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Livro - Contabilidade Internacional

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CONTABILIDADE INTERNACIONAL
Michael Dias Corrêa
Não basta aprender as normas internacionais de contabilidade, mas esquecer 
das especifi cidades regionais de cada país ou bloco econômico, é necessário 
conhecer, também, as normas locais dos países ou blocos. Isso pelo simples 
fato de a contabilidade não ser uma “linguagem universal”.
Em linhas gerais, os valores apresentados por uma mesma empresa, quando 
analisados pelas normas locais de países diferentes, podem ser interpretados 
de forma diversa, de modo que valores que em determinado país indicam 
lucro, em outro podem indicar prejuízo. Isso se consideradas as mesmas 
operações realizadas, apenas analisadas e dispostas de maneira distinta nas 
demonstrações contábeis.
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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6268-3
9 7 8 8 5 3 8 7 6 2 6 8 3
CAPA_Contabilidade Internacional.indd 1 20/10/2016 16:38:26
Michael Dias Corrêa
IESDE BRASIL S/A
Curitiba
2016
Contabilidade
Internacional
00_paginas_iniciais.indd 1 25/10/2016 16:44:53
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C844c Corrêa, Michael Dias
Contabilidade internacional / Michael Dias Corrêa. - 1. ed. - Curitiba, 
PR : IESDE BRASIL S/A, 2016.
232 p. : il. ; 21 cm
ISBN 978-85-387-6268-3
1. Contabilidade. I. Título
16-36183 CDD: 657
CDU: 657
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
© 2016 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer 
processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Produção
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão IESDE
Projeto Grá�co Sandro Niemicz
Capa Vitor Bernardo Backes Lopes
Imagem Capa fotohunter/Shutterstock.com
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
50690_MIOLO_Contabilidade_Internacional.indb 2 20/10/2016 16:28:40
Sumário
Carta ao Aluno | 5
1. Contabilidade internacional – IASB e IAS 1 | 7
2. Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 8 | 31
3. Os pronunciamentos IAS 36 e IAS 38 | 51
4. Os pronunciamentos IAS 37 e IAS 2 | 71
5. Os pronunciamentos IFRS 2, IAS 33 e IAS 12 | 89
6. Os pronunciamentos IAS 21 e IAS 29 | 111
7. Os pronunciamentos IAS 8, IAS 27, IAS 28 e IAS 31 | 133
8. Os pronunciamentos IFRS 3 e IFRS 1 | 155
9. Os pronunciamentos IAS 18, IAS 19 e IFRS SME | 177
10. Estrutura das demonstrações contábeis – normas 
brasileiras versus internacionais | 199
Gabarito | 221
Referências | 229 
50690_MIOLO_Contabilidade_Internacional.indb 3 20/10/2016 16:28:42
50690_MIOLO_Contabilidade_Internacional.indb 4 20/10/2016 16:28:42
Carta ao aluno
Hoje em dia, é fato que os negócios são extremamente in
 uen-
ciados pela globalização dos mercados. Considerando mais especi-
� camente o caso dos pro� ssionais de contabilidade, esta in
 uência 
acaba por tornar a pro� ssão mais inspirante e desa� adora.
Inspirante, pois com a implantação de normas interna-
cionais de contabilidade por todo o mundo, torna-se necessário 
um altíssimo conhecimento da temática contábil, agora mundial. 
Desa� adora, pois as empresas captam recursos por todo o globo, 
buscando a diminuição dos custos operacionais e a diversi� cação 
por investirem, não em outros segmentos, mas em outros países 
ou continentes.
50690_MIOLO_Contabilidade_Internacional.indb 5 20/10/2016 16:28:44
– 6 –
Contabilidade Internacional
No entanto, não basta aprender as normas internacionais de conta-
bilidade e esquecer as especi�cidades regionais de cada país ou bloco eco-
nômico. Há de se conhecer, também, as normas locais já existentes nesses 
países ou blocos. Isso pelo simples fato de a contabilidade não ser uma 
linguagem universal.
Em linhas gerais, empresas podem gerar lucros em um país e, quando 
analisadas pelas normas locais de outro país, esse valor pode ser bem dife-
rente, existindo a possibilidade de se reverter a prejuízo. Isso se consideradas 
as mesmas operações realizadas, apenas analisadas e dispostas de maneira dis-
tinta nas demonstrações contábeis.
Quando analisados esses pontos conceituais como um todo, a importân-
cia deste livro se revela, pois trata das normas internacionais de contabilidade, 
com seus conceitos e aplicações hipotéticas e/ou reais, fazendo comparativos 
com as normas brasileiras de contabilidade vigentes.
Torna-se importante ser enfatizado que as normas internacionais, 
embora pareça, não são apenas aplicadas às grandes corporações, com opera-
ções mais complexas. Também são aplicadas às pequenas empresas, embora 
mais abrandadas e não obrigatórias em determinados pontos.
Por �m, os órgãos e instituições reguladores de contabilidade internacio-
nal também são evidenciados, fazendo-se uma comparação entre os organis-
mos internacionais e nacionais.
50690_MIOLO_Contabilidade_Internacional.indb 6 20/10/2016 16:28:45
Contabilidade 
internacional – 
IASB e IAS 1
1.1 A contabilidade no Brasil
Considerando os seus maiores impactos nas empresas, a 
história recente da contabilidade brasileira se iniciou na década de 
1970, com o advento da reforma bancária e com o desenvolvimento, 
mesmo que inicial, do mercado de capitais. Foram vários os fatos 
que corroboraram com essa situação, entre os quais podem ser cita-
dos a publicação da Circular 179/72 pelo Banco Central do Brasil, 
que padronizou a estrutura e a forma de apresentação das demons-
trações contábeis das sociedades anônimas com livre circulação em 
bolsa de valores; a obrigatoriedade da atuação de auditores inde-
pendentes para analisarem e validarem as demonstrações contábeis 
das companhias abertas; e a in� uência da escola norte-americana 
de contabilidade, que culminou com a edição e publicação da Lei 
6.404/76, também conhecida como Lei das Sociedades por Ações.
1
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Contabilidade Internacional
– 8 –
Antes desses fatos, a contabilidade em terras brasileiras possuía uma forte 
in�uência da legislação tributária, legislação esta que era determinante com 
relação aos procedimentos contábeis tanto para a classi�cação de contas como 
para a apropriação das receitas e das despesas, não necessariamente seguindo 
o que preconizava a estrutura teórica da contabilidade vigente à época.
Especi�camente no ano de 1976, a Comissão de Valores Mobiliários 
(CVM) foi criada, com objetivos muito claros no Brasil. Objetivos estes 
semelhantes aos da Security and Exchange Commission (SEC), organismo 
norte-americano já existente à época, o qual regulava o mercado de capitais. 
Paralelamente à criação da CVM, a legislação societária trouxe muitas ino-
vações, principalmente criando registros auxiliares que atendessem simul-
taneamente à legislação �scal e aos princípios contábeis geralmente aceitos 
(então vigentes).
Esse desenvolvimento apresentado estava ligado ao desenvolvimento 
econômico do país entre 1970 e 1975, quando foram experimentadas taxas 
elevadas de crescimento econômico, fato que aumentou o interesse de inves-
tidores e de bancos estrangeiros, pois havia excesso de recursos disponíveis. 
Havia, no entanto, um entrave a esse crescimento continuado: a in�ação, 
que obrigou o governo federal a promover, no �nal da década de 1970, uma 
desvalorização cambial da moeda nacional de 30% em um único dia. Esse 
foi um dos fatos mais marcantes na história da contabilidade nacional e o 
governo não permitiu a dedutibilidade �scal de tal perda cambial, estabele-
cendo que o prejuízo fosse transportado para o ativo e amortizado no período 
de cinco anos, o que provocou séria distorção nas demonstrações contábeis 
das empresas. Essa medida governamentalnão permitiu o reconhecimento 
contábil como despesa de um único exercício, quando o correto seria fazer o 
ajuste extracontabilmente no Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur).
Depois desse fato, mais especi�camente nos anos de 1983 e 1999, houve 
mais duas desvalorizações cambiais, mas foi facultada a capitalização no sub-
grupo denominado Ativo Diferido.
No ano de 1987, a CVM editou a Instrução 64, onde determinava a 
elaboração de demonstrações contábeis complementares em moeda cons-
tante, chamada correção integral, para as companhias de capital aberto. Na 
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– 9 –
Contabilidade internacional – IASB e IAS 1
sequência, no ano de 1996, a partir da edição de uma Medida Provisória, o 
governo proibiu qualquer tipo de indexação nas demonstrações contábeis.
No ano de 1993, foi editada a Resolução 750/93 pelo Conselho Federal 
de Contabilidade (CFC), a qual estabeleceu os Princípios Fundamentais de 
Contabilidade. Eram eles: Entidade, Continuidade, Oportunidade, Registro 
pelo Valor Original, Atualização Monetária, Competência e Prudência, atua-
lizados pela Resolução 1.282/2010, que extinguiu e/ou alterou alguns dispo-
sitivos da resolução de 1993.
Apenas no ano de 2000 o Brasil, por intermédio do CFC, do Instituto 
dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) e da CVM, desenvolveu 
ações para proporcionar o seu ingresso no contexto da contabilidade interna-
cional. Isso �ca mais evidente quando é analisada a elaboração do Anteprojeto 
de Lei 3.741/2000, que tinha o objetivo de alterar a parte contábil da Lei 
6.404/76, a legislação societária.
Havia muitas justi�cativas para a revisão da legislação societária de 
acordo com o Anteprojeto, como o aparecimento de uma nova realidade eco-
nômica no Brasil, totalmente diferente da que havia em 1976. Aliado a isso 
estava o processo de globalização das economias, o de abertura dos mercados, 
com aumento de �uxos de capitais ingressando no Brasil e com as empresas 
brasileiras captando cada vez mais recursos no exterior.
