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Autor: Prof. Rodrigo Martins Bryan Colaboradores: Profa. Patrícia Scarabelli Prof. Mário Henrique de Castro Caldeira Complemento do Design de Interiores Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Professor conteudista: Rodrigo Martins Bryan Rodrigo Martins Bryan é arquiteto e urbanista, formado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC‑Campinas) em 2000, licenciado em Artes Visuais pelo Centro Universitário de Araras “Dr. Edmundo Ulson” (Unar) desde 2017 e mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desde 2006. É docente desde 2007, atuando nas áreas de Arquitetura e Urbanismo, Design de Interiores, Design Gráfico e Fotografia na Universidade Paulista (UNIP); ministra a disciplina de Complementos do Design de Interiores desde 2013 no campus Swift. Também é docente de pós‑graduação lato sensu no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), em Campinas; e no Ensino Médio, na área de Artes com ênfase no Design, na Escola Comunitária de Campinas, desde 2010. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) B915c Bryan, Rodrigo Martins. Complemento do Design de Interiores / Rodrigo Martins Bryan. – São Paulo: Editora Sol, 2019. 228 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2‑113/19, ISSN 1517‑9230. 1. Projeto. 2. Transformação visual. 3. Materiais. I. Título. CDU 747 U502.53 – 19 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Ingrid Lourenço Lucas Ricardi Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Sumário Complemento do Design de Interiores APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 PLANEJAMENTO, METODOLOGIAS E ELEMENTOS PROJETUAIS .................................................... 11 1.1 O projeto e os processos do design ............................................................................................... 11 1.2 Problematização e levantamento de dados .............................................................................. 14 1.2.1 O usuário .................................................................................................................................................... 14 1.2.2 O espaço .................................................................................................................................................... 15 1.2.3 Problematização (Programa de Necessidades) ........................................................................... 15 1.2.4 Fluxograma ................................................................................................................................................ 17 1.2.5 Pesquisa de referências ........................................................................................................................ 20 1.2.6 Briefing ........................................................................................................................................................ 21 2 O PROJETO E SUA ELABORAÇÃO ............................................................................................................... 23 2.1 Estudo Preliminar (proposta projetual) ....................................................................................... 23 2.1.1 Reconhecimento do espaço arquitetônico construído ........................................................... 24 2.1.2 Conceituação do projeto (painel semântico) .............................................................................. 26 2.1.3 Situação e alterações do espaço/ambiente (planta baixa) .................................................... 29 2.1.4 Layout – Organização do espaço/ambiente (planta baixa) ................................................... 30 2.2 Anteprojeto ............................................................................................................................................. 33 2.2.1 Situação e alterações do espaço/ambiente (planta baixa e corte) ..................................... 35 2.2.2 Layout – Organização do espaço/ambiente (planta baixa e corte) .................................... 37 2.2.3 Iluminação (planta baixa) .................................................................................................................... 38 2.2.4 Instalações hidrossanitárias (planta baixa) .................................................................................. 39 2.2.5 Pisos e revestimentos (planta baixa e corte) ............................................................................... 40 2.2.6 Perspectiva ................................................................................................................................................. 45 2.2.7 Planilhas ..................................................................................................................................................... 45 2.3 Projeto de Execução (ou Executivo) ............................................................................................. 46 2.3.1 Situação alterações do espaço/ambiente (planta baixa e corte) ......................................... 49 2.3.2 Layout – Organização do espaço/ambiente (planta baixa e corte) .................................... 51 2.3.3 Pontos elétricos e iluminação ............................................................................................................ 51 2.3.4 Instalações sanitárias e pontos hidráulicos ................................................................................. 54 2.3.5 Revestimento das paredes e do piso (paginação) ..................................................................... 54 2.3.6 Detalhamento do teto (forro) ............................................................................................................ 55 2.3.7 Bancadas e cubas .................................................................................................................................... 55 2.3.8 Mobiliário planejado .............................................................................................................................. 56 2.3.9 Memorial Descritivo ............................................................................................................................... 57 2.4 Execução do projeto ............................................................................................................................59 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade II 3 A FORMA E A FUNCIONALIDADE DO ESPAÇO .................................................................................... 65 3.1 O espaço ................................................................................................................................................. 65 3.1.1 O espaço habitável ................................................................................................................................ 68 3.1.2 O espaço de trabalho ............................................................................................................................. 70 3.2 Usuários do espaço .............................................................................................................................. 71 3.3 Classificação dos ambientes ............................................................................................................ 75 3.3.1 As funções no espaço residencial .................................................................................................... 75 4 LINHAS E COMPLEMENTOS ......................................................................................................................... 93 4.1 Iluminação .............................................................................................................................................. 93 4.1.1 Tipos de lâmpadas .................................................................................................................................. 96 4.1.2 Tipos de luminárias ................................................................................................................................ 97 4.1.3 Circuitos de acendimento ................................................................................................................... 