplo, das carreiras da magistratura, das funções essenciais à justiça e da segurança pública (CF, art. 144), sendo vedada, em qualquer caso, a valoração negativa de simples processo em andamento, salvo situações excepcionalíssimas e de indiscutível gravidade. Entretanto, essa orientação não se aplica a certames que já tenham sido realizados e não tenham sido objeto de impugnação até a data do presente julgamento. RE 560.900, rel. min. Roberto Barroso, DJE de 17-8-2020, repercussão geral, Tema 22. (Informativo 965, Plenário) ___________________________________ AGENTES PÚBLICOS CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA TERCEIRIZAÇÃO Admite-se a contratação de empresa de serviço temporário para terceirizar o desempenho de determinadas atividades dentro do serviço público, devendo a Administração observar todas as normas pertinentes à contratação de tais empresas. A utilização de serviço temporário pela Administração não pode configurar, jamais, burla à exigência de concurso público. No entanto, observada a legislação pertinente, o gestor deve, no exercício de sua competência, optar pela melhor forma de atender o interesse público e a eficiência administrativa, podendo contratar empresas de serviço temporário. A contratação de empresa que forneça serviço temporário não afasta a observância da Constituição Federal (CF). A terceirização da atividade não implica burla à regra do concurso público, na medida em que não implica a investidura em cargo ou emprego público. Sua utilização, no entanto, deve observar todos os princípios que regem a Administração Pública, não podendo ser desvirtuada. O concurso público é a única via de ingresso em cargo ou emprego público, e qualquer forma de utilização, pela Administração Pública, de serviço temporário para burlar a regra constitucional do concurso público permanece vedada. Portanto, essa modalidade de contratação não implica violação à regra do concurso público, uma vez que não permite a investidura em cargo ou emprego público. ADI 5.685, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 21-8-2020. (Informativo 987, Plenário Virtual) ___________________________________ AGENTES PÚBLICOS SERVIDORES PÚBLICOS REGIME JURÍDICO A ausência de lei estadual instituidora de um único regime de servidores na Administração Direta, Autárquica e Fundacional no âmbito do ente federado, apesar de se mostrar como uma situação constitucionalmente indesejável, não possui o condão de censurar as normas que estipularem um ou outro regime enquanto perdurar essa situação de mora legislativa. Compete a cada ente federativo estipular, por meio de lei em sentido estrito, o regime jurídico de seus servidores, escolhendo entre o estatutário e o celetista, sendo que a Constituição Federal (CF) não excluiu a possibilidade de ser adotado o regime de emprego público (celetista) para as autarquias. O constituinte originário, ao dispor sobre “regime jurídico único”, constante do caput http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753483317 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=22&numeroTemaFinal=22&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao= http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo965.htm#Presun%C3%A7%C3%A3o%20de%20inoc%C3%AAncia%20e%20elimina%C3%A7%C3%A3o%20de%20concurso%20p%C3%BAblico%20%E2%80%93%204 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753557482 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo987.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuaisN. 30 AGOSTO DE 2020 9 do art. 39 da CF2, não pretendeu impor a adoção do regime estatutário aos servidores da Administração Pública Direta, das autarquias e das fundações públicas. A leitura de outros dispositivos constitucionais sugere o contrário3. Assim, quando se estabeleceu que servidores de autarquias devem afastar-se, ou verificar a compatibilidade de horário, de seus cargos, empregos ou funções, por ocasião de exercício de mandato eletivo, percebe-se que a CF possibilitou a existência do regime jurídico celetista dentro de uma estrutura autárquica. Caso a intenção do constituinte fosse estabelecer, dentro das autarquias, apenas o regime estatutário, não haveria motivo para incluir o termo “emprego”, referente a emprego público, no dispositivo em análise. Sabe-se que não há, no texto constitucional, a aplicação de palavras ou termos vazios. Assim, o caput do art. 39 da CF deve ser interpretado no sentido de que compete a cada ente federativo estipular, por meio de lei em sentido estrito, o regime jurídico de seus servidores, optando entre o regime estatutário ou o celetista. Busca-se, desse modo, evitar disparidades entre servidores que atuam em uma mesma realidade dentro de uma única estrutura federativa, sobretudo em razão dos postulados de igualdade, consagrados pela CF. 2 CF/1988: “Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas.” 3 CF/1988: “Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: I – tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo- lhe facultado optar pela sua remuneração; III – investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, Para que haja produção completa dos efeitos do art. 39 da CF, é indispensável a edição pelo ente federativo de norma específica que institua o regime jurídico de seus servidores. Entretanto, eventual mora legislativa estadual, mesmo que implique paralisação do efeito do caput do art. 39 da CF, não torna incompatível norma que adote o regime estatutário ou celetista. Situação diversa seria, por exemplo, lei estadual a estipular o regime estatutário no âmbito de empresas públicas ou sociedades de economia mista, o que esbarraria no efeito paralisante do art. 39 da CF. ADI 5.615, rel. min. Alexandre de Moraes, DJE de 6-7-2020. (Informativo 985, Plenário Virtual) ___________________________________ AGENTES PÚBLICOS SISTEMA REMUNERATÓRIO REVISÃO GERAL ANUAL É inconstitucional a lei estadual, de iniciativa do Poder Judiciário local, que, a pretexto de instituir reajuste ou aumento salarial de seus servidores, realiza revisão geral anual de vencimentos. O escopo da revisão geral anual, prevista no art. 37, X, da Constituição Federal (CF)4, é sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; IV – em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; V – na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo de origem..” 4 CF/1988: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) X – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753175096 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo985.