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Aula 01 - CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Nesse contexto, a Administração da Produção - AP utiliza recursos físicos e materiais da empresa: máquinas, equipamentos, instalações, matérias-primas, prédios ou edifícios e a tecnologia indispensável para que todos esses ativos tangíveis possam. ser integrados em uma atividade conjunta e coordenada. Os recursos físicos ou materiais podem estar na industria, na fabrica ou oficina, no campo agrícola, no barco de pesca e nas instalações portuárias , na loja, na agencia bancaria, no prédio escolar ou na oficina de propaganda. São os recursos físicos e materiais que dão a empresa a possibilidade de extrair materiais-primas (quando a empresa é primária ou extrativa), de transformar matérias primas em produtos/serviços (quando a empresa é secundária ou transformadora) ou de prestar serviços especializados (quando a empresa é terciária ou prestadora de serviços). Contudo, vimos que esses recursos são estáticos e inertes. Eles não têm vida e nem inteligência. Dependem de pessoas. Pessoas não devem ser tratadas como recursos, mas como os talentos que lidam com os recursos.Ou como parceiros do negócio. Isso será tratado mais adiante. Seja nas empresas industriais, como nas empresas focadas em serviços, os recursos organizacionais precisam ser utilizados e aplicados pelas pessoas - por meio de suas competências pessoais - para gerar produção em umas e operações em outras. Sempre de maneira eficiente e eficaz. Produção significa transformação de insumos em produtos ou serviços. Na verdade, é um conjunto de atividades que proporcionam a conversão de um bem tangível em um outro que tenha uma utilidade maior ou mais específica. Por outro lado, operações têm o significado de utilizar recursos e competências para oferecer serviços de elevada qualidade. Tanto produção como operações requerem recursos e competências para gerar resultados incomuns. A Administração da Produção e Operações - APO é a área da administração que utiliza os recursos físicos e materiais da empresa que realizam o processo produtivo por meio de competências essenciais. Assim, é a AP que executa a produção ou as operações da empresa. É pela AP que a empresa extrai as matérias-primas, transforma-as para produzir o produto acabado ou presta serviços especializados ao mercado. Aula 02 -- ESTUDO DE APO E MARCOS HISTÓRICOS DE APO OPERAÇÕES E PRODUTIVIDADE O mercado de utensílios domésticos nos Estados Unidos está crescendo anualmente 2% ou menos, cerca de metade do que foi projetado para a Europa. Por isso, a estratégia de David Whitwam, presidente da Whirlpool, foi tomá-la uma empresa global.A Whirlpool adquiriu participação majoritária na Inglês limite do Canadá, na Vitromatic, do México, e 53% da Philips electronics NV nos Países Baixos. Ela agora volta os olhos para a Ásia, com a compra de quatro concorrentes na China e dois na Índia. Gigantes do setor como a Maytag, a Electrolux e a GE também desenvolveram e implementaram estratégias globais para poderem competir internacionalmente. A globalização dos mercados está modificando não somente a maneira como a Whirlpool melhora a produtividade e obtém materiais mas também o modo como as empresas em todo o mundo se organizam e se comunicam. Novas redes globais de informações interligam fornecedores, consumidores e fabricantes com o toque de uma tecla, o clique de um botão do mouse ou mesmo o toque em uma tela de vídeo. Idéias, projetos, transferências de dinheiro e pedidos agora são executados em segundos, em vez de dias ou semanas. Mais ainda, a nova era da informação praticamente derrubou as barreiras tradicionais. As empresas agora fabricam produtos mundiais. A Ford faz um carro mundial. A Gillette produz uma lâmina mundial. A Microsoft elabora programas da Internet utilizados em todo o mundo. Os hambúrgueres do McDonald's têm o mesmo sabor em Moscou, Telavive, Bangcoc e Chicago. Essas empresas são apenas alguns exemplos do sistema de produção globalizado. Além de o movimento das informações por elétrons ser barato e veloz, grandes navios e aviões tomam o transporte de mercadorias menos dispendioso e cada vez mais rápido. Essas modificações têm um tremendo impacto nas operações das empresas. Empresas que eram locais tomaram-se nacionais, depois regionais e agora globais. A tecnologia que se manifesta em computadores, comunicações e menores custos de transporte é um excelente condutor para a globalização do crescimento econômico e do comércio mundial. Esta explosão da globalização significa que estamos vivendo em uma época empolgante e desafiadora, com novos empregos, novas oportunidades e ótimas opções para gerentes de operações. À medida que avançarmos no texto, descobriremos como gerenciar operações nesta economia global. Um conjunto de exemplos informativos, diagramas, discussões de textos e figuras ilustram conceitos e fornecem informações. Exemplos de gestão de operações vão da Minit-Lube e do McDonald's à Whirlpool e ao Disney World. Veremos como os gerentes de operações criam os bens e serviços que enriquecem nossas vidas. Neste capítulo, primeiro definimos gestão de operações, explicando suas origens e o empolgante papel que os gerentes de operações desempenham em uma enorme variedade de empresas. Depois discutimos produção e produtividade em empresas fornecedoras de bens e de serviços. Segue-se uma discussão das operações no setor de serviços e o desafio de gerenciar um sistema de produção efetivo. - O QUE É GESTÃO DE OPERAÇÕES? Produção é a criação de bens e serviços. Gestão de operações (GO) é o conjunto de atividades que criam bens e serviços por meio da transformação de entradas em saídas. As atividades que criam bens e serviços ocorrem em todas as organizações. Nas manufaturas, as atividades que criam bens normalmente são óbvias. Nelas podemos ver a criação de um produto tangível como um aparelho de TV Sony ou um Ford Taurus. Nas organizações que não criam produtos físicos, a função de produção pode ser menos evidente. Ela pode estar "oculta" do público e até mesmo do consumidor. Um exemplo é a transformação que ocorre nos bancos, hospitais, escritórios de companhias aéreas ou faculdades. Muitas vezes, quando são realizados serviços, não há produção de bens tangíveis. Em seu lugar, a produção pode assumir formas como a transferência de fundos de uma conta de poupança para uma conta corrente, um transplante de fígado, a ocupação de um lugar vazio em um avião ou a educação de um estudante. Seja o produto final um bem ou um serviço, as atividades de produção executadas em uma organização muitas vezes são mencionadas como gestão de operações. - A ORIGEM DA GESTÃO DE OPERAÇÕES O campo da GO é relativamente novo, mas sua história é rica e interessante. Nossas vidas e a GO melhoraram com as inovações e as contribuições de numerosas pessoas. Apresentamos algumas dessas pessoas nesta seção, e um resumo de eventos significativos para a GO é mostrado na Fig. LI. Eli Whitney (1800) é creditado pela popularização inicial das peças intercambiáveis, o que foi conseguido por meio da padronização e do controle da qualidade na fabricação. Através de um contrato que assinou com o governo americano para 10.000 mosquetes, ele pôde estabelecer um preço especial por causa das peças intercambiáveis. Frederick W. Taylor (1881), conhecido como pai da Administração Científica, contribuiu para a seleção de pessoal, planejamento e programação, estudo de movimentos, e o agora conhecido campo da ergonomia. Uma de suas principais contribuições foi sua crença de que a administração deve ser muito mais engenhosa e agressiva no aperfeiçoamento dos métodos de trabalho. Taylor e seus colegas, Henry L. Gantt e Frank e Lillian Gilbreth, estavam entre os primeiros a procurar de forma sistemática o melhor método de produzir. Outra das contribuições de Taylor foi a crença deque a gerência deve assumir maior responsabilidade por: 1. Encaixar os funcionários no cargo mais apropriado. 2. Proporcionar o treinamento adequado. 3. Fornecer métodos e ferramentas de trabalho apropriados. 4. Estabelecer incentivos legítimos para a realização das tarefas. Em 1913, Henry Ford e Charles Sorensen combinaram o que sabiam sobre peças padronizadas com as quase-linhas de montagem das atividades de empacotamento de carnes e de reembolso postal e adicionaram o conceito revolucionário da linha de montagem onde os empregados permaneciam no mesmo lugar e o material é que se movimentava. O controle da qualidade é outra contribuição historicamente significativa no campo da GO. Walter Shewhart (1924) combinou seus conhecimentos de estatística com a necessidade do controle da qualidade e forneceu os fundamentos da amostragem estatística no controle da qualidade. W. Edwards Deming (1950) acreditava, como Frederick Taylor, que a administração deve fazer mais para aprimorar o ambiente de trabalho e os processos de modo a que a qualidade possa ser melhorada. A gestão de operações continuará a progredir com contribuições de outras disciplinas, como a engenharia industrial e a ciência da administração. Estas disciplinas, juntamente com a estatística, a administração e a economia, contribuíram substancialmente para o aumento da produtividade. Inovações oriundas das ciências físicas (biologia, anatomia,química, física) também contribuíram para os avanços da GO. Estes avanços incluem novos adesivos, processos químicos para placas de circuitos impressos, raios gama para esterilizar produtos alimentícios, mesas de estanho derretido para esfriar vidro de alta qualidade. O projeto de produtos e processos muitas vezes depende das ciências biológicas e físicas. Uma contribuição especialmente importante para a GO provém das ciências da informação, que definimos como sendo processamento sistemático de dados visando à produção de ir,formações. As ciências da informação estão contribuindo como um importante meio de se melhorar a produtividade e se oferecer maior variedade de bens e serviços. As decisões na área da gestão de operações exigem pessoas versadas na ciência da administração, na ciência da informação, muitas vezes, nas ciências biológicas ou físicas. - POR QUE ESTUDAR GO? Estudamos GO por quatro motivos: 1. GO é uma das três principais funções de qualquer organização, e relaciona-se integralmente com todas as outras funções do negócio. Todas as organizações comerciam (vendem), financiam (contabilizam) e produzem (operam) e é importante saber como o segmento de GO funciona. Desta forma, portanto, estudamos como as pessoas se organizam para os empreendimentos produtivos. 