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Entendendo o Comportamento do Consumidor aula 20-05-2021

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Entendendo o Comportamento do
Consumidor
O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda a produção.
Adam Smith
• Como as famílias decidem sobre a parcela de seus rendimentos que devem
consumir hoje, e quanto devem poupar no futuro?
• Esta é uma questão microeconômica, uma vez que aborda o comportamento
dos tomadores de decisão, em âmbito individual.
• A resposta para essa pergunta apresenta importantes consequências macroeconômicas.
• As decisões das famílias em relação ao consumo afetam a maneira como se comporta a
economia de maneira geral, tanto no longo prazo quanto no curto prazo.
• A decisão em relação ao consumo é crucial para a análise de longo prazo, por causa do seu
papel no crescimento econômico.
• O modelo de crescimento de Solow, mostra que a taxa de poupança é um
determinante fundamental para o estoque de capital do estado estacionário e,
consequentemente, para o nível de prosperidade da economia.
• A taxa de poupança mede o quanto de sua respectiva renda a geração atual não está
consumindo, mas, em vez disso, está reservando para seu próprio futuro e para as
gerações futuras.
• A decisão sobre consumo é crucial para a análise de curto prazo, em razão de seu papel na
determinação da demanda agregada.
• O consumo corresponde em média a dois terços do PIB, de tal modo que suas oscilações representam um
elemento fundamental para os hipercrescimentos ou crescimentos extraordinários (booms, em inglês) e para as
recessões.
• O modelo IS-LM, mostra que mudanças nos planos de gasto dos consumidores podem
representar uma fonte de choques para a economia, e que a propensão marginal a consumir é um
determinante para os multiplicadores da política fiscal.
• O consumo com uma função que relaciona o consumo com a renda disponível:
C = C(Y – T)
• Essa aproximação permitiu desenvolver modelos simples para análises de longo prazo e de curto prazo, mas é
simples demais para proporcionar uma explicação completa para o comportamento do consumidor.
• Examinamos a função consumo em mais detalhes, e desenvolvemos uma explicação mais minuciosa sobre o
que determina o consumo agregado.
• Desde que o campo de estudos da macroeconomia teve início, muitos economistas escreveram
sobre a teoria do comportamento do consumidor, e sugeriram modos alternativos de interpretar
os dados relacionados a consumo e renda.
• Veremos os pontos de vista de seis economistas proeminentes, com o objetivo de demonstrar as
diversas abordagens para explicar o consumo.
John Maynard Keynes e a Função Consumo
• Começamos nosso estudo sobre o consumo com a Teoria Geral de John Maynard
Keynes, que foi publicada em 1936.
• Keynes fez da função consumo uma peça fundamental para sua teoria sobre as oscilações
econômicas, e, desde então, ela passou a desempenhar um papel fundamental na análise
macroeconômica.
• Vamos considerar o que Keynes raciocinou como função consumo, e, depois disso, verificaremos os enigmas que surgiram quando
suas ideias foram confrontadas com os dados.
Conjecturas de Keynes:
i. primeiro, e de maior importância, Keynes conjecturou que a propensão
marginal a consumir — a quantidade consumida com uma unidade de moeda
corrente adicional, a título de renda — se situa entre zero e um.
• Ele escreveu que “a lei fundamental da psicologia, na qual temos o direito de nos basear com
grande confiança, ... é que os homens estão predispostos, como regra geral e na média, a fazer
crescer o seu consumo à medida que a renda aumenta, mas não em um montante equivalente ao
crescimento em sua renda”.
• Ou seja, quando uma pessoa ganha uma unidade de moeda corrente adicional, ela geralmente gasta uma parte
dela e poupa a outra
ii. Em segundo lugar, Keynes postulou que a proporção entre consumo e renda,
conhecida como propensão média a consumir, diminui à medida que a renda
aumenta.
• Ele acreditava que a poupança era um luxo, de modo tal que esperava que os ricos poupassem maior
proporção de suas rendas do que os pobres.
• Embora não fosse essencial para a análise do próprio Keynes, o postulado de que a propensão média a
consumir diminui à medida que aumenta a renda, passou a ser uma parte central do início da economia
keynesiana.
iii. Em terceiro, Keynes imaginava que a renda seria o determinante primordial
para o consumo, e que a taxa de juros não desempenhava um papel
importante.
• Essa conjectura era uma contraposição veemente às convicções dos economistas clássicos
que o antecederam.
• Os economistas clássicos sustentavam que uma taxa de juros mais alta estimularia a
poupança e desestimularia o consumo.
• Keynes admitia que a taxa de juros podia influenciar o consumo, como má questão
teórica. Contudo, escreveu que:
• “a principal conclusão sugerida pela experiência, penso eu, é que o curto período de influência da taxa
de juros sobre o gasto individual, a partir de uma determinada renda, é secundário e relativamente sem
importância”.