Alguns anos depois, em 2006, foi criado o Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis (CPC), na sequência de muitas discussões e da busca de alternati-
vas viáveis do ponto de vista prático, além do entendimento e do suporte das 
diversas entidades envolvidas no processo de emissão e utilização de demons-
trações contábeis. O objetivo maior do CPC é buscar a uni�cação para realizar 
a convergência das normas contábeis brasileiras aos padrões internacionais.
Após sete anos caminhando pela Câmara de Deputados e algumas 
modi�cações no seu texto original, o Projeto de Lei 3.741/2000 foi, en�m, 
aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no plenário do 
Senado Federal e, por �m, sancionado pelo Presidente da República em 28 
de dezembro de 2007, tornando-se a Lei 11.638/2007, que alterava dis-
positivos da Lei 6.404/76 e Lei 6.385/76. Esta lei começou a vigorar em 
1.º de janeiro de 2008 e tinha, entre vários objetivos, o de estender para 
as sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de 
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Contabilidade Internacional
– 10 –
sociedade por ações, as disposições relativas à elaboração e à divulgação das 
suas demonstrações contábeis.
Já em 3 de dezembro de 2008, foi divulgada a Medida Provisória 
449/2008, que em seus artigos 36 e 37, promoveu algumas alterações 
na Lei 6.404/76, modi�cando algumas alterações introduzidas pela Lei 
11.638/2007. Esse novo dispositivo legal foi transformado em lei ordinária 
por meio da Lei 11.941/2009, dando mais alguns passos em direção à inter-
nacionalização da contabilidade no Brasil.
1.2 Internacionalização de padrões contábeis
Quando existem companhias ou um mesmo grupo econômico que pos-
sua atuação em mais de um mercado ou país, atualmente existe a necessidade 
de que sejam comparadas as informações geradas nos mais diversos locais de 
atuação empresarial. Essa necessidade advém da internacionalização dos mer-
cados, do crescimento dos investimentos estrangeiros nos diversos países e da 
formação de blocos econômicos por diversos países. Com isso, existe a neces-
sidade de se ter um conjunto de padrões contábeis internacionais que pos-
sam permitir a comparação de informações entre companhias de um mesmo 
grupo ou de grupos distintos.
Partindo dessa premissa, pode-se conceituar a norma como um pro-
cesso que tem o objetivo de manter as particularidades de cada país, mas, 
que permita readequar os sistemas contábeis existentes com os de outros 
países, com o �m claro de melhorar a troca de informações a serem inter-
pretadas e compreendidas, enquanto que a padronização é conceituada 
como um processo de uniformização dos critérios existentes, não permi-
tindo qualquer �exibilização.
Pelos mais diversos motivos, alguns países não possuem um padrão pró-
prio de�nido de sistemas contábeis em vigor, muito menos uma estrutura 
legal, composta de leis, normas e regulamentos, tampouco organismos pro�s-
sionais de classe su�cientemente fortes e que possuam in�uência na elabora-
ção de normas contábeis locais. Nesses casos, torna-se mais fácil a utilização 
de normas internacionais, apenas sendo necessárias adequações para os costu-
mes locais, facilitando o processo de harmonização.
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– 11 –
Contabilidade internacional – IASB e IAS 1
Quanto maior for a estrutura legal nos países, maior será a di�culdade 
para a harmonização das normas contábeis. No entanto, são muitas as vanta-
gens de se proceder à harmonização contábil internacional, conforme segue:
 2 diminui os investimentos de gerenciamento para os sistemas con-
tábeis locais;
 2 facilita o trabalho de consolidação de demonstrações contábeis 
da matriz e de todas as subsidiárias no exterior, que normalmente 
requereriam ajustes por diferenças normativas;
 2 diminui os investimentos para a realização da auditoria das demons-
trações contábeis;
 2 facilita e permite a compreensão das demonstrações contábeis pelos 
usuários internacionais.
Tomando as informações contábeis de um empreendimento multina-
cional como referência, quando se fala de contabilidade internacional, elas 
interessam tanto a segmentos de um mesmo grupo econômico que realiza 
operações e transações internacionais, como também aos usuários da infor-
mação que estão domiciliados em outros países, diferentes do país da matriz 
do empreendimento que realiza a divulgação de tais informações.
Faz-se necessário compreender as normas internacionais para que se 
consiga negociar ultrapassando fronteiras internacionais, já que as informa-
ções contábeis acabam por se alterar drasticamente de um país para outro, 
de acordo com os princípios de contabilidade vigentes. Podem existir diver-
gências culturais, empresariais, políticas, relacionadas à in�ação, à tributação 
e aos riscos empresariais e estas devem ser consideradas em todo o processo 
decisório. Também as demonstrações contábeis e formas adicionais de divul-
gação só podem ser compreendidas com conhecimentos internacionais de 
contabilidade e, muitas vezes, tornam-se mais importantes do que o conheci-
mento da estrutura interna das empresas.
Tratando-se da utilização de normas distintas de contabilidade, dada a 
sua importância no cenário dos negócios e na correta mensuração dos inves-
timentos empresariais, elas se tornam um di�cultador para a correta com-
preensão e comparação de informações �nanceiras. Sendo assim, a busca pela 
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Contabilidade Internacional
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harmonização das normas contábeis tem sido mais discutida, principalmente 
para que possam ser analisadas as informações contábeis em outros países.
1.3 Organismos regulamentadores
Graças aos mercados mais integrados, consequentes à globalização e à 
internacionalização dos mercados, houve um aumento de interesse acerca dos 
diversosmodelos contábeis existentes. É necessário que as empresas elaborem 
as suas demonstrações contábeis em um modelo que seja aceito nos merca-
dos em que elas pretendam atuar, quando possuem intenções de aumento de 
captação de recursos ou negociações de ações em outros mercados, externos 
às suas matrizes operacionais. Exempli�cando, no caso de empresas sediadas 
no Brasil com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), 
fazendo parte do Novo Mercado ou do Nível 2 de governança corporativa, 
devem realizar a elaboração das demonstrações contábeis seguindo os padrões 
nacionais vigentes, além de seguir o padrão norte-americano (US-GAAP) ou 
o padrão internacional (IRFS).
Mais e mais corporações multinacionais possuem interesse crescente em 
padrões contábeis internacionais. Na situação de elas atuarem maciçamente 
em muitos países, haverá a necessidade natural de aplicação de regras con-
tábeis para cada um desses países, o que gera uma melhor convivência, por 
meio de um sistema comum de tratamento de contas contábeis.
Esse movimento pela harmonização contábil cresce, já que poderá redu-
zir (e em alguns casos, até eliminar) as diferenças contábeis existentes entre 
os diversos padrões contábeis, o que facilita a análise e a comparação das 
demonstrações elaboradas. Deve ser enfatizado que essa redução de diferen-
ças nas informações geradas também gera, em um horizonte de médio prazo, 
redução de custos operacionais.
Sendo assim, os organismos que possuem o encargo de elaborar as nor-
mas contábeis em nível mundial, para regras internacionais, o International 
Accounting Standards Board (IASB) e para os Estados Unidos, o Financial 
Accounting Standards Board (FASB) possuem, também, a função de elimi-
nar as diferenças mais signi�cativas. O processo de eliminação não é nada 
50690_MIOLO_Contabilidade_Internacional.indb 12 20/10/2016 16:28:47
– 13 –
Contabilidade internacional – IASB e IAS 1
simples, pois devem ser consideradas todas as diferenças existentes entre os 
países ou blocos regionais.
Um caminho árduo no sentido da harmonização vem sendo seguido 
desde 1973, quando foi criado o International Accounting Standards 
Committee (IASC), sempre buscando o alcance de padrões contábeis globais.
Na sequência, segue um quadro comparativo dos organismos regu-
lamentadores no Brasil e no tocante às normas internacionais emitidas no 
padrão IFRS:
Quadro 1: Organismos reguladores no Brasil
Padrão 
contábil
Emissão de 
pronunciamentos 
contábeis
Regulação do 
mercado de ações
Emissão 
de normas 
contábeis
BR-GAAP CPC CVM CFC
IFRS IASB IOSCO IFAC
Fonte: Elaborado pelo autor.
Existem, no caso das normas no padrão IFRS, diferentes organismos 
de regulamentação, os quais serão vistos mais detalhadamente na sequência 
do estudo.
1.4 Normas internacionais (IFRS)
As normas internacionais denominadas IFRS são normas de conta-
bilidade emitidas com objetivo principal de padronizar as demonstrações 
contábeis em todo o mundo. Até o ano de 2001, eram conhecidas como 
International Accounting Standards (IAS), ou, traduzindo, padrões interna-
cionais de contabilidade.
1.4.1 International Accounting Standards Board (IASB)
Fundado no dia 29 de junho de 1973 pelas organizações pro�ssionais de 
nove países (Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Holanda, 
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Contabilidade Internacional
– 14 –
Japão, México e Reino Unido), o IASB é o órgão sucessor do Comitê de 
Normas Internacionais de Contabilidade (IASC), além de representar o mais 
in�uente organismo de harmonização internacional da contabilidade.
Quando foi criado, o IASB tinha os objetivos de desenvolver, no inte-
resse público, um conjunto único de normas contábeis globais de alta quali-
dade, que fossem compreensíveis, transparentes e que, ainda, garantissem a 
comparabilidade das informações constantes das demonstrações contábeis, 
com a �nalidade de viabilizar a análise e o julgamento das informações dos 
participantes dos mercados de capitais em todo o mundo. Também, permitir 
o uso e a aplicação rigorosa das normas internacionais de contabilidade e, por 
�m, provocar a convergência entre as normas nacionais e as internacionais de 
contabilidade e apresentar algumas soluções de alta qualidade.