2. Estudamos GO porque queremos saber como os bens e serviços são produzidos. A função de produção é o segmento de nossa sociedade que cria os produtos que utilizamos. 3. Estudamos GO para sabermos que operações os gerentes executam. Conhecendo o que os gerentes fazem, podemos desenvolver as habilidades necessárias para nos tomarmos gerentes. Isso nos auxiliará a desenvolvermos as numerosas e lucrativas oportunidades de carreira em GO. 4. Estudamos GO porque é uma parte dispendiosa das organizações. Uma grande percentagem da receita da maioria das empresas é gasta com a função de GO. Na verdade, a GO proporciona uma importante oportunidade para que uma organização melhore sua lucratividade e seus serviços para a sociedade. O Exemplo 1 mostra como uma empresa pode aumentar sua lucratividade por meio da função de produção. EXEMPLO 1 A Fisher Technologies é uma pequena empresa que precisa dobrar sua margem de contribuição em dinheiro para os custos fixos e para os lucros a fim de ser suficientemente lucrativa e poder adquirir a geração seguinte de equipamentos de produção. A alta administração sabe que, se a empresa não conseguir aumentar a margem de contribuição, o banco não concederá o empréstimo e o equipamento não poderá ser adquirido. Se a empresa não puder comprar o equipamento, as limitações do equipamento antigo obrigarão a Fisher a sair do negócio, e, com isso, seus funcionários ficarão desempregados e a produção de bens e serviços para os clientes será descontinuada. A Tabela 1.1 apresenta uma demonstração de lucros e perdas simples e três opções estratégicas para a empresa. A primeira é uma opção de marketing na qual um gerenciamento bem-feito pode aumentar as vendas em 50%. Este aumento de 50% aumentará a margem de contribuição em 71%, mas aumentar as vendas em 50% pode ser muito difícil e talvez impossível. A segunda opção é a de finanças/contabilidade, em que os custos financeiros são cortados pela metade mediante um bom gerenciamento financeiro. Porém mesmo uma redução de 50% ainda é insuficiente para gerar o necessário aumento da margern de contribuição. Esta aumenta em apenas 21%. A terceira opção é uma opção de GO na qual a administração reduz os custos de produção em 20% e aumenta a margem de contribuição em 114%. Dadas as condições de nosso breve exemplo, a Fisher Technologies aumentou sua margem de contribuição de $10.500 para $22.500 e agora terá um banco disposto a emprestar-lhe novos fundos. O Exemplo 1 ressalta a importância de se desenvolver uma estratégia eficaz para a atividade de operações da empresa. Esta também é a abordagem utilizada por muitas empresas que enfrentam a crescente concorrência global. - O QUE OS GERENTES DE OPERAÇÕES FAZEM Todos os bons gerentes executam as funções básicas do processo de gerenciamento. O processo de gerenciamento consiste em planejar, organizar, recrutar, liderar e controlar. Os gerentes de operações aplicam o processo de gerenciamento às decisões que tomam na função de GO. Os gerentes contribuem para a produção e para as operações por meio das decisões mostradas na Tabela 1.2.O sucesso em cada uma dessas decisões exige planejar, organizar, recrutar, liderar e controlar. Questões típicas relevantes para essas decisões e o capítulo em que cada uma delas é discutida também estão mostrados. Como Este Livro É Organizado As dez decisões mostradas na Tabela 1.2 são atividades exigidas dos gerentes de operações. A capacidade de tomar boas decisões nessas áreas e de alocar recursos para garantir sua execução efetiva contribui consideravelmente para uma função de operações eficiente. O texto está estruturado em tomo dessas 10 decisões. Em toda a extensão do livro, discutiremos os problemas e as ferramentas que auxiliam os gerentes a tomar essas 10 decisões. Também será considerado o impacto que essas decisões podem ter na estratégia e na produtividade de uma empresa. DEZ DECISÕES DE GO: 1 - Gestão da Qualidade 6 - Recursos Humanos 2 - Projeto de Bens & Serviços 7 - Administração da Cadeia de Fornecedores 3 - Estratégia de Processos 8 - Administração de Estoque 4 - Estratégias de Localização 9 - Programação 5 - Estratégias de Arranjo Físico 10 - Manutenção - ORGANIZANDO PARA PRODUZIR BENS E SERVIÇOS Para criar bens e serviços, todas as organizações desempenham três funções (ver Fig. 1.2). Estas funções são os elementos necessários para a sobrevivência da produção e também da organização. São elas: 1. Marketing, que cria a demanda, ou pelo menos obtém os pedidos, de um produto ou serviço (nada acontece até que haja uma venda). 2. Produção/operações, que cria o produto. 3. Finanças/contabilidade, que acompanha o quão bem a organização está indo, paga as contas e arrecada o dinheiro. Universidades, igrejas ou sinagogas e empresas, todas desempenham essas funções. Qualquer instituição, mesmo um grupo de voluntários, como os Boy Couto of. America, é organizada para executar essas três funções básicas. A Fig. 1.2 mostra como um banco, uma empresa aérea e uma empresa de manufatura seorganizam para desempenhar essas funções. As áreas sombreadas da Fig. 1.2 mostram as funções de operações dessas empresas. Fig. 1.2 Organogramas de Duas Organizações de Serviços e Uma de Fabricação (A) Um banco, (B) uma companhia de aviação e (C) uma organização de manufatura. As áreas sombreadas são atividades de GO. - ONDE ESTÃO OS CARGOS DE GO? Como se inicia uma carreira em operações? As 10 decisões de GO identificadas na Tabela 1.2 são tomadas por pessoas que trabalham nos campos mostrados nas áreas sombreadas da Fig. 1.2. Os bons estudantes de administração que conhecem contabilidade, estatística, finanças e GO têm a oportunidade de começar pelos cargos iniciais de todas essas áreas. Enquanto lê este livro, observe os campos que podem ajudá-lo a tomar essas decisões. Em seguida, acompanhe cursos nessas áreas. Quanto maior o conhecimento que um estudante tem sobre contabilidade, estatística, sistemas de informação e matemática, mais oportunidades de emprego estarão à sua disposição. Cerca de 40% de todos os cargos estão em GO. A lista a seguir apresenta algumas áreas nas quais existem oportunidades para os graduados em GO no ano 2000: 1. Tecnologia/métodos. As maiores oportunidades atualmente estão nos campos que fazem uso da tecnologia e das técnicas de melhoria contínua. Esses campos incluem aplicações de computador, manutenção, aprimoramento de processos e ergonomia. 2. Instalações/utilização do espaço: O desenvolvimento de células de trabalho, as melhorias no arranjo físico (layout) dos estoques de matéria-prima, armazenagem, produtos em processo e produtos acabados proporcionam imensas oportunidades. 3. Questões estratégicas: A identificação de novas oportunidades, o fornecimento de uma visão, o desenvolvimento organizacional, os sistemas de medição e de relatórios, benchmarking e a criação e sustentação do bom desempenho são classificados como grandes oportunidades. 4. Tempo de resposta: A rapidez e o tempo de reação de uma organização e seus fornecedores, a redução dos tempos de preparo e o tempo de projeto de produtos são considerados essenciais no acelerado ambiente dos dias de hoje. 5. Desenvolver pessoas/equipe: Por todo o sistema de produção e distribuição, os aspectos de envolvimento e de empowerment, liderança, comunicação e desenvolvimento de equipe são essenciais para as oportunidades de maximização da produtividade. 6. Serviço ao cliente: À proporção que os clientes exigem mais produtos personalizados, que os serviços se tornam mais importantes e que a tecnologia se transforma em um componente maior em muitos produtos, o preenchimento de pedidos, os serviços pós-venda e o tempo útil dos equipamentos tornam-se mais importantes para o sucesso operacional. 7. Qualidade: A qualidade dos produtos e das informações é crucial para o sucesso das operações. 8. Redução dos custos: Como sempre, os gerentes de operações devem concentrar-se em conseguir mais com menos por meio da simplificação, da racionalização do fluxo (streamlining) e da focalização nos recursos para realizar as tarefas com o mínimo de custo. 9. Redução dos estoques e gestão da cadeia de suprimento: A redução e a circulação mais rápida dos estoques através da cadeia de fornecedores, diminuindo os prejuízos e o encolhimento, e o recebimento just-in-time ajudam a liberar recursos para fins mais produtivos. 