98 4.2 Tapetes ...................................................................................................................................................100 4.2.1 Utilização .................................................................................................................................................100 4.2.2 Tipos de tapetes .....................................................................................................................................103 4.3 Cortinas ..................................................................................................................................................104 4.3.1 Elementos de proteção para janelas .............................................................................................105 4.3.2 Tipos de pregueado ..............................................................................................................................107 4.3.3 Tipos de passante para varão ...........................................................................................................109 4.4 Quadros ..................................................................................................................................................109 4.4.1 Composição e colocação ....................................................................................................................111 4.5 Mobiliário...............................................................................................................................................113 4.5.1 A escolha do mobiliário ......................................................................................................................114 4.5.2 Mobiliário planejado ............................................................................................................................116 Unidade III 5 TRANSFORMAÇÕES VISUAIS.....................................................................................................................126 5.1 Composição espacial .........................................................................................................................126 5.1.1 Forma ....................................................................................................................................................... 127 5.1.2 Formato .................................................................................................................................................. 129 5.1.3 Cor .............................................................................................................................................................. 130 5.1.4 Textura ...................................................................................................................................................... 134 5.1.5 Luz ............................................................................................................................................................. 137 5.1.6 Proporção .............................................................................................................................................. 139 5.1.7 Escala .........................................................................................................................................................141 5.1.8 Equilíbrio ................................................................................................................................................. 142 5.1.9 Harmonia ................................................................................................................................................ 144 5.1.10 Homogeneidade e variedade ........................................................................................................ 145 5.1.11 Ritmo ...................................................................................................................................................... 147 5.1.12 Ênfase ..................................................................................................................................................... 148 6 MATERIAIS DE REVESTIMENTO ................................................................................................................150 6.1 Piso ...........................................................................................................................................................152 6.1.1 Tipos de piso .......................................................................................................................................... 153 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 6.2 Parede ......................................................................................................................................................163 6.3 Teto ...........................................................................................................................................................169 Unidade IV 7 ESCOLHA DE ESTILO, LINHAS, TEXTURAS E PADRÕES ....................................................................175 7.1 Estilos e características ....................................................................................................................176 7.1.1 Decoração clássica............................................................................................................................... 176 7.1.2 Moderno .................................................................................................................................................. 178 7.1.3 Rústico ..................................................................................................................................................... 186 7.1.4 Contemporâneo .................................................................................................................................... 188 7.1.5 Retrô .........................................................................................................................................................189 7.1.6 Outros estilos ..........................................................................................................................................191 8 LEILÕES, ANTIQUÁRIOS E MERCADOS DE OBJETOS USADOS ......................................................192 8.1 Móveis e objetos usados..................................................................................................................193 8.2 Antiguidades .......................................................................................................................................197 8.3 Antiquários ............................................................................................................................................199 8.4 Leilões de artigos usados e antiguidades .................................................................................201 8.5 Outros ......................................................................................................................................................201 9 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 APRESENTAÇÃO Esta disciplina tem como objetivo compreender os aspectos e os elementos a serem observados e trabalhados na elaboração de um projeto de interiores. O curso abrange uma série de questões relacionadas à atividade do designer de interiores, com o objetivo de capacitar o aluno a tirar partido do ambiente arquitetonicamente constituído para desenvolver e planejar os espaços internos, dialogando com objetos e elementos estéticos e formais, visando permitir sua melhor funcionalidade e uma relação agradável entre o indivíduo/usuário e o ambiente que o acolhe. É possível perceber, por meio dos conteúdos trabalhados na disciplina, a importância de diversos elementos na constituição e no planejamento do ambiente, a partir de aspectos funcionais e formais que podem traduzir os costumes e a cultura e permitir conforto e a ambientação do ser humano no espaço, possibilitando o melhor desempenho nas atividades que exercem cotidianamente. A disciplina visa permitir ao aluno o desenvolvimento de suas habilidades para elaborar e desenvolver projetos a partir dos elementos que configuram o ambiente humano relacionando os aspectos materiais e culturais, visando sempre uma maior integração entre indivíduo/usuário e o espaço projetado. INTRODUÇÃO Quando imaginamos um projeto de interiores, são inúmeras as ideias e possibilidades que brotam em nossa imaginação. Mas como materializar? Como transformar uma ideia em algo concreto? Esta disciplina visa compreender quais etapas e elementos fazem parte do processo de elaboração de um projeto, abordando os principais aspectos desse processo e oferecendo um conjunto de informações pertinentes e importantes para o planejamento e o desenvolvimento de um projeto. O designer de interiores precisa estar apto a lidar com uma diversidade de elementos que configuram um ambiente. No entanto, para que se possa realizar um projeto, deve‑se, além de conhecer todos os aspectos que envolvem a elaboração e os elementos que o constituem, saber como, quando e onde aplicá‑los. Nesta disciplina, abordaremos conteúdos que irão auxiliar o planejamento do trabalho a ser feito e as decisões que deverão ser tomadas durante o processo de elaboração de um projeto. É preciso, inicialmente, simular todas as etapas do projeto, assim como planejar sua realização. Para isso, iniciaremos apresentando uma visão ampla do processo, para que seja possível compreender quais são os elementos e as fases a serem incluídas no projeto. Além do planejamento sistemático do projeto e sua execução, é preciso ainda compreender os aspectos culturais que envolvem a relação das pessoas com os ambientes em que habitam ou onde trabalham. Também iremos trabalhar a percepção e a configuração do espaço arquitetônico, bem como 10 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 suas potencialidades e funcionalidades, e abordar os elementos e complementos a serem desenvolvidos no projeto de um ambiente, como cortinas, tapetes, quadros, iluminação e mobiliário. As diferentes configurações e composições dos elementos do projeto podem ser trabalhadas a partir das diversas possibilidades de perceber o espaço, o que configura sua identidade visual e funcional. Iremos trabalhar os princípios de composição e transformação do espaço e também os diferentes materiais de revestimento e acabamento das superfícies internas e suas características. O planejamento do ambiente deve ser considerado em relação aos seus aspectos físicos e funcionais, mas também se traduz visualmente a partir de referências culturais, que podem ser percebidas no estudo dos diferentes estilos e possibilidades criativas. Por fim, abordaremos um mercado cada vez mais importante para o design contemporâneo, ligado certamente às referências estilísticas e históricas do Design e da Arquitetura, mas também à prática sustentável de reuso e reaproveitamento de materiais e objetos, abordando o mercado de antiguidades e móveis usados. Começamos então percebendo que é necessário construir um repertório de elementos e conhecer as possibilidades de aplicação para que se possa propor soluções adequadas e eficientes. Também é importante trabalhar a percepção de diferentes configurações do espaço arquitetônico, classificar suas potencialidades e, principalmente, conhecer as necessidades do indivíduo/usuário em relação a eles, para que desta forma seja possível estabelecer um pensamento conceitual que dará identidade e originalidade ao projeto. Este material fornece conteúdos que nos permitem refletir e estabelecer relações entre todos os elementos constituintes do processo de elaboração de um projeto de interiores, com o intuito de oferecer um panorama do que está envolvido na elaboração e planejamento de um projeto de Design de Interiores. 