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais N. 30 AGOSTO DE 2020 10 garantir a recomposição do poder aquisitivo da moeda. Diversamente do reajuste de remuneração dos servidores públicos e dos subsídios de que trata o art. 39, § 4º, da CF5, que depende de lei específica, respeitada a iniciativa privativa em cada caso, a revisão geral anual segue regras bem claras: deve ser anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices. Ademais, deve ser objeto de lei específica, de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo, como previsto no art. 61, § 1º, II, a, da CF6. Assim, não é dado ao Poder Judiciário substituir o chefe do Poder Executivo em processo legislativo de iniciativa de sua competência, ainda que constatada omissão de sua parte. ADI 3.538, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 17-8-2020. (Informativo 987, Plenário Virtual) ___________________________________ 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices;” 5 CF/1988: “Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. (...) § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.” 6 CF/1988: “Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao AGENTES PÚBLICOS SISTEMA REMUNERATÓRIO TETO REMUNERATÓRIO É possível que advogados públicos federais, submetidos a regime de subsídio, percebam verbas honorárias sucumbenciais, desde que observada a incidência do teto remuneratório. O art. 135 da Constituição Federal (CF)7, ao estabelecer, nos moldes do seu art. 39, § 4º8, que a remuneração dos advogados públicos se dá mediante subsídio, é compatível com o regramento constitucional referente à Advocacia Pública, pois o recebimento de honorários advocatícios sucumbenciais pelos advogados públicos, devidamente previsto em lei, tem caráter remuneratório e de contraprestação de serviços realizados no curso do processo, sendo compreendido, portanto, como parcela remuneratória devida a advogados em razão do serviço prestado, que recebe tratamento Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: (...) II – disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;” 7 CF/1988: “Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na forma do art. 39, § 4º.” 8 CF/1988: “Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. (...) § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixadoem parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.” http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753486536 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo987.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais N. 30 AGOSTO DE 2020 11 equivalente aos vencimentos e subsídios, sendo, inclusive, reconhecido seu caráter alimentar. Por sua vez, a Lei 8.906/1994, que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil, distingue três categorias de honorários. De acordo com seu art. 229, a prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito: a) aos honorários convencionados; b) aos honorários fixados por arbitramento judicial; e c) aos honorários de sucumbência. Esses últimos se relacionam como dever da parte de suportar, uma vez derrotada na demanda, as consequências do resultado, sendo obrigada, via de regra, ao pagamento de todas as verbas sucumbenciais, entre as quais, os honorários advocatícios de sucumbência. Embora concebidos como consequência futura, incerta e variável, que, prevista em lei e imposta por sentença à parte vencida, decorre do resultado da análise dos pedidos levados a juízo, o pagamento de verbas honorárias de sucumbência vincula-se indissociavelmente à própria natureza e qualidade dos serviços efetivamente prestados pelo profissional da advocacia, assumindo, em razão disso, feição contraprestacional e remuneratória. O fato de os honorários sucumbenciais não serem devidos por alguém que se tenha beneficiado dos respectivos serviços profissionais não é suficiente para, por si só, descaracterizar essa natureza remuneratória. Não é por outro motivo, aliás, que tais verbas são fixadas entre percentuais limitadores de um mínimo e de um máximo, moduláveis precisamente em razão de determinados qualificativos imputáveis ao serviço objeto da contraprestação. 9 Lei 8.906/1994: “Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.” Destaque-se, ainda, que a Emenda Constitucional (EC) 19/1998 não assentou qualquer objeção explícita à transposição dessa garantia profissional para o contexto da advocacia pública, cuja disciplina constitucional encontra-se junto com a advocacia privada no mesmo Título IV, Capítulo IV, da CF, distinguindo-se somente em termos de Seção, respectivamente II e III. A possibilidade de aplicação do dispositivo legal, a prever pagamento de honorários de sucumbência também à advocacia pública, está intimamente relacionada ao princípio da eficiência, consagrado constitucionalmente no art. 3710, pois dependente da natureza e qualidade dos serviços efetivamente prestados. No modelo de remuneração por performance, em que se baseia a sistemática dos honorários advocatícios, quanto mais exitosa a atuação dos advogados públicos, mais se beneficia a Fazenda Pública e, por consequência, toda a coletividade. Por outro lado, ao contrário do que uma leitura isolada do art. 39, § 4º, da CF pudesse sugerir, o conceito de parcela única espelhado nesse dispositivo constitucional apenas repele o acréscimo injustificável de espécies remuneratórias ordinárias, devidas em decorrência do trabalho normal do servidor submetido a regime de subsídio, sem impedir, em linha de princípio, a percepção de outras verbas pecuniárias que tenham fundamento diverso, a exemplo das honorárias sucumbenciais, fundadas no fato objetivo do resultado da demanda. Portanto, a plena razoabilidade e, consequentemente, constitucionalidade encontram-se no contexto de transposição dessa peculiar sistemática de acréscimo pecuniário decorrente da eficiência de atuação institucional, devidamente 10 CF/1988: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:” N. 30 AGOSTO DE 2020 12 autorizado pelo texto original da CF e não proibido de forma expressa pela EC 19/1998, própria do ofício da advocacia, para o âmbito do regime jurídico de direito público a que submetidos os advogados públicos. Observe-se, ainda, que, não bastasse atentar contra o próprio princípio da eficiência e as regras constitucionais estabelecidas para a advocacia pública, a mera supressão da verba sucumbencial dos advogados públicos, sem qualquer estabelecimento de uma regra de transição e de compensação remuneratória para a parcela única do subsídio, acarretaria inconstitucional redutibilidade nos vencimentos finais dos procuradores. Por outro lado, em relação à observância do teto remuneratório constitucional, previsto no artigo 37, XI, da CF11, pouco importa a discussão sobre a natureza jurídica da verba honorária sucumbencial, mas sim o fato de serem percebidas pelos advogados públicos como parcela remuneratória salarial e, consequentemente, estarem sujeitas ao limitador previsto constitucionalmente. A possibilidade de percepção de honorários sucumbenciais pelos advogados públicos, portanto, não se desvencilha por completo das imposições decorrentes do regime jurídico de direito público a que se submetem esses agentes públicos, pois são 11 CF/1988: “Art. 37. (...) XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos valores percebidos por agentes públicos em função mesmo do exercício de cargo estritamente público. Por essa razão, nada obstante compatível com o regime de subsídio, sobretudo quando estruturado como um modelo de remuneração por performance, com vistas à eficiência do serviço público, a possibilidade de advogados públicos perceberem verbas honorárias sucumbenciais não afasta a incidência do teto remuneratório estabelecido pelo art. 37, XI, da CF. ADI 6.053, red. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, DJE de 30-7-2020. (Informativo 985, Plenário Virtual) ___________________________________ PODERES ADMINISTRATIVOS PODER DE POLÍCIA FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO São constitucionais a suspensão imediata do direito de dirigir e a apreensão do documento de habilitação [Código de Trânsito Brasileiro (CTB), artigo 218, III12] em caso de cometimento de infração classificada como gravíssima. Trata-se de providências administrativas de natureza acautelatória que objetivam assegurar a eficiência da fiscalização de trânsito em casos de flagrante de prática de Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;” 12 CTB/1997: “Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local, medida por instrumento ou equipamento hábil, em rodovias, vias detrânsito rápido, vias arteriais e demais vias: (...) III – quando a velocidade for superior à máxima em mais de 50% (cinquenta por cento): Infração – gravíssima; Penalidade – multa [3 (três) vezes], suspensão imediata do direito de dirigir e apreensão do documento de habilitação.” http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753355422 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo985.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais N. 30 AGOSTO DE 2020 13 ato classificado como de gravíssimo risco para a segurança pública. A leitura do art. 218, III, do CTB deve ser sistemática em relação ao diploma legal como um todo. A melhor interpretação do dispositivo permite concluir que a suspensão imediata do direito de dirigir será aplicada pela autoridade competente de maneira conforme ao procedimento previsto no art. 28113 e seguintes do CTB, asseguradas as garantias constitucionais inerentes ao devido processo legal. ADI 3.951, red. p/ o ac. min. Edson Fachin, DJE de 8-7-2020. (Informativo 985, Plenário Virtual) ___________________________________ RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DEVER DE INDENIZAR – REPERCUSSÃO GERAL O Estado responde subsidiariamente por danos materiais causados a candidatos em concurso público organizado por pessoa jurídica de direito privado [art. 37, § 6º, da Constituição Federal (CF)]14, quando os exames são cancelados por indícios de fraude. A responsabilidade civil do Estado subsome-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, na forma do art. 37, § 6º, da CF. Se comprovado o nexo de causalidade entre a conduta de um agente, nessa condição, e o dano sofrido por terceiro, 13 CTB/1997: “Art. 281. A autoridade de trânsito, na esfera da competência estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará a consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível. Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro julgado insubsistente: I – se considerado inconsistente ou irregular; II – se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação.” 14 CF/1988: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da respondem pelo ato tanto o Estado quanto a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços públicos. Esta, de forma primária e objetiva, uma vez que apresenta personalidade jurídica, patrimônio e capacidade próprios. O cancelamento de provas de concurso público em virtude de indícios de fraude gera responsabilidade direta da entidade privada organizadora do certame de restituir aos candidatos as despesas com taxa de inscrição e deslocamento para cidades diversas daquelas em que mantenham domicílio. Ao Estado, cabe somente a responsabilidade subsidiária, no caso de a instituição organizadora do certame se tornar insolvente. Assim, o Estado responde apenas subsidiariamente pelos danos materiais, relativos a despesas como taxa de inscrição e deslocamento, causados em razão do cancelamento de exames para o provimento de cargos públicos por indícios de fraude. RE 662.405, rel. min. Luiz Fux, DJE de 13-8- 2020, repercussão geral, Tema 512. (Informativo 986, Plenário Virtual) ___________________________________ União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753201739 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo985.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753445535 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4163004&numeroProcesso=662405&classeProcesso=RE&numeroTema=512 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo986.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais N. 30 AGOSTO DE 2020 14 DIREITO AMBIENTAL POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE PRINCÍPIOS PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO É vedada, no país, a entrada e registro de novos agrotóxicos, de modo tácito, sem a devida análise por parte das autoridades responsáveis e ausente a conclusão de estudos técnicos relacionados aos efeitos nocivos ao meio ambiente ou às consequências à saúde da população brasileira. O direito a um meio ambiente sustentável está imbricado com a ideia da dimensão ecológica da dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, a aprovação tácita impede que sejam tomadas medidas com o fim de proteger o meio ambiente e a saúde de todos, e ofende o princípio da precaução15. Esse postulado significa que, para que o ambiente seja protegido, os Estados aplicarão, de acordo com as suas capacidades, medidas preventivas. Onde existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis, não será utilizada a falta de certeza científica total como razão para o adiamento de medidas eficazes, em termos de custo, para evitar a degradação ambiental. A Lei 7.802/1989, que regulamenta o emprego dos agrotóxicos no Brasil, estabelece diretriz incontornável no sentido de vedar o registro de agrotóxicos, seus componentes e afins, com relação aos quais o país não disponha de métodos para desativação de seus componentes, de modo a impedir que os resíduos remanescentes provoquem riscos ao meio ambiente e à saúde pública. 15 CF/1988: Art. 225: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público A aprovação tácita dessas substâncias, por decurso de prazo, viola não apenas os valores acima citados, como também afronta o princípio da proibição de retrocesso socioambiental. ADPF 656 MC, rel. min. Ricardo Lewandowski, DJE de 31-8-2020. (Informativo 989, Plenário Virtual) ___________________________________ e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753655549 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo989.