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Morfologia dos Orgãos Reprodutivos das Espermatófitas

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DEFINIÇÃO
Descrição morfológica dos órgãos reprodutivos das espermatófitas. Morfologia externa do
estróbilo, flor, fruto e semente. Diagrama e fórmula floral. Partenocarpia. Síndromes de
polinização e de dispersão.
PROPÓSITO
O estudo da morfologia vegetal vai além da apreensão de termos associados às estruturas e
formas dos órgãos. É como estudar uma nova língua, mas é preciso, também, treinar o olhar
sobre cada componente do corpo do vegetal. A morfologia é uma ferramenta importante nos
estudos taxonômicos e de sistemática. Por isso, estudaremos neste tema a morfologia, as
adaptações, a diversidade e as funções dos órgãos reprodutivos das espermatófitas.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a diversidade e as estruturas que caracterizam o estróbilo, a flor e a inflorescência.
MÓDULO 2
Identificar os principais tipos de fruto encontrados na natureza e o fenômeno da partenocarpia.
MÓDULO 3
Descrever a estrutura da semente e sua relação com diferentes síndromes de dispersão.
INTRODUÇÃO
A passagem das plantas para o ambiente terrestre (Fig. 1) trouxe muitas adaptações para a
sobrevivência fora da água, como o aparecimento da cutícula, dos vasos condutores e da
lignina. Apesar de viverem no ambiente terrestre, as plantas ainda dependiam da água para
reprodução.
O aparecimento da semente e do grão de pólen nas Espermatófitas garantiu que se tornassem
independentes da água para se reproduzir. Por fim, o aparecimento da flor nas Angiospermas
representou um grande avanço na conquista do ambiente terrestre.
Neste tema, trataremos de forma detalhada a morfologia (forma) externa de cada órgão
reprodutivo, bem como sua função, tendo sempre como foco principal as Angiospermas (Fig.
2), mas abordando também as Gimnospermas.
 
Fonte: C.C. Henry/Pexels
 Figura 1 - Costão rochoso com vegetação
 
Fonte: CC0 Public Domain/Piqsels
 Figura 2- Ipê amarelo, espécie nativa do Brasil
No decorrer do texto, serão apresentadas características diagnósticas ligadas à morfologia
reprodutiva das Angiospermas basais, das Monocotiledôneas e das Eudicotiledôneas. A ideia é
que você aprenda a reconhecer as dez maiores famílias de Angiospermas do Brasil
(FORZZA et al . 2010) por meio de características vegetativas e reprodutivas.
A morfologia dos órgãos reprodutivos é apresentada de forma aplicada, para que você fixe os
termos aprendidos e já comece a conhecer a diversidade dentro desses grupos. Uma
excelente maneira de aprofundar seu conhecimento sobre a flora do Brasil é realizar, com um
grupo de amigos, uma viagem de coleta botânica (Fig. 3).
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 3 - Coleta botânica em campo natural de Minas Gerais
Os termos botânicos podem parecer complexos, mas lembre-se de que a melhor estratégia
para fixá-los em sua mente é a prática! Por esse motivo, aconselhamos durante o estudo deste
módulo que você visite locais seguros e ricos em vegetação, onde possa praticar os conceitos
aqui apresentados. Tire fotos, acrescente imagens e termos relativos à morfologia reprodutiva
ao seu dicionário ilustrado de botânica!
AS DEZ MAIORES FAMÍLIAS DE
ANGIOSPERMAS DO BRASIL:
Fabaceae - Plantas com flores zigomorfas corola modificadas em vexilo, asas e
carena. Mimosoide flores actinomorfas, estames excertos numerosos.
javascript:void(0)
Orchidaceae - Plantas com flores zigomorfas, presença de labelo e ginostêmio,
polínias.
Asteraceae - Plantas com inflorescência em capítulo, cálice do tipo pápus, anteras
sinânteras e fruto cipsela.
Poaceae - Plantas com inflorescência espigueta, flores pequenas não coloridas,
fruto cariopse (grão).
Rubiaceae - Flores tubulosas, heterostília.
Melastomataceae - Flores com anteras falciformes, anteras deiscência poricida.
Bromeliaceae - Plantas com flores vistosas, estigma conduplicado em algumas
espécies.
Myrtaceae - Flores com estames numerosos excertos, ovário ínfero, fruto das
espécies nativas é carnoso.
Euphorbiaceae - Inflorescência ciátio (Euphorbia ), brácteas vistosas e flores
aclamídeas, fruto tricoca.
Apocynaceae - Corola gamopétala, lobos podem ser contorcidos, androceu
isostêmone, polínias.
 RECOMENDAÇÃO
Antes de iniciar, abra algum dicionário de botânica disponível na internet. Ele poderá ser útil em
caso de dúvida quanto a alguma terminologia morfológica.
MÓDULO 1
 Reconhecer a diversidade e as estruturas que caracterizam o estróbilo, a flor e a
inflorescência
 
Fonte: anett05/Pxhere
 Alstroemerea
O QUE CARACTERIZA UMA FLOR?
Quando pensamos em flor, imaginamos lindas rosas, margaridas ou orquídeas (Fig. 4),
contudo existem flores nem tão chamativas, algumas nem sequer possuem pétalas. Muitas
vezes essas flores passam despercebidas, pois nem mesmo parecem flores. Você certamente
está pensando: se existem flores sem pétalas, o que caracteriza uma flor? Para entender o que
é uma flor, precisamos falar do aparecimento da estrutura que a define: o ovário.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 4 - Orquídea terrestre
A oosfera, que é o gameta feminino, fica alojada em diferentes estruturas nas diferentes
linhagens de plantas terrestres (Embriophyta). Nos musgos, os tecidos que formam a oosfera e
o gameta masculino ficam sobre o gametófito, que é o corpo do indivíduo. Nas demais
linhagens, o gametófito fica cada vez mais reduzido.
GAMETÓFITO
O ser humano e a maioria dos organismos vivos têm um corpo formado por células
diploides (2n). Isso significa que cada célula do corpo tem dois conjuntos de
cromossomos (2n) onde fica todo o material genético. Um conjunto foi herdado da mãe e
outro do pai. Porém, como os progenitores doam um conjunto cromossômico se no corpo
deles as células possuem dois conjuntos? Nos aparelhos reprodutores, as células 2n
sofrem uma divisão chamada meiose. O produto da meiose é uma célula com apenas
um conjunto cromossômico, a célula haploide (n). Durante a fecundação, quando o
gameta feminino (n) encontra o masculino (n), o número cromossômico é reestabelecido.
As primeiras linhagens de plantas terrestres (musgos, antóceros e hepáticas) têm o corpo
formado por células haploides. Este corpo é chamado gametófito (n). Os gametófitos
produzem gametas por mitose (n). Os gametas se encontram na fecundação e dão
javascript:void(0)
origem a uma célula diploide (2n). Essa célula sofre mitoses sucessivas que dão origem a
organismos diploides de vida breve, os esporófitos (2n). Durante a sua vida o esporófito,
por meiose, origina esporos (n) que se transformam em novos indivíduos (gametófitos).
Nas demais linhagens de plantas terrestres (samambaias, cavalinha, avencas,
GimnospermaGimnospermas, Angiospermas), no entanto, o corpo dos indivíduos
corresponde ao esporófito (2n) que tem vida longa e o gametófito passa a ter vida breve.
Esse fenômeno de células haploides e diploides se alternando num organismo é
chamado de alternância de gerações.
Nas samambaias, os protalos são os gametófitos e têm vida breve. Nas cavalinhas (Fig. 5) e
nas Gimnospermas, os gametófitos, reduzidos a poucas células, ficam agrupados nos
estróbilos. Essas estruturas são derivadas de folhas reduzidas e rígidas que se arranjaram em
torno de um eixo.
No ancestral das Angiospermas, os tecidos produtores do gametófito feminino foram protegidos
por uma folha que se fechou como uma urna. Por isso, a palavra Angiosperma significa
“semente na urna” (angios = urna; sperma = semente). A folha que se fechou é chamada de
folha carpelar. Esta, ao se fechar, protegeu os tecidos reprodutivos femininos e formou o ovário
(Fig. 6). Com o aparecimento do primeiro ovário, surge a primeira flor.
 
Fonte: adege/Needpix
 Figura 5 – Cavalinha (Gimnosperma)
 
Fonte: CC0 Public Domain/wikimedia
 Figura 6 – Flor com ovário em corte longitudinal de Cucurbitaceae
A flor evoluiu de forma diferente nas diversas linhagens de Angiospermas e, por isso, é uma
estrutura altamente variável.
Apesar disso, as principais linhagens de Angiospermas apresentam tendências florais
características.ESTRUTURA BÁSICA DA FLOR
As linhagens de Angiospermas basais são denominadas ANA e Magnolídeas. Nesses grupos,
uma única flor apresenta várias folhas carpelares que se fecharam formando diversos ovários
rudimentares que correspondem ao gineceu dialicarpelar. O fechamento das folhas carpelares
é incompleto e uma mucilagem, preenche o espaço da abertura.
No androceu, das Angiospermas basais, os estames são numerosos, livres entre si e
indiferenciados (Fig. 7). Pétalas e sépalas são geralmente indiferenciadas e sua quantidade é
altamente variável, desde numerosas até ausentes.
javascript:void(0)
ANA E MAGNOLÍDEAS:
ANA se refere a três linhagens distintas: Amborellalales, Nympheales e Austroballeyales.
Apenas Nymphaeales ocorre no Brasil e está representada pelas ninfeias e pela vitória-
régia. Já as Magnolídeas constituem um grupo monofilético (termo usado em filogenia
para indicar que inclui o ancestral e todos os seus descendentes) que inclui diversas
ordens. Dentre as Magnolídeas, podemos citar como representantes nativos do Brasil o
abacateiro (Lauraceae) e a fruta-do-conde (Annonaceae), dentre outras.
Nas Monocotiledôneas e nas Eudicotiledôneas, que são linhagens mais recentes das
Angiospermas, o fechamento do ovário já é completo. As folhas carpelares se fundem para
formar uma estrutura mais complexa e diferenciada, o pistilo. No androceu, os estames
também já apresentam uma estrutura com componentes bem definidos.
 
Fonte: MabelAmber/Pixabay
 Figura 7 - Estames de Nymphaeaceae
 
Fonte: Iva Vagnerova/Shutterstock
MONOCOTILEDÔNEAS
Nas Monocotiledôneas os componentes florais se apresentam, geralmente, em três ou
múltiplos de três. Essa tendência é chamada de trimeria.