No intervalo de 26 anos, entre 1975 e 2001, o IASC proferiu 41 pro-
nunciamentos denominados International Accounting Standards (IAS). Do 
ano seguinte em diante, ou seja, a partir de 2002, o IASC se transformou em 
IASB, mudando, em conjunto, o nome dos pronunciamentos. Eles passaram 
a se chamar International Financial Reporting Standards (IFRS), ou padrões 
internacionais de relatórios �nanceiros.
Com o passar dos anos, alguns outros órgãos foram criados, altera-
dos e, hoje em dia, essa estrutura internacional é composta pelos seguintes 
órgãos principais:
IASC
Um presidente; 
Vinte e um curadores; 
Uma vaga em aberto.
IASB
Doze membros de 
nove países; 
Um vice-presidente; 
Um presidente.
IFRIC
Doze membros de 
nove países; 
Um presidente sem 
direito a voto.
SAC
Quarenta membros 
de diversos países, 
incluindo o Brasil.
50690_MIOLO_Contabilidade_Internacional.indb 14 20/10/2016 16:28:47
– 15 –
Contabilidade internacional – IASB e IAS 1
O IASB possui, como objetivo principal, desenvolver um modelo único 
de normas internacionais de contabilidade com altíssima qualidade, emitindo 
normas internacionais chamadas de IFRS, além de ser considerado o orienta-
dor do processo de harmonização contábil.
Já o International Financial Reporting Interpretations Committee 
(IFRIC), comitê responsável pela interpretação e pelas revisões das IRFS e de 
tópicos contábeis que possam gerar entendimentos distintos, tem o objetivo 
de alcançar o consenso em torno do melhor tratamento contábil a ser ado-
tado, emitindo interpretações técnicas o�ciais.
Tratando-se do Standards Advisory Council (SAC), o conselho 
para o aconselhamento de padrões, o seu funcionamento tem o objetivo 
de fazer com que o IASB desenvolva a mais alta qualidade das práticas 
contábeis internacionais.
Este processo, de maneira resumida, funciona como especi�cado na 
estrutura que segue:
IFRICIASB
Emissão das 
IFRS
reportaaconselha
SAC
1.4.2 International Federation of Accountants (IFAC)
A IFAC é uma organização mundial que representa a pro�ssão contábil. 
Não possui qualquer ligação governamental, além de ser apolítica e não ter 
�ns lucrativos. Possui sede localizada na cidade de Nova York, nos Estados 
Unidos, e conta com a participação de 157 membros. O Brasil é represen-
tado pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) e pelo 
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Contabilidade Internacional
– 16 –
Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Representa 118 países, ao todo, e 
aproximadamente 2,5 milhões de pro�ssionais da contabilidade.
Com fundação no ano de 1977, e uma missão muito clara de estreitar 
o relacionamento da pro�ssão contábil em todo o mundo, atende a uma 
demanda de interesse público e contribui diretamente para o desenvolvi-
mento da economia internacional, quando estabelece e promove a aderência 
à qualidade técnica dos padrões pro�ssionais. Também busca, naturalmente, 
a convergência de tais padrões e representa a pro�ssão contábil nos assuntos 
de interesse público.
Ela publica os padrões pro�ssionais e guias de recomendação por 
meio de seus comitês, que são: Comitês de Padrões de Auditoria, Comitê 
de Educação, Comitê de Ética, Comitê de Contadores Pro�ssionais para 
o Gerenciamento dos Negócios, Comitê do Setor Público e Comitê de 
Auditores Transnacionais.
1.4.3 International Organization of 
Securities Commission (IOSCO)
A Organização Mundial das Comissões de Valores Mobiliários não é 
um órgão com objetivos ligados a questões contábeis ou de normatização 
de padrões internacionais. Ela conta com a participação de mais de 115 
organismos reguladores, possuindoa mesma função da Comissão de Valores 
Mobiliários e abarca mais de 85% do movimento global do mercado de capi-
tais do mundo.
Além disso, a IOSCO possui como objetivos principais os que seguem:
 2 colaborar para a promoção de altos padrões de regulamentação do 
mercado de capitais, re�etindo um mercado justo e e�ciente;
 2 tornar efetiva a troca de informações e de experiências para o desen-
volvimento dos mercados de capitais locais;
 2 de�nir os padrões e um efetivo monitoramento das transações 
internacionais;
 2 fazer valer a integridade do mercado, mediante uma estrita aplica-
ção de padrões regulatórios.
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– 17 –
Contabilidade internacional – IASB e IAS 1
1.5 IAS 1 – Apresentação das 
demonstrações contábeis
A norma internacional IAS 1, editada e publicada pelo IASB, foi nacio-
nalizada pelo CPC por meio do pronunciamento CPC 26 – Apresentação das 
Demonstrações Contábeis. A norma do IASB determina a maneira de serem 
apresentadas as demonstrações contábeis seguindo as normas internacionais 
de contabilidade (IFRS) para �ns gerais, incluindo diretrizes e conteúdo 
mínimo necessário a ser apresentado.
Este pronunciamento, o IAS 1, tem o objetivo de estabelecer as bases 
para a apresentação das demonstrações contábeis, fazendo com que estas se 
tornem comparáveis entre si, não somente entre períodos distintos de uma 
mesma empresa, mas também entre empresas distintas.
Esse pronunciamento é aplicável para as empresas que publicam suas 
demonstrações tanto individuais como consolidadas, quer estas empresas 
possuam �ns lucrativos ou não.
Os pontos relacionados à continuidade das operações, à consistência na 
apresentação, à classi�cação das demonstrações contábeis e aos critérios de 
materialidade devem ser considerados pela administração durante o processo 
de preparação das demonstrações contábeis.
Não devem ser feitas compensações entre ativos, passivos, receitas ou 
despesas, devendo a apresentação ser líquida. Só podem ser feitas se forem 
permitidas ou mandatórias por outra norma ou quando essa compensação 
re�etir a realidade da transação �nanceira realizada. Para efeitos de exempli-
�cação, o saldo total dos estoques pode ser apresentado de maneira líquida, 
sendo desconsiderados os valores relacionados à provisão para perdas previa-
mente registrada.
Os dados de outros períodos, que permitirão as comparações tempo-
rais, devem ser apresentados em todos os valores divulgados, a não ser que 
exista outra norma vigente apresentando regulamentações ou interpretações 
de regulamentações contrárias que especi�quem que essas informações com-
parativas não sejam demonstradas.
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Contabilidade Internacional
– 18 –
Quando se fala em demonstrações contábeis, deve-se considerar o 
seguinte conjunto:
 2 Balanço Patrimonial;
 2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
 2 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL);
 2 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), regulamentada pelo 
IAS 7;
 2 notas explicativas (as quais incluem a totalidade das políticas con-
tábeis utilizadas pelas empresas).
Pelo menos uma vez ao ano, as demonstrações contábeis precisam ser 
apresentadas pelas empresas. Nos casos de haver alterações na data do exercí-
cio social da empresa e, consequentemente, as demonstrações contábeis serem 
apresentadas em um período diferente de um ano, é necessária a especi�cação 
das razões para utilização de um período diferente de um ano, assim como o 
fato de as informações perderem o poder de serem comparadas. Isso vale não 
somente para o Balanço Patrimonial, para a Demonstração do Resultado do 
Exercício, para a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e para 
a Demonstração dos Fluxos de Caixa.
Tratando-se de ativos e passivos, há de se realizar a diferenciação de cor-
rentes e não correntes na estrutura do Balanço Patrimonial, em ordem cres-
cente de liquidez. Diferenciação pode ocorrer, gerando a apresentação em 
ordem decrescente de liquidez, quando o usuário tiver informações mais ricas 
em relevância, con�abilidade e compreensibilidade. Os eventos chamados de 
subsequentes, os quais podem ser negociações adicionais para a postergação 
de datas de vencimento de dívidas, não devem ser levados em consideração 
quando da classi�cação dos itens correntes ou não correntes e para o imposto 
de renda e a contribuição social sobre o lucro líquido diferido, sendo esses 
dois últimos sempre considerados como não correntes.
O IAS 1 ainda especi�ca um requerimento mínimo de itens a serem 
apresentados no Balanço Patrimonial, na Demonstração do Resultado 
do Exercício e na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, 
50690_MIOLO_Contabilidade_Internacional.indb 18 20/10/2016 16:28:47
– 19 –
Contabilidade internacional – IASB e IAS 1
além de apresentar uma espécie de caminho para a identi�cação de itens 
adicionais. Por �m, evidencia a estrutura mínima a ser apresentada nas 
Notas Explicativas.
A Demonstração do Resultado do Exercício deve ser apresentada pelas 
corporações, classi�cando os itens de resultado baseados na sua função, como 
receitas, custo de vendas, despesas administrativas, despesas de vendas, des-
pesas operacionais, entre outras, ou na sua natureza, como receitas, outros 
ganhos, variações nos saldos de estoques, custos com benefícios a emprega-
dos, depreciação, amortização, entre outros. A título informacional, o modelo 
utilizado no Brasil é o baseado na função das contas.
Quando se vai de�nir, internamente nas empresas, que forma de 
Demonstração do Resultado do Exercício vai ser adotada, entre por natureza 
ou por função, a administração deve considerar aquele que gera informações 
com maior relevância e con�abilidade para os usuários dessas informações. Ao 
se apresentar a Demonstração do Resultado do Exercício por função de itens 
de receitas e de despesas, algumas informações adicionais por natureza, como 
depreciação, amortização, custos com funcionários, entre outros, devem ser 
divulgadas em Notas Explicativas. E, ainda, existindo outras receitas que 
superem as receitas operacionais, torna-se mais interessante uma evidenciação 
da Demonstração do Resultado do Exercício por natureza.