10. Melhoria da produtividade: O aumento da produtividade é o único meio pelo qual podemos melhorar nosso padrão de vida. É tarefa permanente do gerente de operações verificar se isto está sendo feito. - NOVAS TENDÊNCIAS DA GESTÃO DE OPERAÇÕES Um dos motivos pelos quais a GO é uma disciplina tão estimulante é o fato de o gerente de operações se ver diante de um mundo em contínua mutação. Em conseqüência, a abordagem e os resultados das 10 decisões de GO da Tabela 1.2 estão sujeitos a modificações. Essa dinâmica é resultante de uma variedade de forças, da globalização do comércio mundial à transferência de idéias, produtos e moeda a velocidades eletrônicas. A direção atualmente tomada pela GO de onde vem e para onde vai está mostrada na Fig. 1.3. Agora vamos apresentar alguns dos desafios mostrados na Fig. 1.3. • Foco global: O rápido declínio nos custos das comunicações e dos transportes transformou, naturalmente, os mercados em mercados globais. Mas, ao mesmo tempo, recursos como materiais, habilidades e mão-de-obra também se tornaram globais. Contribuindo para essa rápida globalização estão os países de todo o mundo que estão competindo pelo crescimento econômico e pela industrialização. Os gerentes de operações estão respondendo com inovações que geram e movimentam idéias, peças e produtos acabados com rapidez, onde e quando sejam necessários. • Desempenho just-in-time: Vastos recursos financeiros são comprometidos com os estoques. E estes impedem resposta às dinâmicas mudanças do mercado. Os gerentes de operações estão reduzindo os estoques em todos os níveis, de matérias-primas a produtos acabados. • Parceria na cadeia de fornecedores: Os ciclos de vida mais curtos dos produtos e as rápidas mudanças na tecnologia dos materiais e dos processos exigem maior participação dos fornecedores, que normalmente representam mais da metade do valor dos produtos. Em conseqüência, os gerentes de operações estão criando parcerias de longo prazo com participantes-chave (players) da cadeia de fornecimento. • Desenvolvimento rápido de produtos: A rápida divulgação internacional de notícias, entretenimentos e estilos de vida está reduzindo aceleradamente a vida dos produtos. Os gerentes de operações estão respondendo com tecnologia de projetos mais rápida e gerência de projetos mais eficaz. Customização em massa: Quando começamos a considerar o próprio mundo como mercado, as diferenças individuais tomam-se evidentes. As diferenças culturais, compostas pelas diferenças individuais, em um mundo onde os consumidores estão cada vez mais conscientes das opções, obrigam as empresas a reagir. Os gerentes de operações estão respondendo com processos de produção suficientemente flexíveis para atender aos caprichos individuais dos consumidores. A meta é produzir itens individuais, sempre e quando necessário. • Empowerment: Empregados mais qualificados e um local de trabalho mais técnico combinaram- se para exigir maior competência no trabalho. Os gerentes de operações estão respondendo com a delegação de maior poder de decisão para os funcionários. Esses e muitos outros tópicos que fazem parte dos estimulantes desafios aos gerentes de operações são discutidos neste texto. - OPERAÇÕES NO SETOR DE SERVIÇOS O setor de serviços é definido de maneira diferente por pessoas diferentes. Mesmo o governo dos EUA tem dificuldade em estabelecer uma definição consistente. Como as definições variam, grande parte dos dados e da estatística gerados sobre o setor de serviços é inconsistente. Entretanto, definiremos serviços como englobando reparo e manutenção, governo, alimentação e hotelaria, transportes, seguros, comércio, finanças, imóveis, educação, serviços legais, serviços médicos, entretenimento e outras ocupações profissionais. Diferenças entre Bens e Serviços Vamos examinar algumas das diferenças entre bens e serviços: • Os serviços são normalmente intangíveis (por exemplo, a reserva de um assento disponível em um vôo entre duas cidades), ao contrário de um bem tangível. • Os serviços muitas vezes são produzidos e consumidos simultaneamente; não há estoque armazenado. Por exemplo, o salão de beleza produz um corte de cabelo que é "consumido" simultaneamente, ou o cirurgião executa uma operação que é "consumida" ao mesmo tempo em que é produzida. Ainda não conseguimos imaginar como estocar cortes de cabelo ou apendicectomias. • Os serviços muitas vezes são únicos.Seu mix de cobertura financeira, tais como políticas de investimentos e de seguros, pode não ser o mesmo de mais ninguém, assim como um procedimento médico ou um corte de cabelo feitos em você não são exatamente iguais aos de ninguém. • Os serviços têm alta interação com o cliente. Os serviços muitas vezes são difíceis de ser padronizados, automatizados e tomados eficientes como gostaríamos porque a interação com o cliente exige exclusividade. AULA 03 / 05 - DEFINIÇÃO DE PRODUTIVIDADE E PRODUTIVIDADE - O DESAFIO DA PRODUTIVIDADE A criação de bens e serviços requer a transformação de recursos em bens e serviços. Quanto mais eficientemente fazemos essa transformação, mais produtivos somos. Produtividade é a razão entre as saídas (bens e serviços) e as entradas (recursos, como trabalho e capital) (ver Fig. 1.6). A tarefa do gerente de operações é melhorar essa razão entre saídas e entradas. Melhorar a produtividade significa melhorar a eficiência." Essa melhoria pode ser obtida de duas maneiras: uma redução das entradas enquanto a saída permanece constante, ou um aumento da saída enquanto as entradas permanecem constantes. Ambas as maneiras representam um aumento da produtividade. Em termos econômicos, entradas são terreno, trabalho, capital e gerenciamento, que são combinados em um sistema de produção. A administração cria esse sistema de produção, que proporciona a conversão de entradas em saídas. As saídas são bens e serviços, inclusive itens diversos como armas, manteiga, educação, melhores sistemas judiciais e estações de esqui. Produção é o total de bens e serviços produzidos. Uma alta produção pode significar apenas que mais pessoas estão trabalhando e que os níveis de emprego estão altos (baixo desemprego), mas não implica alta produtividade. A medição da produtividade é um excelente meio de se avaliar a capacidade de um país em proporcionar a seu povo um padrão de vida cada vez melhor. Somente por meio do aumento da produtividade é que se pode melhorar o padrão de vida. Mais ainda, somente através do aumento da produtividade, o trabalho, o capital e a administração podem receber pagamentos adicionais. Se a remuneração do trabalho, do capital ou da administração for aumentada sem que se aumente a produtividade, os preços sobem. Por outro lado, os preços são pressionados para baixo quando a produtividade aumenta, porque está se produzindo mais com os mesmos recursos. Os benefícios do aumento da produtividade estão ilustrados no boxe GO em Ação, "O que Acontece Quando a Produtividade Aumenta?" Durante quase 100 anos, os Estados Unidos foram capazes de aumentar a produtividade a uma taxa média de 2,5% ao ano. Tal crescimento dobrava a riqueza do país a cada 30 anos. Desde o início dos anos de 1970, entretanto, os Estados Unidos não têm conseguido manter esse nível de crescimento da produtividade, e a produtividade tem crescido a uma média de menos de 1,0% ao ano." Do ponto de vista do crescimento econômico, isso é desastroso e explica em parte a preocupação nacional com a "estagnação dos salários" e com as famílias com duas rendas. Não obstante, existem alguns pontos favoráveis no quadro da produção americana. O setor de manufatura, apesar de ser uma parte declinante da economia dos EUA, teve um aumento de produtividade que excedeu 3% ao ano. Por exemplo, os meados dos anos de 1990 marcaram o retomo da indústria siderúrgica dos EUA, que fora considerada liquidada uma década antes. Com os custos em queda e a qualidade crescendo, as usinas de aço americanas agora estão exportando para a Europa e para o Japão. Neste texto, examinaremos como melhorar a produtividade por meio da função de operações. A produtividade é uma questão importante para a sociedade, e os gerentes de operações estão especialmente qualificados para tratar dela. Fig. 1.6 O Sistema EconômicoTransforma Entradas em Saídas Um feedback eficaz avalia o processo de desempenho em relação a um plano. Neste caso, ele também avalia a satisfação do cliente e envia sinais para os que controlam as entradas e o processamento. Medição da Produtividade A medição da produtividade pode ser inteiramente direta. Como no caso da produtividade medida como horas/homem por tonelada de um determinado tipo de aço ou como a energia necessária para gerar um quilowatt de eletricidade." Um exemplo disso pode ser resumido na seguinte equação: A utilização de apenas um recurso de entrada para medir a produtividade, como mostrado acima, é conhecida como produtividade de fator único, Contudo, uma visão mais ampla da produtividade é a produtividade multifatores, que inclui todas as entradas (isto é, trabalho, material, energia, capital). A produtividade multifatores também é chamada de produtividade de fatores totais. A produtividade multifatores é calculada pela combinação das unidades de entrada, como se pode ver a seguir: Para facilitar o cálculo da produtividade multifatores, as entradas individuais (o denominador) podem ser expressas em dinheiro e somadas como no Exemplo 2. A utilização de medidas de produtividade ajuda os gerentes a determinar como está o seu desempenho. A medição da produtividade multifatores proporciona melhores informações sobre os compromissos (trade-offs) entre os fatores, mas os problemas substanciais de medidas subsistem. Alguns dos problemas de medições são: 1. A qualidade pode modificar-se, enquanto a quantidade de entradas e saídas permanece constante. Compare um rádio moderno com um dos anos de 1940. Ambos são rádios, mas poucas pessoas podem negar que a qualidade melhorou. A unidade de medida - um rádio - é a mesma, mas a qualidade mudou. 2. Elementos externos' podem causar o aumento ou a diminuição da produtividade pelos quais o sistema em estudo pode não ser diretamente responsável. Um serviço de energia elétrica mais confiável pode melhorar muito a produção, aumentando assim a produtividade da empresa por causa desse sistema de suporte, e não por causa de decisões gerenciais tomadas na empresa. 