• Com base nessas três conjecturas, a função
consumo keynesiana é muitas vezes escrita sob a
forma:
C = 𝑐 ̅ + cY, ҧ𝑐 > 0, 0 < c < 1,
• em que C corresponde ao consumo, Y corresponde à 
renda disponível, ҧ𝑐 é uma constante e c é a 
propensão marginal a consumir. 
• Essa função consumo, apresentada na Figura 16-1, é
mostrada sob a forma de uma reta. ҧ𝑐 determina a
interseção no eixo vertical, e c determina a
inclinação.
• Observe que essa função consumo demonstra as
três propriedades que Keynes postulou. Ela satisfaz a
primeira propriedade de Keynes, uma vez que a
propensão marginal a consumir, c, se situa entre
zero e um, de tal modo que a renda mais alta
acarreta um maior consumo, bem como uma maior
poupança. Essa função consumo satisfaz a segunda
propriedade de Keynes, uma vez que a propensão
média a consumir, PMC, é :
PMC = C/Y = 𝑐 ̅ + c.
• À medida que Y aumenta, ҧ𝑐/Y cai, e, com isso, a
propensão média a consumir, C/Y, também cai.
E, por fim, essa função consumo satisfaz a
terceira propriedade de Keynes, uma vez que a
taxa de juros não está incluída nessa equação
como um determinante para o consumo.
A Estagnação Secular, Simon Kuznets e o Enigma do Consumo
• Embora a função consumo keynesiana tenha alcançado sucessos em seus primórdios, duas anomalias
logo se destacaram. Ambas dizem respeito à conjectura de Keynes de que a propensão média a
consumir diminui à medida que a renda cresce.
i. A primeira anomalia tornou-se patente depois que alguns economistas fizeram uma previsão — e,
como se constatou depois, equivocada — durante a Segunda Guerra Mundial.
• Com base na função de consumo keynesiana, esses economistas argumentaram que, à medida que as rendas da
economia aumentassem com o decorrer do tempo, as famílias passariam a consumir uma fração cada vez menor
de suas rendas.
• Receavam que poderia não existir uma quantidade suficiente de projetos de investimentos lucrativos de modo a
absorver toda essa poupança.
• Se isso viesse a ocorrer, o baixo consumo levaria a uma demanda inadequada por bens e serviços, resultando
em depressão, depois que cessasse a demanda do governo inerente a períodos de guerra.
• Em outras palavras, com base na função consumo keynesiana, esses economistas previram que a
economia passaria pelo que eles chamaram de estagnação secular — uma longa depressão, de duração
indefinida — a menos que o governo fizesse uso da política fiscal de modo a expandir a demanda
agregada.
• Felizmente para a economia, porém infelizmente para a função consumo keynesiana, o final da
Segunda Guerra Mundial não lançou os Estados Unidos em outra depressão. Embora os níveis de
renda estivessem muito mais altos depois da guerra em comparação com antes, essas rendas mais
altas não acarretaram grandes aumentos na taxa de poupança.
• A conjectura de Keynes de que a propensão média a consumir diminuiria à medida que a
renda crescesse parecia não se mostrar verdadeira.
ii. A segunda anomalia surgiu quando o economista Simon
Kuznets construiu novos dados agregados sobre consumo e
renda, que se reportavama 1869. Kuznets consolidou esses
dados na década de 1940, e, mais tarde, viria a ganhar o
Prêmio Nobel por esse trabalho.
• Ele descobriu que a proporção entre consumo e renda era
extraordinariamente estável, de uma década para a outra,
apesar dos grandes crescimentos na renda durante o
período que ele havia estudado.
• Mais uma vez, a conjectura de Keynes, de que a propensão média a
consumir diminuiria à medida que a renda subisse, parecia não se
sustentar.
• O fracasso da hipótese de estagnação secular e as descobertas
de Kuznets indicavam, ambos, que a propensão média a
consumir era relativamente estável ao longo de extensos
períodos de tempo.
• Esse fato apresentava um enigma, que motivou grande parte
das pesquisas subsequentes sobre consumo. Os economistas
desejavam conhecer a razão pela qual alguns estudos
confirmavam as conjecturas de Keynes, enquanto outros as
refutavam.
• Ou seja, por que razão as conjecturas de Keynes se mantinham
bem nos estudos com dados de famílias e nos estudos de séries
históricas de curto prazo, mas fracassavam quando eram
examinadas séries históricas de longo prazo?
O Enigma do Consumo Os estudos sobre dados de famílias e
de séries históricas de curto prazo revelaram uma relação
entre consumo e renda semelhante àquela que Keynes
conjecturou.
Na figura, essa relação é chamada de função consumo de
curto prazo. Entretanto, o estudo de séries temporais de longo
prazo revelam que a propensão média a consumir não varia
sistematicamente com a renda. Essa relação é chamada de
função consumo de longo prazo.
A função consumo de curto prazo apresenta uma
propensão média a consumir decrescente, enquanto a
função consumo de longo prazo apresenta uma
propensão média a consumir constante

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