Não há receitas ou despesas a serem classi�cadas como item extraordi-
nário nas demonstrações contábeis, tanto componentes da Demonstração do 
Resultado do Exercício como em Notas Explicativas.
1.6 IAS 1 – Principais diferenças em 
relação às normas brasileiras
Neste momento serão apresentadas algumas diferenças entre a norma 
internacional IAS 1 e as normas brasileiras.
Primeiramente, a norma IAS 1 não exige a apresentação da Demonstração 
do Valor Adicionado (DVA), sendo que essa demonstração se tornou obriga-
tória para as companhias abertas brasileiras com o advento da Lei 11.638 de 
2007. O objetivo principal dessa lei foi a convergência das normas brasileiras 
50690_MIOLO_Contabilidade_Internacional.indb 19 20/10/2016 16:28:47
Contabilidade Internacional
– 20 –
às normas internacionais. Interessante seria a exigência da divulgação da DVA 
como uma das componentes das Notas Explicativas, gerando a possibilidade 
de ser comparada com as demonstrações contábeis divulgadas pelas empresas 
em países que não o Brasil.
Outra diferença está relacionada aos itens de natureza eventual e que 
ocorrem com pouca frequência na estrutura patrimonial das entidades, 
devendo ser registrados como itens extraordinários.
De acordo com as normas internacionais, a apresentação da 
Demonstração do Resultado do Exercício pode ser feita com as contas de 
receitas e de despesas discriminadas por função ou por natureza e, seguindo as 
normas nacionais, essa demonstração deve ser apresentada por função.
Por �m, seguindo as normas internacionais, a participação dos acionistas 
não controladores é evidenciada no Patrimônio Líquido. Já de acordo com as 
normas nacionais, é apresentada entreo Passivo Exigível a Longo Prazo e o 
Patrimônio Líquido.
1.6.1 Detalhes da legislação brasileira e comparações
A CVM aprovou, por meio da deliberação 488 de 2005, a Norma e 
Procedimento de Contabilidade (NPC) 27 do Ibracon, que regulamenta a 
apresentação e a divulgação das demonstrações contábeis.
Na sequência, segue um exemplo de estrutura do Balanço Patrimonial, 
seguindo o especi�cado na norma IAS 1, apresentando as contas contábeis 
em ordem crescente de liquidez:
Quadro 2: Balanço Patrimonial – ordem crescente de liquidez
Ativo Nota 2010 2009
Patrimônio 
líquido e passivo
Nota 2010 2009
Ativo não 
corrente Patrimônio líquido
Imobilizado 
líquido Capital social
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Contabilidade internacional – IASB e IAS 1
Ativo Nota 2010 2009
Patrimônio 
líquido e passivo
Nota 2010 2009
Investimentos 
societários Ações preferenciais
Goodwill Ações ordinárias
Contas a 
receber Reservas
Impostos 
diferidos
Lucros/prejuízos 
acumulados
Participação 
minoritária
Ativo corrente Passivo não corrente
Estoques Empréstimos
Clientes Financiamentos
Caixa e 
equivalentes Impostos diferidos
Passivo corrente
Fornecedores
Salários a pagar
Impostos a recolher
Total do ativo Total do patrimônio líquido e passivo
Fonte: Elaborado pelo autor.
Segundo o que se aprende no Brasil, a partir dos ditames da legislação 
societária e das normatizações adicionais da CVM, essa estrutura difere da 
apresentada pelas empresas brasileiras, pois não apresenta as contas contábeis 
seguindo o grau decrescente de liquidez.
A seguir, será apresentada uma estrutura sugerida, respeitando as normas 
internacionais. No entanto, a ordem de apresentação das contas contábeis 
será a decrescente, considerando a liquidez.
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Contabilidade Internacional
– 22 –
Quadro 3: Balanço Patrimonial – ordem decrescente de liquidez
Ativo 2010 2009
Patrimônio líquido 
e passivo
2010 2009
Ativo corrente Passivo corrente
Caixa e equivalentes Fornecedores
Clientes Salários a pagar
Estoques Impostos a recolher
Ativo não corrente Passivo não corrente
Contas a receber Empréstimos
Investimentos 
societários Financiamentos
Imobilizado, líquido Impostos diferidos
Goodwill Patrimônio líquido
Impostos diferidos Capital social
Ações preferenciais
Ações ordinárias
Reservas
Lucros/prejuízos 
acumulados
Participação minoritária
Total do ativo Total do passivo e patrimônio líquido
Fonte: Elaborado pelo autor.
Como se pode notar, a estrutura do Balanço Patrimonial no Brasil muito 
se assemelha às normas internacionais quando essa demonstração segue a 
ordem decrescente de liquidez na apresentação das contas contábeis.
Na continuação, será abordada a estrutura da Demonstração do 
Resultado do Exercício, de acordo com as duas formas previstas na norma 
IAS 1, ou seja, por natureza e por função das contas.
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Contabilidade internacional – IASB e IAS 1
Quadro 4: Demonstração do Resultado do exercício – por natureza
Demonstração do Resultado do Exercício por natureza 2010 2009
Receita operacional líquida
(-) Matéria-prima e material de consumo utilizado
(-) Despesas com pessoal (salários e encargos sociais)
(-) Despesas de depreciação e amortização
(-) Despesas com propaganda
(-) Outras despesas operacionais
Lucro operacional líquido
(-) Despesas financeiras
(+) Receitas financeiras
(+) Outras receitas
Lucro antes dos impostos
(-) Imposto de renda corrente
(-) Imposto de renda diferido
Lucro líquido do exercício
Lucro por ação
Fonte: o autor
Existem algumas diferenças entre a Demonstração do Resultado por 
Exercício, evidenciada por natureza ou por função. Abaixo, segue uma estru-
tura sugerida de DRE por função, tal como é estabelecida pelas normas 
nacionais.
Quadro 5: Demonstração do Resultado do exercício – por função
Demonstração do Resultado do Exercício por função 2010 2009
Receita operacional líquida
(-) Custo das vendas
Lucro operacional bruto
(-) Custos de distribuição
(-) Despesas gerais e administrativas
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Contabilidade Internacional
– 24 –
Demonstração do Resultado do Exercício por função 2010 2009
(-) Outras despesas operacionais
Lucro operacional líquido
(-) Despesas financeiras
(+) Receitas financeiras
(+) Outras receitas
Lucro antes dos impostos
(-) Imposto de renda corrente
(-) Imposto de renda diferido
Lucro líquido do exercício
Lucro por ação
Fonte: Elaborado pelo autor.
Por �m, segue a estrutura da Demonstração das Mutações do Patrimônio 
Líquido, de acordo com o que é preconizado pela norma internacional IAS 
1, emitida pelo IASB.
Quadro 6: Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Itens Capital social Reservas Lucros/prejuízos acumulados
Patrimônio 
líquido
Saldo em 31 de 
dezembro de 2008
(+/-) Variações
Saldo em 31 de 
dezembro de 2009
(+/-) Variações
Saldo em 31 de 
dezembro de 2010
Fonte: Elaborado pelo autor.
Pode-se veri�car que no caso da DMPL, quando se comparam as nor-
mas brasileiras com as normas internacionais, não há diferenças signi�cativas 
50690_MIOLO_Contabilidade_Internacional.indb 24 20/10/2016 16:28:48
– 25 –
Contabilidade internacional – IASB e IAS 1
na apresentação dos dados por parte das empresas, o que con�rma o fato de 
que o Brasil já possui parte do caminho, em direção à convergências das nor-
mas brasileiras às normas internacionais, completo.
Ampliando seus conhecimentos
A busca pela harmonização das Normas 
Internacionais de Contabilidade e a 
Convergência aos Padrões do IASB
(MARTINS, 2007)
O crescimento e a globalização da economia mundial, prin-
cipalmente através da influência financeira das empresas 
multinacionais em outros países, têm nos trazido um avanço 
tecnológico e informacional livre das barreiras do tempo e da 
distância. Isso tem forçado a adaptação das informações con-
tábeis, usualmente preparadas de acordo com padrões e prá-
ticas locais, aos padrões internacionais, para que assim atinjam 
igualmente as perspectivas dos usuários locais e dos externos, e 
assim possam ser interpretadas de forma unilateralmente correta 
e utilizadas como bases de medidas ou comparação uniformes.
Essa necessidade de harmonização das normas contábeis uti-
lizadas no mundo inteiro surgiu, principalmente, a partir da 
necessidade de haver maior clareza na interpretação das infor-
mações contidas nas demonstrações financeiras das empresas, 
possibilitando, assim, maior grau de comparabilidade entre os 
resultados obtidos por diferentes empresas, estejam elas loca-
lizadas em qualquer que seja o país.
Apesar de sua convincente necessidade, essa adaptação tem 
enfrentado barreiras contra sua realização, como: diferen-
ças políticas, econômicas e sociais, além das diferenças de 
linguagem, de moeda e de divergências existentes entre os 
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Contabilidade Internacional
– 26 –
princípios contábeis adotados em diversos países. Essas dife-
renças acabam levando, em alguns casos, a uma interpretação 
inadequada das informações apresentadas nas demonstrações 
contábeis, resultando, em alguns casos, em análises e resul-
tados diferentes nas interpretações das mesmas informações.