 
Fonte: neenawat khenyothaa/Shutterstock
EUDICOTILEDÔNEAS
Nas Eudicotiledôneas, temos a pentameria (5 ou múltiplos de 5) como tendência. Dentro das
Eudicotiledôneas, outra tendência evolutiva é a fusão das peças florais.
 EXEMPLO
Na linhagem das Rosídeas, as pétalas são livres, mas já existe fusão no androceu, por
exemplo. Já na linhagem das Asterídeas, a corola é fusionada, e essa fusão também é
encontrada em outras partes da flor.
Para resumir de forma fácil essa história, lançamos mão do cladograma (Fig. 8). Esse
“esquema” nos mostra uma linha contínua no tempo, na qual estão representadas as principais
linhagens de Angiospermas, bem como as novidades-chaves que apareceram nos diferentes
grupos.
As tendências florais dentro das principais linhagens evolutivas auxiliam na sua identificação.
Contudo, dentro de cada família, gênero ou até espécie, são encontradas várias modificações
na estrutura da flor. Nos ambientes abertos (Fig. 9), em algumas linhagens de herbáceas,
flores pouco atrativas e sementes dispersas pelo vento foram selecionadas. Contudo, flores
muito vistosas, atraídas por abelhas e outros polinizadores, também são encontradas nesses
ambientes.
 
Fonte: Modificado de Chanderbali et al., 2017
 Figura 8 – Cladograma com as principais linhagens de Angiospermas
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura - 9 Campo natural em Minas Gerais
Linhagens arbóreas geralmente apresentam flores pequenas e numerosas, enquanto as
epífitas geralmente têm menor número de flores grandes e vistosas.
Sabemos, hoje, que eventos de duplicação do genoma ocorreram durante a evolução das
Angiospermas e disponibilizaram material genético para grandes mudanças, como o
aparecimento da flor (DE BODT 2005) e a estabilização do número de pétalas em cinco
(pentameria) nas Eudicotiledôneas Pentapetalae, que incluem Rosideae e Asterideae
(CHANDERBALI et al . 2017).
 SAIBA MAIS
Cerca de 70% das Angiospermas pertencem às Pentapetalae, e a estabilização do número de
peças florais é apontada como um dos fatores responsáveis por esse sucesso. Temos,
portanto, uma grande quantidade de material genético disponível que funciona como motor
evolutivo e proporciona o aparecimento de muitas novidades nas flores.
Essas novidades foram selecionadas pelo ambiente em que cada linhagem evoluiu, bem como
pelos polinizadores e dispersores de semente que habitavam esses ambientes. Os
polinizadores promovem fecundação cruzada e variabilidade genética, enquanto os agentes
dispersores aumentam a área de cobertura das espécies. Essa combinação de fatores levou as
Angiospermas a uma diversificação sem precedentes, resultando em mais de 300.000
espécies (STEVENS, 2001).
DIVERSIFICAÇÃO:
Os maiores grupos de organismos vivos neste planeta são o dos insetos e o das plantas
com flores. Sabemos, hoje, que a grande diversificação das Angiospermas ocorreu no
período Cretáceo, há cerca de 120 milhões de anos (LI et al . 2019). Nesse mesmo
período, várias linhagens de insetos se diversificaram, como a linhagem das borboletas,
abelhas e formigas (MISOF et al . 2014). Será que foi coincidência? A coevolução entre
Angiospermas e insetos provavelmente levou à grande diversificação desses grupos, que
são os maiores dentro de seus reinos. Muito desse sucesso se deve ao aparecimento da
flor!
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ESTRÓBILO
Nas Gimnospermas, os gametas masculinos e femininos ficam alojados nos estróbilos,
popularmente conhecidos como cones, que são geralmente marrons. Há espécies de
Gimnospermas que produzem estróbilos femininos e masculinos no mesmo indivíduo, e são
chamadas monoicas. Como exemplo de Gimnosperma monoica, temos os pinheiros.
Outras espécies de Gimnospermas produzem microestróbilos em um indivíduo e
megaestróbilos em outro indivíduo, sendo chamadas de dioicas. Um exemplo de
Gimnosperma dioica é a araucária.
Os estróbilos são formados por escamas rígidas, provenientes de folhas modificadas, que se
agrupam em espiral em torno de um eixo. Os estróbilos masculinos (microestróbilos) (Fig. 10)
são pequenos, com cerca de 1 a 2 centímetros de comprimento. Nas escamas desses
estróbilos existem os tecidos produtores de grãos de pólen.
 
Fonte: Estrella et al., 2011
 Figura 10 – Estróbilo masculino de uma Gimnosperma
 
Fonte: Estrella et al., 2011
 Figura 11 – Estróbilo feminino de uma Gimnosperma
O estróbilo feminino (megaestróbilo) (Fig.11) é uma estrutura maior e mais complexa, formado
por uma escama ovulífera, na qual o óvulo está inserido em uma bráctea estéril. O óvulo tem
um espesso envoltório e uma abertura, a micrópila; em seu interior está a oosfera, que é o
gameta feminino.
A fecundação ocorre quando o grão de pólen é levado pelo vento, do estróbilo masculino, para
o estróbilo feminino. Ao alcançar a escama ovulífera e encontrar o óvulo, o grão de pólen
fecunda a oosfera. Quando isso ocorre, o gameta masculino é lançado até o gameta feminino
sem necessidade de água.
O grão de pólen nas Gimnospermas é uma estrutura muito especial, suas laterais são dotadas
de sacos aéreos que permitem que esse grão seja levado para o alto pelo vento e pelas
correntes.
FLOR
ESTRUTURA BÁSICA DA FLOR
A flor é uma estrutura altamente variável nas Angiospermas. Ela tem quatro componentes
básicos que, do mais externo para o mais interno, são os seguintes: cálice, corola, androceu
e gineceu (Fig. 12). Esses componentes estão inseridos numa estrutura denominada
receptáculo, que se assemelha a um prato. O receptáculo, por sua vez, fica posicionado sobre
uma haste, o pedicelo (Fig. 12).
Quando o pedicelo está ausente, a flor é chamada de séssil, como na família do antúrio
(Araceae). A flor completa apresenta todos esses componentes bem diferenciados. O cálice é
formado por um conjunto de sépalas geralmente verdes, e a corola, por um conjunto de pétalas
brancas ou coloridas. O androceu é composto pelos estames, e o gineceu, pelo pistilo, que
corresponde à folha carpelar já diferenciada.
 
Fonte: Web/Yduqs
 Figura 12 – Diagrama da estrutura básica da flor
DISPOSIÇÃO DAS PEÇAS FLORAIS
Na maioria das Eudicotiledôneas e Monocotiledôneas, as peças florais se dispõem em
verticilos, sendo as flores chamadas de cíclicas (Fig. 13). As flores da quaresmeira, dasbromélias, das orquídeas, são exemplos de flores cíclicas. Alguns grupos têm a disposição das
peças florais em espiral. Nesse caso, são chamadas de acíclicas (Fig. 14). Essa disposição é
encontrada principalmente em Angiospermas basais, como magnólias (Magnoliaceae) e
ninfeias (Nymphaeaceae).
A flor pode ter um componente disposto em verticilos e outros em espiral, como acontece nos
cactos (Cactaceae), em que o androceu e o gineceu estão dispostos em verticilos, mas sépalas
e pétalas são inseridas em espiral. Nesse caso, a flor é chamada hemicíclica (Fig. 15).
Para observar a disposição das peças florais, pegue uma flor e repare se as peças de cada
verticilo estão inseridas na mesma altura; se sim, a flor é cíclica. Caso contrário, se peças do
mesmo verticilo estiverem em alturas diferentes, isso indica que elas se arranjam de forma
espiralada e a flor é acíclica ou hemicíclica.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 13 – Flor cícicla, androceu polistemone de Myrtaceae
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figrua 14 – Flor acíclica, perianto tepaloide, estames indiferenciados de ninfeia
(Nymphaeaceae)
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 15 – Flor hemicíclia de cacto (Cactaceae)
VERTICILOS
Os verticilos mais externos da flor, cálice (K) e corola (C), são verticilos estéreis, chamados
de perianto. Os verticilos mais internos, produtores dos gametas, são verticilos reprodutivos:
androceu (A) e gineceu (G) .
Uma flor com cálice e corola é chamada de diclamídea; se esses verticilos forem semelhantes,
a flor é chamada homoclamídea (Fig. 16), e as pétalas e sépalas são denominadas tépalas
(Fig. 16). Flores tepaloides são muito comuns nas Angiospermas basais, como magnólias e
ninfeias e nas Monocotiledôneas, como lírios e orquídeas. Se cálice e corola forem diferentes,
a flor é chamada de heteroclamídea (Fig. 17)
Em algumas flores, somente um dos verticilos ocorre e as flores são chamadas
monoclamídeas (Fig. 18). Na família da mandioca (Euphorbiaceae) é comum a ausência de
um dos verticilos, geralmente a corola. Flores que não têm cálice ou corola são muito
frequentes nas gramíneas (Poaceae) e são chamadas de aclamídeas (Fig. 19). A ausência de
pétalas é mais comum em plantas polinizadas pelo vento, já que estas têm função de atrair
polinizadores.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 16 – Flor simétrica, diclamidea, homoclamídea, perianto tepaloide de canela-de-ema
(Velloziaceae)
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 17 – Flor diclamídea, heteroclamídea da pata-de-vaca (Fabaceae). A - cálice
gamossepálo; B - corola dialipétala
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 18 – Flor monoclamídea de espécie da família da mandioca (Euphorbiaceae). A - flor
pistilada (feminina); B - flor estaminada (masculina)
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 19- Flores aclamídeas do bico-de-papagaio (Euphorbiaceae)
Como diferenciar uma flor tepaloide cíclica de uma flor tepaloide acíclica?
Encontre alstroemérias ou outra Monocotiledônea com tépalas livres e veja que estas estão
posicionadas em duas alturas diferentes, indicando a posição do cálice e da corola. Por esse
motivo, chamamos o perianto de tepaloide. Na flor acíclica, as peças estariam em várias
posições diferentes, e não somente em duas posições.
SIMETRIA
Quando passamos uma linha dividindo o centro da flor em duas partes e encontramos dois
lados iguais, no plano transversal ou longitudinal, temos uma flor simétrica (Fig. 16). Se, ao
passar essa linha, não encontramos nenhum lado igual, a flor é chamada de flor assimétrica
(Fig. 20), como ocorre na cana-da-índia. Nessa espécie, um estame se modificou em pétala,
tornando a flor assimétrica.
Nas flores simétricas, quando ambos os lados são iguais em qualquer sentido que se trace a
linha, as flores são chamadas actinomorfas (Fig. 14), como as flores do mamoeiro ou das
ninfeias. Quando a simetria ocorre em apenas um plano, elas são chamadas zigomorfas (Fig.
21), como as orquídeas (Orchidaceae). Na zigomorfia, uma metade da flor é a imagem
especular da outra, por isso usamos também o termo simetria bilateral.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 14 – Flor acíclica, perianto tepaloide, estames indiferenciados de ninfeia
(Nymphaeaceae) 
 