11 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Unidade I 1 PLANEJAMENTO, METODOLOGIAS E ELEMENTOS PROJETUAIS 1.1 O projeto e os processos do design O propósito de qualquer projeto é organizar suas partes como um todo coerente, para se atingir certas metas. Na arquitetura de interiores, os elementos selecionados são dispostos em padrões tridimensionais, conforme diretrizes funcionais, estéticas e comportamentais. As relações entre os elementos estabelecidos por tais padrões determinam, em última análise, as qualidades visuais e a adequação funcional de um espaço interno e influenciam o modo como o percebemos e utilizamos (CHING; BINGGELI, 2013, p. 2). O projeto de interiores estabelece a direta relação entre os aspectos visuais e funcionais do espaço/ambiente arquitetônico, devendo ser capaz de valorizar formal e esteticamente a organização dos elementos construtivos e de potencializar funcionalmente seu uso. Como afirma Lawson, “projetar é uma forma de pensar, uma habilidade altamente complexa e sofisticada, mas que pode ser aprendida e praticada” (2011, p. 9). Portanto, requer não apenas criatividade, mas um conhecimento extenso de todos os fatores contemplados pela ação projetual. Existe um conjunto de elementos e informações que precisam ser estudadas, organizadas e trabalhadas com o objetivo de atingir resultados eficazes. Projetar é um exercício de contínuo aprendizado, e estamos sempre aprendendo coisas novas, pois cada projeto é um novo desafio e requer o uso de tecnologias e materiais diversos, sobretudo por precisar atender a diferentes finalidades. O designer é, então, incumbido de ter de uma postura crítica em relação ao mundo, necessitando ter, obrigatoriamente, um vasto repertório de culturas e comportamentos humanos, para que possa responder a necessidades de usos e a atividades diversas. Assim, podemos destacara importância de ter conhecimento técnico e repertório vasto de soluções, que possam ser executadas para dar vazão às diferentes funções que um espaço/ambiente possa acolher. Projetar é planejar, e o planejamento requer uma organização lógica e racional de todos os elementos necessários e, portanto, é preciso dividir processualmente cada etapa da estrutura do projeto, com a finalidade de abranger todas as possibilidades disponíveis para oferecer uma relação entre o espaço e seu usuário que permita a ele exercer suas atividades de forma confortável, prática e funcional. O planejamento do projeto de interiores é de enorme importância, pois garante que cada etapa possa ser pensada e executada, de forma eficiente, considerando as necessidades gerais e específicas de 12 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade I cada projeto. Aqui, serão apresentados e identificados tais conteúdos a serem trabalhados, assim como processos de trabalho que visam entender e facilitar esse planejamento. Determinamos quais elementos usar e como dispô‑los em padrões durante o processo de projeto. Ainda que seja apresentado como uma série linear de passos, o processo de projeto costuma ser mais como um ciclo interativo no qual uma sequência de análises cuidadosas, sínteses e avaliações de informações disponíveis, insights e soluções possíveis são repetidas até que se alcance um ajuste adequado entre o que existe e o que se deseja (CHING; BINGGELI, 2013, p. 39). É considerável inicialmente que os fatores determinantes para cada projeto sejam investigados por meio de pesquisas que envolvem o entendimento dos indivíduos/usuários do espaço a ser projetado, considerando não apenas as necessidades mais objetivas, mas também fatores subjetivos, como: • o estilo de vida do usuário do espaço; • as atividades exercidas por quem utilizará o espaço; • os gostos do usuário do espaço; • os costumes do usuário do espaço; • as medidas e dimensões do espaço. Somente a partir de um conhecimento aprofundado do usuário e do espaço a ser trabalhado é que podemos propor uma série de resoluções para o projeto e dar início à sua elaboração. Também devem ser considerados fatores funcionais, ergonômicos, ambientais, sociais, econômicos e técnicos, com o objetivo de estabelecer relações de custo/benefício. O processo projetual deve, portanto, conter uma ordem em que se permita o recolhimento e a análise de dados e informações que possam, de alguma forma, nortear o processo criativo e elaborar soluções eficientes que possam ser aplicadas ao contexto da proposta. Processo de design Processo de resolução de problemas Processo criativo Figura 1 – O processo de design 13 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Vamos pensar um pouco sobre a função do designer de interiores. É sua atribuição interpretar o espaço arquitetônico, o projeto e o planejamento, assim como a proposta de conceitos para intervir adequadamente nos ambientes, atendendo a funcionalidade, organização e conformidade com o projeto proposto. É também seu papel gerenciar e executar projetos, garantindo o cumprimento das propostas, assim como a manutenção dos custos previstos. O organograma e o cronograma são importantes ferramentas na fase de planejamento, a fim de assegurar que tudo possa ser feito cumprindo etapas e prazos definidos. Para isso, antes de iniciar a execução, é necessário que seja feita a realização de orçamentos, permitindo uma previsão dos custos, incluindo a mão de obra, os materiais, os objetos e o mobiliário. Portanto, o processo do design de interiores está relacionado à organização do trabalho em um conjunto de ações necessárias para seu desenvolvimento de forma lógica e coordenada, visando à resolução do problema a ser solucionado. Agora, vamos falar um pouco sobre planejamento e métodos de trabalho para melhor conhecer o processo de criação e elaboração do projeto em design de interiores. Iremos perceber que o processo de design considera que o processo criativo é uma busca para a resolução dos problemas estabelecidos pelos desígnios do projeto. E esse não é um caminho linear, mas sim um ciclo. O processo criativo compreende uma etapa que está submetida aos objetivos e, portanto, existem questões específicas a serem resolvidas, assim como existe mais de uma solução para cada problema, o que torna necessário encontrar a que mais se encaixa em cada caso. Assim, muitas vezes devemos voltar aos propósitos para que possamos avaliar as propostas do projeto. Devemos aqui considerar todos os fatores que envolvem os objetivos do projeto com o intuito de problematizá‑lo em busca de melhores soluções para aperfeiçoar os processos de elaboração. Para isso, podemos nos basear em metodologias projetuais propostas por diferentes autores para auxiliar a documentação e a elaboração dos processos de forma lógica e organizada, para que não se deixe passar nenhum aspecto importante. Vale ressaltar que tais metodologias visam criar um percurso que vai desde o levantamento dos dados pertinentes para o projeto até as tomadas de decisão e a proposta final, apresentando as melhores soluções possíveis. É certo dizer que, entre todas as metodologias, temos em comum a divisão do processo de elaboração de um projeto em pelo menos três etapas: • A problematização e o levantamento de dados. • A elaboração do projeto e as possíveis simulações para a resolução do problema definido. • O resultado final ou a determinação da proposta e sua execução. Problematização Projeto Solução final Etapas de elaboração do projeto Figura 2 – Etapas projetuais 14 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade I Propomos então entender mais detalhadamente o conteúdo a ser apresentado, cada uma dessas etapas e seus componentes e processos de realização. 