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais N. 30 AGOSTO DE 2020 15 DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS DIREITO À INFORMAÇÃO Há indícios de inconstitucionalidade no art. 6º-B da Lei 13.979/202016, incluído pelo art. 1º da Medida Provisória 928/2020, o qual suspendia os prazos de resposta a pedidos de acesso à informação nos órgãos ou nas entidades da administração pública cujos servidores estivessem sujeitos a regime de quarentena, teletrabalho ou equivalentes. A Constituição Federal (CF) consagrou expressamente o princípio da publicidade17 e 18 como um dos vetores imprescindíveis à administração pública e conferiu-lhe absoluta prioridade na gestão administrativa, garantindo a toda a sociedade pleno acesso às informações. À consagração constitucional de publicidade e transparência corresponde a obrigatoriedade do Estado em fornecer as 16 Lei 13.979/2020: “Art. 6º-B Serão atendidos prioritariamente os pedidos de acesso à informação, de que trata a Lei 12.527, de 2011, relacionados com medidas de enfrentamento da emergência de saúde pública de que trata esta Lei. § 1º Ficarão suspensos os prazos de resposta a pedidos de acesso à informação nos órgãos ou nas entidades da administraçãopública cujos servidores estejam sujeitos a regime de quarentena, teletrabalho ou equivalentes e que, necessariamente, dependam de: I – acesso presencial de agentes públicos encarregados da resposta; ou II – agente público ou setor prioritariamente envolvido com as medidas de enfrentamento da situação de emergência de que trata esta Lei. § 2º Os pedidos de acesso à informação pendentes de resposta com fundamento no disposto no § 1º deverão ser reiterados no prazo de dez dias, contado da data em que for encerrado o prazo de reconhecimento de calamidade pública a que se refere o Decreto Legislativo 6, de 20 de março de 2020. § 3º Não serão conhecidos os recursos interpostos contra negativa de resposta a pedido de informação negados com fundamento no disposto no § 1º. § 4º Durante a vigência desta Lei, o meio legítimo de apresentação de pedido de acesso a informações de que trata o art. 10 da Lei 12.527, de 2011, será exclusivamente o sistema disponível na internet. § 5º informações solicitadas, sob pena de responsabilização política, civil e criminal, salvo nas hipóteses constitucionais de sigilo. O dispositivo impugnado não estabelece situações excepcionais e concretas impeditivas de acesso à informação, pelo contrário, transforma a regra constitucional de publicidade e transparência em exceção, invertendo a finalidade da proteção constitucional ao livre acesso de informações a toda a sociedade. Diante disso, foi suspensa, em sede de referendo de medida cautelar, a eficácia do art. 6º-B da Lei 13.979/2020, incluído pelo art. 1º da Medida Provisória 928/2020. ADI 6.347 Ref-MC, ADI 6.351 Ref-MC e ADI 6.353 Ref-MC, rel. min. Alexandre de Moraes, DJE de 14-8-2019. (Informativo 975, Plenário) ___________________________________ Fica suspenso o atendimento presencial a requerentes relativos aos pedidos de acesso à informação de que trata a Lei 12.527, de 2011.” 17 CF/1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (...) LXXII – conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;” 18 CF/1988: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)” http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753469020 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753468971 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753468888 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753468888 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo975.htm#Covid-19%20e%20pedidos%20de%20acesso%20%C3%A0%20informa%C3%A7%C3%A3o N. 30 AGOSTO DE 2020 16 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS DIREITO À NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO Inexiste obrigatoriedade ou sanção ao investigado pelo não comparecimento à comissão parlamentar de inquérito (CPI). Tal como ocorre em depoimentos prestados perante os órgãos do Poder Judiciário, é assegurado ao investigado o direito de não se incriminar perante as CPIs.19 O direito ao silêncio, que assegura a não produção de prova contra si mesmo, constitui pedra angular do sistema de proteção dos direitos individuais e materializa uma das expressões do princípio da dignidade da pessoa humana. Na sua acepção originária, este princípio proíbe a utilização ou a transformação do homem em objeto de processos e ações estatais. O Estado está vinculado ao dever de respeito e proteção do indivíduo contra exposição a ofensas ou humilhações. O direito à não autoincriminação tem fundamento mais amplo do que o expressamente previsto no art. 5º, LXIII, da Constituição Federal (CF). Em verdade, ele é derivado da união de diversos enunciados constitucionais, dentre os quais o art. 1º, III20 (dignidade humana), o art. 5º, LIV21 (devido processo legal), o art. 5º, LV22 (ampla 19 HC 79.812, rel. min. Celso de Mello, P. 20 CF/1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;” 21 CF/1988: “Art. 5º (...) LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;” 22 CF/1988: “Art. 5º (...) LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;” defesa), e o art. 5º, LVII23 (presunção de inocência).24 Na doutrina, afirma-se que o princípio nemo tenetur se detegere passou a ser considerado direito do cidadão diante do poder estatal, limitando a atividade do Estado à busca da verdade no processo penal e, sobretudo, como medida de respeito à dignidade, e consolidando-se como direito fundamental no Estado de Direito.25 O direito ao silêncio foi consagrado em tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é signatário, que enunciam o direito do acusado de não depor contra si mesmo.26 Assim, o “nemo tenetur se detegere determina que o sujeito passivo não pode sofrer nenhum prejuízo jurídico por omitir- se de colaborar em uma atividade probatória da acusação ou por exercer seu direito de silêncio quando do interrogatório”.27 De mais a mais, por sua qualidade de investigado, o paciente não pode ser convocado a comparecimento compulsório, menos ainda sob ameaça de responsabilização penal. Se o paciente não é obrigado a falar, não faz qualquer sentido que seja obrigado a comparecer ao ato, a menos que a finalidade seja registrar as perguntas que, de antemão, todos já sabem que não serão respondidas, ou servir de instrumento de 23 CF/1988: “Art. 5º (...) LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;” 24 TROIS NETO, Paulo Mário C. Direito à não autoincriminação e direito ao silêncio. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011. p. 104. 25 QUEIJO, Maria Elizabeth. O direito de não produzir prova contra si mesmo. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 478. 26 Art. 14, 3, g, do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, em execução por força do Decreto 592/1992, e art. 8.2, g, do Pacto de São José da Costa Rica, em execução por força do Decreto 678/1992. 