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 16 – Flor simétrica, diclamidea, homoclamídea, perianto tepaloide de canela-de-ema
(Velloziaceae) 
 
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 20 – Flor assimétrica com estaminódio petaloide de cana-da-índia (Cannaceae).
Seta indicando o estaminódio semelhante à pétala no verticilo interno ao das pétalas
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 21 – Flor zigomorfa de orquídea (Orchidaceae), labelo com guia de néctar amarelo 
 
FUSÃO DAS PEÇAS
Os verticilos florais (K, C, A, G) podem estar livres ou unidos. Para peças livres, usamos, antes
de cada termo, o prefixo diali; para peças unidas, usamos o prefixo gamo. Por exemplo, se o
cálice tem sépalas livres, chamamos de dialissépalo; se estiverem unidas, gamossépalo. O
termo conação/conadas é usado quando peças do mesmo verticilo se unem, já o termo
adnação/adnatas se refere a peças unidas de diferentes verticilos.
Nas espécies da família do jasmim (Apocynaceae) e do café (Rubiaceae), por exemplo, as
flores têm pétalas conadas, ou seja, corola gamopétala (Fig. 22). Mesmo se as peças florais
estiverem unidas somente na base, elas serão chamadas de gamossépalas, gamopétalas ou
gamocarpelar quando se tratar do gineceu. Os estames têm uma nomenclatura própria para a
fusão de seus componentes, que será vista com detalhes ainda neste módulo, no tópico que
trata do androceu.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 22 – Flor gamopétala, corola campanulada
NÚMERO DE PEÇAS
O número de peças florais geralmente apresenta uma correspondência entre os diferentes
verticilos. Para as Monocotiledôneas, a trimeria (Fig. 23) é uma tendência. Ou seja, as peças
dos verticilos se apresentam em 3 ou múltiplos de 3, enquanto nas Eudicotiledôneas temos a
pentameria, as peças dos verticilos ocorrem geralmente em 5 ou múltiplos de 5 (Fig. 24) como
tendência. Falamos geralmente em flores trímeras, tetrâmeras ou pentâmeras, mas estes
termos também são usados para cálice ou corola individualmente.
Flores com muitas pétalas são geralmente produto de cruzamentos em cultivos controlados. A
presença de muitas pétalas torna a flor mais atraente e, em muitos casos, mais duradoura.
Rosas, por exemplo, apresentam cinco pétalas na natureza, contudo, para fins comerciais, foi
desenvolvida a rosa com muitas pétalas. Essas flores são chamadas de flores dobradas (Fig.
25).
Na natureza, flores com pétalas numerosas ocorrem principalmente nas Angiospermas basais,
como nas magnólias e ninfeias. Nessas famílias, a flor geralmente é acíclica e o perianto é
tepaloide.
 
Fonte: Nikolay Kurzenko/Shutterstock
 Figura 23 – Flor trímera de Monocotiledônea, bromélia (Bromeliaceae)
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 24 – Corola pentamera com lobos contorcidos de apocinácea (Apocynaceae)
 
Fonte: Serhii Brovko/Shutterstock
 Figura 25 - Flor dobrada de roseira cultivada (Rosaceae)
 DICA
No local escolhido por você para estudo de morfologia, procure por flores trímeras, pentâmeras
e dobradas. Ao encontrar uma flor trímera, veja se as características vegetativas das
Monocotiledôneas (raízes fasciculadas, caule haste ou subterrâneo, nervuras paralelas) podem
ser visualizadas. Dessa forma, você irá aprender a reconhecer este grupo na prática!
CÁLICE
O cálice é formado por um conjunto de sépalas (Fig. 26), geralmente verdes, que podem estar
livres, unidas ou ausentes. Por exemplo, o cálice de muitas espécies da família dos girassóis
(Asteraceae) é chamado de pápus, mas nesta família também existem espécies em que o
cálice está ausente. É uma estrutura altamente modificada e persistente no fruto,assumindo
diversas formas de acordo com o grupo taxonômico e a síndrome de dispersão.
As brácteas estão sempre próximas às flores ou inflorescências e eventualmente podem
formar um verticilo externo ao cálice, semelhante a ele, denominado epicálice (Fig. 26) ou
calículo. O epicálice é muito comum na família do hibisco (Malvaceae). Brácteas atrativas,
semelhantes a pétalas, são encontradas em várias espécies como a bougaville
(Nyctaginaceae) (Fig. 27), a coroa-de-cristo e o bico-de-papagaio (Euphorbiaceae), dentre
outras.
 
Fonte: CC0 Public Domain/Pxhere
 Figura 26 – Componentes básicos da flor (cálice, corola, androceu e gineceu), pedicelo e
epicálice de hibisco 
 
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 27 – Bráctea atrativa da bougaville (Nyctaginaceae). Muitos imaginam que as
estruturas vistosas e coloridas sejam as pétalas, mas são brácteas. As flores são pequeninas e
ficam abrigadas entre as brácteas.
COROLA
A corola é formada por um conjunto de pétalas (Fig.28), geralmente coloridas e atrativas, que
podem estar livres ou unidas. Pétalas modificadas, como o labelo (Fig. 21), encontrado nas
orquídeas (Orchidaceae), ou o vexilo e a carena (Fig. 28), encontrados em muitas espécies de
leguminosas (Fabaceae), atraem polinizadores.
Guias de néctar (Fig. 21 e 28) também são comuns em várias espécies. Nas flores
gamopétalas (pétalas conadas), a forma do tubo da corola varia de acordo com o tipo de
polinizador. É importante dizer que, nas corolas gamopétalas, o tubo termina em lobos que
imitam pétalas. Algumas espécies da família da alamanda (Apocynaceae) apresentam os lobos
da corola contorcidos (Fig. 24).
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 21 – Flor zigomorfa de orquídea, labelo com guia de néctar amarelo
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 24 – Corola pentamera com lobos contorcidos de apocinácea (Apocynaceae)
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 28 – Flor zigomorfa de pata-de-vaca (Fabaceae)
FORMAS DE COROLAS GAMOPÉTALAS
As corolas gamopétalas são chamadas de hipocrateriforme (Fig. 29) quando o tubo é fino e
se abre abruptamente em lobos achatados, como ocorre na Ixora (Rubiaceae). A corola
infundibuliforme (Fig. 30) apresenta um tubo fino que se alarga a partir do meio, como na flor
do fumo, por exemplo.
As corolas campanuladas (Fig. 22) têm o tubo em forma de funil e são comuns nas violas
(Convolvulaceae). As corolas rotáceas (Fig. 31) têm um tubo pequeno, terminando em lobos
grandes, achatados, que, unidos, formam uma estrutura circular. São muito comuns na família
do tomateiro (Solanaceae).
As corolas urceoladas (Fig. 32) apresentam um tubo inflado no meio e muito estreito no ápice,
como no peixinho. Corolas bilabiadas se assemelham a uma boca e são comuns na família na
qual se encontram a maioria dos temperos (Lamiaceae).
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 22 – Flor gamopétala, corola campanulada
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 29 – Flor gamopétala corola hipocrateriforme de ixora (Rubiaceae)
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 30 – Flor gamopétala com corola infundibuliforme
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 31 - Flor gamopétala com corola rotácea, anteras coniventes com deiscência
poricida (Solanaceae)
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 32 – Flor gamopétala corola urceolada
ANDROCEU
O verticilo masculino da flor é chamado de androceu, que é formado por um conjunto de
estames. O estame é dividido em filete, conectivo e antera (Fig. 33). O filete sustenta a antera,
que é ligada a ele por um tecido chamado conectivo. Quando o filete está ausente, a antera é
chamada de séssil.
A relação entre o número de estames e pétalas pode ser constante em determinados grupos
taxonômicos. Quando o número de estames é menor que o de pétalas, o androceu é
chamado de oligostêmone (oligo = pouco). Quando o número de estames é maior do que o
número de pétalas o androceu é polistêmone (poli = muito) (Fig. 13). Esse tipo de androceu é
característico da família da goiaba (Myrtaceae).
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GRUPOS TAXONÔMICOS:
Lembre-se de que grupos taxonômicos podem ser ordens, famílias, espécies, dentre
outros.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 33 – Estrutura do estame.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 13 – Flor cícicla, androceu polistemone de Myrtaceae
NÚMERO E TAMANHO DOS ESTAMES
Quando o número de estames é o dobro do número de pétalas, o androceu é chamado
diplostêmone (Fig. 34). Quando o número de pétalas é igual ao número de estames, o
androceu é isostêmone (iso = igual), como ocorre na família da alamanda (Apocynaceae). Os
estames podem ter o mesmo tamanho, sendo chamados homodínamos, ou de tamanhos
diferentes, os heterodínamos.
Quando forem dois estames maiores e dois menores, eles são chamados didínamos (Fig. 35).
Estames didínamos são característicos da família dos ipês (Bignoniaceae). Quando forem
quatro maiores e dois menores, são chamados estames tetradínamos.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 34 – Flor com estames diplostêmones de bromélia (Bromeliaceae)
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 35 – Estames didínamos de ipê roxo (Bignoniaceae)
 VOCÊ SABIA
Você conhece o ipê de jardim? Essa planta é muito comum em jardins e parques. A corola é
gamopétala e amarela. Ao rasgá-la, facilmente se veem os estames de tamanhos diferentes
didínamos. Lembre-se sempre de fotografar e nomear a estrutura para que, no fim, você tenha
seu próprio dicionário ilustrado de botânica.
ADNAÇÃO E CONAÇÃO DOS ESTAMES
Os estames podem estar adnatos à corola e, nesse caso, são chamados de epipétalos. Em
muitas espécies, os estames ultrapassam a corola e são chamativos, sendo chamados de
excertos (Fig. 36), como ocorre na família da goiaba (Myrtaceae), nas mimosas (Fabaceae-
Mimosa ) e quaresmeiras (Melastomataceae) e podem ser visualizados sem auxílio de lupa.
Se os filetes estiverem conados, formando um único feixe, são chamados monadelfos (Fig.
37) e geralmente formam um tubo, já que são dispostos em círculo num verticilo. Estames
monadelfos são uma das características diagnosticas da família dos hibiscos (Malvaceae). Se
os estames estão unidos em dois feixes, são chamados diadelfos, como ocorre em muitas
leguminosas (Fabaceae) que possuem nove estames unidos de um lado e um único estame do
outro. Se estão unidos em vários feixes, são chamados poliadelfos, como ocorre na mamona
(Euphorbiaceae).
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 36 – Inflorescência em glomérulo, flores com estames excertos de mimosa
(Fabaceae)
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 37 – Flor com estame monadelfo de Malvaceae.
ANTERAS
Se os estames estão unidos pelas anteras, estas são chamadas anteras sinânteras (Fig. 38),
sendo característica diagnostica da família das margaridas e girassóis (Asteraceae). Às vezes,
as anteras estão livres, mas os ápices aproximam-se sem que haja conação dessas anteras.
Nesse caso, usamos o termo anteras coniventes (Fig. 31), que são encontradas em membros
da família do tomateiro (Solanaceae). Nas Melastomataceae, as anteras têm forma de foice,
sendo chamadas de anteras falciformes (Fig. 39).
Nas anteras são produzidos os grãos de pólen. A abertura das anteras, por onde o grão de
pólen é liberado, é chamada de deiscência. Se a abertura das anteras for uma fenda
longitudinal, a deiscência é chamada rimosa. Se a abertura for um poro, a deiscência é
poricida (Fig. 31). Se a abertura for em formato de U, originando uma tampinha que se abre
para saída dos grãos de pólen, a deiscência é valvar. A maioria das anteras apresenta
abertura (deiscência) rimosa.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 31 - Flor gamopétala com corola rotácea, anteras coniventes com deiscência
poricida (Solanaceae)
 