3. Podem estar faltando unidades precisas de medida. Nem todos os automóveis precisam dos mesmos insumos: alguns carros são subcompactos, outros são Porsches 911 Turbo. A medição da produtividade é especialmente difícil no setor de serviços, onde o produto final pode ser difícil de definir. Por exemplo, a qualidade do seu corte de cabelo, a sentença de um caso judicial ou o serviço de atendimento em uma loja de varejo são ignorados nos dados econômicos. Em alguns casos, são feitos ajustes visando à qualidade do produto vendido, mas não a qualidade do desempenho de vendas ou uma seleção mais ampla de produtos, cada um dos quais possibilita uma compra mais inteligente por parte do consumidor. Observe a medição da qualidade em um escritório de advocacia, onde cada caso é diferente do outro, alterando a exatidão da medida "casos por hora/homem" ou "casos por empregado". Variáveis da Produtividade Como vimos na Fig. 1.6, os aumentos da produtividade dependem de três variáveis de produtividade: 1. Trabalho, que contribui com aproximadamente 1/6 do crescimento anual. 2. Capital, que também contribui com cerca de 1/6 do crescimento anual. 3. Administração, que participa com aproximadamente 2/3 do crescimento anual. Estes três fatores são essenciais para o aumento da produtividade. Eles representam as áreas em que os gerentes podem agir para aumentar a produtividade. Trabalho O aumento da contribuição do trabalho na produtividade é resultado de uma força de trabalho mais saudável, mais instruída e mais bem-alimentada. Algum aumento também pode ser atribuído a uma semana de trabalho mais curta. Historicamente, cerca de 17% do aumento anual da produtividade são atribuídos à melhoria da qualidade do trabalho. Três importantesvariáveis para o aumento da produtividade do trabalho são: 1. Instrução básica apropriada a uma força de trabalho eficaz. 2. Alimentação da força de trabalho. 3. Ganhos sociais, que tomam a mão-de-obra disponível, como meios de transportes e saneamento. Nos países desenvolvidos, um quarto desafio para a administração é a manutenção e o aperfeiçoamento da qualificação da mão-de-obra em um contexto de rápida expansão da tecnologia e do conhecimento. Dados recentes sugerem que os americanos médios de 17 anos de idade sabem muito menos matemática que os japoneses médios da mesma idade, e cerca de metade não sabe responder às perguntas da Fig. 1.7 Grandes deficiências da qualidade do trabalho enquanto outros países têm uma melhor força de trabalho constituem um sério desafio. (Ver o boxe GO em Ação, "Conseguir um Emprego na Carrier É como Candidatar-se à Faculdade.") Talvez as melhorias possam ser obtidas não somente por meio do aumento da competência da mão-de-obra mas também mediante um quinto item, melhor aproveitamento da mão-de-obra através de forte comprometimento. Treinamento, motivação, horário flexível, preparação de equipes e as estratégias de recursos humanos discutidas no Capo 10, bem como melhor instrução, podem estar entre as muitas técnicas que contribuirão para a maior produtividade do trabalho. Melhorias na produtividade do trabalho são possíveis; entretanto, serão cada vez mais difíceis e mais caras. Capital Os seres humanos são animais que utilizam ferramentas. O investimento de capital proporciona essas ferramentas. O investimento de capital tem crescido nos Estados Unidos a cada ano, com exceção de alguns graves períodos de recessão. O investimento de capital anual nos Estados Unidos cresceu até recentemente a uma taxa de 1,5% do investimento básico. Isso significa que o volume do capital investido depois dos abatimentos de depreciação tem crescido 1,5% ao ano. A inflação e os impostos aumentam o custo do capital, tornando o investimento de capital cada vez mais caro. Quando o capital investido por empregado cai, como tem acontecido nos últimos anos, pode-se esperar uma queda da produtividade. A utilização do trabalho em lugar do capital pode reduzir o desemprego a curto prazo, mas também toma a economia menos produtiva e traz salários mais baixos a longo prazo. Os compromissos (trade-offs) entre capital e trabalho estão sempre em curso. Além disso, quanto mais elevadas as taxas de juros, mais projetos que requerem capital são interrompidos: eles são abandonados porque o potencial retomo sobre o investimento para um dado risco foi reduzido. Os gerentes ajustam seus planos de investimentos às modificações do custo de capital. Administração A administração, ou gerenciamento, é um fator de produção e um recurso econômico. Ela é responsável por garantir que o trabalho e o capital sejam utilizados com eficácia para aumentar a produtividade. A administração responde por aproximadamente dois terços do aumento anual de 1% da produtividade. Inclui as melhorias obtidas por meio da aplicação da tecnologia e da utilização do conhecimento. A aplicação da tecnologia e a utilização de novos conhecimentos exigem treinamento e instrução. Esta última permanecerá sendo um importante item de alto custo nas sociedades pós- industriais. Sociedades pós-industriais são sociedades tecnológicas que requerem treinamento, instrução e conhecimento. Por causa disso, também são conhecidas como sociedades do conhecimento. As sociedades do conhecimento são aquelas em que grande parte da força de trabalho migrou do trabalho manual para tarefas técnicas e de processamento de informações que exigem instrução e conhecimento. Os gerentes de operações eficazes montam forças de trabalho e organizações que reconhecem a permanente necessidade de instrução e conhecimento. Eles asseguram que a tecnologia, a instrução e o conhecimento sejam utilizados eficazmente. A utilização mais eficaz do capital, em oposição ao investimento do capital adicional, também é importante. Como catalisador da produtividade, o gerente tem a responsabilidade de conseguir melhorar a produtividade do capital com as restrições existentes. Os ganhos em produtividade nas sociedades do conhecimento exigem gerentes que estejam à vontade com a tecnologia e a ciência da administração. O desafio da produtividade é difícil. Um país não pode ser um concorrente de classe mundial com entradas de segunda classe. Mão-de-obra sem qualificação, capital inadequado e tecnologia ultrapassada são entradas de segunda classe. Alta produtividade e saídas de alta qualidade exigem entradas de alta qualidade. Embora seu atual crescimento da produtividade seja inferior ao da maioria dos outros países industrializados, os Estados Unidos ainda lideram no produto interno bruto (PIB) per capita. O trabalhador americano continua sendo o mais produtivo do mundo, produzindo uma média de $49.600 em bens e serviços - $5.000 a $10.000 a mais por trabalhador que seus colegas japoneses e alemães. Entretanto, como mostra a Fig. 1.8(b), a liderança americana em produtividade está se estreitando. Aula 04 - OJETIVOS DE AP A AP não funciona ao acaso. Ela precisa ser planejada para atender a dois objetivos simultaneamente. Os dois objetivos da AP são alcançar eficiência e eficácia no processo produtivo. Eficiência e eficácia são dois conceitos importantíssimos na AP. 1. Eficiência: significa a utilização adequada dos recursos empresarias. A eficiência relaciona-se com os meios - métodos, procedimentos, normas, programas, processos etc. Reside basicamente em fazer coisas corretamente, isto é, da melhor maneira possível. Eficiência significa realizar um magnífico trabalho em si. Produzir com eficiência significa utilizar métodos e procedimentos adequados de trabalho, executar corretamente a tarefa, aplicar da melhor maneira possível os recursos da empresa. 2. Eficácia: já a eficácia está ligada aos fins, isto é, aos objetivos que a empresa pretende alcançar por meio de suas operações. Reside basicamente em fazer coisas que são importantes e relevantes para os resultados, ou seja, para os objetivos. Produzir com eficácia significa executar aquelas tarefas que são importantes para o negócio. A AP busca fazer com que a produção seja eficiente e eficaz simultaneamente. Eficiência e eficácia juntas recebem o nome de excelência. Mas tudo é muito relativo. Muitas vezes a produção chega a ser eficiente, mas não alcança a necessária eficácia. Isso acontece quando a execução das tarefas é bem feita, mas não chega a atingir as metas de produção desejadas pela empresa. Outras vezes, a produção não é eficiente, mas se toma eficaz porque se traduzem bons resultados. Isso acontece quando as tarefas são.realizadas de maneira precária, mas os resultados atingidos satisfazem as metas estabelecidas pela empresa. Como melhorar a eficiência? Dois aspectos são importantes quando se trata de eficiência: 1. Racionalização: é a técnica que procura os métodos e processos mais adequados ao trabalho. Graças à racionalização pode-se desenhar um processo produtivo mais rápido e eficiente, com menores custos de produção, redução de estoques, redução de trabalho na produção etc. 2. Produtividade: a produtividade é uma decorrência da eficiência. À medida que a produção é eficiente, ela alcança maiores níveis da produtividade. Produtividade é a relação ótima entre insumos e resultados, isto é, entre custos e benefícios, entre recursos aplicados e o volume produzido.Uma máquina é mais produtiva que outra na medida em que consegue produzir maior quantidade de peças no mesmo período. Um operário é mais produtivo do que outro quando produz mais no mesmo período e utilizando os mesmos recursos de produção. Aumentar a produtividade significa aumentar a produção sem aumentar ovolume de recursos, isto é, sem aumentar o número de máquinas ou operários. A