A confirmação dessa necessidade é apresentada pelas empre-
sas multinacionais que, na necessidade de mensurar seu patri-
mônio, encontravam formas de mensuração diferentes entre 
seu país de origem e os países no quais estavam sediadas suas 
filiais. Um exemplo clássico disso foi o ocorrido no primeiro 
semestre de 1993 com a companhia alemã Daimler-Benz, 
quando, de acordo com princípios contábeis da Alemanha, a 
companhia obteve um resultado operacional positivo de cerca 
de 168 milhões de marcos alemães e, de acordo comnormas 
norte-americanas, evidenciou um resultado negativo de cerca 
de 949 milhões de marcos alemães, ou seja, uma diferença 
considerável de cerca de 1,1 bilhão de marcos alemães. Dessa 
forma, para se evitar surpresas desse porte, as multinacionais 
convencionaram adotar normas padronizadas para o grupo de 
empresas. Assim, as subsidiárias estrangeiras são submetidas 
às normas adotadas pela matriz, geralmente as adotadas em 
seu país de origem.
O que acaba acontecendo, em alguns casos, é que algumas 
companhias têm que preparar dois conjuntos de demonstra-
tivos contábeis, um para atender às exigências de seu país, 
e outro para atender aos investidores estrangeiros. O que 
se tenta convencionar é a adoção de um padrão de normas 
internacionais que contemple essas necessidades, dos dois 
usuários, com um único conjunto de normas. Isso também 
se justifica quando é considerado o fator custo, afinal, manter 
um sistema de contabilidade, que prepare dois conjuntos de 
demonstrativos contábeis para atender as exigências diferentes 
de vários usuários, se torna muito caro.
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– 27 –
Contabilidade internacional – IASB e IAS 1
Com base nisso, acredita-se que haveria grandes melhorias na 
consistência das informações contábeis e, consequentemente, 
no mercado financeiro, se usuários internos e externos de 
todas as empresas pudessem se basear no mesmo arcabouço 
de princípios e normas contábeis. Essa ideia é consenso entre 
a maioria dos profissionais e pensadores da contabilidade, que 
também são bastante enfáticos ao afirmar que o que se deseja 
é harmonizar e convergir ao máximo possível as normas de 
contabilidade, aproximando-se de um padrão unificado, mas 
tendo a consciência de que se chegar a um padrão “único” é 
praticamente impossível, tendo em vista os vários interesses e 
opiniões divergentes existentes.
A harmonização das normas internacionais de contabilidade 
ainda pode ser argumentada através de três critérios significa-
tivos de qualidade da informação, que são: a credibilidade, 
que trata da existência de mais do que um conjunto de normas 
contábeis de demonstrações contábeis; a comparabilidade, 
que trata da valia da comparabilidade da informação fornecida 
pela empresa com as fornecidas por outras empresas; e a efici-
ência de comunicação, que trata da dificuldade para o usuário 
em compreender e interpretar as demonstrações financeiras.
Essa busca pela harmonização das normas e princípios contá-
beis é evidenciada, principalmente, por órgãos de represen-
tação da profissão contábil e por agentes regulamentadores 
da profissão. Um desses órgãos é o Internacional Accounting 
Standards Board (IASB), organismo privado criado no fim 
dos anos 1990, substituindo o Internacional Accountant 
Standards Committee (IASC) de 1970, depois de crises que 
afetaram diferentes países asiáticos. O IASB hoje conta com 
a participação de mais de uma centena de países, e tem como 
objetivo disseminar uma visão da contabilidade e provocar 
a convergência das diferentes normatizações mundo afora, 
rumo a um padrão unificado.
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Contabilidade Internacional
– 28 –
Outro importante organismo na disseminação da harmonização 
das normas internacionais de contabilidade é o International 
Organization for Governmental Securities Commissions 
(IOSCO), nascido de nove países, o órgão enfrentou difi-
culdades na sua adoção porque os Estados Unidos, principal 
mercado de capitais do mundo, não se dispôs a adotar as 
normas do IASC, devido à divergência de práticas entre as 
normas do IASC (hoje IASB) e os US GAAP – princípios 
de contabilidade norte-americanos geralmente aceitos. Diante 
dessa situação o CFC (2006, apud Cosife) preconiza que 
“essas diferenças se dão devido ao fato de que, nos Estados 
Unidos, as práticas contábeis estão fortemente ligadas a um 
sistema legal que lhe é próprio”. Alguns autores como Niyama 
(2006) e Hendriksen (1999) colocam a contabilidade dos 
Estados Unidos entre as dos países do bloco Anglo-Saxônico, 
no qual a classe contábil é forte e sofre pouca influência do 
governo, visto que se percebe claramente o enfoque da 
escola americana nos usuários externos (acionistas, credores, 
fornecedores e outros) e não no governo.
A situação desse processo, hoje em dia, pode ser espelhada 
no que acontece atualmente nos Estados Unidos, onde o 
fato de a Bolsa de Valores de Nova York ter permitido, no 
ano de 2005, que as empresas que negociassem suas ações 
nela elaborassem suas demonstrações seguindo as normas do 
IASB. Outra contribuição foi a criação do Financial Reporting 
Series (2006), que é um esforço conjunto do FASB e do 
IASB, aceitando colaborações de vários órgãos reguladores 
da contabilidade e de contadores de vários países do mundo, 
no sentido de harmonizar a utilização das normas contábeis 
para as normas do IASB, estabelecidas depois de ampla dis-
cussão, não só com o FASB, mas com toda a classe contábil 
no mundo afora.
Esse processo de harmonização já é uma realidade mundial. 
Isso já se torna uma realidade porque cerca de 79 países, em 
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Contabilidade internacional – IASB e IAS 1
cinco continentes, já adotam os Internacional Financial Reporting 
Standards (IFRS) para resolver problemas materiais de normati-
zação e tratamento contábil. No Brasil, percebe-se uma tendên-
cia de convergência às normas do IASB, pois, órgãos como 
o Banco Central do Brasil (Bacen), a Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM), o Instituto Brasileiro de Contadores 
(Ibracon) e o Conselho Federal de Contabilidade – (CFC) 
têm emitido normas no sentido de adequar certas práticas con-
tábeis brasileiras às normas internacionais.
Numa análise mais detalhada dos critérios de reconhecimento 
e mensuração adotados pelo FASB e pelo IASB, se percebe 
algumas semelhanças e diferenças entre os dois. A principal 
delas que se procurou destacar neste texto foi que o foco 
principal dos dois critérios é a evidenciação de informações 
voltadas à tomada de decisões.
Em suma, compreende-se que os Estados Unidos têm contri-
buído de forma considerável para a harmonização das normas 
e princípios contábeis internacionais, sendo que o IASB vem 
atuando no sentido de harmonizar as normas e princípios de 
contabilidade no mundo em parceria com outros organismos e 
profissionais, deixando, dessa forma, clara a importância dessa 
harmonização para as organizações e para o mercado finan-
ceiro como um todo, e assim coordenando esforços de todos 
os atores pertinentes à classe contábil, rumo à harmonização 
das práticas contábeis mundiais.
 
Atividades
1. Qual é o objetivo do Comitê de Pronunciamentos Contábeis?
2. Em linhas gerais, quais foram os objetivos das Leis 11.638 de 2007 e 
11.941 de 2009 para a contabilidade nacional?
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Contabilidade Internacional
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3. Diferencie harmonização e padronização contábil, considerando-as 
no contexto da contabilidade internacional.
4. Qual é o organismo de harmonização internacional mais influente 
na contabilidade?
5. Quais são os objetivos principais da norma internacional IAS 1, edi-
tada pelo IASB?
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Os pronunciamentos 
IAS 7, IAS 17 e IFRS 8
2.1 IAS 7 – Demonstração 
dos Fluxos de Caixa
No ano de 1992, o International Accounting Standards Board 
(IASB), por meio do IAS1 7, substituiu o Statement of Changes in 
Financial Position, antes denominado de Demonstração das Origens 
e Aplicações de Recursos (DOAR), pela Demonstração dos Fluxos 
de Caixa (DFC).
Ainda segundo esse pronunciamento, a DFC deve ser apre-
sentada de tal forma que evidencie todos os � uxos de caixa de um 
período pelos valores brutos. No entanto, alguns recebimentos e 
pagamentos referentes a itens de rotaçãorápida, valores elevados e 
vencimentos de curto prazo podem ser divulgados pelas variações 
líquidas ocorridas durante determinado período.
1 International Accounting Standards.
2
50690_MIOLO_Contabilidade_Internacional.indb 31 20/10/2016 16:28:51
Contabilidade Internacional
– 32 –
O conceito de caixa é ampliado, de acordo com o IAS 7, com o objetivo 
de melhorar a compreensão dos equivalentes-caixa, já que há de ser conside-
rado que as sociedades, em condições de normalidade, apliquem suas sobras 
de caixa em investimentos que, por regra, pertençam ao curto prazo.
Sendo assim, o IAS 7 considera equivalentes-caixa os investimentos ins-
tantaneamente realizáveis em valores de caixa previamente conhecidos e sujei-
tos a um insigni�cante risco de mudança de valor. Dessa forma, quali�cam-se 
como equivalentes-caixa os investimentos de curto prazo, sendo esse prazo 
considerado de três meses ou menor.
Entre os exemplos que podem ser citados como equivalentes-caixa pelo 
IASB, estão as letras do tesouro, os commercial papers (títulos emitidos por 
companhias privadas, que possuem prazo de realização de até um ano), as 
aplicações �nanceiras de renda �xa (curto prazo) e as aplicações em depó-
sitos inter�nanceiros, no caso de empresas com operações predominante-
mente bancárias.
As aquisições e as vendas desses investimentos com re�exo no caixa são 
geralmente parte das atividades de gerenciamento de caixa de uma empresa, 
em vez de serem consideradas como atividades operacionais, de investimen-
tos ou de �nanciamentos e, logo, as minúcias de tais transações não devem 
estar no corpo da DFC.
2.1.1 Detalhes e descrição da norma internacional
De acordo com o IAS 7, o modelo de DFC está dividido em três catego-
rias de �uxos de caixa, conforme segue.