Fonte: Silvana Ferreira/Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 38 – Flor tubulosa de Asteraceaecom anteras sinânteras e estigma bífido
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 39 – Anteras falciformes de Melastomataceae
A deiscência valvar é típica da família do abacate (Lauraceae); a deiscência poricida é
encontrada em algumas famílias, como a do tomateiro (Solanaceae) e a da quaresmeira
(Melastomataceae). Na família das orquídeas (Orchidaceae) e na família das alamandas
(Apocynaceae), os grãos de pólen são cerosos e formam uma massa que é dispersa como
unidade, que é chamada de polínia. Quanto à posição, a antera pode ser chamada de
basifixa,, quando o filete se insere na base da antera, ou dorsifixa, quando se insere no
dorso.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
Observe os estames de um lírio. Que tipo de deiscência tem a antera? Facilmente, você verá a
fenda por onde saem os grãos de pólen e saberá que a deiscência é rimosa. Encontre uma
quaresmeira em flor e veja os estames falciformes. Se tiver uma lupa de mão, poderá ver com
nitidez a deiscência poricida!
ESTAMINÓDIOS
Muitas famílias de Angiospermas têm espécies com estames estéreis, ou seja, que não
produzem grãos de pólen. Esses estames são chamados de estaminódios (Fig. 40) e
geralmente são estruturas semelhantes ao estame, mas atrofiadas, de menor tamanho.
Contudo, estaminódios podem produzir néctar ou imitar estruturas da flor para atrair
polinizadores. Em alguns casos, como ocorre na família da cana-da-índia, o estaminódio tem
forma de pétala (Fig. 20) e é muito chamativo.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 20 – Flor assimétrica com estaminódio petaloide de cana-da-índia (Cannaceae).
Seta indicando o estaminódio semelhante à pétala no verticilo interno ao das pétalas
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 40 – Flor com estamínodio fimbriado de Xyridaceae 
 
GINECEU
Como vimos na introdução, a folha carpelar se fecha, formando o ovário, que abriga os óvulos.
Nas Angiospermas basais, o gineceu ainda é uma estrutura indiferenciada, formada por um
ovário ascidiado por ser semelhante a uma ascídia (animal marinho com corpo globoso ou
circular). Existem muitos ovários numa mesma flor, que é chamada dialicarpelar. Nesses casos,
também usamos a terminologia gineceu apocárpico.
Nas Monocotiledôneas e Eudicotiledôneas, o gineceu é formado por um ou mais pistilos. O
pistilo (Fig. 41) é a folha carpelar diferenciada em ovário, estilete e estigma. A porção apical
é o estigma, que produz uma secreção viscosa na qual o grão de pólen fica aderido e germina.
O estigma pode ser único, bífido, quando é divido em dois, trífido (Fig. 42), quando é dividido
em três, e assim por diante.
 
Fonte: Regina Moura/Cedida
 Figura 41 - Estrutura do pistilo
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 42 – Flor com estilete trífido de Iridaceae (seta).
ESTILETE E ESTIGMA
O número de estigmas geralmente corresponde ao número de carpelos do ovário. Em algumas
bromélias (Bromeliaceae), ele tem a aparência de um sorvete, sendo chamado estigma
conduplicado (Fig. 43). O estilete é um tubo que liga o estigma ao ovário; o tubo polínico
passa dentro do estilete durante a fecundação.
O estilete da maioria das espécies se insere no ápice e no centro do ovário, sendo chamado
terminal. Em alguns táxons, ele se insere na porção apical, mas lateralmente, e é chamado
lateral. Em outros casos, se insere na base do ovário, sendo chamado de ginobásico.
Quando o estilete está ausente, o estigma localiza-se diretamente no ovário e é chamado de
séssil. O estilete geralmente é livre, mas, nas orquídeas, é adnato ao androceu, formando uma
coluna chamada de ginostêmio (Fig. 44).
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 43 – Flor com estigma conduplicado de bromélia (Bromeliaceae).
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 44 – Ginostêmio com polinía de orquídea (Orchidaceae)
OVÁRIO
O ovário pode ser originado de um carpelo, sendo chamado unicarpelar. Quando o é formado
por duas ou mais folhas carpelares livres, chamamos o ovário de dialicarpelar, e o gineceu é
apocárpico (apo = vários; carpico = carpelos).
Quando duas ou mais folhas carpelares estão fusionadas, temos um ovário gamocarpelar, e o
gineceu é chamado sincárpico (sin = unidos; carpico = carpelos).
Quando o ovário é gamocarpelar, originado de duas folhas carpelares, é chamado de
bicarpelar; quando é originado de três, tricarpelar, e assim por diante.
 EXEMPLO
O ovário tricarpelar é comum nas Monocotiledôneas, mas também ocorre em algumas
Eudicotiledôneas, como na família da mandioca (Euphorbiaceae).
Dentro do ovário. existem cavidades, os lóculos, nas quais os óvulos ficam alojados. O número
de lóculos do ovário geralmente corresponde ao número de carpelos que se fusionaram para
originar o ovário.
 EXEMPLO
Um ovário com três lóculos geralmente foi formado por três folhas carpelares que se
fusionaram, e é chamado de tricarpelar, trilocular. Contudo, nem sempre isso é uma realidade.
A união de dois ou mais carpelos pode originar um ovário unilocular.
O número de lóculos do ovário é uma das características mais complexas de serem
observadas, porque o ovário de uma flor é uma estrutura pequena, de difícil visualização. Para
saber o número de lóculos, é necessário fazer um corte transversal do ovário. Essa
característica é muito importante para a correta identificação das famílias botânicas. Uma
forma mais fácil de saber o número de lóculos do ovário é cortar o fruto ao meio
(transversalmente).
Mas como saber se um ovário unilocular é fruto de um único carpelo ou de vários?
O fruto pode ajudar em muitos casos. Ao cortar um mamão-estrela, por exemplo, você
encontra um único lóculo (cavidade) onde as sementes se inserem (Fig. 45). Contudo, as cinco
paredes que delimitam a concavidade do fruto são as paredes do ovário desenvolvido e
indicam que o ovário é pentacarpelar. Nem sempre essa correspondência é evidente, por isso,
é melhor conferir, na descrição taxonômica, o número de carpelos e lóculos da espécie!
A placentação se refere ao local onde os óvulos estão inseridos no ovário. Também é algo de
difícil visualização na flor, mas de fácil visualização no fruto. Para entender a placentação,
pegue um tomate e corte ao meio no sentido transversal, você verá duas ou três cavidades,
que são os lóculos. Você também irá perceber que as sementes estão presas ao centro dessas
cavidades, indicando a placentação axial.
Se cortarmos um mamão ao meio no sentido transversal, veremos somente uma cavidade e as
sementes presas às paredes laterais do fruto. Nesse caso, temos a placentação parietal (Fig.
45). Esses tipos de placentação são os mais comuns, embora não os únicos.
 
Fonte: Boonchuay1970/Shutterstock
 Figura 45 - Fruto do mamoeiro, mostrando ovário unilocular e placentação parietal
POSIÇÃO DO OVÁRIO EM RELAÇÃO À FLOR
O receptáculo é uma estrutura geralmente discoide, mas pode se desenvolver tornando-se
semelhante a uma pequena taça, sendo chamado de hipanto receptacular. Nesse caso, o
cálice, a corola e o androceu se inserem na borda do hipanto e o ovário, no fundo.
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Se o hipanto for originado da fusão do cálice, corola e androceu, formando um tubo ao redor do
ovário, temos um hipanto apendicular. Esse tipo de hipanto é mais comum em
Monocotiledôneas, como lírios e orquídeas. A diferenciação entre eles é feita por meio de
cortes anatômicos.
Se o receptáculo não se desenvolve e o ovário está sobre ele, com os demais verticilos, a flor é
chamada hipógina e o ovário é súpero. Se o receptáculo for desenvolvido e a flor tiver
hipanto, estando o ovário no fundo deste, a flor é chamada perígina e o ovário é súpero.
Nas flores períginas, podemos perceber o ovário apenas abrindo o hipanto, que geralmente é
apendicular, como ocorre nos lírios. Se o hipanto estiver fusionado ao ovário, a flor é chamada
epígina e o ovário é ínfero. Se o ovário estiver parcialmente aderido ao hipanto, é chamado
de semi-ínfero, como nas quaresmeiras (Melastomataceae).Assim como a placentação, a posição do ovário pode ser vista por meio do fruto. Observe a
posição dos restos de pedicelo e do cálice no fruto. Se ambos estiverem do mesmo lado, o
ovário é supero; se estiverem em lados opostos, o ovário é ínfero. Um exemplo fácil de se
visualizar é a romã, que tem o cálice persistente no fruto. Você facilmente verá o pedicelo de
um lado e o cálice de outro, indicando um ovário ínfero.
 
Fonte: CC) Public Domain/Wikimedia
 Flor hipógina, ovário súpero, II ovário semi ínfero, III Flor epígina, ovário ínfero, IV flor
perígina, ovário supero; r receptáculo, s sépalas, p pétalas, a androceu, g gineceu
HETEROSTILIA
Algumas flores apresentam grande variação no tamanho dos estames e estilete. Essa variação
dificulta a autofecundação, porque, na mesma espécie, haverá flores com estilete longo e
estilete curto, assim como indivíduos com estames longos e outros com estames curtos. Flores
com estiletes longos são chamadas longistilas, e flores com estiletes curtos, brevistilas (Fig.
46).
No aguapé, as flores são tristílicas, ou seja, há flores com estiletes longos e estames curtos,
estiletes médios e estames médios e com estilete curtos e estames longos. O pólen produzido
pelos estames longos só fecunda flores com estilete longo. Esse tipo de polinização depende
de polinizadores específicos. Na família do café (Rubiaceae), flores distílicas são muito
comuns.
 