produtividade pode ser elevada por meio da racionalização, de novas tecnologias, da mecanização, do treinamento do pessoal, da melhor organização do trabalho etc. É a produtividade que permite a competitividade da empresa. Uma empresa é competitiva em relação às outras quando consegue gerar produtos de melhor qualidade, maior utilidade e com custos menores. A competitividade é a melhor arma para a empresa lidar com seus concorrentes e sobressair-se no mercado. AULA 06 - PROJETO E MEDIDA DO TRABALHO 1. Introdução É sem dúvida um truísmo dizer que as organizações dependem de seus funcionários. Ninguém duvida que empregados bem motivados, entrosados com os objetivos da organização e preocupados com a produtividade, sejam um fator tão importante que pode até mesmo influir decisivamente na competitividade da organização. Todos sabem também que há uma zona de conflito potencial entre o elemento humano e a organização. Os objetivos e as necessidades individuais não necessariamente são concordes com os objetivos da empresa. Muitas vezes, os métodos de trabalho que conduzem à maior produtividade são exatamente aqueles que mais desagradam às pessoas. Certos objetivos, como a redução de custos, são claramente contrários a outros, como o aumento salarial, por exemplo. Mesmo que sejam eliminadas outras fontes de atrito, ainda assim o empregado pode não gostar do que faz, ou da maneira como o faz. Há cerca de duas décadas, um relatório ficou famoso nos Estados Unidos. Elaborado por uma força tarefa da Secretaria da Saúde, Educação e Bem-Estar daquele país, o relatório recebeu o nome de Work in America e foi publicado em 1973 pelo Upjohn Institute for Employement Research. A grande conclusão era a de que os trabalhadores estavam insatisfeitos com o seu trabalho, no sentido de que ele era cansativo, monótono e desinteressante. Isso acontecia mais especialmente, como seria de se esperar, com os operários das linhas de montagem - sobre a qual conta-se que Henry Ford teria dito ser uma bênção dos céus para os trabalhadores com pouco cérebro. Além disso, o relatório apontava que os empregados apreciariam possuir uma maior autonomia de decisão sobre o seu próprio trabalho, ou seja, gostariam de poder opinar como fazê-lo ou como modificá-lo. Fica claro que não podem ser comparados diretamente os problemas de operários norte- americanos e brasileiros. O relatório retrata a situação e os problemas de operários que têm um padrão de vida muito superior em relação aos nossos, o que faz com que suas necessidades sejam simplesmente diferentes, ou antes, a prioridade colocada sobre certos elementos é diferente. O problema fundamental do operário brasileiro, como classe, é o salarial. Relativamente pouca atenção tem sido dada a questões como conforto e segurança no trabalho (a esse respeito, ver Gozzi, 1991). Deixar de lado tais problemas de adequação ao trabalho apenas porque existem outros talvez mais imediatos seria porém um erro. O problema homem - trabalho deve ser atacado dentro de uma companhia antes mesmo que se torne crítico, até mesmo antes que se manifeste, em nível preventivo. Não é inteligente acrescentar à eventual insatisfação salarial, e ao despreparo técnico, mais uma fonte de problemas ligados à insatisfação com o trabalho em si. 1.1. Conceito de Projeto do Trabalho A palavra trabalho tem vários sentidos e até agora a usamos de forma vaga, significando "aquilo que o indivíduo faz dentro de uma organização". De uma forma mais restrita, entendemos como trabalho o conjunto específico de tarefas de cada empregado. Essas tarefas estão ligadas geralmente por uma certa similaridade, embora possa acontecer de alguém desempenhar grupos de tarefas radicalmente diferentes, caso em que estaria desempenhando dois ou mais "trabalhos" diferentes. Supondo que essa seja a exceção e não a regra, associaremos a cada indivíduo um conjunto específico de tarefas, às quais damos o nome de trabalho. Por outro lado, vários indivíduos em uma mesma organização podem ser responsabilizados por trabalhos idênticos, ou seja, o número de diferentes trabalhos é menor ou igual ao número de funcionários. Qualquer organização tem, portanto, um conjunto de trabalhos, espalhados de acordo com certos critérios pelas várias unidades funcionais. O projeto do trabalho diz respeito exatamente à especificação dos conteúdos e dos métodos associados a cada um desses trabalhos. O objetivo do projeto do trabalho é criar um ambiente produtivo e eficiente, onde cada um saiba o que fazer e como fazê-lo. O projeto de um particular trabalho pode conduzir a mais de uma alternativa de execução; ter mais de uma alternativa disponível é desejável, na medida em que se deve levar em consideração, quando do projeto de um particular trabalho, quais os custos envolvidos em cada alternativa, qual a produtividade que se espera alcançar e quais as implicações sobre o conforto e o bem-estar do funcionário que fará o trabalho. Desta forma far-se-á a escolha. Como vemos, o projeto do trabalho responde quem fará o trabalho (não nomeando um funcionário, mas sim dando as características gerais de habilidade requisitadas para o trabalho), como o fará (ou seja, o método de trabalho) e onde o fará (máquina ou máquinas, setor, divisão, etc.). Pela sua própria natureza, ou seja, pelas perguntas que deve responder, o projeto do trabalho pode ser visto de três diferentes ângulos, complementares entre si. Tais ângulos equivalem a responder às seguintes perguntas fundamentais: a) quais os requisitos do projeto do trabalho em relação à satisfação, conforto e bem-estar dos funcionários; b) como sistematizar a busca dos métodos de trabalho, isto é, quais são as técnicas disponíveis tanto para documentar um método atual como para propor outros métodos alternativos; c) como efetuar a medida do trabalho, ou seja, os registros do tempo necessário para fazer o trabalho, de maneira que possam ser estabelecidos padrões de tempo (no final das contas, de eficácia) contra os quais comparar o desempenho dos empregados. Ao longo do presente século, pode-se dizer que o projeto do trabalho recebeu grande influência de duas diferentes correntes de pensamento, baseadas em duas concepções do homem em si e quase que radicalmente opostas. De um lado temos a corrente mecanicista ou objetiva, inspirada nos trabalhos do engenheiro norte-americano Frederick W. Taylor e seus seguidores, que se tornaram mundialmente conhecidos em princípios do século. Em poucas palavras, pode-se dizer que esse é um movimento de racionalização do trabalho, tendo como princípio uma adequação perfeita entre o homem e a máquina. De outro lado temos a corrente comportamental ou humanista, que nasceu como uma reação ao movimento taylorista e divulgou-se a partir da década de 30, sendo conhecido como o movimento de relações humanas, a partir dos trabalhos de George Elton Mayo, de Harvard. Hoje em dia, o moderno projeto do trabalho não só incorpora conceitos e ensinamentos de ambos os movimentos, como também abriu-se a idéias novas, que vão além das duas correntes originais. Para dar ao leitor uma idéia sobre a diferença de enfoque das duas correntes, comecemos pela visão que cada uma delas coloca sobre o projeto do trabalho. A escola objetiva focaliza-se sobre a tarefa a ser desempenhada e sobre a relação puramente física entre a tarefa e o indivíduo que vai desempenhá-la. O indivíduo é visto de forma neutra, motivado apenas por ganhos pecuniários. O funcionário fará melhor seu trabalho se souber que irá ganhar mais com isso. Necessidades físicas e conforto são importantes, mas as necessidades psicológicas desempenham um papel menor. A corrente comportamental, por sua vez, considera como foco de atenção o próprioindivíduo, suas necessidades físicas e psicológicas, seu bem-estar e sua satisfação com o trabalho que faz. É por isso que é chamada também de corrente humanista, já que, ao colocar o homem como centro do problema do projeto do trabalho, as necessidades psicológicas ganham prioridade sobre o ajustamento entre o homem e a máquina. É um erro muito grosseiro, que muitos profissionais fazem, o de considerar a corrente objetiva como o enfoque típico dos engenheiros, enquanto que a corrente humanista seria o enfoque dos profissionais de ciências humanas em geral. Essa visão das coisas é arcaica, esquemática demais e conseqüentemente irrealista. Historicamente,é verdade que a corrente objetiva é um produto do trabalho de engenheiros, como o é muito do que se fez em administração nos primórdios do século. Àquela época, no entanto, as ciências humanas tinham um grau quase embrionário de desenvolvimento, pelo menos no que se refere às relações entre o empregado e a empresa onde trabalha. Os engenheiros da época foram influenciados por uma crença muito forte no método científico e no poder dos dados experimentais como tal. A mesma influência fez-se sentir sobre os psicólogos. Filosoficamente, o chamado movimento behaviorista (em Psicologia) de Watson, apresenta muita semelhança com os trabalhos de Taylor e seguidores, sendo da mesma época. Pensar que engenheiros de hoje raciocinam como os do início do século seria uma grande tolice. Voltando às correntes objetiva e humanista: como o enfoque básico é totalmente diferente, essa diferença acaba se espalhando por vários aspectos do projeto do trabalho. Assim, a corrente objetiva conduz a métodos de trabalho altamente estruturados, fixos, enquanto que a corrente humanista permite uma abordagem onde a liberdade do funcionário para fazer o seu trabalho é muito maior. A descrição do trabalho deve ser detalhada se o enfoque é objetivo e pode ser mais flexível se o enfoque é humanista. A corrente humanista considera, inclusive, que a motivação do funcionário vai muito além dos aspectos estritamente pecuniários, colocando grande destaque sobre a satisfação do indivíduo com o seu trabalho, com a sua organização e seu sentimento de utilidade e de pertencer a um grupo. Contra o impulso ingênuo de optar por uma corrente ou outra, de forma radical, há o fato de que existem empresas que funcionam bem com um ou outro enfoque preferencialmente. Não há dúvida porém de que a movimentação dos últimos anos tem dado mais e mais atenção ao enfoque humanista, com apoio à maior participação do funcionário no projeto do seu próprio trabalho, através de um grau maior de liberdade e envolvimento. Retomaremos ainda a esse assunto. 