2.1.1.1 Atividades operacionais
Aqui, estão incluídas todas as transações e eventos adicionais que não 
se de�nem como atividades de investimento ou atividades de �nanciamento. 
Em linhas gerais, o �uxo de caixa das atividades operacionais é proveniente 
das principais atividades geradoras de receita de uma empresa. Dessa forma, 
representa o efeito caixa das transações que contribuem para a formação do 
lucro líquido.
50690_MIOLO_Contabilidade_Internacional.indb 32 20/10/2016 16:28:51
– 33 –
Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 8
2.1.1.2 Atividades de investimento
Já aqui estão incluídas a concessão e o recebimento de empréstimos e de 
�nanciamentos, a aquisição e a alienação de investimentos em outras enti-
dades empresariais e os investimentos em bens imobilizados ou ativos com 
longa vida útil, os quais sejam utilizados para a produção de bens ou para a 
prestação de serviços geradores de receita.
2.1.1.3 Atividades de financiamento
Por �m, aqui estão incluídas as operações que abarquem a obtenção de 
capital dos proprietários da entidade, além da respectiva remuneração, o rece-
bimento e o pagamento de empréstimos obtidos, a obtenção e a liquidação 
de outros recursos obtidos de credores, inclusive os exigíveis em longo prazo.
Especi�camente para as instituições bancárias, as instruções normativas 
emitidas pelo IASB não especi�cam um modelo de DFC especí�co para ser 
usado nesse setor. Para essas empresas, praticamente não existem diferenças 
frente às empresas não �nanceiras, somente por distinção feita em alguns dos 
itens que compõem os três grupos de atividades da estrutura da DFC.
Esse detalhe está mais especi�camente explícito no parágrafo 15 do IAS 
7, o qual aventa que “os adiantamentos de caixa e empréstimos feitos por ins-
tituições �nanceiras são usualmente classi�cados como atividades operacio-
nais, uma vez que se referem à principal atividade geradora de receita daquela 
empresa”. De maneira análoga, os juros pagos e os recebidos por instituições 
�nanceiras, agora de acordo com o parágrafo 33 do IAS 7, devem fazer parte 
das atividades operacionais. Esse trecho acaba por ser con�rmado em um 
exemplo de DFC em instituição �nanceira apresentado em apêndice do IAS 
7. Naquele ponto, todas as movimentações das principais formas de capta-
ção de recursos para intermediação �nanceira, por exemplo, os depósitos dos 
clientes, também são classi�cadas como operacionais.
Já com relação ao método de apresentação dos �uxos de caixa das ati-
vidades operacionais, o IAS 7 abre a alternativa de as empresas realizarem a 
confecção do método direto ou indireto, apresentando leve inclinação para a 
utilização do método direto, já que ele permite a divulgação de informações 
mais completas, consideradas mais úteis pelos usuários.
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Contabilidade Internacional
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Mesmo com esse direcionamento por parte da normativa internacional, 
apenas uma pequena quantidade de empresas apresenta a DFC com a utili-
zação do método direto, fazendo com que as informações divulgadas para o 
público em geral não tenham o máximo de e�cácia que poderiam ter.
2.1.2 Normas para instituições financeiras
Com as recentes atualizações da legislação societária na primeira década 
de 2000, a exigência da publicação da DFC no Brasil se tornou efetiva, dei-
xando a DOAR de ser obrigatória.
No entanto, nunca é demais salientar que o Instituto dos Auditores 
Independentes do Brasil (Ibracon), desde 1999, por meio do pronuncia-
mento denominado Normas e Padrões Contábeis (NPC 20), já recomendava 
que a DFC fosse divulgada de maneira discricionária.
Inclusive, o modelo da DFC que é proposto pelo Ibracon é semelhante 
ao modelo proposto pelo IASB, embora bastante sucinto, pois especi�ca que 
os �uxos de caixa devem ser classi�cados quanto à atividade em operacional, 
de investimento e de �nanciamento, podendo, ainda, ser apresentado pelos 
métodos direto ou indireto.
Adicionalmente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 2006, 
também regulamentou a divulgação da DFC com a publicação do Ofício- 
-Circular 01 daquele ano, o qual determinava que as companhias de capital 
aberto que realizassem a divulgação da DFC no exterior estariam obrigadas 
a divulgá-la também no Brasil, mantendo a mesma estrutura e formato da 
DFC divulgada no exterior. Na sequência, segue trecho legal da norma:
Divulgação segundo as normas brasileiras e normas estrangeiras.
As companhias abertas vêm divulgando a DFC de forma suple-
mentar às suas demonstrações contábeis, dando uma conotação de 
informação de natureza voluntária. No entanto, as companhias que 
divulgarem essa informação no exterior são obrigadas a divulgá-la no 
Brasil para que não ocorra a divulgação de informações de forma pri-
vilegiada e assimétrica entre os diferentes mercados. As companhias 
devem atentar, também, para que a divulgação da Demonstração dos 
Fluxos de Caixa divulgada no Brasil seja a mesma divulgada no exte-
rior, ou seja, tenha o mesmo formato e estrutura, para que não haja 
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Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 8
prejuízo ao entendimento do investidor. (OFÍCIO-CIRCULAR/
CVM/SNC/SEP N.º 01/2006) 
Tratando-se de instituições �nanceiras, o P lano C ontábil d as 
Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF) também normati-
zou, estabelecendo modelo de DOAR diferente do que era tratado na legis-
lação societária, o qual possui similaridades com a DFC elaborada pelo 
método indireto, já que não relata variações no capital circulante líquido 
(CCL), tal como é requisito básico do modelo tradicional da DOAR, mas, 
sim, a variação nas disponibilidades.
As instituições que estão no mercado de ações norte-americano, ou 
seja, as que emitem American Depositary Receipts (ADR) nos EUA elaboram 
a DFC, no âmbito do Formulário 20F, segundo os padrões do Financial 
Accounting Standard Board (FASB), que é o órgão normatizador das regras 
contábeis naquele país.
2.2 IAS 17 – Arrendamento (Leasing)
O IAS 17 normatiza o registro contábil e a divulgação de operações rela-
cionadas a arrendamento mercantil. Essa norma deve ser seguidatanto por 
arrendadores quanto por arrendatários em sua completude.
A legislação tributária possui grande in�uência nesta matéria no Brasil, 
determinando o registro dos bens que são objeto de arrendamento no Ativo 
das arrendadoras, independentemente da classi�cação da operação, quer seja 
como arrendamento mercantil ou como �nanceiro ou operacional. Dessa 
forma, a contabilidade nacional, praticada por empresas que atuam no 
Sistema Financeiro Nacional (SFN) diverge dos padrões estabelecidos 
pelo IASB. A seguir, apresentam-se as operações que não estão sujeitas às 
disposições contidas no pronunciamento IAS 17:
I - arrendamento mercantil para exploração de minérios, petróleo, 
gás natural e recursos similares não regeneráveis;
II - acordos de licenciamento para itens como �tas cinematográ�-
cas, registros de vídeos, peças teatrais, manuscritos, patentes e direi-
tos autorais;
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Contabilidade Internacional
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III - propriedades detidas por arrendatários que sejam registradas 
como investimentos (IAS 40 - Investment Property);
IV - propriedade de investimento proporcionada por arrendadores 
por meio de arrendamento operacional (IAS 40 - Investment Property);
V - ativos biológicos detidos por arrendatários por meio de arrenda-
mento �nanceiro (IAS 41 - Agriculture);
VI - ativos biológicos proporcionados por arrendadores por meio 
de arrendamento operacional. (IAS 41 – Agriculture, apud BANCO 
CENTRAL DO BRASIL, 2011a) 
Algumas dessas operações, em terras nacionais, são reguladas por agên-
cias nacionais reguladoras ou possuem regulamentação especí�ca, já subordi-
nada a diferentes normas do IASB.
2.2.1 Detalhes e descrição da norma internacional
Dentro da estrutura do IAS 17, as ocorrências de arrendamento mer-
cantil são classi�cadas em operacionais e �nanceiras e enfatizam a transfe-
rência dos riscos e dos benefícios relacionados à propriedade dos ativos, do 
arrendador para o arrendatário. De maneira mais direta, o pronunciamento 
internacional observa a essência econômica da operação em vez da forma 
jurídica da mesma.
Arrendamento �nanceiro corresponde às operações nas quais podem ser 
classi�cados todos os riscos e benefícios ligados à propriedade do ativo e que 
são substancialmente transferidos para o arrendatário. Como arrendamento 
operacional, são de�nidas as operações que não são classi�cadas como arren-
damento �nanceiro, ou seja, aquelas em que os riscos e os benefícios ligados 
à propriedade dos ativos não são transferidos ao arrendatário.
O pronunciamento do IASB especi�ca algumas situações que, indivi-
dualmente ou em conjunto, ensejariam uma correta classi�cação da operação 
na categoria arrendamento �nanceiro:
I - o contrato transfere a propriedade do ativo para o arrendatário ao 
�nal do período do arrendamento;
II - o contrato dá ao arrendatário a opção de comprar o ativo por um 
preço que se espera ser su�cientemente inferior ao valor justo do ativo 
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Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 8
na data em que a opção se tornar exercível de modo que, no início 
do arrendamento, seja razoavelmente certo que a opção será exercida;
III - o ativo for arrendado por um período superior à sua vida econô-
mica, mesmo que o título não seja transferido;
IV - o valor presente dos pagamentos mínimos, no início do arren-
damento, for pratica-mente igual ao valor justo do bem arrendado; 
V - os ativos arrendados forem de natureza especí�ca de tal maneira que 
somente o arrendatário poderia utilizá-los sem que fossem feitas modi-
�cações signi�cativas. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011a)
De maneira adicional, o pronunciamento IAS 17 apresenta algumas 
situações que, também individualmente ou em conjunto, caracterizam o 
arrendamento �nanceiro, conforme especi�cado a seguir:
I - o arrendatário poder cancelar o contrato arcando com os eventuais 
prejuízos do arrendador, relacionados ao cancelamento;
II - o contrato estabelecer que os ganhos ou perdas decorrentes da 
�utuação do valor justo do valor residual são atribuíveis ao arrenda-
tário; e
III - o contrato possibilitar que o arrendatário continue o arrenda-
mento por um segundo período, pagando contraprestações substan-
cialmente inferiores ao valor de mercado do referido arrendamento. 
(BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011a)
Essas situações deixam claros os processos que devem ser analisados 
para que uma operação deva ser considerada como arrendamento �nanceiro, 
seguindo os ditames do pronunciamento internacional.
2.2.1.1 Reconhecimento das operações nos arrendatários
O pronunciamento IAS 17 estabelece as formas corretas de se classi�car 
as operações de arrendamento mercantil entre as modalidades operacional 
e �nanceira e, adicionalmente, também dispõe sobre o tratamento contábil 
dado a essa operação tanto pelo arrendador como pelo arrendatário.
Tratando-se das demonstrações contábeis do arrendatário, as operações 
de arrendamento operacional não são reconhecidas na sua estrutura. Nesses 
casos, o IAS 17 estabelece que essas contraprestações pagas devam ser reco-
nhecidas na forma de despesa de maneira equalizada e constante por todo o 
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Contabilidade Internacional
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prazo do arrendamento, a não ser que exista outra base que melhor represente 
o tempo do benefício do usuário do bem.
Para os casos de arrendamento �nanceiro, tais operações devem ser reco-
nhecidas no balanço do arrendatário como um ativo e um passivo simulta-
neamente, com valores iguais e por valor justo do ativo arrendado ou, ainda, 
pelo valor presente das contraprestações, no caso de este último ser o valor 
mais baixo.
No cálculo do valor presente dos pagamentos mínimos, a taxa de juros 
a ser utilizada deve ser a taxa de juros da própria operação, especi�cada de 
maneira explícita ou não. Para uma situação em que não seja possível a sua 
determinação, a taxa a ser utilizada deve ser a de captação de �nanciamento 
por parte do arrendatário. Não se pode esquecer, para a composição do valor 
do referido ativo, todo e qualquer custo direto inicial em que o arrendatário 
tenha incorrido.
O IAS 17 ainda de�ne, para operações de arrendamento �nanceiro, que 
as contraprestações a pagar pelo arrendatário durante o contrato devem ser 
diluídas nos encargos �nanceiros que incidirem sobre essa operação e sobre a 
amortização do passivo.
Deve ser observado, por parte do arrendatário, o Princípio da 
Competência, respeitando os fatos geradores, ou seja, o tempo de vigência do 
contrato para a correta alocação dos encargos �nanceiros gerados, resultando, 
com isso, uma taxa periódica e constante de juros sobre o saldo do passivo.
No caso de arrendamento �nanceiro, o IAS 17 estabelece que os alu-
guéis contingentes (de�nidos pela norma como a parcela das contrapresta-
ções que não é �xada, pois é baseada em fator divergente da simples sequên-
cia temporal), sejam reconhecidos como despesas no período em que foram 
incorridos efetivamente.
Para a depreciação, o IAS 17 de�ne que o arrendatário deve efetuar o 
cálculo para os ativos considerados em contratos de arrendamento �nanceiro 
sempre considerando o período esperado de uso do ativo, em uma base rela-
cionável com a política de depreciação utilizada para o restante dos ativos 
depreciáveis e de acordo com o que também é estabelecido pelo pronuncia-
mento IAS 16 (Property, Plant and Equipment) e IAS 38 (Intangible Assets).
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Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 8
A Norma estabelece, ainda, que se houver certeza razoável de que a pro-
priedade do ativo será transferida para o arrendatário no �nal do contrato, o 
período de uso esperado é a própria vida útil do ativo. Caso ocorra de maneira 
distinta, o ativo deve ser depreciado durante o prazo do arrendamento ou de 
sua vida útil,considerando o menor período entre as duas alternativas.
Os requisitos do pronunciamento IAS 32 (Financial Instruments: 
Disclosure and Presentation) devem ser satisfeitos nas operações de arrenda-
mento �nanceiro, mas de maneira adicional, os arrendatários também devem 
realizar a divulgação dos seguintes pontos:
I - o valor contábil líquido na data do balanço, para cada categoria 
de ativo;
II - uma reconciliação entre o valor total dos pagamentos mínimos e 
o seu valor presente e, ainda, os valores totais desses pagamentos e o 
valor presente dos pagamentos a serem efetuados nos períodos até um 
ano, entre um e cinco anos, e valores acima de cinco anos;
III - os aluguéis contingentes reconhecidos como despesa no período. 
(BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011a)
Considerando as operações de arrendamento operacional, os arrenda-
tários devem divulgar o total de pagamentos mínimos futuros dos arrenda-
mentos operacionais que não sejam passíveis de cancelamento e que serão efe-
tuados no período de um ano, entre um e cinco anos e acima de cinco anos.
Por �m, os arrendatários ainda devem divulgar, em ambos os arrenda-
mentos (�nanceiros e operacionais), as seguintes informações:
I - o valor total dos pagamentos futuros mínimos de subarrenda-
mentos a receber dos subarrendamentos que não sejam passíveis 
de cancelamento;
II - uma descrição geral dos principais contratos de arrendamento, 
incluindo, no mínimo, as informações que seguem:
a) a base pela qual os aluguéis contingentes são determinados;
b) a existência de cláusulas sobre prazos de renovação ou opções de 
compra e de repasse de custos; 
c) as restrições impostas pelos contratos de arrendamento, tais como 
aquelas relativas a dividendos, a dívidas adicionais e a arrendamentos 
futuros. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011a)
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Contabilidade Internacional
– 40 –
2.2.1.2 Reconhecimento das operações nos arrendadores
Os arrendadores, por sua vez, nas operações de arrendamento �nan-
ceiro, devem realizar o reconhecimento dos ativos que são mantidos sob o 
arrendamento �nanceiro no balanço como Ativos Realizáveis por um valor 
que seja igual ao saldo do investimento líquido do arrendamento.
O devido reconhecimento da receita �nanceira deve ser expresso por 
valores que evidenciem uma taxa de retorno periódica e constante ocorrida 
sobre o investimento líquido do arrendador no arrendamento �nanceiro.
Tratando-se das operações de arrendamento operacional, os arrendado-
res devem reconhecer os ativos utilizados nos contratos de arrendamento ope-
racional seguindo a natureza de cada um deles. Os custos diretos iniciais que 
foram incorridos pelos arrendadores para que ocorresse um arrendamento 
operacional são adicionados ao valor do ativo registrado e, também, reco-
nhecidos como despesa durante o prazo do contrato, proporcionalmente ao 
reconhecimento das receitas do arrendamento que forem auferidas.
Nos contratos de arrendamento operacional, as receitas geradas devem 
ser reconhecidas em valores periódicos e constantes por toda a vigência 
do contrato, exceção dada quando exista uma base mais bem representa-
tiva do tempo para que o benefício do uso do bem que esteja arrendado 
seja diminuído.
A forma de se tratar a depreciação dos ativos que estejam arrenda-
dos deve ser semelhante à forma utilizada normalmente pelo arrendador, 
quando considerar ativos semelhantes aos arrendados, e deve ser calculada 
seguindo os ditames do IAS 16 (Property, Plant and Equipment) e do IAS 38 
(Intangible Assets).
Os arrendadores ainda devem, de maneira adicional aos requisitos do 
IAS 32 (Financial Instruments: Disclosure and Presentation), para a divulga-
ção das operações de arrendamento �nanceiro, reconciliar o saldo do investi-
mento bruto total no arrendamento, na data do balanço, e evidenciar o valor 
presente dos recebimentos mínimos em arrendamentos a receber no futuro.
Também é uma obrigação dos arrendadores a realização de divulgação 
do saldo do investimento bruto total no arrendamento, na data do balanço, 
e o valor presente dos recebimentos mínimos em arrendamentos a receber 
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Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 8
nos períodos até um ano, entre um e cinco anos, e para as operações com 
prazo superior a cinco anos. Devem divulgar a receita �nanceira a reali-
zar, os valores residuais não garantidos em favor do arrendador e o saldo 
da provisão estimada para créditos de liquidação duvidosa, eventualmente 
constituída com base nos arrendamentos mínimos a receber que forem con-
siderados incobráveis.
Mudando o foco para as operações de arrendamento operacional, os 
arrendadores devem realizar a divulgação relativa a pagamentos futuros míni-
mos dos arrendamentos operacionais que não sejam passíveis de cancela-
mento, por seus valores totais e a receber no intervalo de um ano, entre um e 
cinco anos e em um período superior a cinco anos.
Considerando ambos os arrendamentos (�nanceiros e operacionais), os 
arrendadores devem realizar a divulgação das seguintes informações:
I - os aluguéis contingentes reconhecidos como receita durante 
o período; 
II - uma descrição geral dos principais contratos de arrendamentos do 
arrendador. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011a)
2.2.2 Operações de Sale and Leaseback
O tratamento contábil que é dado a uma transação de Sale and Leaseback2 
varia conforme o tipo do arrendamento considerado na operação. Para os 
casos em que a transação de Sale and Leaseback gerar um arrendamento �nan-
ceiro, o lucro na venda do ativo, quando o valor venal for maior que o valor 
contábil, deve ser diferido, amortizado durante o prazo de arrendamento, e 
evidenciado nas demonstrações contábeis do vendedor-arrendatário.