Fonte: Joicelene Paz/Cedida
 Figura 46 – Flores com heterostilia. A - flor longistila; B - flor brevistila da botica-inteira
(Connaraceae), setas indicando A, androceu (estames), e G, gineceu (pistilo).
SEXUALIDADE DA FLOR
A flor pode apresentar os dois verticilos reprodutivos, androceu e gineceu, sendo chamada de
monoclina (hermafrodita ou bissexual), ou apenas um deles, sendo chamada de diclina
(unissexual) (Fig. 47). Se flores pistiladas (femininas) e estaminadas (masculinas) forem
produzidas pelo mesmo indivíduo, a espécie é chamada monoica, como a mamona
(Euphorbiaceae). Se um indivíduo só produz flores femininas e outro indivíduo produz flores
masculinas, a espécie é chamada de dioica, como o mamoeiro.
Se a planta produz flores masculinas, femininas e hermafroditas, é chamada de poligâmica
(Fig. 48), como o cajueiro. Você já ouviu falar de mamoeiro-macho e mamoeiro fêmea? Esse é
um exemplo comum de espécie dioica; o mamão-macho não dá fruto, porque só têm flores
masculinas. Atualmente, variedades de mamoeiro melhoradas geneticamente produzem flores
hermafroditas, aumentando a produção, já que todos os indivíduos produzirão mamão, em vez
do que ocorre naturalmente.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 47 – Flor diclina (unissexual) estaminada (masculina) de Alismataceae
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 48 - Árvore poligâmica cajueiro (Anacardiaceae).
FÓRMULA FLORAL
Já sabemos que a flor é altamente variável nos diferentes grupos de Angiospermas. Podemos
representar os componentes florais de diferentes espécies ou famílias por meio de uma
fórmula, que chamamos fórmula floral.
Na fórmula floral, representamos cada componente da estrutura da flor por uma letra
correspondente e usamos números para representar a quantidade de cada componente.
Usamos, ainda, símbolos para indicar a condição das estruturas.
Veja a simbologia básica no quadro a seguir:
QUADRO:
No quadro, representamos os símbolos gerais, mas você poderá encontrar símbolos
diferentes com os mesmos significados, de acordo com o autor que estiver lendo.
Simbologia básica
K Cálice
C Corola
A Androceu
G Gineceu
___ Abaixo de G, indica ovário súpero; acima de G, indica ovário ínfero
* Simetria radial
*/* Simetria bilateral
↯ Assimetria
( ) ou O Peças conadas
ꓕ ou [ ] Peças adnatas
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• Estaminódio
♀ Flor pistilada (feminina)
♂ Flor estaminada (masculina
 ☿ Flor bissexuada
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 EXEMPLO
Por exemplo: * ☿ K 5, C (5), A 10 •, G (1) significa: flor que tem simetria radial, bissexuada,
cinco sépalas livres, cinco pétalas fusionadas, dez estames livres e um estaminódio, ovário
súpero.
DIAGRAMA FLORAL
Os diferentes verticilos podem também ser representados por um desenho que chamamos de
diagrama floral. No diagrama floral, os verticilos são representados na ordem em que ocorrem
na natureza, do mais externo para o mais interno em círculos.
Cada verticilo tem uma imagem que o representa (Fig. 49, 50, 51). Flores acíclicas são
diagramadas da mesma forma que as cíclicas, mas o diagrama vem acompanhado por um
espiral.
Toda vez que você observar uma flor, faça a fórmula e o diagrama floral dela. Se você
não conseguir cortar o ovário, pode tentar ver o fruto. Se não for possível, tente
identificar o grupo de Angiospermas a que essa flor pertence e a qual família. Assim,
você pode confirmar na internet qual o número de carpelos e lóculos do ovário.
 
Fonte: Modificado de aula de Fernanda R. Godoy.
 Figura 49 – Represetação das peças florais no diagrama
 
Fonte: Modificado de aula de Fernanda R. Godoy.
 Figura 50 – Representação das peças florais no diagrama
 
Fonte: Modificado de Amabis e Martho, v. 2, 2. ed. p. 164.
 Figura 51 – Representação das peças florais no diagrama. Repare que as sépalas são
livres entre si, assim como as pétalas e os estames
Se você cortar a flor transversalmente com um estilete, próximo à base, verá algo próximo a
um diagrama floral. Você também pode fazer um corte transversal no ovário da flor e tentar
visualizar os lóculos com uma lupa de mão. Os botânicos sempre têm lupas de mão em estojos
que levam para o campo!
PREFLORAÇÃO
Prefloração é o nome dado à disposição das peças florais no botão. Quando as pétalas ou
sépalas estão justapostas, sem se sobrepor, a prefloração é chamada valvar (Fig. 52). Se as
peças se sobrepõem parcialmente, a prefloração é imbricada.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Fig. 52 - Prefloração valvar do ipezinho de jardim (Bignoniaceae).
NECTÁRIOS FLORAIS
Nectários florais são as estruturas da flor que produzem o néctar, uma substância açucarada
que é o principal atrativo para os insetos polinizadores. Os nectários podem ser tricomas
glandulares, estaminódios (Fig. 39) ou discos nectaríferos, que são, geralmente, projeções
do receptáculo. Em alguns grupos taxonômicos que são polinizados por insetos com aparelho
bucal longo, como borboletas e mariposas, o néctar pode ser depositado no fundo de uma
estrutura chamada cálcar (Fig. 53), como ocorre nas utriculárias.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 39– Anteras falciformes de Melastomataceae
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 53 – Flor de utriculária (Lentibulariaceae) com cálcar.
SÍNDROMES DE POLINIZAÇÃO
A síndrome de polinização pode ser definida como um conjunto de diversas características
morfológicas, fisiológicas e ecológicas comuns a determinados tipos florais a fim de facilitar o
transporte do pólen por um vetor polínico particular ou um determinado grupo de polinizadores
(Faegri & van der Pijl 1979). As síndromes de polinização recebem nomes, de acordo com os
polinizadores ou as características das flores. Confira no quadro a seguir:
Síndrome
Agente
polinizador
Características florais Exemplos
Anemofilia Vento As flores possuem perianto
reduzido ou ausente e não
Gramíneas
(Poaceae).
apresentam coloração e
estruturas atrativas a
visitantes florais.
Melitofilia Abelhas
As flores têm corolas
labiadas, papilionadas, em
forma de disco ou
infundibuliformes e variam
do ultravioleta ao amarelo
intenso, com guias de
néctar ou pólen.
Maracujá
(Passifloraceae) e
ipomeia
(Convolvulaceae).
Psicofilia Borboletas
As flores têm corolas
hipocrateriformes,
tubulares, às vezes, com
cálcar ou guias de néctar.
Margaridas
(Asteraceae),
ixoras
(Rubiaceae),
hibiscos
(Malvaceae),
ipomeias
(Convolvulaceae)
(Fig. 54).
Esfingofilia
Mariposas
noturnas
As flores possuem tubosflorais estreitos e
compridos são brancas ou
creme, sem guia de néctar.
Muitas espécies
da família do café
(Rubiaceae) e
orquídeas
(Orchidaceae)
Miofilia Moscas As flores são grandes,
abertas, em forma de
disco, com coloração forte
e brilhante e odor
semelhante a material em
decomposição.
Os papos de peru
(Fig. 55)
(Aristolochiaceae)
e algumas
orquídeas
(Orchidaceae).
Frequentemente estão
próximas ao solo e têm
armadilhas que mantêm as
moscas temporariamente
presas.
Sapromiofilia Moscas
Atraídas por flores que
imitam carcaça ou
excrementos.
Cacto-estrela,
dentre outras
espécies da
mesma família
(Apocynaceae).
Cantarofilia Besouros
As flores são grandes,
abertas em forma de disco
ou formando uma câmara
de polinização, verdes ou
esbranquiçadas,
produzindo odores fortes.
Comum em
Angiospermas
basais, como as
magnólias e
ninfeias, mas
também ocorre
em espécies de
outros grupos,
como a botica-
inteira
(Connaraceae)
(Fig. 56)
Ornitofilia Aves
As flores têm cores fortes,
geralmente sem guia de
néctar; sem odor; néctar
em grande quantidade.
O camarão-
amarelo
(Acanthaceae) e
o abutilon
(Malvaceae).
Quiropterofilia Morcegos As flores são grandes e
robustas, não coloridas. A
corola é campanulada ou
Algumas
bromélias
(Bromeliaceae) e
labiada com perianto
carnoso e têm forte odor
noturno, lembrando algo
fermentado.
espécies da
família do
tomateiro
(Solanaceae).
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 
Fonte: Joicelene Paz/Cedida
 Figura 54 – Polinizada por borboleta, flor de ipomeia (Convolvulaceae)
 
Fonte: Regina Moura/Cedida
 Figura 55 – Flor do papo-de-peru (Aristolochiaceae) polinizada por moscas.
 
Fonte: Joicelene Paz/Cedida
 Figura 56 – Polinização por besouro na botica-inteira (Connaraceae)
Existem visitantes florais que coletam recursos em flores sem realizar polinização, e há
espécies de plantas que atraem polinizadores sem oferecer qualquer recurso. A maioria das
espécies polinizadas por engodo simula a presença de recursos florais, como néctar, pólen,
óleos e local de desova.
Em casos extremos, algumas flores simulam características de insetos fêmeas, atraindo
machos da mesma espécie que tentam copular com a flor, efetuando, assim, a polinização.
Plantas que exploram essa estratégia surgiram de maneira independente em diversas famílias,
sendo que grande parte das espécies pertence à família Orchidaceae (PINHEIRO, 2014).
 EXEMPLO
As famílias do girassol (Asteraceae), das gramíneas (Poaceae), do feijão (Fabaceae) e das
orquídeas (Orchidaceae) são as maiores do mundo em número de espécies. Asteraceae e
Poaceae são herbáceas dominantes nos ambientes abertos, como as savanas. No Brasil,
estas famílias detêm o maior número de espécies do Cerrado e dos Pampas (FORZZA et al .
2010).
Orchidaceae, de maioria epífita e Fabaceae, principalmente arbóreas, dominam os ambientes
florestais. Estas famílias detêm o maior número de espécies da Mata Atlântica e da Amazônia.
Devido à seleção ambiental, enquanto Asteraceae e Poaceae têm a maioria das espécies
polinizadas pelo vento, Orchidaceae investiu em alta especificidade entre espécie vegetal e
polinizador.
 DICA
Para os mais observadores, um exercício interessante é olhar os visitantes de flores com
corolas diferentes por alguns dias. Faça anotações e fotografe tudo para aprender e fixar esse
conhecimento!
 