1.2. O que é Especialização? As características fundamentais da corrente objetiva, ao colocar ênfase sobre a tarefa a ser executada e ao procurar adequar o homem à tarefa, fazem com que naturalmente sejamos conduzidos até a especialização dos trabalhadores. Especialização é aqui a palavra usada para indicar o processo de estreitar cada vez mais a amplitude de um determinado trabalho. A especialização é uma das palavras de ordem do mundo moderno. Não se caracteriza um engenheiro, por exemplo, a menos que se diga o ramo da engenharia onde se especializou: engenharia civil, elétrica, mecânica, química, etc. Dentro de uma certa especialidade, o engenheiro, como outros profissionais, acabará envolvido com partições menores do seu campo de ação, conforme a empresa onde trabalhe e suas particulares funções dentro da mesma. O historiador, em outro exemplo, será designado como especialista em História Moderna, Antiga ou Medieval, entre outras; dentro dessas especialidades, poderá ater-se a um período de tempo ou a uma temática em particular. É neste sentido que dizemos que a especialização é um fenômeno corriqueiro e definitivo em nossos dias. Quando se fala em especialização de um trabalho, dentro de uma instalação fabril ou de serviços, o sentido que queremos dar à palavra é ligeiramente diferente daquele que definimos para o engenheiro ou historiador. Na verdade, indicamos com o termo trabalhos de amplitude cada vez menor: pode tratar-se de um operário especializado na operação de uma máquina, num pequeno conjunto de operações ou até mesmo numa única operação isolada. A popular figura caricata do operário que aperta um único tipo de parafuso milhares de vezes ao dia seria o limite teórico à especialização, imortalizado no filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin. Embora as raízes da especialização tenham já milhares de anos, ela atingiu sua consecução prática, com todo o vigor, a partir do início do século, com o movimento taylorista, ao qual já nos referimos. A racionalidade para a especialização está na crença de que, quanto mais concentrados os esforços do indivíduo, mais produtivo ele será no seu trabalho. A linha de montagem é a própria imagem viva da especialização e, como foi visto, tem sido objeto de críticas por parte dos operários que nela trabalham (e de outras pessoas também). A especialização torna mais difícil a motivação para o trabalho, que passa a oferecer pouca oportunidade de auto- realização e mesmo de promoções. O resultado pode ser, e com freqüência tem sido, a insatisfação, o absenteísmo e a alta rotação de pessoal (turnover). Entre as vantagens da especialização, além da alta produtividade a que conduz (mesmo descontando os fatores adversos, pelo menos a curto prazo), contam-se a facilidade para o treinamento (que incide sobre uma faixa estreita de atividades), o pouco esforço mental que exige do trabalhador e o baixo nível de habilidade em geral requerido (embora haja tarefas altamente especializadas que chegam às raias da loucura em termos do que exigem de esforço mental e habilidade). Além de tudo, os custos são baixos e não se força o indivíduo a assumir grandes responsabilidades. Ocorre que, modernamente, e nisto muito ajudou a corrente humanista, admite- se que as pessoas (se não todas, pelo menos a maioria) não buscam esse tipo de condições. A consciência dos trabalhadores leva-os a desejarem trabalhos cada vez mais desafiantes, que exijam esforço mental e que envolvam responsabilidades, exatamente o oposto do que pode oferecer a especialização levada ao exagero. Várias tentativas têm sido feitas no sentido de assegurar ao trabalho essas novas condições, como veremos na seção seguinte. 2. Projeto do Trabalho e Satisfação dos Empregados Como comentado, trabalhos que são muito especializados, consistindo de algumas poucas atividades e altamente repetitivos, tendem a gerar insatisfação, absenteísmo e às vezes também baixa produtividade, embora sejam projetados principalmente para aumentar a eficácia do trabalhador.Uma das opções que tem a empresa para motivar o funcionário é o apelo a aumentos salariais e prêmios por produção e aumentos de produtividade. Essa opção muitas vezes tem excelentes efeitos, mas não pode ser usada indefinidamente. Torna-se necessário idealizar outras formas de despertar a motivação dos trabalhadores. A essas outras formas podemos chamar genericamente de técnicas motivacionais. 2.1. Algumas Técnicas Motivacionais As técnicas motivacionais de que nos ocuparemos procuram, de alguma forma, alterar o trabalho de maneira a torná-lo mais atraente. Podemos dividi-Ias em duas categorias principais: a) técnicas que aumentam a variedade do trabalho; b) técnicas que atuam sobre a duração do trabalho. Entre as técnicas que aumentam a variedade do trabalho, podemos citar entre as mais representativas: ampliação do trabalho: consiste em dar ao trabalhador uma porção maior da tarefa total, ou então adicionar mais tarefas àquelas que o trabalhador já tem. Em geral, o trabalho adicional não exige maior habilidade do trabalhador do que aquela que era anteriormente exigida, ou seja, o trabalho adicional situa-se geralmenteno mesmo nível e responsabilidade que o anterior. Pode-se dizer que se trata de um aumento horizontal de carga para o trabalhador. rotação do trabalho: neste caso, os trabalhadores trocam periodicamente de funções entre si. Este procedimento tem sido usado para aumentar a aprendizagem de novos funcionários, habilitando-os a conhecer diversas áreas da instituição. Esse conhecimento tende a criar um ambiente de melhor entendimento entre as áreas funcionais ou setores da empresa. Além de proporcionar uma visão de conjunto da organização, a técnica permite que trabalhadores sejam facilmente substituídos em caso de emergência. enriquecimento do trabalho: corresponde a um aumento de carga vertical no trabalho. Aumenta o nível de envolvimento do trabalhador no planejamento e na coordenação de suas tarefas, possibilitando-lhe um importante crescimento de ordem psicológica. As raízes do enriquecimento do trabalho encontram-se no estudo de Herzberg (1968), hoje um clássico na literatura administrativa. Herzberg advoga que existem fatores que inibem a satisfação do trabalhador, denominados por ele de fatores de higiene. A presença de fatores como boas condições de trabalho e ambiente, salários justos e supervisão adequada, é imprescindível para que haja condições de satisfação. Esses fatores em si não promovem a satisfação, mas a sua ausência a inibe. Por outro lado, fatores como oportunidade de auto-realização, reconhecimento pela qualidade e dedicação no trabalho, a atratividade do próprio trabalho em si e a possibilidade de desenvolvimento pessoal e profissional do trabalhador são motivadores em essência. Recebem o nome de fatores de motivação. Por outro lado, uma das técnicas mais conhecidas, que atua sobre a duração do trabalho, é o chamado tempo flexível. A técnica do tempo flexível dá ao trabalhador a oportunidade de programar suas próprias horas de trabalho. Tem sido usada para nivelar a carga de trânsito (horários diferentes de entrada e saída de funcionários), de estacionamento, capacidade de restaurantes e lanchonetes, etc. Possui a evidente desvantagem da coordenação das atividades que devem ser feitas em conjunto e exigem que vários trabalhadores apresentem-se ao mesmo tempo para o trabalho. É freqüentemente usada para reposição (antecipada ou não) de horas de trabalho quando se deseja proporcionar folga aos empregados em dias específicos não feriados. Estudo muito importante foi realizado por Hackman, Oldham, Janson e Purdy (1975). Esses autores apontam três elementos psicológicos da motivação: o trabalho deve ser sentido pelo trabalhador como útil, atraente e com sentido; o trabalhador deve assumir responsabilidade pelos resultados e, finalmente, o trabalhador deve ser informado sobre esses resultados. De forma geral, esses elementos estarão presentes em trabalhos que requeiram variedade de habilidades por parte do trabalhador, que deve ser o responsável total pelo planejamento das tarefas, com grande liberdade de programação, seguida de rápido conhecimento dos resultados (feedback). 2.2. O sistema sócio-técnico A idéia de que uma organização apresenta dois sistemas em sua composição - um social e outro técnico - foi lançada por Trist e seus colaboradores (Trist et aI., 1963). O sistema técnico refere-se ao aparato físico - máquinas e equipamentos - e aos conhecimentos tecnológicos envolvidos no processo de produção da empresa. Por seu turno, o sistema social incorpora as organizações formal e informal dos grupos de trabalho. O sistema sócio-técnico - fusão dos dois sistemas apresentados - diz respeito a um projeto de trabalho que procure equilibrar as qualidades sociais e humanas dos trabalhadores com as pressões e necessidades tecnológicas do ambiente.A ênfase do sistema social é o trabalhador e a qualidade do ambiente de trabalho. A preocupação com esses fatores deve ser equilibrada com a atenção dada ao equipamento, à tecnologia e aos processos de produção. De certa forma, isso leva a uma relativa necessidade de liberdade para que os trabalhadores possam opinar sobre a forma de fazer o trabalho e também para que se auto- organizem. Nem todas as empresas estão preparadas para conceder essa liberdade, assim como nem todos os trabalhadores estão preparados para tê-la. Desta maneira, muita controvérsia tem cercado o problema. Ao que tudo indica, o receio dos gerentes em compartilhar de sua autoridade com os empregados tem sido um dos maiores obstáculos. 