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Argumento crítico e reflexivo sobre o direito de morrer 1

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O Direito de morrer dignamente
Até onde o biodireito a ética médica e a crença podem colaborar para uma morte desejável? 
A Colômbia até a presente data é o único país da América Latina onde o direito de morrer é permitido. Embora tenha sido autoriza nos anos 1997 pelo Tribunal Constitucional daquele país, foi somente em 20 abril de 2015 que o Ministério da Saúde Colombiano definiu como poderia ocorrer tal prática. Até então a eutanásia era classificada como “homicídio por piedade” e de acordo com o artigo 326 do Código Penal e a falta de critérios mais específicos para sua realização, associado a uma legislação questionável, gerava indecisões, conflitos de interpretação, de interesses mútuos e incertezas sobre o assunto. Atualmente, a prática está regulamentada pela Resolução 12.116/2015 do Ministério da Saúde e Proteção Social, onde é estabelecido os critérios e procedimentos obrigatórios para garantir o direito à morte com dignidade. Medicamentos específicos podem ser administradas por médicos especialistas, em hospitais, em pacientes maiores e menores de idades, esses por sua vez tiveram o direito de morrer dignamente de acordo com a resolução 825/2018. A Resolução traz a possibilidade de interrupção e cessação dos cuidados paliativos, abrangendo também a desistência de intervenções que sejam inúteis ou desproporcionais que possam resultar em distanásia e obstinação terapêutica. Contando com 30 artigos a resolução estabelece alguns critérios de que devem ser observados com cautela, é o caso do art.3 que proíbe a eutanásia entre crianças de 0 a 6 anos de vida , e outros artigos que regulamenta o tipo de procedimento adotado em algumas circunstancias como por exemplo os artigos O art.7 da Resolução destaca a prevalência da autonomia do paciente, confirmada no art.8, que informa que a solicitação deve partir diretamente da criança ou do adolescente que se encontre em fase terminal e que apresente sofrimento constante e insuportável.
Em última análise, a criança de seis a doze anos deve manifestar vontade inequívoca de morrer (manifestação em igual maturidade àquelas proferidas por crianças entre doze e catorze anos); e, posteriormente, se por fato superveniente, tenha ficado impossibilitada de reiterar sua vontade, a manifestação substituta pode ocorrer. A criança ou o adolescente que fizer o pedido de morrer dignamente pode também desistir do mesmo. Aliás, o art.15 dispõe que é dever do médico informar ao paciente o seu direito de desistência, em qualquer fase do procedimento. Um ponto controverso é a disposição final do art.15, que informa que a possibilidade de desistência do pedido de morrer dignamente é exclusiva da criança e do adolescente, criando um vácuo no que diz respeito a situação na qual o pedido tenha sido formulado por vontade substituta. 
O debate bioético de hoje sobre uma morte tranquila repousa, em grande medida, na polarização entre os princípios do respeito autonomia individual e da sacralidade da vida, o primeiro de “inspiração” marcadamente iluminista e o último, de tessitura preponderantemente religiosa, especialmente judaico-cristã. Embora pareça moralmente contra-intuitivo, ao menos para os defensores do princípio da sacralidade da vida, a eutanásia é moralmente defensável. Para que a resolução fosse autorizada e para ter uma morte digna visto que os tratamentos médicos existentes não surgiam efeitos desejáveis e nenhum outro tratamento paliativo foi eficaz, aos 79 anos de idade, cinco deles lutando insistentemente contra um câncer de boca que deformara seu rosto e trazendo consigo dores intensas que sessavam por pouco tempo mesmo com várias sessões de quimioterapia que não foram suficientes para conter a doença que o assolava. O Colombiano José Ovidio González ateu por opção, trabalhador rural, pediu que sua vida fosse interrompida, pois não aguentava mais os sofrimentos fisiológicos e nem os psicológicos, que a doença o traria. Alimentando somente de comidas líquidas por sonda viu seu corpo definhar em magreza chegando a pesar 48 quilos, 33 a menos que seu peso normal enfim depois de muitas lutas internas e externa contra as leis que foram negadas a outras pessoas com enfermidades José Ovídio González se tornou o primeiro cidadão colombiano, e o primeiro da América Latina a ter uma morte assistida legalmente autorizada, ao contrário do que aconteceu com a Jovem “ Julia” que por sua vez não teve a mesma lei amparada pelo julgamento T-970/2014 onde foi alegado em tribunal que a jovem sofria de câncer de colón desde o ano 2008 , dois anos depois sua doença tinha ficado ainda mais grave tornando – se uma metástase e sendo necessário procedimento cirúrgico, já em 2012 através de exames detalhados foi constatado que já existia na paciente um agravo muito forte “progressão pulmonar e carcinomatose abdominal”.
Com isso em 2012 a autora desejou não mais receber ciclos, pois o tratamento lhe causava “intensa astenia, adinamia, cefaleia, náuseas e vômitos”. Onde todos esses sintomas tinha efeitos colaterais que a impedia de realizar suas funções sozinha.
Com o dilema de que e como deveria ser feito as análises clínicas sobre a sanidade mental, quadro de saúde, relatórios médicos a Décima vara Civil Municipal de Medelín por despacho realizado em junho de 2013 decicidiu não proteger os direitos fundamentais invocados por Júlia sobre sentença c-239 de 1997 que lançou o reconhecimento da eutanásia , A Corte relata que em casos como de Júlia, a ausência de normas do direito de morrer com dignidade torna-se uma barreira para sua criação. Por esse motivo, a Câmara considera que, para garantir o direito efetivo do direito fundamental analisado neste despacho, serão repassadas orientações para facilitar o entendimento para o seu exercício, sem ônus de o Congresso da República em desenvolver a cláusula geral de competência em matéria legislativa que lhe seja atribuída pela Constituição, e tendo em conta as orientações traçadas nesta decisão, proceder à sua regulamentação. 
 A advogada e professora da Universidade da Colômbia, Luz Adriana González Correa Mestre em cidadania e Direitos Humanos da Universidade de Barcelona e defensora do direito de morte por eutanásia no seu país foi quem acompanhou o Sr.: González nos seus pedidos na corte colombiana disse em uma palestra aqui no Brasil a convite do CFM ( Conselho Federal de Medicina) em 2018 que: “ O direito de viver de forma digna, implica também o direito de morrer dignamente”. Segundo A Dra. Luz Adriana disse que a partir de 1991 com o Marco Regulatório o Estado passou a ser laico onde passou a dar autonomia para o paciente em fase terminal ou doença incurável onde a vida não constitui de um valor absoluto enquanto a crença religiosa não pode impor a qualquer cidadão um tratamento cruel a quem em virtude a coisas alheias em seu sofrimento continue alargamento esse sofrimento para não quebrar um certo paradigma religioso a corte implica que viver de forma digna implica também de forma digna.
É importante salientar que as instituições colombianas e suas sentenças de constitucionalidades tem efeito erga omnes ou seja implica a todos os cidadãos colombianos. Outra instancia pertencente a corte daquele pais é que através de revisões constitucionais, tutelas ou ações ela reviso os atos que buscam proteger um termo no máximo de 10 dias em uma decisão judicial e proteger direitos fundamentais.
 Essas decisões da corte tem efeitos inter partes ou seja somente as partes que estão vinculadas na ação constitucional por tutela. 
Para resolver o conflito a corte encorajou o congresso da república para que reitere a regulamentação que regule a prática da eutanásia na Colômbia, porém foram passados 17 anos para que pudesse ser regulamentado onde o médico não fosse considerado delinquente e nem haveria perseguição de caráter penal por partes das autoridades judiciárias contra o médico.

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