Fonte: gornjak/Shutterstock
INFLORESCÊNCIA
As flores geralmente estão reunidas em torno de um eixo (ráquis), formando um conjunto
chamado de inflorescência (Fig. 57). Essas estão geralmente localizadas no ápice do ramo
caulinar, pois se desenvolvem da gema terminal, sendo chamadas de inflorescências apicais,
mas também podem se desenvolver a partir de gemas laterais, sendo chamadas de
inflorescências laterais. O ramo caulinar que porta a inflorescência é chamado de pedúnculo
e apresenta folhas.
Em muitas Monocotiledôneas de caule curto ou subterrâneo, a inflorescência é elevada por um
escapo. O escapo lembra um caule tipo haste, mas difere deste por não possuir folhas. As
flores se arranjam de muitas maneiras na ráquis, que geralmente está protegida por brácteas.
A classificação das inflorescências é assunto bastante extenso, e não unânime entre os
botânicos.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 57 - Inflorescencia do aguapé (Pontederiaceae)
 SAIBA MAIS
A terminologia usual de inflorescências é artificial, pois muitas vezes não leva em conta
aspectos importantes do desenvolvimento da estrutura. Algumas classificações mais naturais
foram propostas (WEBERLING, 1989, RUA, 1999), mas a terminologia usada é complexa e
talvez por isso não seja amplamente adotada. O que faremos aqui é apresentar para você os
nomes tradicionais, adequando-os às definições mais naturais.
Para compreender melhor a inflorescência, pense num ramo onde gemas laterais se
diferenciam em flores. Se, no ápice desse ramo, a gema fica indiferenciada, temos um racemo
(Fig. 58), se a gema terminal se diferencia em flor, temos uma cimeira (Fig. 59).
 
Fonte: Rua, 1999, p. 16.
 Figura 58 – Esquema de inflorescências simples de crescimento indeterminado,
racemosas. A gema terminal é indiferenciada e está indicada por uma seta; a – racemo, b –
espiga, c - corimbo racemiforme, d - capítulo racemiforme
 
Fonte: Modificado de RUA, 1999 pag. 16
 Figura 59 – Esquema de inflorescencias simples de crescimento determinado, cimosas. A
gema terminal é diferenciada e está indicada por um círculo, que representa a flor; a - cimeira
helicoide do tipo ripídio, b - cimeira escorpioide tipo drepânio; c - corimbo cimoso, capítulo
cimoso
RACEMO OU INFLORESCÊNCIAS RACEMOSAS
O racemo (Fig. 60) é uma inflorescência sem dominância apical e corresponde ao modelo de
crescimento indeterminado. As flores começam a se a abrir da parte basal da inflorescência em
direção ao ápice, seu crescimento é monopodial e indefinido, e a gema apical permanece
indiferenciada. A espiga (Fig. 58) é um racemo de flores sésseis, ou seja, sem pedicelos.
A inflorescência encontrada na família do antúrio e do copo de leite (Araceae) é chamada de
espádice. A espádice (Fig. 61) é uma espiga com flores sésseis dispostas num eixo carnoso e
protegida por uma bráctea grande e vistosa, chamada espata. Esse tipo de inflorescência é
característico dessa família. O amento ou amentilho é uma espiga com eixo flexível,
encontrada em plantas de clima frio polinizadas pelo vento.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 60 – Inflorescência em racemo de Bromeliaceae. Note que a primeira flor a se abrir é
a mais basal
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 61 – Inflorescência em espádice de Araceae protegida pela espata
CAPÍTULO
O capítulo (Fig. 62) é uma inflorescência racemosa que imita uma flor. Essa inflorescência é
característica das margaridas e dos girassóis (Asteraceae). O eixo da inflorescência se achata
e forma um disco ou uma cúpula onde as flores se inserem. Geralmente, as flores são divididas
em flores do raio (Fig. 63), que ficam na margem, e flores do disco (Fig. 63), que ficam no
centro. As flores do raio geralmente são liguladas (Fig. 63), e essa lígula se assemelha a uma
pétala. O sicônio é um tipo de racemo semelhante ao capítulo, contudo o disco se fecha em
uma urna que encerra as flores, essa inflorescência é típica das figueiras (Ficus Moraceae).
Você sempre pensou que o girassol é uma flor? O girassol é uma inflorescência, com
várias flores de corola tubulosa, já que as Asteraceae pertencem à linhagem das
Asterídeas. Assim, o que você pensa ser a pétala do girassol é a flor do raio com sua
lígula, que imita uma pétala.
 
Fonte: Silvana Ferreira/Cedida
 Figura 62 – Inflorescência em capítulo do girassol (Asteraceae)
 
Fonte: Silvana Ferreira/Cedida
 Figura 63- Inflorescencia em capítulo da camomila (Asteraceae) em corte longitudinal
CIMEIRAS OU INFLORESCÊNCIAS CIMOSASQuando a gema apical se transforma na primeira flor da inflorescência que tem um crescimento
definido, a inflorescência é chamada de simpodial ou, tradicionalmente, de cimeira (Fig. 64). A
cimeira sempre apresenta uma flor em seu ápice. Se surge a flor terminal e, logo após,
somente uma flor lateral, a cimeira é chamada de monocásio. Se a cimeira tem uma flor em
seu ápice e duas flores opostas abaixo da flor terminal, ela é chamada dicásio.
Quando as flores da cimeira são alternas e se abrem uma a uma, são chamadas de uníparas.
Se nascem sucessivas flores do mesmo lado, temos uma cimeira escorpioide. Se, na cimeira
escorpioide, as flores nascerem no mesmo plano, temos um drepânio (Fig. 59); se nasceram
em planos diferentes, um cincino.
 
Fonte: Fernandes et al. Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Apocynaceae. In:
Rodriguésia, v. 69, n. 1, 2018. p. 3-23
 Figura 64 - Inflorescência em cimeira de Apocynaceae
 
Fonte: Modificado de RUA, 1999 pag. 16
 Figura 59 – Esquema de inflorescencias simples de crescimento determinado, cimosas. A
gema terminal é diferenciada e está indicada por um círculo, que representa a flor; a - cimeira
helicoide do tipo ripídio, cimeira escorpioide tipo drepânio; c - corimbo cimoso, capítulo cimoso
Se as flores nascem alternadas em ambos os lados do eixo, a cimeira é denominada cimeira
helicoide. Nas cimeiras helicoides, se as flores saem num mesmo plano, temos um ripídio
(Fig. 59); se saem em planos distintos, um bóstrix.
O ciátio (Fig. 65) é uma inflorescência cimosa que imita uma flor. Com certeza você já viu a
coroa-de-cristo e o bico-de-papagaio (Euphorbiaceae – Euphorbia ). Essas plantas são
comuns em jardins e praças.
Se você observar o bico-de-papagaio ou a coroa-de-cristo, verá peças coloridas semelhantes a
pétalas rodeando os estames e no meio o gineceu. Contudo, as “pétalas” são brácteas
coloridas, as flores são aclamídeas e unissexuais. A flor masculina tem pedicelo e estames,
enquanto a feminina tem um gineceu com um ovário e um estigma geralmente séssil.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 65 – Inflorescência cimosa tipo ciátio de Euphorbiaceae. Inflorescência principal com
brácteas e flor pistilada (feminina). Inflorescência lateral com flor pistilada e estaminada
(masculina)
 
Fonte: Cecília Senff/UFRGS
 Figura 66 – Esquema da espigueta do trigo (Poaceae) com antécio
A espigueta (Fig. 66) é a inflorescência característica das gramíneas (Poaceae). Apesar de
parecer o diminutivo de espiga, é uma cimeira. Na base da espigueta estão localizadas as
glumas, e, depois destas, encontramos um ou vários antécios, que são compostos por uma
bráctea interna e superior, denominada pálea, e uma bráctea inferior e externa, denominada
lema, mais a flor aclamídea uni ou bissexual.
INFLORESCÊNCIAS QUE PODEM SER CIMOSAS
OU RACEMOSAS
Alguns termos utilizados para nomear as inflorescências podem corresponder tanto a cimeiras
como a racemos, dada a artificialidade da classificação tradicional. O corimbo (Fig. 67) é uma
inflorescência em que as flores apresentam pedicelo com diferentes tamanhos, mas as flores
alcançam a mesma altura.
Semelhante ao corimbo, na umbela, as flores alcançam a mesma altura, mas, por saírem do
mesmo ponto, têm pedicelos de tamanho semelhante. O glomérulo (Fig. 68) tem flores
sésseis que surgem ao redor de um eixo globoso. O fascículo é uma inflorescência que
aparentemente sai direto da gema; as flores têm pedicelos curtos e flores pequenas (que ficam
próximas ao ramo).
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 67 – Inflorescência em corimbo do cambará (Verbenaceae)
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 68– Inflorescência em glomérulo (Verbenaceae)
INFLORESCÊNCIAS COMPOSTAS
As inflorescências compostas são inflorescências de uma inflorescência (Fig. 69). Você se
lembra da estrutura básica da inflorescência? É um ramo com gemas que se transformam em
flores.
Na inflorescência composta, as gemas, em vez de se transformarem em flores, formam novas
inflorescências, iguais ou diferentes da inflorescência-mãe. O tipo mais comum de
inflorescência composta é a panícula (Fig. 70), que é um racemo de outro racemo. Os tirsos
são racemos de cimeiras. Uma cimeira de dicásios é chamada de pleiocásio.
Algumas espécies produzem suas flores diretamente do caule, processo denominado
caulifloria. Não são produzidos ramos reprodutivos especiais para a formação das flores. É o
que observamos, por exemplo, no jambo e na jabuticabeira (ambos Myrtaceae).
 