27 LOPES JR., Aury. Direito processual penal. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 104. http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=78158 N. 30 AGOSTO DE 2020 17 constrangimento e intimidação, como sói ocorrer nos interrogatórios havidos pelo País. É autêntica lawfare da acusação: registram-se as perguntas apenas tentar provocar prejuízo ao interrogado, por exercer seu direito ao silêncio.28 Diante disso, o direito à não autoincriminação abrange a faculdade de comparecer ao ato, ocasião em que será assegurado ao investigado: a) o direito aosilêncio, ou seja, de não responder, às perguntas a ele direcionadas; b) o direito à assistência por advogado durante o ato; c) o direito de não ser submetido ao compromisso de dizer a verdade ou de subscrever termos com esse conteúdo; e d) o direito de não sofrer constrangimentos físicos ou morais decorrentes do exercício dos direitos anteriores. HC 171.438, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 17-8-2020. (Informativo 942, 2ª Turma) ___________________________________ DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DIREITOS SOCIAIS SALÁRIO-FAMÍLIA A alteração de regência constitucional do salário-família29 e 30 não repercute nas relações jurídicas existentes na data em que promulgada a Emenda Constitucional 20/1998. Situações consolidadas não podem ser atingidas, observada a garantia do direito 28 ADPF 395, rel. min. Gilmar Mendes, P. 29 CF/1988: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XII – salário-família para os seus dependentes;” (redação original da Constituição) 30 CF/1988: “Art. 7º (...) XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;” (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 20, de 1998) 31 CF/1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a adquirido31, porque oponíveis ao poder constituinte derivado32. Uma coisa é afirmar a alteração ou a supressão de certo regime jurídico, respeitada a razoabilidade. Algo diverso é colocar em segundo plano direitos adquiridos e, mais, situações subjetivas já reconhecidas. Diante disso, as novas regras instituídas são inaplicáveis a quem, na data da publicação da emenda (dezembro de 1998), já estava em gozo do benefício, quando inexistentes condicionantes ao recebimento. RE 657.989, rel. min. Marco Aurélio, DJE de 17-8-2020, repercussão geral, Tema 543. (Informativo 987, Plenário Virtual) ___________________________________ DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DIREITOS SOCIAIS REPOUSO SEMANAL REMUNERADO É constitucional norma que autorize o trabalho aos domingos nas atividades do comércio em geral. A Constituição Federal (CF), apesar de encorajar o repouso semanal aos domingos, não exige que o descanso nele aconteça. A orientação do constituinte, obedecida pelo legislador, foi no sentido de o empregador assegurar ao trabalhador um dia de repouso em um período de sete dias (CF, art. 7º, XV33). “A Constituição não faz absoluta a opção pelo repouso aos domingos: o advérbio inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;” 32 CF/1988: “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (...) IV – os direitos e garantias individuais.” 33 CF/1988: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;” http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753486292 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo942.htm#CPI%20e%20comparecimento%20compuls%C3%B3rio http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=749901068 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art1 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753483774 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=543+++++++&numeroTemaFinal=543+++++++&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao= http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo987.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais N. 30 AGOSTO DE 2020 18 preferencialmente, que persiste, tem a função de modulá-la de modo a abrir margem à permissão do funcionamento aos domingos, de certas atividades, quando necessário.”34 Ademais, a Justiça Trabalhista igualmente admite o trabalho aos domingos. O enunciado 146 da Súmula do Tribunal Superior do Trabalho (TST), por exemplo, explicita que “o trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal”. ADI 3.975 e ADI 4.027, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 6-7-2020. (Informativo 985, Plenário Virtual) ___________________________________ ORGANIZAÇÃO DO ESTADO UNIÃO COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA É inconstitucional lei estadual que autorize e regule a transferência de recursos financeiros depositados em juízo para o Poder Executivo. A matéria relativa aos depósitos judiciais é de competência legislativa privativa da União, ainda que trate da utilização de disponibilidade financeira35 [Constituição Federal (CF), arts. 22, I, e 24, I36]. A transferência desses recursos para a Fazenda Pública ameaça a garantia de proveito futuro do objeto litigioso em favor da parte vitoriosa na ação judicial, o que diz respeito às garantias processuais de todos os jurisdicionados. Esse tema, afeto ao 34 ADI 1.675 MC, rel. min. Sepúlveda Pertence, P. 35 Precedentes: ADI 5.476, rel. min. Edson Fachin, P; e ADI 4.114, rel. min. Luiz Fux, P. 36 CF/1988: “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...) Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I – direito tributário, direito processual, é de competência privativa da União. Ademais, a utilização de recursos que, em algum momento, precisarão necessariamente ser devolvidos pelo Estado também importa em violação ao direito de propriedade (CF, art. 5º, caput37). Esses valores são depositados em juízo pelos litigantes, em razão de determinação legal ou de escolha do litigante, como forma de dar segurança aos valores em disputa. A custódia de patrimônio alheio pelo ente estatal não lhe permite desvirtuar a finalidade do liame jurídico, para fins de custear suas despesas públicas, caso contrário seria uma verdadeira expropriação, mesmo que temporária, dos direitos relativos à propriedade dos jurisdicionados38. Assim, foram declaradas inconstitucionais a Lei Complementar 147/2003 do Estado do Rio de Janeiro e a Lei 21.720/2015 do Estado de Minas Gerais. ADI 5.353, rel. min. Alexandre de Moraes, DJE de 6-7-2020. (Informativo 985, Plenário Virtual) ADI 5.072, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 17-8-2020. (Informativo 987, Plenário Virtual) ___________________________________ ORGANIZAÇÃO DO ESTADO UNIÃO COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA – REPERCUSSÃO GERAL A norma estadual que impõe à concessionária de geração de energia elétrica a promoção de investimentos, com financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;” 37 CF/1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:” 38 Precedente: ADI 5.409, rel. min. Edson Fachin, P. http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753175065 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753175066 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo985.