3. Análise de Métodos de Trabalho É prática corrente de muitas organizações a análise de métodos de trabalho, tanto em se tratando de trabalhos que já estão sendo realizados como de trabalhos que ainda estão sendo projetados. Em organizações industriais, essa análise geralmente fica a cargo de um setor designado como Métodos e Sistemas, Tempos e Métodos ou alguma variante envolvendo essas palavras. Ainda de forma genérica, esse setor costuma subordinar-se à Engenharia de Fábrica, Engenharia Industrial ou Engenharia de Manufatura, entendendo-se essas três denominações como sinônimos aproximados. No caso de instalações de serviços, provavelmente o setor encarregado será o de Organização e Métodos ou equivalente. O profissional encarregado da análise, conforme o caso, pode ser designado como analista de tempos e métodos, analista de organização e métodos ou formas semelhantes. De qualquer forma, embora a análise de métodos apresente particularidades conforme o tipo de empresa, boa parte da metodologia de trabalho se conserva em situações variadas. Se o trabalho já estiver sendo feito, o analista de métodos estará provavelmente interessado em melhorá-lo a partir de algum critério, geralmente ligado direta ou indiretamente à produtividade. Tem-se demonstrado que uma análise criteriosa pode aumentar em muito a produtividade, podendo- se, segundo alguns especialistas, chegar a um valor médio de 15% de aumento, sem que se introduza nenhum equipamento, apenas com a análise racional. Esse número é evidentemente sujeito ao debate, mas a experiência mostra que sempre alguma melhoria de produtividade é possível, a baixo custo, principalmente se a empresa nunca ou raramente utilizou-se da análise de métodos. Pode-se trabalhar a partir de uma visão mais abrangente do trabalho, com a análise de várias operações inicialmente (macro visão) e, em seguida, atacar detalhes específicos, tais como o arranjo das ferramentas e utensílios no local do trabalho e os movimentos do operador ao realizar o seu trabalho. Existem muitas fontes a partir das quais torna-se necessária uma análise de métodos. Alguns dos eventos mais comuns que conduzem a um estudo de métodos são as mudanças nos equipamentos e/ou nas ferramentas, as alterações no projeto do produto ou do processo e a utilização programada de novos materiais. Quais são outros critérios que justificam que um determinado trabalho seja escolhido para estudo? Pode ser que exista uma solicitação de algum gerente ou supervisor, a partir da constatação de algum tipo de problema. Pode acontecer também que a análise faça parte de algum plano mais geral de revisão de métodos e/ou melhoria da produtividade. Sempre serão candidatos potenciais a um estudo quaisquer trabalhos altamente repetitivos, ou que apresentem uma dependência muito grande do elemento humano, ou ainda problemas de segurança e condições desagradáveis para o operador (ruído, poeira, etc.). Qualquer que seja a forma pela qual nasceu o estudo, existe uma seqüência mais ou menos fixa de passos que devem ser seguidos ao se empreender uma análise de métodos. A seqüência é a seguinte: a) em primeiro lugar, deve-se identificar a operação a ser estudada. Isso implica em conhecer o local de trabalho, obter informações sobre os equipamentos e ferramentas utilizados, discriminar as etapas em que o trabalho se divide, identificar os materiais que são usados, medir as distânciasenvolvidas, e assim por diante, coletando todas as informações que o analista julgue necessárias para o seu entendimento da situação; - b) quer a operação já esteja sendo feita, quer esteja apenas projetada, a discussão com operários encarregados e seus supervisores pode lançar muita luz sobre particularidades importantes para o analista. Esta é uma segunda etapa, que na verdade não se completa, no sentido de que tais diálogos provavelmente persistirão até o final do projeto; c) o passo seguinte é a documentação da operação, feita geralmente com o auxílio de fluxogramas. Se a operação já existir, um fluxograma inicial mostrará o método atualmente usado, que deverá ser objeto de estudos buscando melhorias. Estas melhorias podem tanto se refletir na qualidade do produto final, como na produtividade, como em ambas. Se a operação ainda não existe, estando no plano da previsão, ainda assim a documentação é necessária, o que pode ser feito a partir das informações já existentes; d) segue-se a análise do método atual, a proposição de um novo método melhorado (se necessário, evidentemente) e a sua justificativa; e) implantação do novo método e acompanhamento para verificar se as mudanças previstas estão sendo realmente seguidas. Comentamos acima que a documentação da operação é feita através de fluxogramas. Há muitos tipos de fluxogramas que podem ser utilizados, além do que a empresa pode desenhar outros que lhe sejam mais úteis. De uma forma geral, o fluxograma, qualquer que seja ele, mostra o que acontece durante uma operação ou seqüência de operações. Dentre esses muitos tipos, veremos dois, de larga aplicação: o fluxograma do processo e o diagrama homem-máquina. 3. 1. O Fluxograma do Processo O fluxograma do processo é uma representação gráfica do que ocorre com o material, ou conjunto de materiais, incluindo peças e subconjuntos de montagem, durante uma seqüência bem definida de fases do processo produtivo. Por esse motivo, às vezes o fluxograma é chamado de "fluxograma do material em processo". Quando se trata da representação de montagens, muitos usam a designação de "diagrama de montagem". A representação gráfica inclui cinco tipos de eventos, cujos nomes, símbolos e caracterizações são os seguintes: Operação (Símbolo = O): considera-se que um objeto (peça, subconjunto, produto ou outro material qualquer) sofre uma operação quando ocorrer uma das condições seguintes: a) alteram-se as suas características físicas ou químicas; b) ele é montado ou separado de outro objeto; c) ele é preparado para outro evento seguinte. Em alguns casos, principalmente quando se trata de fluxogramas envolvendo documentos, considera-se que ocorre uma operação toda vez que existe algum tipo de cálculo, preenchimento de documentos ou planejamento, ou ainda quando uma informação é dada ou recebida. Transporte (Símbolo = ): toda vez que se desloca um objeto de um local para outro, ocorre um transporte. Por outro lado, deslocamentos intrínsecos a uma operação, ou que ocorrem no próprio local de trabalho, não são considerados como transporte no fluxograma do material. Inspeção (Símbolo = ): a inspeção consiste em examinar um objeto, tanto para identificação,como para contagem ou verificação de qualidade. Estocagem (Símbolo = ): ocorre quando um objeto é retido intencionalmente para uso posterior, em instalações apropriadas ou não. Demora (Símbolo = ): Uma demora é uma retenção não intencional do objeto, ou seja, uma retenção que não faz parte teoricamente do processo de produção, impedindo o próximo passo no andamento do fluxo. Em algumas situações, pode se tornar difícil distinguir entre uma demora e uma estocagem. Na maior parte dos casos, isso não acarreta grandes dificuldades posteriores, já que o analista estará provavelmente interessado tanto em reduzir as demoras como as estocagens. A Figura 10.1 ilustra os eventos e seus símbolos na construção de um fluxograma do processo, enquanto que a Figura 10.2 apresenta um exemplo simples de fluxograma. Os analistas freqüentemente utilizam na análise do processo um conjunto de questões que servem de guia. Algumas das questões mais representativas são as seguintes: I. É possível realizar mais economicamente a operação, variando os equipamentos, as ferramenta sou os acessórios? II. O arranjo físico do local de trabalho pode ser melhorado? III. As condições de trabalho (ruído, ventilação, poeira, iluminação, etc.) são satisfatórias? IV. Como podem as perdas e os produtos defeituosos serem reduzidos? V. Podem as distâncias percorridas pelo material serem reduzidas? VI. Pode o manuseio de materiais ser reduzido? VII. Atividades similares podem ser agrupadas? VIII. É possível programar melhor a entrega de materiais, de forma a reduzir ou eliminar os tempos de estocagem? IX. A estocagem está sendo feita de forma a preservar o material contra quebras e deterioração? X. As instruções para os operadores são adequadas? 