Fonte: Modificado de Rua G., 1999, p. 9.
 Figura 69 – Esquema de inflorescências compostas de crescimento indeterminado do tipo
panícula, racemos de racemos. A gema terminal é indiferenciada e está indicada por uma seta;
os circulos representam flores. Note que as gemas laterais formam novas inflorescências, e
não flores
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 70- Inflorescência em panícula de bromélia (Bromeliaceae) 
 
VÍDEO COM AVALIAÇÃO
Assista ao vídeo e conheça técnicas de coleta.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AS FLORES FORAM A NOVIDADE-CHAVE RESPONSÁVEL PELA
GRANDE DIVERSIFICAÇÃO DAS ANGIOSPERMAS. A EVOLUÇÃO DAS
FLORES SEGUIU DIFERENTES CAMINHOS EM DIFERENTES LINHAGENS
DE ANGIOSPERMAS. PORTANTO, CADA LINHAGEM APRESENTA UM
PADRÃO FLORAL DIFERENTE. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE TRAZ A
INFORMAÇÃO CORRETA SOBRE O TEMA.
A) O estróbilo é a principal estrutura reprodutiva das Gimnospermas; nessa estrutura, o ovário
pode ser súpero ou ínfero.
B) Flores trímeras e dialicarpelares são características das Eudicotiledôneas.
C) Perianto tepaloide é frequente em Angiospermas basais e em Monocotiledôneas.
D) Asterídeas e Monocotiledôneas têm flores pentâmeras e ovário geralmente gamocarpelar.
2. NA NATUREZA, AS FLORES COSTUMAM ESTAR REUNIDAS EM
INFLORESCÊNCIAS, E CADA FLOR TEM, GERALMENTE, QUATRO
VERTICILOS, CÁLICE, COROLA, ANDROCEU E GINECEU. ASSINALE A
ALTERNATIVA QUE TRAZ A OPÇÃO INCORRETA SOBRE A ESTRUTURA
DAS FLORES E DAS INFLORESCÊNCIAS.
A) As cimeiras iniciam seu crescimento na porção basal e a gema apical permanece
indiferenciada.
B) O androceu é formado pelos estames, cada estame é composto por um filete, conectivo e
antera.
C) Panículas são inflorescências compostas, sendo racemos de racemos.
D) Na corola gamopétala, as pétalas são conadas e terminam em lobos semelhantes a pétalas.
GABARITO
1. As flores foram a novidade-chave responsável pela grande diversificação das
Angiospermas. A evolução das flores seguiu diferentes caminhos em diferentes
linhagens de Angiospermas. Portanto, cada linhagem apresenta um padrão floral
diferente. Assinale a alternativa que traz a informação correta sobre o tema.
A alternativa "C " está correta.
 
A presença de um perianto tepaloide (cálice e corola indiferenciados) é mais comum nas
Angiospermas basais e nas Monocotiledôneas, enquanto, nas Eudicotiledôneas, a tendência é
um perianto diclamídeo (cálice e corola diferenciados).
2. Na natureza, as flores costumam estar reunidas em inflorescências, e cada flor tem,
geralmente, quatro verticilos, cálice, corola, androceu e gineceu. Assinale a alternativa
que traz a opção incorreta sobre a estrutura das flores e das inflorescências.
A alternativa "A " está correta.
 
Nas cimeiras, a flor terminal é a primeira a se abrir, por meio da diferenciação da gema apical.
MÓDULO 2
 Identificar os principais tipos de fruto encontrados na natureza e o fenômeno da
partenocarpia
 
Fonte: nbnserge/Shutterstock
ESTRUTURA DOS FRUTOS
O desenvolvimento do ovário origina o fruto. Este é constituído pelo pericarpo e pelas
sementes. O pericarpo está dividido em epicarpo, originado da epiderme do carpelo,
mesocarpo, que corresponde ao mesofilo do carpelo, e geralmente é a parte comestível do
fruto carnoso, e endocarpo, que corresponde à endoderme do carpelo.
Os frutos são classificados quanto a sua origem e consistência.
QUANTO A SUA ORIGEM
Se é originário de um único ovário de umaúnica flor, é um fruto simples.
Quando se origina de vários ovários de uma única flor (flor dialicarpelar), temos um fruto
múltiplo.
Se vários ovários de várias flores ficam concrescidos, formando uma espécie de fruto
único, temos um fruto agregado ou infrutescência
QUANTO A SUA CONSISTÊNCIA
Os frutos carnosos têm polpa e são suculentos quando maduros.
Os frutos secos têm quantidades mínimas de umidade quando maduros.
QUANTO A SUA ABERTURA
Se os frutos apresentam abertura espontânea para liberação das sementes, são
chamados de deiscentes.
Se não se abrem espontaneamente, são indeiscentes.
OUTROS TIPOS DE FRUTO
No pseudofruto, outra estrutura que não o ovário se desenvolve, tornando-se
semelhante ao fruto em forma e função. Frutos partenocárpicos são aqueles que se
desenvolvem sem ter ocorrido fecundação, mas sob ação hormonal.
 VOCÊ SABIA
Você considera o quiabo um fruto seco ou carnoso? O quiabo, quando maduro, é um
fruto seco, porém o quiabo que você compra no mercado está imaturo e, por isso,
parece um fruto carnoso, já que tem bastante umidade. Quando quiser saber a
consistência de um fruto, examine sempre o fruto maduro.
Vamos aprofundar, a seguir, o estudo dessas características.
FRUTOS SIMPLES CARNOSOS
Os frutos carnosos têm polpa com umidade, geralmente proveniente do mesocarpo. A
maioria é indeiscente. O melão-de-são-caetano (Cucurbitaceae) é uma exceção à regra,
pois tem fruto carnoso tipo baga, deiscente (Fig. 71). Na drupa (Fig. 72), o endocarpo,
que é a parte mais interna do fruto, se torna rígido e envolve a semente, formando um
pirênio, que chamamos comumente de caroço. O mesocarpo é geralmente comestível,
mas pode ser fibroso, como no coco. Pêssego, azeitona e coco são tipos de drupas.
Tente retirar o caroço de um pêssego ou de uma manga. Ele se solta facilmente da parte
carnosa do fruto? Ao envolver a semente, o endocarpo rígido une o fruto a ela. Por essa
razão, na drupa você não consegue retirar facilmente a semente do fruto, isso ajuda a
diferenciar a drupa da baga.
Na baga (Fig. 73), o epicarpo é delgado, o mesocarpo é carnoso (comestível) e o
endocarpo é carnoso ou gelatinoso. A nêspera, o tomate, o mamão, dentre outros, são
exemplos de baga. Apesar de falarmos sempre de caroço de abacate, o abacate não é
uma drupa, e sim uma baga. Você pode constatar isso facilmente observando como o
caroço se solta facilmente da parte carnosa do fruto.
 
Fonte: Norma de Oliveira/Cedido
 Figura 71 – Fruto tipo baga, deiscente do melão-de-são-caetano (Cucurbitaceae)
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 72– Fruto tipo drupa indeiscente de palmeira (Arecaceae)
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista.
 Figura 73– Fruto tipo baga indeiscente de cacto (Cactaceae)
Algumas bagas têm características especiais que as diferenciam e, por isso, recebem
nomes específicos, mas ainda assim são consideradas bagas. No hesperídio (Fig. 74), o
epicarpo é delgado, o mesocarpo é esponjoso e o endocarpo tem inúmeras vesículas
nas quais o suco se acumula. O pepônio (Fig. 75) é uma baga que tem epicarpo rígido,
mesocarpo fino e lóculos preenchidos pela placenta que se desenvolve.
 
Fonte: CC0 Public Domain/Pxhere
 Figura 74– Fruto baga do tipo hesperídio da laranja (Rutaceae)
 
Fonte: CC0 Public Domain/Pxhere
 Figura 75 – Fruto baga do tipo pepônio do melão (Cucurbitaceae)
 EXEMPLO
O pepônio é típico da família da abóbora, da melancia e do melão (Cucurbitaceae). O
hesperídeo é típico da família da laranja, do limão e da tangerina (Rutaceae).
FRUTOS SIMPLES SECOS
Os frutos secos são, primeiramente, categorizados pela deiscência. O número de
carpelos que formam o ovário e a posição também são características importantes para
classificá-los.
Dentre os frutos secos deiscentes, a cápsula (Fig. 76) é o tipo mais comum. Ela é
formada por dois ou mais carpelos e geralmente apresenta muitas sementes, que saem
por diversas aberturas entre as folhas carpelares. Como exemplo, podemos citar o
algodão (Malvaceae) e o urucum (Bixaceae). Algumas cápsulas apresentam deiscência
elástica e explodem para dispersar a semente, como ocorre em muitas espécies da
família da mandioca (Euphorbiaceae).
O pixídio (Fig. 77) é um fruto com mais de um carpelo, que se abre através de uma fenda
transversal, como se fosse uma tampa. Esse fruto é típico da família da castanha-do-
Pará, da sapucaia e do jequitibá (Lecythidaceae).
 
Fonte: joicelene Paz/Cedida
 Figura 76 – Fruto cápsula com cálice persistente de ipomeia (Convolvulaceae), seta A
indicando cálice e B indicando o fruto
 
Fonte: CC0 Public Domain/Wikimedia
 Figura 77 - Fruto pixídio da castanha do pará (Lecythidaceae).
A síliqua é formada por dois carpelos e tem duas aberturas da base para o ápice, como
ocorre na mostarda. Se os frutos secos são oriundos de um ovário súpero, unicarpelar, e
têm uma abertura, são chamados de folículos (Fig. 78); quando apresentam duas
aberturas, são chamados de legume. O legume é um fruto muito comum na família do
feijão e da ervilha (Fabaceae).
FRUTOS SECOS INDEISCENTES
Há diversos tipos de frutos secos indeiscentes, ou seja, que não têm abertura. Esses
frutos são dispersos como unidades — semente + fruto —, já que não existe abertura
para liberar as sementes. Se são oriundos de um ovário unicarpelar, ínfero são
chamados de cipselas (Fig. 79). A cipsela é o fruto típico das Asteraceae, que geralmente
vem acompanhado do cálice pápus, que auxilia na dispersão.
 
Fonte: CC0 Public Domain/Flickr
 Figura 78 – Fruto tipo folículo de leguminosa (Fabaceae)
 
Fonte: CC0 Public Domain/Flickr
 Figura 79 - Cipselas de Asteraceae
Na sâmara (Fig. 80), o ovário é unicarpelar, e parte dele forma uma ala, que dispersa uma
ou mais sementes.
 
Fonte: CC0 Public Domain/Pxhere
 Figura 80 - Fruto do tipo sâmara
O craspédio (Fig. 81) é um fruto semelhante em aparência a um legume, mas sem
abertura. O fruto tem várias sementes em lóculos distintos e o epicarpo é segmentado
de acordo com o número de sementes/lóculos. Na dispersão, o fruto se divide e cada
parte se solta independentemente. Após a queda da semente, fica apenas a moldura do
fruto.
O lomento (Fig. 82) é semelhante ao craspédio, mas a moldura do fruto não permanece
após a queda.
 
Fonte: CC0 Public Domain/Pxhere
 Figura 81 – Fruto do tipo craspédio de mimosa (Fabaceae).
 