1.2 Problematização e levantamento de dados Primeiro se define o problema de projeto. A habilidade de se definir e entender adequadamente a natureza do problema de projeto é parte essencial da solução. Essa definição deve especificar como a solução de projeto se dará e quais metas e objetivos serão atendidos (CHING; BINGGELI, 2013, p. 39). Nesta etapa, também conhecida como Estudos Preliminares, o profissional é responsável por levantar todas as questões pertinentes ao projeto com o intuito de conhecer o escopo do trabalho a ser realizado. Portanto, é importante conhecer primeiramente o usuário final e suas necessidades, assim como o espaço a ser trabalhado. Definir o perfil do cliente exige sensibilidade e o pleno entendimento de quem ele é, do que ele gosta e do que ele quer. Assim, evita‑se o uso de padrões e modelos preestabelecidos, que na maior parte das vezes não indicam uma identidade direta com seu usuário. É preciso também conhecer o espaço a ser trabalhado, de forma a analisar o que ele oferece e como se apresenta para termos controle do que pode ou não ser proposto e proporcionando o levantamento de informações para a definição do problema a ser solucionado pelo projeto. 1.2.1 O usuário A aproximação com o usuário é essencial e tem como objetivo compreender da melhor forma possível seus hábitos, assim como seu comportamento, observando e investigando sobre suas ações e experiências. Interaja, ouça atentamente seus problemas e suas determinações. Descubra do que ele gosta, quais são seus costumes, como realiza suas atividades e o que imagina que possa ser feito para facilitar seu dia a dia. Não tenha medo de fazer perguntas sobre sua intimidade, pois é importante que a proposta esteja adequada ao seu modo de vida. No caso de projetos comerciais ou empresariais, leve em consideração as ações a serem executadas no ambiente e entenda em detalhescomo devem ser executadas com eficiência e conforto e de que forma o projeto pode ou não colaborar para isso. É preciso conversar não só com o cliente/contratante, mas também com o próprio usuário para entender melhor as necessidades. Pergunte sobre como podemos facilitar suas ações para garantir que seu cotidiano de tarefas seja funcional e produtivo. Devem ser realizadas entrevistas, tantas quantas necessárias, através das quais será possível entender mais claramente as intenções a serem trabalhadas. É importante criar um roteiro de perguntas que possam auxiliar o levantamento das informações, com base no que é pertinente ao tema do projeto. Este questionamento se constrói a partir da funcionalidade desejada ao ambiente e de quem o utiliza. Lembre‑se sempre que o ambiente é pensado para o uso e assim torna‑se uma extensão de seu 15 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES usuário em qualquer uma de suas atividades, seja habitar, trabalhar ou se divertir. E assim devemos pensar que não é possível concebê‑los de forma independente. Ou seja, o conforto do usuário é o ponto de interesse em uma intervenção espacial e deve sempre ser considerado em um projeto de interiores. Observação Devem ser considerados os padrões culturais do comportamento e do dimensionamento humanos e também as particularidades e necessidades específicas dos indivíduos envolvidos no projeto. 1.2.2 O espaço Após conhecer o usuário e suas necessidades, é preciso também conhecer o espaço a ser trabalhado. Para tanto, é necessário que seja feita uma observação atenta e um levantamento detalhado das condições e dos potenciais desse espaço; assim como devem ser consideradas suas características arquitetônicas e seus elementos construtivos, que lhe conferem uma organização e uma identidade. Reforçamos, portanto, a necessidade de conhecer em detalhes o espaço e compreender suas características, recolher alguns dados – como dimensões e o estado físico de conservação da construção –, observar como é a luminosidade e a ventilação, a fim de melhor entender as suas particularidades, visando planejar com mais precisão a execução do projeto e calcular os custos envolvidos na sua realização. Entendemos que o design de interiores é responsável pela adequação e transformação do ambiente; portanto, é preciso conhecê‑lo totalmente. É preciso também deixar claro nesta etapa preliminar que o levantamento do espaço tem como objetivo o entendimento de suas possibilidades de intervenção. Mais adiante, será necessário um levantamento mais específico relacionado aos aspectos formais e técnicos ligados às qualidades construtivas e às instalações. Esse novo levantamento irá acontecer depois da aceitação da proposta, dos honorários e de tudo aquilo que for necessário para firmar o contrato de trabalho e o início efetivo do projeto. 1.2.3 Problematização (Programa de Necessidades) Com as informações relativas ao usuário e ao espaço já disponíveis, é possível partirmos para a etapa de problematização, na qual é definido o que precisa e o que pode ser feito. O projeto é uma proposta de solução, por meio do qual se pretende adequar um determinado ambiente a uma determinada atividade. O problema a ser resolvido está justamente relacionado a essa intervenção a ser proposta no projeto e, também por isso, é preciso conhecê‑lo de forma detalhada. A problematização é importante e deve ser trabalhada de forma a reunir todos os fatores determinantes para o projeto. É preciso analisar todos os dados levantados nas pesquisas anteriores e estabelecer tantas relações quanto possíveis entre eles, para que se saibam exatamente quais as questões a serem estudadas e trabalhadas na etapa de elaboração do projeto. Para essa organização, podemos sugerir a criação de um Programa de Necessidades. Ching e Binggeli (2013) estabelecem três itens a serem levados em consideração: 16 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade I • O que existe? • O que se deseja? • O que é possível? Para responder a essas questões, é necessário considerar as etapas já realizadas do processo: a compreensão do ambiente e dos elementos nele existentes; o esclarecimento do problema a ser resolvido, identificando suas necessidades; e o que pode ou não ser alterado e de que maneira pode ser feito. Assim, deve ser elaborado um Programa de Necessidades com o intuito de estabelecer um planejamento inicial e as necessidades levantadas para cada ambiente a ser trabalhado. O Programa de Necessidades é apresentado geralmente na forma de um quadro, no qual os ambientes são listados e classificados a partir das atividades a eles relacionadas em conjunto com as necessidades de cada um deles. A seguir, veremos um exemplo de um Programa de Necessidades simplificado, com o levantamento inicial de alguns ambientes de um projeto residencial. Quadro 1 – Exemplo de Programa de Necessidades simplificado Ambiente m² Atividades Necessidades Quarto de criança 16 Dormir, brincar, desenhar, estudar, guardar objetos pessoais, ver televisão etc. • Luminosidade natural durante o dia e escuro durante a noite. • Evitar mobiliário e objetos pontiagudos. • Mesa para desenho com luminária e lugar para guardar brinquedos. • Armário para vestuário. • Cama com criado‑mudo para luminária, televisão etc. Cozinha 10 Cozinhar, fazer refeições, reunir amigos etc. • Luminosidade natural durante o dia, iluminação geral e específica para as áreas de trabalho durante a noite. • Balcão para preparo de massas e outros alimentos. • Duas pias grandes. • Armários para armazenamento de panos, alimentos, utensílios. • Lugar para forno e fogão com coifa, geladeira, boa ventilação e de fácil limpeza. Banheiro da suíte 5 Banho, higiene pessoal. • Box, lavatório, armário para itens pessoais e remédios. • Lugar para roupa suja e lixeira. • Local com boa ventilação, iluminação geral e direta sobre a bancada da pia e de fácil limpeza. Suíte 21 Dormir, ver TV, descansar, ler. • Cama grande com criado‑mudo nas laterais. • Poltrona confortável com apoio para os pés. • Iluminação geral, direta para leitura na cama e indireta. • Armários para utensílios, boa iluminação natural durante o dia, boa ventilação etc. 17 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES No exemplo disposto no quadro, podemos perceber, de maneira lógica e clara, quais são os ambientes a ser trabalhados, seu dimensionamento, sua utilização e os elementos necessários para sua ocupação e organização visual e funcional. Posteriormente, será possível acrescentar características mais específicas dos ambientes ao Programa de Necessidades, assim como propostas de soluções estéticas e formais para cada um deles ou ainda a escolha de acabamentos e mobiliários, materiais ou outras informações pertinentes. Mas por enquanto, o importante é elencar a vocação de cada ambiente e listar suas necessidades e características, a fim de continuarmos o processo investigativo da forma mais objetiva possível. Quadro 2 – Etapas de elaboração do programa de necessidades Coleta das informações Análise das informações Documentação das informações Obtenha as plantas (no caso de um espaço existente). Analise as notas tomadas nas entrevistas. Documente a missão do cliente, sua visão de futuro e seus objetivos. Visite o terreno ou prédio com o cliente. Crie organogramas das relações espaciais ideais. Faça um resumo do programa das necessidades atuais e daquelas de ampliações futuras. Registre as observações feitas em campo. Determine o número de funcionários atuais e descubra quais são as projeções. Inclua as observações registradas durante as entrevistas. Determineexatamente quem são os clientes e usuários finais (Quem toma as decisões? Quem usa os espaços?). Desenvolva listas de tipos e quantidades de espaços. Obtenha, com o cliente, a aprovação do Programa de Necessidades e das projeções. Colete informações sobre o cliente (sua missão, a estrutura da organização, seus objetivos, sua visão etc.). Defina as necessidades especiais de cada espaço (por exemplo, a quantidade de armários para determinado número de arquivos). Elabore o relatório final. Entreviste representantes do cliente e usuários finais. Faça uma lista das questões que devem ser esclarecidas ou resolvidas. Fonte: Grimley; Love (2016, p. 11). No livro Cor, Espaço e Estilo, podemos encontrar uma sugestão para o processo de elaboração do Programa de Necessidades. No quadro apresentado, os autores apresentam as etapas a serem cumpridas de forma mais elaborada, as informações necessárias e a documentação de todos os dados para o projeto. Assim, é possível usar alguns métodos de análise por meio de estudos esquemáticos que possam ajudar a visualizar as relações espaciais entre os ambientes, estabelecendo e classificando suas formas de uso. 1.2.4 Fluxograma A realização de um fluxograma complementa e organiza algumas informações referentes ao Programa de Necessidades, estabelecendo relações entre diferentes ambientes ou ainda diferentes ações dentro dos mesmos. É uma representação esquemática dos processos a serem contemplados. Com ele, podemos pensar na circulação, planejando o mobiliário para que determinadas ações possam ser executadas de forma eficiente. 