3.2. O Diagrama Homem-Máquina O diagrama homem-máquina é uma representação gráfica que envolve um ou mais operadores, trabalhando em uma ou mais máquinas. No decorrer de uma operação completa, o diagrama mostra tanto as atividades isoladas do homem e da máquina como as atividades combinadas ou as esperas de um e outro. Pode-se assim determinar qual a proporção de tempo (em relação ao total da operação) em que o homem e a máquina encontram-se trabalhando ou esperando. A partir daí, é possível propor melhorias que aumentem o tempo útil de trabalho, e conseqüentemente a produtividade associada à operação. Para representar os eventos, uma convenção usual é a seguinte: 3.3. Estudo de Movimentos O estudo de movimentos, introduzido por Frank Gilbreth (um dos seguidores do trabalho de Frederick Taylor ao início do século), visa ao estudo dos movimentos do corpo humano durante uma operação. São dois os objetivos básicos do estudo de movimentos: em primeiro lugar, ele procura eliminar movimentos desnecessários e, em segundo, determinar a melhor seqüência de movimentos de forma a se atingir maior produtividade do operário. Certas técnicas e princípios de racionalização têm sido usados em estudos de movimentos. São eles: a) Princípios de economia de movimentos b) Análise de operações usando therbligs, inclusive com auxílio de filmes c) Diagramas do operador 3.3.1. Princípios de Economia dos Movimentos Quando desenvolve métodos de trabalho que visam à eficiência dos movimentos do operador, de uma maneira geral o analista estará preocupado em eliminar movimentos desnecessários, em reduzir a fadiga do operador, em melhorar o arranjo do local de trabalho e em buscar o melhor desenho para as ferramentas e o equipamento. Os princípios de economia de movimentos servem justamente como uma espécie de lista de sugestões para tornar os movimentos mais eficientes. Eles são organizados em três categorias: princípios para o uso do corpo humano, para a organização do local de trabalho e princípios para o desenho de ferramentas, dispositivos e equipamento. Em cada uma dessas categorias, os princípios, como propostos pelo famoso especialista Ralph Barnes (ver referências bibliográficas), são os seguintes: a) Uso do Corpo Humano 1. Ambas as mãos devem começar e terminar os movimentos ao mesmo tempo. 2. Ambas as mãos não devem ficar ociosas ao mesmo tempo, exceto em períodos de descanso. 3. Os movimentos dos braços devem ser feitos em direções simétricas e opostas ao mesmo tempo. 4. Deixe para as mãos e o corpo os movimentos mais simples com os quais seja possível fazer o trabalho. 5. Use a cinética onde for possível para ajudar a operador, mas reduza-a a um mínimo se ela exigir esforço muscular. 6. Use movimentos contínuos e suaves das mãos de preferência a movimentos em linha reta, que envolvemmudanças bruscas de direção. 7. Lembre que movimentos balísticos são mais rápidos, mais fáceis e mais precisos do que movimentos controlados. 8. Arrange o trabalho de forma a permitir o uso do ritmo natural tanto quanto possível. 9. Conserve as fixações dos olhos tão próximas e tão poucas vezes quanto possível. b) Organização do Local de Trabalho 10. Conserve todas as ferramentas em um local fixo e definido. 11. Conserve ferramentas, materiais e controles próximos do local de uso. 12. Use alimentação de material por gravidade próxima ao ponto de uso. 13. Use entregas por queda sempre que possível. 14. Localize os materiais e as ferramentas de forma a permitir a melhor seqüência de movimentos. 15. Providencie boa iluminação, aquecimento e ventilação. 16. Arranje a altura da bancada de trabalho e do assento de maneira a que levantar e sentar seja feito facilmente. 17. Providencie um assento que permita boa postura para o operador. c) Desenho de ferramentas, dispositivos e equipamento 18. Libere as mãos de todo o trabalho que possa ser feito com vantagem por algum acessório comandado pelo pé. 19. Combine duas ou mais ferramentas sempre que possível. 20. Preposicione ferramentas e materiais para reduzir os movimentos de busca, encontro e seleção tanto quanto possível. 21. Distribua a carga em cada dedo de acordo com a capacidade inerente dos dedos. 22. Localize alavancas, barras e volantes manuais de forma que o operador possa manipulá-los com mudanças mínimas na posição do corpo e com a máxima vantagem mecânica. 3.3.2. Análise de Operações Usando Therbligs A designação "therblig" vem do nome de Gilbreth escrito ao contrário, exceto pelo "th". Os therbligs são movimentos elementares, muito pequenos e breves, também chamados de micromovimentos. Uma dada operação, para ser analisada, deve ser decomposta nesses movimentos,após o que são buscadas melhorias através da eliminação, combinação ou rearranjo desses movimentos elementares. Existe um auxílio gráfico, chamado diagrama Simo, onde são registrados os movimentos da mão direita e da mão esquerda do operador, utilizando para tanto os therbligs. A palavra Simo vem de Simultaneous Motion, já que são registrados ao mesmo tempo os movimentos das duas mãos. Os diagramas Simo são usados em operações curtas e repetitivas, o que se justifica levando em conta que são definidos 17 therbligs, o que torna o diagrama de qualquer operação bastante detalhado. Os 17 therbligs são: Procurar, Selecionar, Agarrar, Transportar vazio, Transportar carregado, Segurar, Aliviar carga, Posicionar, Preposicionar, Inspecionar, Montar, Desmontar, Usar, Atraso inevitável, Atraso evitável, Planejar e Descansar. Embora seja cansativo fornecer a definição de todos esses therbligs, eis alguns exemplos: - Procurar significa "caçar" um item com as mãos ou os olhos; - Selecionar significa escolher um objeto a partir de um grupo de objetos; - Agarrar significa segurar um objeto fechando os dedos em seu redor; - Transportar vazio indica o movimento da mão, desocupada, para alcançar um objeto; - Transportar carregado indica o movimento de um objeto de um ponto para outro, com as mãos, os dedos, ou por outros movimentos; - Aliviar carga significa depositar o objeto. Para construir um diagrama Simo, o analista deve observar o operador e registrar os seus movimentos. O que ocorre é que os therbligs são movimentos tão rápidos (às vezes, de poucos milésimos de minuto) que fica difícil ao analista registrá-los corretamente através de uma simples observação direta. Por esse motivo, é habitual filmar-se a operação e depois projetar o filme quadro por quadro. Os movimentos elementares podem então ser identificados e, como se conhece a velocidade de filmagem, também a sua duração fica determinada. O uso de filmes para a análise de movimentos foi introduzida por Frank Gilbreth e sua esposa Lillian. Apesar do custo envolvido na filmagem, atualmente, esse uso não se restringe ao ambiente industrial, mas tem se revelado muito útil para treinamento e análise de movimentos em áreas como esportes e medicina. AULA 07 - PROJETO E MEDIDA DO TRABALHO - CONTINUAÇÃO 4. Medida do Trabalho Até o momento, estudamos o trabalho sob o ponto de vista de como deve ser feito Vimos como se procura adaptar o trabalho tendo em vista a satisfação dos empregados e como se pode analisá-lo através de fluxogramas do processo, diagramas homem-máquina e estudo de movimentos do operador. A nossa intenção agora é a de medir o trabalho, ou seja, determinar o intervalo de tempo que uma operação leva para ser completada. Para cada operação iremos definir um tempo padrão, que é obtido após uma série de considerações, tanto sobre o operador como sobre o método de trabalho seguido. A determinação do tempo padrão para se efetuar uma tarefa possui pelo menos duas grandes utilidades: I. serve para estudos posteriores que visem determinar o custo industrial associado a um dado produto; Il, serve para avaliar, pela redução ou não do tempo padrão, se houve melhoria no método de trabalho, quando se faz um estudo de métodos . Existem quatro formas principais pelas quais se pode obter o tempo padrão de uma operação: a) estudo de tempos com cronômetros b) tempos históricos c) dados padrão pré-determinados d) amostragem do trabalho Cada uma dessas formas possui suas vantagens e desvantagens, adaptando-se melhor ou pior às situações práticas. Iniciaremos com o estudo de tempos com cronômetros, quando então introduziremos alguns conceitos que serão úteis na explanação das demais formas de medida. 4.1. Estudo de Tempos com Cronômetros 4.1.1. Tipos de Tempos Para se chegar ao tempo padrão de uma operação, há dois tipos de tempos que antes devem ser determinados sobre essa mesma operação: o tempo real e o tempo normal. - O tempo real é aquele que decorre realmente quando é feita uma operação. Ele é obtido por cronometragem direta do operador em seu posto de trabalho e varia de operador a operador e também para o mesmo operador em ocasiões distintas. Desta forma, o analista deverá fazer um número de medidas suficiente para obter um valor médio do tempo real, com um certo grau de confiança. Assim obtido, o tempo real será objeto de correções e redundará no tempo normal. - O tempo normal é o tempo requerido para um operador completar a sua operação operando com velocidade normal. Por sua vez, velocidade normal é aquela que pode ser obtida e mantida por um trabalhador de eficiência média durante um dia típico de trabalho sem fadiga indevida. Se um operador trabalha com velocidade normal, dizemos que a sua eficiência (ou ritmo) é de 100%. Essa eficiência de 100% não corresponde portanto ao trabalhador super eficiente, mas sim ao trabalhador de eficiência média. O trabalhador de eficiência acima da média terá eficiência maior que 100%, enquanto logicamente aquele abaixo da média terá eficiência menor que 100%, sempre por convenção. O analista, ao mesmo tempo em que cronometra o tempo real do operador, também registra a sua eficiência. Em princípio, o julgamento do analista sobre a eficiência do operador é altamente subjetivo, mas seus julgamentos serão coerentes com o de outros analistas se ele for convenientemente treinado. Esse treinamento costuma ser feito por meio de filmes, onde o analista é levado a julgar sobre a eficiência (ritmo) do operador em várias situações pré-julgadas. A experiência mostra que, após um certo número de tentativas e repetições, diferentes pessoas tendem a convergir em seu julgamento do ritmo. Uma vez obtido o tempo normal, o tempo padrão é aquele requerido por uma operação, quando as interrupções e condições especiais da operação forem levadas em conta. Costuma-se para tanto acrescentar ao tempo normal um certo percentual de tempo perdido devido à fadiga e às demoras
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