Para o caso de a operação de Sale and Leaseback gerar um arrendamento 
operacional e �car claro que a operação foi realizada sendo considerado valor 
justo, todo e qualquer resultado (lucro ou prejuízo) que seja oriundo da venda 
2 Espécie de contrato de arrendamento mercantil �nanceiro, pelo qual a pessoa jurídica vende 
bens do seu ativo imobilizado a uma empresa de arrendamento mercantil e, simultaneamente, 
os arrenda de volta com a opção de compra exercitável após o término do contrato. Disponível 
em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/9253/arrendamento-mercantil-sale-and-lease-back>. 
Acesso em: 11 maio 2011.
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Contabilidade Internacional
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do ativo deve ser imediatamente reconhecido nas demonstrações contábeis 
do vendedor-arrendatário.
Considerando as situações em que o referido preço de venda �car abaixo 
do valor justo, os resultados gerados na venda do ativo devem ser imediata-
mente reconhecidos nas demonstrações contábeis do vendedor-arrendatário.
Uma situação especí�ca deve ser apresentada para o caso de o prejuízo 
ser compensado com pagamentos mínimos inferiores ao preço de mercado. 
Para esse caso, tal prejuízo deve ser diferido e, na sequência, amortizado pro-
porcionalmente às contraprestações durante o período em que tem a expecta-
tiva de que o ativo venha a ser utilizado.
Mas se o preço de venda estiver acima do valor justo, esse excesso diante 
do valor justo deverá ser diferido e, posteriormente, amortizado durante o 
período em que se espera que o ativo possa ser utilizado.
Para as operações de Sale and Leaseback que resultarem em arrendamen-
tos operacionais, caso o valor justo do ativo na data da operação seja menor 
que o seu respectivo valor contábil, o prejuízo que for decorrente da diferença 
entre ambos deve ser imediatamente reconhecido.
2.2.3 Normas para instituições financeiras
A Lei 6.099 de 1974, a qual possui alterações introduzidas pela Lei 7.132 
de 1983, estabelece as normas brasileiras para as operações de arrendamento. 
Muito embora esses textos legais estabeleçam o tratamento tributário das ope-
rações de arrendamento mercantil,eles também determinam que os bens des-
tinados ao arrendamento mercantil devam ser registrados pela contabilidade 
em conta especí�ca no grupo Ativo Não Circulante, subgrupo Imobilizado 
da arrendadora, gerando, dessa forma, um ponto divergente entre as regras 
nacionais e as normas internacionais.
Toda a regulamentação de operações de arrendamento dentro do 
Sistema Financeiro Nacional (SFN) está evidenciada no regulamento anexo 
à Resolução 2.309, de 1996, com as alterações estabelecidas pelas Resoluções 
2.595 e 2.659, ambas de 1999, e pela Resolução 3.175, de 2004, além de 
consolidada no COSIF 1.7 (Operações de Arrendamento Mercantil) e no 
COSIF 1.11.8 (Imobilizado de Arrendamento). Especi�camente a Resolução 
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Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 8
2.309/96 estabelece duas formas de operações de arrendamento, que são os 
�nanceiros e os operacionais.
No arrendamento �nanceiro, são incluídas as operações nas quais as 
contraprestações e os demais pagamentos previstos no contrato, desde que 
devidos pela arrendatária, sejam normalmente su�cientes para que a arren-
dadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo de vigência do 
contrato e, além disso, que possa obter um retorno �nanceiro sobre os recur-
sos que foram investidos e cujas despesas de manutenção, assistência técnica 
e serviços relacionados à operacionalidade do bem arrendado sejam de res-
ponsabilidade da arrendatária. Ainda, cujo preço para o exercício da opção de 
compra seja pactuado de maneira não arbitrária, podendo até ser o valor de 
mercado do bem arrendado no instrumento contratual.
Dentro das operações de arrendamento operacional, são incluídas as 
operações em que as contraprestações a serem pagas pela arrendatária este-
jam relacionadas ao custo de arrendamento do bem e os serviços inerentes a 
sua colocação à disposição da arrendatária, não podendo, ainda, o valor pre-
sente dos pagamentos ultrapassar o equivalente a 90% (noventa por cento) do 
custo do bem, em que o prazo contratual seja inferior a 75% (setenta e cinco 
por cento) do prazo de vida útil econômica do bem, cujo preço para o exercí-
cio da opção de compra seja o valor de mercado do bem arrendado e que não 
haja nenhuma previsão de pagamento de Valor Residual Garantido (VRG).
Para o correto reconhecimento das operações de arrendamento, o 
COSIF estabelece que o arrendador deva registrar ditas operações de arren-
damento �nanceiro dentro do seu ativo, na conta contábil Arrendamentos 
Financeiros a Receber, com a devida redução das Rendas a Apropriar de 
Arrendamentos Financeiros a Receber. Essas rendas contratuais devem sofrer 
apropriações periódicas e mensais durante a vigência do contrato e, para 
os contratos que possuam cláusulas de variação cambial, tais saldos devem 
ser atualizados também seguindo periodicidade mensal enquanto ocorrer a 
vigência do contrato.
O valor residual deve ser registrado pelo arrendador no ativo, na 
conta contábil Valor Residual a Realizar, tendo como contrapartida nesse 
lançamento a conta contábil reti�cadora denominada Valores Residuais a 
Balancear. As parcelas relativas à antecipação do VRG devem ser registradas 
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Contabilidade Internacional
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contabilmente em conta denominada Credores por Antecipação de Valor 
Residual, em contrapartida com a adequada conta de Disponibilidade, classi-
�cada no Ativo Circulante.
Por �m, a arrendadora também deve classi�car as operações de arrenda-
mento de acordo com o nível de risco apresentado, seguindo o estabelecido 
na Resolução 2.682, de 1999, constituindo a respectiva Provisão Estimada 
para Créditos de Liquidação Duvidosa.
2.3 IFRS 8 – Informações por segmento
O pronunciamento IFRS3 8 foi trazido para a norma brasileira por 
meio do pronunciamento contábil CPC 22 – informações por segmento. As 
empresas que se subordinam a essas regras são as companhias abertas ou em 
processo de abertura de capital, além de empresas que possuam instrumentos 
de dívida negociados no mercado de capitais ou que, ainda, estejam durante 
o processo de emissão de tais títulos.
O IFRS 8 estabelece que as empresas realizem a divulgação de informa-
ções que permitam aos usuários das demonstrações �nanceiras a avaliação 
da natureza e dos efeitos das atividades do negócio que ela desenvolve e o 
ambiente econômico em que ela está inserida. Dessa forma, o objetivo prin-
cipal é divulgar a informação utilizada pela alta gestão no processo de tomada 
de decisões, fato que permitiria aos usuários a compreensão das principais 
atividades empresariais, onde elas estão localizadas e, ainda, quão bem elas 
estão desempenhando essas atividades.
Em linhas gerais, mesmo que não seja obrigada pelos ditames do pro-
nunciamento IFRS 8, uma empresa pode divulgar suas informações por seg-
mento. Na situação de uma empresa não se encaixar em nenhuma obrigato-
riedade, caso ela queira apresentar essas informações por segmento, ela terá 
que aplicar o que está estabelecido na norma IFRS 8 na totalidade.
Uma empresa não pode selecionar apenas uma quantidade especí�ca 
de informações por segmento. Ou ela realiza a divulgação de tudo o que 
3 International Financial Reporting Standards.
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Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 8
é requerido pela norma internacional ou não divulga informação alguma, 
identi�cando todos os segmentos operacionais no momento da divulgação.
A IFRS 8 de�ne a �gura do Chief Operating Decision Maker (CODM), 
traduzido para o português como tomador de decisões operacionais. Embora 
a norma não deixe clara, esse tomador de decisões pode ser um grupo de pes-
soas e, não necessariamente, uma única pessoa.
Por regra, nas companhias abertas, aquele que toma as principais deci-
sões operacionais não é um único ser, e sim, um grupo de indivíduos. No 
caso de grandes empresas, que possuem várias unidades de negócio, é normal 
que haja uma pessoa com a função de alimentar um indivíduo ou grupo de 
indivíduos centralizadores de decisões, além de discutir as atividades opera-
cionais, os resultados �nanceiros, as projeções e os planos para as atividades 
de sua unidade de negócios.
Esse indivíduo ou grupo de indivíduos centralizadores de decisões para 
quem o gerente de cada unidade se reporta é quem está, geralmente, respon-
sável por alocar os recursos e avaliar o desempenho das unidades de negócio 
de uma empresa e, portanto, é conhecido como o CODM.
No entanto, há de se de�nir de maneira prévia quem será ou quem serão 
o CODM, haja vista que a estrutura funcional varia de empresa para empresa 
e, como consequência, a maneira que cada uma tem de gerenciar suas deci-
sões tomadas.
O IFRS 8 determina que um segmento operacional é um componente 
para o qual haja informação �nanceira individualizada disponível. A simples 
existência de um balanço sobre um segmento não é su�ciente para que ele seja 
classi�cado com o um segmento operacional. Como informações adicionais, 
devem ser disponibilizadas informações de desempenho, tais como receita e 
lucro bruto por linha de produto ou serviços.
A administração pode organizar os segmentos operacionais entre áreas 
geográ�cas distintas, em vez de organizar por produtos e serviços (o que é 
mais comum), permitindo a agregação de tais segmentos. Nesse caso, só é 
possível essa agregação quando essas áreas ou países verdadeiramente possuam 
características econômicas similares e sejam parecidos também na natureza 
dos produtos e serviços e dos processos de produção, no tipo ou na categoria 
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Contabilidade Internacional
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de clientes, nos métodos usados para distribuir produtos ou prestar serviços 
e, quando for aplicável, o ambiente regulatório para o caso de bancos, segura-
doras ou serviços públicos, tais como

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