18 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade I Lembrete As informações colhidas com os usuários e com a observação do espaço/ambiente ajudam a definir as relações funcionais para a elaboração do fluxograma. No caso de uma residência, o fluxograma pode apontar como o usuário deverá circular entre os diferentes ambientes estabelecendo um plano de interferências e de possíveis ligações entre eles. Então, no caso do ambiente residencial, podemos exemplificar pensando em como os acessos se estabelecem a partir da entrada principal e os caminhos que conduzem os usuários dentro do espaço. Ela leva a um hall e, deste, tenho acesso a uma sala que então distribui a circulação para o restante dos ambientes? Ou do próprio hall essa distribuição acontece e então se pode chegar aos quartos ou à cozinha sem passar pela sala? Ou ainda planejar se da garagem da casa teremos acesso direto ao jardim ou devemos obrigatoriamente passar por outros ambientes no interior da casa para chegar até ele. A figura a seguir representa um fluxograma funcional para uma residência, apresentando não os ambientes propriamente ditos, mas agrupamentos relacionados ao uso. Essa classificação ajuda no sentido de permitir entender o espaço como um todo, assim como sua divisão por funções a partir de relações comuns em um projeto residencial. Dessa maneira, podemos visualizar e planejar como serão as interferências e ligações mais diretas entre as diferentes funcionalidades de uso que apresentam. Íntimo Quartos, banheiros, salas de TV etc. Social Sala de estar, de jantar, cozinha, lavabo etc. Serviço Área de serviço, depósitos etc. Garagem Lazer Jardim, piscina, churrasqueira etc. Figura 3 – Fluxograma funcional de uma residência Observação A classificação de uso dos ambientes deve considerar aspectos relacionados à sua funcionalidade, mas também de seu uso dentro de um contexto espacial que abrange sua totalidade. 19 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Já na figura a seguir, temos um fluxograma dividido por ambientes, estabelecendo as inter‑relações a serem propostas entre os mesmos a partir do seu uso. Perceba como já estamos criando um fluxo, definindo uma circulação e conectando as diferentes funcionalidades. Essa setorização é importante para garantir que o uso de um ambiente não interfira no conforto do outro. Churrasqueira Sala de estar/jantar Circulação Quarto 2 Suíte Banho Banho Quarto 1 Cozinha Garagem Área de serviço Figura 4 – Fluxograma detalhado dos ambientes de uma residência Em projetos comerciais ou empresariais, também é importante considerar os diferentes ambientes de trabalho e distribuí‑los de forma a garantir o fácil acesso entre eles, classificando a funcionalidade e estabelecendo relação com os demais ambientes e suas possíveis correlações, garantindo proximidade ou distância entre eles de acordo também com suas necessidades de uso. Podemos pensar aqui no exemplo de uma loja de roupas e no fluxograma apresentado na figura a seguir, com um programa básico de necessidades, prevendo: a exposição das peças de vestuário, balcão de atendimento, caixa, provador e um pequeno estoque. É preciso pensar como as diversas funções devem estar dispostas no espaço, para garantir que o provador tenha privacidade, ao mesmo tempo que esteja próximo das peças do mostruário, ou que o caixa possa funcionar sem atrapalhar o atendimento, pensando que o espaço de circulação é importante para que se possa ver os produtos expostos com tranquilidade. Entrada/Vitrine Exposição produtos Atendimento EstoqueCaixa Provador Figura 5 – Fluxograma de uma loja de roupas Agora que conhecemos o problema a ser respondido pelo projeto e temos informações sobre o usuário, o espaço e as atividades a serem trabalhadas, podemos investigar e buscar soluções criativas e práticas. 20 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade I Exemplo de aplicação A classificação dos ambientes pode ser observada em diferentes espaços e se mostrar mais ou menos eficiente de acordo com os padrões mais utilizados, mas também por meio de soluções específicas para um projeto que deva atender a determinadas atividades. Observe a casa onde você mora ou alguma que frequente e relacione as diferentes funções e ligações entre os ambientes existentes e, depois disso, construa um fluxograma. 1.2.5 Pesquisa de referências Esse é o momento de pesquisar. Procurar referências que atendam, de certa forma, à demanda e à resolução do projeto. As referências se aplicam tanto às questões estéticas quanto às técnicas, e permitem que possamos conhecer possíveis soluções encontradas por outros profissionais para questões semelhantes. Assim, será possível criar um repertório de ideias que poderão ser aplicadas e experimentadas, visando as melhores decisões para as propostas do projeto. Existem muitas possibilidades e conteúdos de pesquisa, que envolvem textos (livros ou artigos), mas também imagens que fornecem referências visuais. Quanto mais lemos ou vemos conteúdos relevantes, maior a possibilidade de encontrarmos uma solução adequada. A pesquisa também permite que possamos criar um repertório de soluções que ainda que não se apliquem ao projeto em questão, mas sirva para futuros trabalhos. Para isso, é importante a documentação e catalogação dessas informações; assim, poderemos recorrer a elas quando houver necessidade e saberemos onde encontrá‑las. Tais pesquisas e soluções buscadas devem abranger o caráter de ordem técnica, mas também estética. Elas irão auxiliar a escolha dos materiais a serem utilizados, das instalações hidráulicas, elétricas e sanitárias até a escolha das cores e do estilo a ser adotado na decoração e no mobiliário. Mas também deverá possibilitar o entendimento e o funcionamento de determinados equipamentos, considerando sua instalação e funcionamento para que o projeto possa prever condições para sua utilização. Isso vale para toda ordem de coisas, como a instalação de um ar‑condicionado, que deve prever a adequação da instalação elétrica e ainda sua fixação, mas também sua interferênciaestética no ambiente. Ou ainda um home theater, que requer também um planejamento envolvendo a instalação de caixas acústicas e, por vezes, da iluminação no ambiente. E então devemos considerar que é necessário conhecer quais tipos de equipamentos serão instalados, para que possamos conhecer suas necessidades. Em relação aos padrões estéticos, a pesquisa possibilita conhecer estilos de mobiliários e formas de organização em que se reconheça uma identificação com os desejos do cliente. A possibilidade de conhecermos diversas soluções relacionadas à combinação de estilos, cores, objetos, permite 21 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES também uma maior diversidade de escolhas, aumentando a eficiência das soluções apresentadas pelo projeto. No caso de projetos comerciais, a pesquisa também deve ser orientada a partir da própria identidade visual da marca envolvida. Seja empresa ou comércio, geralmente existe um planejamento visual que envolve a logomarca, assim como estilos relacionados ao segmento da empresa. Empresas de tecnologia geralmente estão mais próximas de materiais como o vidro, o aço. As empresas ligadas a outros ramos comerciais podem ser mais bem identificadas por materiais rústicos, como a madeira e o ferro. Um dos caminhos a serem buscados são pesquisas relativas a outras empresas do mesmo segmento, já consolidadas. Por meio delas, é possível pensar em determinados padrões associados à maneira como as pessoas estão habituadas a perceber essas marcas e o que elas esperam dentro de determinado setor. A própria identidade visual da marca já define um caminho de identificação para o ambiente. Lojas de doce, por exemplo, em geral, têm sua identidade representada por meio de linhas curvas, que remetem a certo romantismo e as formas naturais, e, portanto, pode ser ambientada a partir dessa ideia. Mais uma vez é o momento de rever todos os dados e organizá‑los de forma lógica e clara, construindo o que chamamos de briefing. 