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuaishttp://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=347205 http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?idDocumento=751972002 http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?idDocumento=751971999 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753175071 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo985.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753480662 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo987.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=751972001 N. 30 AGOSTO DE 2020 19 recursos identificados como parcela da receita que aufere, voltados à proteção e à preservação de mananciais hídricos é inconstitucional por configurar intervenção indevida do Estado no contrato de concessão da exploração do aproveitamento energético dos cursos de água, atividade de competência da União, conforme o art. 21, XII, b, da Constituição Federal (CF)39 . A lei estadual que cria obrigação para empresas concessionárias de serviços de abastecimento de água e de geração de energia elétrica, públicas ou privadas, a investir parte do valor total da receita operacional na proteção e na preservação ambiental da bacia hidrográfica em que ocorrer a exploração, ali apurada no exercício anterior ao do investimento, promove intervenção na relação de concessão estabelecida entre a empresa concessionária e a entidade concedente, no caso, a União. Ademais, a exigência decorrente do contrato de exploração dos recursos naturais não estabelecida a princípio pelo ente competente incrementa o custo do contrato administrativo pelo Estado- membro, interferindo na relação contratual previamente acertada.40 A exigência prevista na lei estadual também não se configura como parte de um sistema de controle e preservação ambiental, apta a fazer incidir a competência comum do Estado-membro. A competência comum, apontada como corolário a justificar a legitimidade da exigência da norma local, deve estar contida em um sistema federativo maior. Não deve, 39 CF/1988: “Art. 21. Compete à União: (...) XII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: (...) b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;” entretanto, ir de encontro ao sistema já estabelecido. Nesse sentido, o sistema de proteção ambiental, em especial com a definição de Áreas de Preservação Permanente criadas no entorno do reservatório d'água destinado à geração de energia, já encontra previsão no Código Florestal (Lei 12.651/2012). O Supremo Tribunal Federal admite que normas locais, editadas sob o manto da competência comum, sejam válidas em face de disposição federal divergente, desde que congreguem elementos a justificarem peculiaridade local.41 RE 827.538, red. p/ o ac. min. Luiz Fux, DJE de 22-7-2020, repercussão geral, Tema 774. (Informativo 985, Plenário Virtual) ___________________________________ ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ESTADOS FEDERADOS COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE É inconstitucional a lei estadual que, ao proibir a caça: a) não excepciona aquela destinada a fins científicos; e b) exige que a caça para controle populacional de animais nocivos seja feita exclusivamente por órgãos públicos. A Constituição Federal (CF) fixou a competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal para legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição (art. 24, VI), cabendo à União estabelecer as normas gerais (art. 24, § 1º)42, para fins de 40 Precedente: ADI 3.343, red. p/ o ac. min. Luiz Fux, P. 41 Precedente: RE 586.224, rel. min. Luiz Fux, P. 42 CF/1988: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) § 1º No âmbito da http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753299483 http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4607406&numeroProcesso=827538&classeProcesso=RE&numeroTema=774 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo985.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=629771 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=8399039 N. 30 AGOSTO DE 2020 20 padronização nacional, bem como aos Estados e ao Distrito Federal suplementar a legislação federal, consideradas as peculiaridades regionais. Com efeito, a Lei federal 5.197/1967, como regra geral, proíbe a perseguição, destruição, caça ou apanha de animais de qualquer espécie, em qualquer fase de seu desenvolvimento, que viva naturalmente fora do cativeiro, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais. O diploma autoriza, entretanto, mediante licença da autoridade competente, a destruição de animais nocivos à agricultura e à saúde pública, ou seja, a chamada de caça de controle. Permite, ainda, a coleta destinada a fins científicos. Se existe legislação nacional a autorizar as duas espécies de caça acima delimitadas (de controle e científica), não cabe a lei estadual criar restrição que implique maior risco ao meio ambiente, pois as referidas modalidades de coletas de animais, devidamente controladas, destinam-se ao reequilíbrio do ecossistema e à sua proteção. Nesse sentido, os Estados-membros são autorizados a legislar sobre matéria que envolva a caça, sempre considerando as peculiaridades regionais. Podem, e devem, definir onde, como, em que época e em que condições seria possível a atividade de caça, atendendo às suas singularidades e reforçando a proteção e a preservação do ecossistema local. A norma estadual deve, entretanto, submeter-se, em sua integralidade, às regras de repartição de competências legislativas, especialmente àquela cabível à União, a quem incumbe a definição de normas gerais para o estabelecimento de diretrizes nacionais a esse respeito. ADI 5.977, rel. min. Ricardo Lewandowski, DJE de 13-8-2020. (Informativo 986, Plenário Virtual) legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.” ___________________________________ ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ESTADOS FEDERADOS COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE É constitucional a lei federal que autoriza os Estados-membros a legislar sobre as condições técnicas e requisitos de segurança, higiene e conforto dos veículos de aluguel destinados ao transporte individual ou coletivo de passageiros. Trata-se de possibilitar que o poder competente regule as condições técnicas e de segurança de acordo com as peculiaridades relativas a cada ente, por meio do estabelecimento de normas técnicas, de higiene, de conforto e de segurança a serem atendidas para a exploração da atividade de transporte individual ou coletivo de passageiros por veículos de aluguel. Desnecessária, pois, a utilização da via da lei complementar, uma vez que não se está a falar de competência legislativa sobre trânsito e transporte a ser exercida pelo Estado-membro. É constitucional a norma estadual que impõe limitação de idade para os veículos de aluguel. A hipótese é de exercício de poder de polícia administrativa sobre os serviços de transporte. Se, por um lado, compete à União organizar as diretrizes básicas sobre a política nacional de transporte, por outro, cabe ao Estado-membro dispor sobre o transporte estadual e intermunicipal, ao passo que ao Município incumbem as regras de interesse local. A natureza da norma é regulamentar, para disciplina de aspectos da segurança do transporte intermunicipalde pessoas como exercício do poder de polícia do Estado de http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753445538 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo986.