Fonte: CC0 Public Domain/Pxhere
 Figura 82 - Fruto seco indeiscente tipo lomento de Fabaceae
O aquênio (Fig. 83) é o fruto de um ovário súpero, unicarpelar, unilocular, no qual a
semente se prende à parte interna do fruto por um único ponto. Esse fruto é típico da
família do papiro e da sombrinha chinesa (Cyperaceae), que são geralmente usados no
paisagismo de lagos.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 83 - Fruto do tipo aquênio de Cyperaceae
A cariopse ou grão se diferencia do aquênio por ter semente totalmente aderida ao fruto.
Esse é o fruto típico da família do trigo e da cevada (Poaceae). A noz também é
semelhante a um aquênio, porém apresenta um pericarpo lenhoso, como é típico de
muitas frutas natalinas.
FRUTOS MÚLTIPLOS
Os frutos múltiplos (Fig. 84) são provenientes de uma flor que tem ovários diversos, ou
seja, flor dialicarpelar, em que os ovários não se fusionaram. Como vimos na introdução,
ovários dialicarpelares são muito comuns nas Angiospermas basais. Podemos citar, por
exemplo, a fruta do conde, a atemoia (Annonaceae), dentre outras.
Nas Annonaceae, uma flor tem vários carpelos que são fechados, mas não há fusão
entre eles (gineceu apocárpico). Dessa forma, existem vários frutos de vários ovários de
uma única flor, que ficam próximos, formando a fruta que consumimos. Na família das
rosas e do morango (Rosaceae), a flor também tem vários ovários e os frutos são
múltiplos.
 
Fonte: CC0 Public Domain/Pxhere
 Figura 84- Frutos múltiplos do morango (pontos amarelos), num receptáculo
carnoso,denominado conocarpo (pseudofruto)
FRUTOS AGREGADOS (INFRUTESCÊNCIA)Nos frutos agregados, vários frutos derivados de diversas flores (inflorescência) ficam
unidos, aparentando um fruto único. Podemos citar como exemplo a amora (Moraceae).
Se observarmos a inflorescência da amora, veremos várias flores sésseis unidas numa
espiga. Na frutificação, o eixo da inflorescência se torna carnoso e suculento, com os
pequenos frutos. Essa estrutura é chamada de sorose (Fig. 85). Outro exemplo de
sorose é o abacaxi (Bromeliaceae).
A inflorescência em sicônio característica das figueiras (Ficus – Moraceae) produz uma
infrutescência que também é chamada sicônio. Os frutos são aquênios, originados das
flores que ficam dentro da inflorescência.
 
Fonte: Regina Moura/Cedida
 Figura 85- Fruto agregado de amora (Moraceae) tipo sorose
Por que o morango é um fruto múltiplo e a amora é um fruto agregado? Os vários frutos
do morango são oriundos de uma flor que tem vários ovários, caracterizando o fruto
múltiplo. Já a amora são vários frutos de flores diferentes que ficam unidos, por isso são
chamados de frutos agregados!
PSEUDOFRUTOS OU FRUTOS COMPLEXOS
Em alguns casos, o conteúdo carnoso das frutas que consumimos não é originário do
ovário. Nesse caso, chamamos essa estrutura de pseudofruto, já que o fruto se origina
sempre do ovário. Existem vários tipos de pseudofrutos com origens diferentes.
No pomo (Fig. 86), o hipanto se torna carnoso e suculento na frutificação e envolve o
verdadeiro fruto. A maçã e a pera são pomos e o fruto é a parte que envelopa as
sementes e que comumente jogamos fora ao consumir a fruta.
 
Fonte: Adriana Oliveira/Conteudista
 Figura 86- Pseudofruto pomo da maçã
 
Fonte: CC0 Public Domain/Pxhere
 Figura 87 - Pseudofruto conocarpo do morango (Rosaceae)
O hipocarpo é um pseudofruto originado do pedicelo da flor. O caju é um exemplo desse
tipo de fruto; a parte doce e suculenta que chamamos de fruta é originada do pedicelo, e
o fruto é a parte que dá origem à castanha. No morango, a parte suculenta é originada do
receptáculo cônico, sendo chamada de conocarpo (Fig.87).
Na roseira, temos o cinórrodo (Fig. 88), no qual o hipanto em forma de urna se torna
carnoso e vistoso. No fruto da roseira, o pedicelo fica de um lado e o cálice de outro, se
assemelhando a um fruto de ovário ínfero. Contudo, a rosa tem uma flor dialicarpelar, ou
seja, uma flor tem vários ovários súperos e os frutos ficam armazenados dentro desse
hipanto desenvolvido.
 
Fonte: CC0 Public Domain/Pixabay
 Figura 88- Pseudofruto do tipo cinórrodo da roseira (Rosaceae)
 SAIBA MAIS
O morango foi citado como fruto múltiplo e como pseudofruto. Afinal, em qual categoria
ele se enquadra? O morango é um fruto múltiplo porque aqueles “carocinhos” são
frutos de uma flor que tem vários ovários. Ele é um pseudofruto também, porque a parte
comestível não vem desses pequenos frutos, e sim do receptáculo da flor.
FRUTOS PARTENOCÁRPICOS
O fruto partenocárpico se forma sem que haja fecundação, ou seja, não há formação de
sementes. Partenocarpia é um fenômeno comum em plantas selvagens, mas frutos sem
sementes também são produzidos por várias espécies domesticadas, como a banana e o
figo.
Em populações naturais, a partenocarpia geralmente é citada como efeito de problemas
na polinização ou fertilização. Contudo, as plantas produzem, mantêm e desenvolvem
frutos partenocárpicos constantemente. Uma das propostas sobre a finalidade dos
frutos partenocárpicos é que provavelmente eles atuam como chamarizes que desviam
os predadores dos frutos que contêm descendentes de plantas nas suas sementes
(ZANGERL et al . 1991).
VÍDEO COM AVALIAÇÃO
Assista ao vídeo para entender o processo de herborização do material coletado e como
funciona uma coleção botânica.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O FRUTO É O OVÁRIO DESENVOLVIDO APÓS A FECUNDAÇÃO. ESSA
ESTRUTURA CONFERE PROTEÇÃO EXTRA AO EMBRIÃO E ATUA COMO
ATRATIVO PARA DISPERSORES DA SEMENTE. EM ALGUMAS
LINHAGENS DE ANGIOSPERMAS, O FRUTO É UMA CARACTERÍSTICA
DIAGNÓSTICA, ENQUANTO, EM OUTRAS, OCORREM VÁRIOS TIPOS DE
FRUTOS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE TRAZ A AFIRMAÇÃO
CORRETA SOBRE A ESTRUTURA E OS TIPOS DE FRUTO.
A) Nos frutos carnosos, a parte comestível é geralmente derivada do endocarpo.
B) A cápsula é o fruto seco deiscente mais comum encontrado na natureza, e geralmente
guarda várias sementes.
C) No fruto carnoso baga, o mesocarpo + endocarpo se unem à semente, que se torna rígida e
indissociável do fruto.
D) O aquênio é o fruto seco deiscente, proveniente de um ovário ínfero.
2. ALGUMAS DAS DELICIOSAS FRUTAS QUE CONSUMIMOS NÃO SÃO
VERDADEIROS FRUTOS; AO CONTRÁRIO DE CERTOS LEGUMES, QUE
SÃO, NA VERDADE, FRUTOS. ALÉM DISSO, ALGUMAS FRUTAS AINDA
SÃO A FUSÃO DE VÁRIOS FRUTOS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE
TRAZ A AFIRMAÇÃO INCORRETA SOBRE ESSE ASSUNTO.
A) A maçã é um pseudofruto do tipo pomo, isso porque a parte comestível é originada do
receptáculo floral, e não do ovário.
B) O morango é um fruto múltiplo porque vários ovários de uma única flor são fecundados
formando uma fruta com vários frutos.
C) O morango é um pseudofruto porque a parte comestível da fruta é originada de um
receptáculo cônico.
D) O abacaxi é um fruto múltiplo chamado sicônio, formado por ovários provenientes de uma
flor.
GABARITO
1. O fruto é o ovário desenvolvido após a fecundação. Essa estrutura confere proteção
extra ao embrião e atua como atrativo para dispersores da semente. Em algumas
linhagens de Angiospermas, o fruto é uma característica diagnóstica, enquanto, em
outras, ocorrem vários tipos de frutos. Assinale a alternativa que traz a afirmação correta
sobre a estrutura e os tipos de fruto.
A alternativa "B " está correta.
 
A cápsula é um fruto que ocorre em diversas famílias de Angiospermas. É proveniente de um
ovário com mais de um carpelo e geralmente tem várias sementes.
2. Algumas das deliciosas frutas que consumimos não são verdadeiros frutos; ao
contrário de certos legumes, que são, na verdade, frutos. Além disso, algumas frutas
ainda são a fusão de vários frutos. Assinale a alternativa que traz a afirmação incorreta
sobre esse assunto.
A alternativa "D " está correta.
 
O abacaxi é um fruto agregado (sorose), pois se trata da união de vários frutos provenientes de
várias flores de uma inflorescência, sendo por isso também chamado de infrutescência.
MÓDULO 3
 Descrever a estrutura da semente e sua relação com diferentes síndromes de dispersão
 
Fonte: CC0 Public Domain/Pxhere
FORMAÇÃO DA SEMENTE
A semente é o óvulo fecundado e desenvolvido. Apesar de ter uma origem única, ela é
diferente nas Gimnospermas e nas Angiospermas. Enquanto as Gimnospermas têm uma
semente com tecido nutritivo haploide, nas Angiospermas esse tecido de reserva é triploide.
TRIPLOIDE:
Organismos ou estruturas com três conjuntos de cromossomos são chamados de
triploides, com quatro tetraploides, e assim por diante. Nas plantas, a poliploidia, ou
javascript:void(0)
seja, organismos com vários conjuntos cromossômicos, é algo frequente e natural.
Ocorre principalmente durante reprodução sexuada em que não houve redução gamética.
Nas Gimnospermas, vimos que o óvulo (2n) fica alojado na escama do estróbilo feminino e
tem uma abertura, a micrópila, pela qual o tubo polínico do grão de pólen penetra. Células do
óvulo sofrem meiose e originam a oosfera (n), que é o gameta feminino, e mais três células
haploides.
SEMENTE DE GIMNOSPERMAS
O grão de pólen lança o gameta masculino dentro do óvulo e fecunda a oosfera. A fecundação
ocorre e forma um embrião. Uma das células haploides formadas pelo óvulo sofre mitoses
sucessivas e forma um tecido de reserva; o envoltório do óvulo permanece diploide. Portanto, a
semente das Gimnospermas (Fig. 89) contém um envoltório e um embrião diploide (2n) e
um tecido de reserva haploide (n).
O pinhão é uma semente comestível de Gimnosperma. Após o cozimento, tente abrir a
semente ao meio pelo maior eixo para visualizar o embrião e o tecido de reserva!
 
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