1.2.6 Briefing O briefing, neste caso, tem duas funções. A primeira é apresentar ao cliente uma proposta de trabalho estruturada das necessidades consideradas até as propostas iniciais de intervenção no espaço. A segunda é definir as ações propostas, organizando e orientando sua execução, como um Programa de Necessidades mais extenso e detalhado do projeto. O briefing serve como documento de apresentação e organização inicial do projeto para uma próxima reunião com o cliente e permite que tanto ele como o próprio designer possam visualizar a proposta como um todo. Alguns pontos são essenciais na elaboração de um briefing: 1. Nome do contratante, telefone, endereço. 2. Nome do profissional, telefone, endereço comercial. 3. Localização, área total do projeto, relação dos ambientes (com áreas ou metragens individuais) e ainda outras informações pertinentes. 4. No caso de um ambiente comercial, a identificação da marca e o ramo de atuação. 5. A identificação do público‑alvo do projeto, no caso de um ambiente comercial ou empresarial, ou do próprio cliente/usuário em uma residência. 22 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade I 6. Programa de Necessidades detalhado, incluindo propostas de materiais e estilos para cada ambiente do projeto. 7. Disponibilidade financeira (do cliente). 8. Prazos e etapas de trabalho desde a concepção do projeto até sua execução. 9. Outras informações que possam ser relevantes ou importantes para o planejamento e o bom andamento do projeto. Com o briefing em mãos, já é possível pensar no valor do seu trabalho e elaborar uma proposta de honorários. É certo que sua proposta deve estar adequada ao serviço a ser realizado e à extensão do projeto e do trabalho, considerando as horas a serem trabalhadas. Possíveis deslocamentos devem ser considerados, assim como de outros custos adicionais, como a contratação de um profissional de Engenharia ou Arquitetura para possíveis consultorias e responsabilidade técnica, dependendo do tipo de intervenção a ser sugerida. Exemplo de aplicação Pesquise em sua região a média de valores cobrados pelos profissionais da área. Leve em conta ainda se o trabalho envolve apenas a elaboração do projeto ou também sua execução. Saiba mais A Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD), com sede em várias regiões, oferece consultoria e informações para elaboração de contratos e tabelas de honorários para associados. Acesse o link: <http://www.abd.org.br/>. É importante redigir um contrato em que constem todas as responsabilidades assumidas, tanto por parte do profissional como também por parte do cliente/contratante. Ainda devem ser estabelecidos os prazos de execução do trabalho e os valores envolvidos para o mesmo. A princípio, esses valores ainda não envolvem os relativos à execução do projeto, mas de sua elaboração e o acompanhamento profissional. Afinal, o projeto só pode ser quantificado após o término de sua elaboração, com a escolha dos materiais, objetos, modificações e serviços envolvidos. Quanto mais detalhado o contrato em relação ao que vai ser feito, maior a garantia de que o seu trabalho cumpriu tudo o que foi acordado. Dessa forma, o profissional não poderá ser responsabilizado por eventuais demandas inesperadas durante a execução da proposta. Tendo sido aprovado o briefing e formalizado o contrato, é hora de começar o projeto. 23 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES 2 O PROJETO E SUA ELABORAÇÃO O gerenciamento de um projeto de Design de Interiores exige tanta criatividade quanto a própria atividade de design, e os melhores projetos iniciam com um cronograma cuidadosamente planejado. O processo de projeto costuma ser dividido em diferentes fases, a fim de se estabelecer momentos‑chave de tomada de decisão, seja dentro da própria equipe de designers, seja no relacionamento com o cliente. No início do processo projetual, inúmeras opções se apresentam, mas à medida que o design se desenvolve, o número de opções gradualmente se reduz, e o projeto vai se consolidando em relação a temas e configurações específicos (GRIMLEY; LOVE, 2016, p. 9). Após as etapas preliminares relacionadas às pesquisas e o levantamento das informações necessárias, além da organização de todos os dados, foi possível reunir e documentar uma série de questões relevantes ao projeto e decidir sobre as melhores soluções para a sua elaboração. Então é o momento de colocar em prática o que foi até aqui planejado. O processo criativo toma forma com a concretização das propostas e o estudo sistemático das possíveis soluções a serem adotadas. 2.1 Estudo Preliminar (proposta projetual) A primeira ação efetiva para essa etapa é um levantamento detalhado do espaço arquitetônico. É necessário fazer uma medição mais precisa e observar sua organização espacial com mais atenção, documentar os elementos construtivos e levantar tudo que é preciso para o seu entendimento. A medição do espaço existente de forma criteriosa é muito importante, pois se houver diferenças significativas entre o desenho e o ambiente real, algumas ideias podem ser incorporadas de forma equivocada, o que pode gerar grandes problemas na sua execução. Por exemplo, numa composição de peças de mobiliário em um determinado ambiente, pode‑se descobrir que o projeto previu algo inviável na realidade e o espaço de circulação seria, então, supostamente prejudicado. Ou então a escolha de uma peça superdimensionada em relação ao próprio ambiente. Ou ainda pode acontecer de um sofá, uma geladeira ou outros equipamentos não conseguirem nem ao menos passar pelas portas, ou até de não caberem no elevador no caso de apartamentos. Por isso, é importanteconsiderar e dimensionar corretamente todos os elementos, as aberturas e os acessos. Mesmo tendo havido uma visita anterior ao espaço, é importante voltar a ele com o intuito de compreendê‑lo melhor. Ter atenção aos detalhes, medir não só os ambientes, mas também os elementos que estão nele constituídos. A localização e o tamanho das aberturas, a ventilação, as instalações elétricas, tanto das tomadas quanto da iluminação, instalações hidráulicas existentes e de outros elementos, são importantes para que decisões de possíveis modificações sejam consideradas. 24 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade I 2.1.1 Reconhecimento do espaço arquitetônico construído Todo esse levantamento deve ser devidamente documentado e organizado, dando origem ao desenho das plantas baixas de situação. É o local onde serão representadas as características originais do espaço/ambiente, permitindo sua visualização gráfica. As plantas baixas também vêm acompanhadas de cortes (vistas internas) para melhor identificação dos elementos verticais e croquis relativos a detalhes construtivos a serem considerados. Propomos então a elaboração de um conjunto de desenhos que devem conter as seguintes informações: • Alvenaria: — Representação de todos os elementos construtivos, paredes de alvenaria, estrutura (pilares e vigas) e ainda elementos de outros materiais que devam ser considerados, como aço, vidro, madeira, gesso. — Representação das aberturas (portas e janelas). Tanto em suas dimensões horizontais (planta baixa) quanto verticais (corte/vista). • Piso: — Identificação do piso existente como forma de análise de sua manutenção ou substituição. — Representação dos possíveis níveis do piso identificando equipamentos como rampas, escadas e suas dimensões. • Teto: — Identificação e especificação de suas características, indicando a presença ou não de forro e de instalações, especificando o tipo de instalação e de suas dimensões. • Elétrica: — Representação da localização de todas as tomadas e pontos de iluminação, assim como interruptores e sistemas de acendimento, telefone e televisão. — A planta baixa pode ser complementada com tabelas e planilhas, especificando o tipo de instalação e suas dimensões. • Hidráulica: — Representação e localização de todas as saídas e entradas de água, fria e/ou quente, assim como esgoto, especificando o tipo de instalação. Se determinado ponto é uma torneira, um chuveiro etc. — Também pode ser complementada por tabelas e planilhas, especificando o tipo de instalação e suas dimensões. 25 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES • Bancadas: — Representação da localização e do dimensionamento de bancadas de alvenaria ou pedra existentes, assim como outros equipamentos fixos, como armários embutidos etc. • Outros: — Qualquer outra informação sobre o espaço/ambiente, como forros, pisos, revestimentos ou outras instalações e elementos relevantes ao projeto. Devemos lembrar que consultar as Normas da ABNT é importante para que o desenho técnico esteja adequado e sua legibilidade e entendimento sejam garantidos. Sugerimos o conhecimento da norma NBR 6492-1994, a qual especifica, fixando as condições exigíveis, a representação de projetos de Arquitetura. Aqui, é importante também lembrar que a atribuição técnica do designer não permite que ele avalie estruturas e outros elementos da Arquitetura e da Engenharia, assim como um possível dimensionamento e projeto técnico das instalações elétricas ou hidráulicas. Portanto, é imprescindível consultar um profissional habilitado para balizar as decisões a serem tomadas. Também é importante lembrar que o código de obras é de responsabilidade dos municípios e, portanto, é imprescindível consultar a legislação local, de modo a saber até que ponto da execução do projeto o profissional de Design de Interiores pode se responsabilizar. Em geral, qualquer alteração do projeto arquitetônico, como retirada ou construção de paredes em alvenaria, alteração na estrutura da construção ou ainda modificações nas aberturas existentes, exige a responsabilidade técnica de um profissional habilitado em Arquitetura ou Engenharia civil. Saiba mais Para informações mais específicas sobre a Legislação, consulte: Lei nº 13.369 – Regulamentação da profissão BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 13.369, de 12 de dezembro de 2016. Dispõe sobre a garantia do exercício da profissão de designer de interiores e ambientes e dá outras providências. Brasília, 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2015‑2018/2016/lei/L13369.htm>. Acesso em: 2 abr. 2019. CBO 2629 – Designer de interiores (Nível Superior) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DESIGNERS DE INTERIORES (ABD). CBO 2629: Designer de interiores (Nível Superior), [s.d.]