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais N. 30 AGOSTO DE 2020 21 forma proporcional, em todas as suas dimensões. ADI 4.212, rel. min. Rosa Weber, DJE de 13- 8-2020. (Informativo 986, Plenário Virtual) ___________________________________ ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ESTADOS FEDERADOS PRINCÍPIO DA SIMETRIA Não pode a Constituição estadual, de forma discricionária, estender o chamado foro por prerrogativa de função àqueles que não abarcados pelo legislador federal. O art. 92 da Constituição Federal (CF)43, ao trazer os órgãos do Poder Judiciário, prevê, em regra, primeira e segunda instâncias como juízo natural para todos aqueles que devam ser processados. De forma excepcional, prevê determinadas prerrogativas de foro especificamente para autoridades federais, estaduais e municipais. Então, a partir dessa ótica, a Constituição trouxe como regra a cognição plena para a questão criminal – primeira e segunda instâncias – e, quando foi necessário, excepcionou expressamente as autoridades. Esse entendimento tem base não só no princípio do juiz natural, mas no princípio da igualdade, segundo o qual todos devem ser processados e julgados pelos mesmos órgãos jurisdicionais. 43 CF/1988: “Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: I – o Supremo Tribunal Federal; I-A – o Conselho Nacional de Justiça; II – o Superior Tribunal de Justiça; II-A – o Tribunal Superior do Trabalho; III – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho; V – os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI – os Tribunais e Juízes Militares; VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal. § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional.” Entender diversamente, ou seja, que no exercício do seu poder de auto-organização, o Estado-membro, fundamentado no art. 125, § 1º, da CF44, poderia estabelecer foro por prerrogativa de função para qualquer pessoa, tornaria exceção a regra igualitária de julgamento pela primeira e segunda instâncias. Essa conclusão, embora pudesse decorrer do federalismo, levaria à não simetria. Diante disso, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 81, IV, da Constituição do Estado do Maranhão45, na parte que atribui foro criminal originário, perante o Tribunal de Justiça, aos procuradores de Estado, procuradores da Assembleia Legislativa, defensores públicos e delegados de polícia. ADI 2.553, red. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, DJE de 17-8-2020. (Informativo 940, Plenário) ___________________________________ ORGANIZAÇÃO DO ESTADO MUNICÍPIOS COMPETÊNCIA LEGISLATIVA É inconstitucional a lei estadual que determina que os serviços de saneamento e de abastecimento de água devem ser prestados por pessoa jurídica de direito público ou sociedade de economia mista controlada pelo Estado-membro ou por Município. 44 CF/1988: “Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.” 45 Constituição do Estado do Maranhão: “Art. 81. Compete ao Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente: IV – os Juízes do Tribunal de Alçada, Juízes de Direito, os membros do Ministério Público, das Procuradorias Gerais do Estado, da Assembleia Legislativa e da Defensoria Pública e os Delegados de Polícia, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;” http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753445530 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo986.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753485650 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo940.htm#Prerrogativa%20de%20foro%20e%20autoridades%20estaduais N. 30 AGOSTO DE 2020 22 Na Constituição Federal (CF) é estabelecida a competência comum de todos os entes federativos para promover a melhoria das condições de saneamento básico, inclusive por intermédio do sistema único de saúde46 e 47. Nesse pacto federativo cooperativo para a implementação de políticas de saneamento básico, cabe à União o estabelecimento das diretrizes48. As diretrizes nacionais para o saneamento básico foram fixadas na Lei 11.445/2007. Nessa lei estão os princípios a serem observados na prestação dos serviços de saneamento básico, como: universalização do acesso, integralidade, adequação à saúde pública, proteção do meio ambiente, disponibilidade, consideração das peculiaridades locais e regionais, desenvolvimento urbano e regional, eficiência, transparência, controle social e segurança. Por sua vez, o Decreto 7.217/2010, que regulamenta essa lei, disciplina que os serviços de saneamento básico podem ser prestados: a) por órgão da administração pública direta ou por autarquia, empresa pública ou sociedade de economia mista integrante da administração indireta; b) mediante concessão ou permissão precedida de licitação na modalidade concorrência pública; c) por gestão associada de serviços públicos, mediante contrato de programa autorizado por contrato de consórcio público ou por convênio de cooperação entre entes federados. 46 CF/1988: “Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...) IX – promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico”; 47 CF/1988: “Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: (...) IV – participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico”; Entretanto, compete aos Municípios, entes da federação responsáveis pela gestão dos assuntos de interesse local e pela edição de leis que digam respeito a esses temas, a titularidade dos serviços públicos de saneamento básico. A eles cabe escolher a forma da prestação desses serviços, se diretamente ou por delegação à iniciativa privada mediante prévia licitação49. O Município é, dentre todos os entes federativos, aquele que está mais próximo da população, cujas necessidades básicas conhece de perto, incumbindo-lhe, por essa precisa razão, prestar, em primeira mão, os serviços públicos essenciais, com destaque para a distribuição de água potável, sem prejuízo da eventual colaboração do Estado e da União. Nesse sentido, incumbe ao poder público, leia-se, ao poder concedente, a regulamentação dos serviços concedidos, não tendo, em consequência, o Estado- membro, em se tratando de um serviço de caráter local, competência para regulá-lo, seja a que título for. Assim, usurpa a competência dos Municípios para legislar sobre saneamento básico, assunto de interesse local, a lei estadual que torna obrigatória a prestação de serviços de saneamento e abastecimento de água por pessoas jurídicas de direito público ou por sociedade de economia mista sob controle acionário e administrativo do poder público estadual ou municipal. 