. Disponível em: <http://abd.org.br/ cbo‑2629‑designer‑de‑interiores‑nivel‑superior>. Acesso em: 2 abr. 2019. 26 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade I Seguiremos agora para a elaboração do que chamamos de Estudo Preliminar para dar início ao projeto. Esta é uma etapa posterior às pesquisas e tem como objetivo mostrar ao cliente/usuário as propostas iniciais para o espaço/ambiente a ser trabalhado. Dessa forma, é importante a definição de um conceito visual e/ou funcional que norteie as decisões seguintes e sua aplicação em um primeiro estudo projetual. 2.1.2 Conceituação do projeto (painel semântico) A fase de conceituação leva em consideração tudo o que foi levantado até aqui. É o momento de definir um conceito para atribuir ao projeto, relacionado aos quesitos estéticos e funcionais propostos na concepção inicial do ambiente. Todas as escolhas devem ser fundamentadas pelas pesquisas realizadas. “Ao ambientar uma casa ou abrir uma empresa, a maioria das pessoas está comunicando algo sobre si; seu entorno contém uma mensagem” (GIBBS, 2015, p. 39). A mensagem diz respeito ao que se quer comunicar. Ela pode representar uma posição social, um gosto pessoal ou ainda determinadas intenções estilísticas. No caso de uma empresa, está geralmente relacionada ao público‑alvo que se deseja atrair e à identidade visual dela, pois procura uma identificação do ambiente com as posturas que determinada empresa assume diante de seu público. No caso do usuário de um ambiente residencial, também há uma busca por essa identificação com o espaço, mas agora mais pessoal, íntima, em relação aos seus gostos, preferências e ações cotidianas. É um tipo de comunicação visual que determina a identidade do espaço ou do ambiente. Ainda que não aconteça sempre de forma explícita, tem a ver com a essência, com as sensações que tal ambiente pretende causar nas pessoas. Utilizamos o estudo da Semântica para examinar o significado dessas relações perceptivas. No design, a Semântica é utilizada para criar afinidades entre o projeto e os desejos e sentimentos tencionados pelo cliente. Observação A Semântica em Linguística é o ramo que estuda o significado das palavras e sua interpretação como parte integrante do texto. A fase de conceituação se traduz geralmente através do que chamamos de painel conceitual ou painel semântico, também chamado pelo termo mood board, que é traduzido por “quadro de humor”, utilizado para transmitir ao cliente/usuário as intenções iniciais a serem propostas no projeto. 27 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES O painel semântico ou conceitual traduz visualmente as referências básicas do projeto e apresenta todos os sentimentos e emoções que pretende oferecer ao usuário. Pormeio das cores, dos materiais, das formas e texturas e dos estilos de vida, almeja a identificação do cliente com o conceito adotado no projeto. Use a criatividade para montar o painel semântico. Não existe uma regra a seguir, mas lembre‑se de que ele deve ser sedutor aos olhos do cliente. Utilize todo o tipo de imagens, fotografias, desenhos, símbolos, palavras, pequenos textos. Pode ser feito digital ou mesmo fisicamente, através de recortes e desenhos. Não é uma simples composição de imagens, mas traduz a relação entre o usuário e o espaço pretendido, usando pequenos recortes do mundo relativos à realidade de ambos. É importante estabelecer esse vínculo afetivo do cliente com o projeto. Por isso, o projeto gráfico do painel é muito importante. Observação O painel conceitual envolve a tradução do conceito por meio das imagens, mas sua apresentação é importante. Seja criativo, mas não deixe de se preocupar com a clareza e a organização visual da prancha. Figura 6 – Painel semântico para projeto de interiores Após a definição do conceito a ser adotado, vamos começar a pensar na elaboração do projeto. Até aqui, levantamos todos os conteúdos e informações e chegamos a uma ideia que, de certa forma, permite visualizar e compreender as intenções emocionais, perceptivas e funcionais. Reunimos e montamos o Programa de Necessidades e o briefing. Agora é hora de aplicar todos os dados levantados. O projeto nessa etapa ainda é preliminar e define como o profissional pretende pôr em prática tudo o que foi conversado, estudado e decidido até aqui. É ainda uma fase de estudo, e muito provavelmente o cliente deverá refutar muitos pontos e contentar‑se com outros. Portanto, entendemos essa proposta inicial como de suma importância dentro do processo. É um momento de entender melhor como as intenções poderão se concretizar dentro do projeto e se ele está adequado ao cliente. 28 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade I Lembre‑se sobre a adequação que será estabelecida entre o espaço/ambiente e o usuário. Portanto, devemos levar sempre em consideração suas ponderações sobre possíveis soluções a serem adotadas. Esse estudo projetual acontece como uma continuidade do processo de levantamento. É através dele que você poderá, inclusive, perceber certas falhas no briefing ou nas informações colhidas e nas intenções iniciais da proposta. Ter conhecimento do que o cliente gostou e do que não gostou, de forma a entrar em sintonia com as suas expectativas e, assim, permitir que o processo de concepção do projeto seja refinado e aprimorado, visando sempre um melhor resultado. O projeto preliminar deve conter algumas informações importantes e também trazer soluções criativas para que possa ser analisado de forma cuidadosa. Portanto, consideremos os seguintes itens: • Situação/intervenção (planta baixa e corte): — Representação da situação do espaço/ambiente. — Intervenções/transformações do espaço arquitetônico. • Layout (planta baixa e corte): — Ocupação e organização do espaço. — Circulação (dimensionamento). — Adequação da ergonomia e conforto ambiental. — Proposta de materiais, pisos e revestimentos e cores. — Modificações nas instalações sanitárias (bancadas, pias etc.). • Perspectiva: — A perspectiva manual ou renderizada pode ajudar na visualização do estudo projetual, pois oferece informações visuais relacionadas a proporção, formas, cores e texturas. — Não é obrigatória na fase de estudo; portanto, considere a necessidade de executá‑la ou não. Todas essas informações devem ser representadas graficamente por meio de planta baixa, cortes, vistas e, se possível, perspectivas. Vale destacar que os projetos variam de tamanho e também apresentam níveis diferentes de intervenção e, portanto o conteúdo do projeto pode requerer maior ou menor quantidade de informações para o entendimento da proposta. No entanto, estas devem estar claras e organizadas. Alguns detalhamentos serão necessários para essa compreensão, mas ainda não há uma 29 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES definição específica em relação aos objetos e mobiliários, assim como o detalhamento das instalações e materiais. São propostas que serão ainda definidas e finalizadas em etapa posterior. Observação Tenha atenção nas regras de representação do desenho arquitetônico e na apresentação do conteúdo na montagem das pranchas. Siga sempre as referências da NBR 6492‑1994. Vamos pensar individualmente nas informações a serem trabalhadas em cada prancha dentro do conjunto de desenhos a serem apresentados nesta etapa, lembrando que o painel semântico ou conceitual será apresentado logo no início do material elaborado com a planta baixa de situação ou intervenção, layout e a perspectiva – sendo assim, a primeira informação apresentada –, pois ela traduz visualmente o conceito do projeto. 2.1.3 Situação e alterações do espaço/ambiente (planta baixa) É importante mostrar tudo o que foi levantado em relação ao espaço existente com propostas de possíveis transformações e modificações dos elementos arquitetônicos dos ambientes. Entre eles, estão: as paredes de alvenaria, as aberturas (portas e janelas) e as instalações. A estrutura da edificação deve ser preservada, embora em casos muito específicos, em que haja necessidade de adaptação ou qualquer outra questão dessa natureza, deve ser contratado um profissional de Engenharia Civil ou Arquitetura para a devida análise e orientação. Figura 7 – Planta baixa (situação) 30 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade I No caso de haver alguma alteração nos elementos construtivos, o melhor caminho é apresentar uma planta da situação (figura anterior), ou seja, do que existe; e uma segunda planta baixa com as propostas de alteração (figura a seguir), apresentando o dimensionamento de cada ambiente, tanto do original quanto das transformações propostas, mostrando o que será retirado, construído ou modificado em sua reformulação. Assim os desenhos podem ser comparados para um melhor entendimento do que está sendo alterado no conjunto arquitetônico da edificação. Figura 8 – Planta baixa (alteração) No entanto, se o projeto não prevê alteração física do espaço, basta a apresentação da planta de situação com as dimensões levantadas. 