48 CF/1988: “Art. 21. Compete à União: (...) XX – instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;” 49 CF/1988: “Art. 30. Compete aos Municípios: I – legislar sobre assuntos de interesse local; (...) V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transportecoletivo, que tem caráter essencial;” N. 30 AGOSTO DE 2020 23 Ademais, a referida lei contraria o art. 175 da CF50, no qual se atribui ao poder público a escolha da prestação de serviços públicos de forma direta ou sob regime de concessão ou permissão mediante prévia licitação. Retira-se dos Municípios, portanto, a possibilidade de planejamento e autoadministração. É obstruído o exercício da opção pela concessão dos serviços a empresas privadas, mediante prévia licitação e preenchimento dos critérios previstos em lei. Os Municípios perdem sua autonomia para, de maneira responsável e atendendo às peculiaridades locais, observando-se os princípios constitucionais que regem a administração pública, buscar pelo melhor serviço à população. ADI 4.454, rel. min. Cármen Lúcia, DJE de 25- 8-2020. (Informativo 988, Plenário Virtual) ___________________________________ 50 CF/1988: “Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; II – os direitos dos usuários; III – política tarifária; IV – a obrigação de manter serviço adequado.” 51 CF/1988: “Art. 165 Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II – as diretrizes orçamentárias; III – os orçamentos anuais. § 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO FINANÇAS PÚBLICAS ORÇAMENTO É inconstitucional a majoração do patamar mínimo de alocação de recursos destinados à educação em processos legislativos que excluam a participação do chefe do Poder Executivo. A gradação de percentual mínimo de recursos destinados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino não pode acarretar restrição às competências constitucionais do Poder Executivo para a elaboração das propostas de leis orçamentárias e para a definição e concretização de políticas públicas igualmente importantes relacionadas a outros direitos fundamentais, tais como a saúde e a segurança pública [Constituição Federal (CF), art. 165, §§ 1º, 2º, 5º e 8º51]. Inclui-se, nas competências do chefe do Poder Executivo, a prerrogativa de participar das decisões relacionadas à destinação da receita do ente federativo que integra, competindo-lhe, em razão disso, a iniciativa dos diplomas legislativos orçamentários mediante os quais as questões políticas metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. (...) § 5º A lei orçamentária anual compreenderá: I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. (...) § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.” http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753582488 http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo988.htm#Clipping%20das%20sess%C3%B5es%20virtuais N. 30 AGOSTO DE 2020 24 acerca das prioridades do governo em exercício serão debatidas, definidas e executadas.52 Assim, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 245, caput, III e § 3º, e do art. 246 da Constituição do Estado de Mato Grosso53. ADI 6.275, rel. min. Alexandre de Moraes, DJE de 19-8-2020. (Informativo 987, Plenário Virtual) ___________________________________ ORGANIZAÇÃO DOS PODERES PODER JUDICIÁRIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL É constitucional a competência das Turmas do Supremo Tribunal Federal (STF) para o julgamento de inquéritos e ações penais originárias contra deputados federais, senadores e ministros de Estado. A definição da competência das Turmas para julgamento dos referidos processos- crime tem o intuito de racionalizar a prestação jurisdicional no âmbito penal, de modo a possibilitar o julgamento desses feitos em tempo razoável, o que representa medida legítima, constitucional e enquadrada no âmbito da competência 52 Precedente: ADI 6.059, rel. min. Alexandre de Moraes, P. 53 Constituição do Estado de Mato Grosso/1989: “Art. 245. O Estado aplicará anualmente o percentual estabelecido pelo Art. 212 da Constituição Federal, da receita resultante de impostos, inclusive a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento de educação escolar, devendo alcançar os 35% (trinta e cinco por cento) nos termos do inciso III. (…) III – a fim de atingir o percentual de 35%, o Estado acrescentará anualmente um mínimo de 0,5% nos exercícios financeiros de 2016 até 2035. (...) § 3º Nos casos de anistia fiscal ou incentivos fiscais de qualquer natureza, fica o Poder Público proibido de incluir os trinta e cinco por cento destinados à educação. (...) Art. 246. O Estado aplicará, anualmente, os seguinte percentuais da Receita Corrente Líquida do Estado de Mato Grosso na manutenção e desenvolvimento da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, assim fracionados: I – no mínimo 2,0% da Receita atribuída pela Constituição Federal (CF) aos tribunais.54 De acordo com essa regra, a definição das normas de funcionamento dos órgãos jurisdicionais dos tribunais constitui matéria interna corporis, de atribuição privativa do Poder Judiciário, não sendo passível de invalidação quando não demonstrada a violação a qualquer direito ou garantia fundamental. Com a fixação da competência das Turmas para esses casos, o STF pretendeu conciliar as diversas ações penais de competência da Corte com as garantias fundamentais da defesa e os princípios e valores constitucionais objetivos da duração razoável do processo e da eficiência na atuação jurisdicional. É uma das diretrizes programáticas do STF que o Plenário tenha competência para julgar os casos de repercussão geral e de maior impacto jurídico, político e social, bem como os processos de natureza objetiva. Nessa perspectiva, o Regimento Interno possibilita inclusive a remessa de processo das Turmas para o Plenário, por decisão do Relator ou da própria Turma, quando for considerada relevante a questão constitucional ou jurídica decidida, ou quando existir divergência entre as Turmas sobre a matéria discutida. Líquida para o exercício de 2013; II – no mínimo 2,1% da Receita Líquida para o exercício de 2014; III – no mínimo 2,2% da Receita Líquida para o exercício de 2015; IV – no mínimo 2,3% da Receita Líquida para o exercício de 2016; V – no mínimo 2,4% da Receita Líquida para o exercício de 2017; VI – no mínimo 2,5% da Receita Líquida para o exercício de 2018 e posteriores. Parágrafo único.
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