2.1.4 Layout – Organização do espaço/ambiente (planta baixa) O layout pode ser definido como a disposição física das peças (mobiliário e outros objetos) em planta baixa. Seu objetivo é planejar o funcionamento do ambiente da melhor forma possível, oferecendo conforto e produtividade para as ações a serem executadas pelo usuário. Em boa parte das vezes, é um exercício desafiador. Em geral, os ambientes destinados ao projeto podem não oferecer um dimensionamento que permita muita sobra de espaço e, portanto, tudo deve ser muito bem planejado. O layout apresentado nessa etapa deve ser pensado previamente, de maneira a definir dimensões e estilos do mobiliário proposto. Mesmo que ele não esteja ainda definido, é interessante 31 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES apresentarmos um layout com poucas informações técnicas e, se possível, trabalhar com uma planta baixa humanizada, conforme a imagem a seguir. Este modelo de desenho permite o reconhecimento visual de possíveis texturas e cores, tanto do próprio mobiliário quanto dos pisos e revestimentos, e ainda das pias e bancadas, proporcionando uma melhor visualização e entendimento da proposta. Figura 9 – Planta baixa (layout humanizado) Algumas informações podem ser adicionadas, mas não devem interferir no desenho, causandouma poluição visual e tirando a atenção daquilo que precisa ser o assunto principal. Portanto, pode haver observações textuais, usando legendas ou linhas de chamada, se necessário; mas não exagere. Lembre‑se de que é uma apresentação visual de adequação dos elementos propostos e sua organização no espaço. Nesse caso, é possível ainda uma segunda planta baixa, não humanizada, apresentando o layout com mais detalhamentos. Por exemplo, indicando um dimensionamento geral dos ambientes para melhor entendimento dos mesmos e de sua ocupação. Nesse caso, coloque também o dimensionamento esperado das peças e da circulação, garantindo o melhor entendimento da proposta. Figura 10 – Corte/vista interna (layout humanizado) • Corte (vista interna): as vistas internas de uma edificação são cortes que permitem a visualização do interior dos ambientes, considerando a apresentação e visualização das 32 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade I informações verticais. Sugerimos manter a linha de apresentação da planta baixa, usando um desenho humanizado (figura anterior) e, se necessário, outro desenho (não humanizado) com dimensões e alturas de objetos, mobiliário, bancadas, aberturas etc. Nessa etapa, podem ser feitos poucos cortes/vistas. Escolha o que é mais importante para mostrar. Observação O corte ou a vista interna devem ser indicados na planta baixa. Confira sempre as normas de representação do desenho arquitetônico. O uso de uma perspectiva, seja manual ou renderizada, conforme imagem a seguir, é opcional; no entanto, colabora muito para o entendimento do projeto, pois nem sempre o cliente consegue visualizar ou imaginar a projeção tridimensional do projeto, apenas a partir das plantas baixas e cortes. Figura 11 – Perspectivas internas Com o briefing, o painel semântico e o Estudo Preliminar Projetual, é o momento de conversar novamente com o cliente/usuário, para que as decisões que irão nortear a próxima etapa de elaboração do projeto possam ser elucidadas. Lembre‑se de que nem todas as propostas apresentadas serão aprovadas prontamente; por isso, defenda seu projeto e suas ideias. O profissional de design está apto não apenas a realizar as expectativas do cliente/usuário, mas a ir além delas, fazendo propostas e dando soluções criativas e inovadoras baseadas em seu repertório e conhecimento técnico. No entanto, tenha humildade de perceber as propostas que realmente não funcionaram e aproveite o momento para conversar com o cliente sobre outras possibilidades, para que uma revisão e uma readequação do projeto sejam feitas. Essa etapa pode ter uma duração maior do que se espera, tudo depende de quantas idas e vindas serão necessárias para rever e adequar as propostas. Atente‑se ao fato que essa etapa não pode ser eterna, mas só termina quando o profissional consegue realmente chegar a soluções que estejam em acordo com os desejos e as necessidades do cliente. A cada reunião, um novo material deve ser elaborado com todas as alterações, para que haja o aceite por parte do cliente sem que ainda fiquem dúvidas em relação ao projeto. 33 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES Observação A etapa de pesquisa e referência ajuda a reunir um conjunto de informações, oferecendo alternativas para as revisões da proposta projetual. 2.2 Anteprojeto Após certificar‑se de todas as questões a serem abordadas e resolvidas no projeto e quais soluções serão adotadas para a adequação da proposta com o cliente/usuário, partimos para a elaboração de um projeto mais detalhado em relação às definições e soluções propostas. Lembre‑se de que antes de iniciar, devem ter sido elucidadas todas as questões necessárias e reavaliadas todas as decisões tomadas. Então é o momento de começar a detalhar o projeto. Novamente serão produzidos um conjunto de desenhos e documentos que permitam a apresentação de todas as definições e o detalhamento de todos os elementos e equipamentos envolvidos e indicados no projeto. Chamamos essa etapa de Anteprojeto, ou seja, uma etapa anterior ao projeto final (de execução). Nela, ainda não há exatamente o detalhamento da implementação do projeto, mas sim de todos os elementos, equipamentos e soluções previstas. Portanto, devemos entender melhor o que deve ser trabalhado. O Anteprojeto é então a próxima fase do trabalho. Nele, deverão ser apresentadas e explicadas todas as soluções definidas. Deve conter um conjunto de informações que permita ao cliente/usuário compreender a totalidade da proposta e também de suas particularidades. É importante definir e detalhar alguns elementos, desde as propostas de modificação arquitetônica do ambiente até o mobiliário, as instalações e o acabamento. O que muda nessa etapa é que o projeto começa a ter especificações mais precisas e características mais específicas. Os materiais e equipamentos devem estar definidos para que se possa agora avaliar mais precisamente as propostas e as soluções espaciais e funcionais do projeto. Também será preciso especificar e definir os materiais, como revestimento, piso, texturas e outros. Portanto, talvez seja interessante marcar uma visita a um estabelecimento comercial com o cliente, no intuito de escolhê‑los. Assim, o profissional poderá sugerir possíveis decisões baseando‑se no melhor resultado para as propostas do projeto. Mas também é possível que o próprio designer pesquise e indique o que acha mais adequado para apresentar ao cliente, oferecendo a ele uma gama de possibilidades para que possa escolher com qual se identifica. Isso vale para as escolhas de um modo geral, como peças do mobiliário e da decoração, equipamentos, acabamentos etc. Dependendo da dimensão do projeto, pode ser adequado o desmembramento dos ambientes em unidades menores, para que se possa trabalhar mais livremente com as informações necessárias, permitindo também uma escala mais ampliada para o desenho. 34 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X ai ve r - d at a 13 /0 5/ 20 19 Unidade I Observação O Estudo Preliminar e a adequação de outras propostas na etapa anterior devem estar finalizados. As decisões tomadas irão conduzir o detalhamento dos elementos propostos no Anteprojeto. Vamos listar o que é necessário: • Situação/intervenção (planta baixa e corte): — Representação da situação do espaço/ambiente. — Intervenções/transformações do espaço arquitetônico. • Layout (planta baixa e corte): — Ocupação e organização do espaço. — Circulação (dimensionamento). — Adequação da ergonomia e conforto ambiental. — Definição de materiais, pisos e revestimentos. — Definição das cores, formas e texturas. — Definição de equipamentos e mobiliário. — Representação dos mobiliários planejados para personalização das soluções propostas no projeto. • Iluminação (planta baixa): — Planejamento, localização e definição dos tipos de iluminação. — Definição das luminárias e acabamentos. • Instalações sanitárias (planta baixa): — Planejamento, localização e definição das bancadas/pias e outros equipamentos como vaso sanitários, chuveiro, banheiras etc. 35 Re vi sã o: In gr id L ou re nç o - Di ag ra m aç ão : I sm ae l X av ie r - d at a 13 /0 5/ 20 19 COMPLEMENTO DO DESIGN DE INTERIORES — Definição dos equipamentos propostos. • Pisos e revestimentos (planta baixa e corte): — Definição de materiais, pisos e revestimentos. — Adequação dos materiais e a disposição dos mesmos. • Perspectiva: — Representação tridimensional dos ambientes para melhor entendimento e visualização das propostas, usando cores e texturas que permitam identificar materiais etc. • Planilhas: — Documentação de todos os materiais, equipamentos, mobiliários e outros elementos definidos no projeto. — Identificação
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