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1 1 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO OS TRIBUTOS E SEUS REFLEXOS NAS ORGANIZAÇÕES PARTE GERAL – Introdução ao Estudo dos Tributos PROFESSORES: HEMERSON FERREIRA DOS SANTOS e MANUEL GOMES DA SILVA 2010/01 DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 2 Elaboração: Prof. Hemerson Ferreira dos Santos, MSc. Graduado em Direito (UFG/90), especialista em Administração Tributária (UCG-90), Mestre em Engenharia da Produção (UFSC/03), Auditor Fiscal da Receita Estadual (da SEFAZ/GO, desde 1976) e Professor de Planejamento Tributário da UCG (desde 1996). Prof. Manuel Gomes da Silva, MSc. Graduado em Matemática (CEUB/1981), Especialista em Administração Tributária (ESAF/1988),Mestre em Engenharia de Produção (UFSC/2002), Auditor Fiscal da Receita Estadual (1976) e Professor de Planejamento Tributário da UCG (desde 1989) Goiânia, fevereiro de 2010. 3 PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA DISCIPLINA: PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO CRÉDITOS: 04 - CARGA HORÁRIA: 72 HORAS/AULA ANO LETIVO: 2010/01 Professores: Hemerson Ferreira dos Santos e Manuel Gomes da Silva 1 – Ementa: Princípios Constitucionais Tributários - Legislação Tributária - Espécies Tributárias - Reflexos dos tributos nas organizações, com ênfase na identificação de opções de procedimentos lícitos mais econômicos. 2 – Objetivo: Dotar os alunos de conhecimento básico do Direito Tributário e das peculiaridades de cada um dos tributos componentes do Sistema Tributário Brasileiro, notadamente dos impostos, de forma a capacitá-los a identificar as diversas opções de procedimentos passíveis de serem adotados pelas organizações, visando à economia de tributos. 3 – Metodologia: A disciplina será desenvolvida de forma que cada aluno tenha condições de formular seus próprios conceitos a respeito dos assuntos abordados, caracterizando a agregação do conhecimento adquirido à sua formação, em busca da excelência do futuro profissional de Administração. Nessa premissa, serão utilizados os seguintes métodos: 3.1) Aulas expositivas e com utilização de slides; 3.2) Avaliação, leitura ou interpretação de textos; 3.3) Resolução de exercícios e aplicação de estudos de caso. 4 – Critérios de avaliação: No decorrer do desenvolvimento da disciplina serão realizados dois conjuntos de avaliações, sendo um em cada bimestre. No primeiro será atribuída nota N1 e no segundo nota N2. As avaliações distribuir-se-ão da seguinte forma: 4.1) N1 4.1.1) Provas orais ou escritas: objetivas e/ou discursivas, com peso ≥ 70%; 4.1.2) Trabalhos, com peso ≤ 30%; 4.2) N2 4.2.1) Provas orais ou escritas: objetiva e/ou discursiva, com peso ≥ 50%; 4.2.2) Exercícios de fixação, provas adicionais, trabalhos de final de semestre ou outras atividades com peso ≤ 50%. As notas serão computadas em graus numéricos, de zero a dez, expressos até a primeira casa decimal. A matéria objeto de avaliação é cumulativa (abrange todo o conteúdo discutido até a data de sua aplicação). As provas serão marcadas com antecedência mínima de 08 (oito) dias de sua aplicação. A frequência será registrada pelo sistema de pauta (chamada), sendo obrigatória a presença do aluno em, pelo menos, 75% das aulas. 4 5 – Conteúdo Programático 1 – Planejamento Tributário 1.1) Conceito e aplicação; 1.2) Elisão Fiscal e Evasão Fiscal. Exemplos. 2 – Atividade Financeira do Estado 2.1) Conceito e abrangência; 2.2) Receitas públicas: conceito e classificação. 3 – Os Tributos 3.1) Conceito e bases da tributação 3.2) Classificação dos tributos 3.3) Espécies tributárias 4 – Sistema Tributário Nacional 4.1) Conceito e peculiaridades; 4.2) Princípios gerais tributários: legalidade, anterioridade, irretroatividade, isonomia, progressividade, não-cumulatividade, imunidades etc. 5 – Legislação Tributária 5.1) Conceito e abrangência 5.2) Vigência e aplicação 5.3) Interpretação e integração 6 – Obrigação Tributária 6.1) Conceito e classificação 6.2) Fato Gerador – FG 6.3) Sujeito ativo da obrigação tributária 6.4) Sujeito passivo da obrigação tributária 6.5) Responsabilidade Tributária 7 – Crédito Tributário 7.1) Conceito 7.2) Lançamento – constituição do CT 7.3) Suspensão, extinção e exclusão do CT 7.4) Garantias e privilégios do CT 8 – Administração Tributária 8.1) Conceito 8.2) Fiscalização 8.3) Divida Ativa Tributária 8.4) Política de Incentivos e Benefícios Fiscais 9 – Processo Administrativo Tributário 9.1) Reclamações e recursos administrativos 9.2) Restituição de Indébito 10 – Tributos no Comércio Exterior 10.1) Noções Básicas de Comércio Exterior 10.2) Imposto sobre a Importação 10.3) Imposto sobre a Exportação 11 – Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza – IR 11.1 Conceitos básicos e princípios constitucionais específicos 11.2 Fato gerador e base de cálculo 11.3 Regimes de tributação: antecipação, exclusivamente na fonte e na declaração 5 11.4 Tributação da pessoa física (IRPF) 11.4.1.Base de cálculo e alíquotas 11.4.2 Deduções e abatimentos 11.4.3 Apuração e Cálculo do imposto em diversas situações 11.5 Tributação da pessoa jurídica IRPJ) 11.5.1 Apuração com base no lucro real 11.5.2 Apuração com base no lucro presumido 11.5.3 Apuração com base no lucro arbitrado 11.5.4 Apuração mensal, trimestral ou anual 11.5.6 Alíquotas e os adicionais 11.5.7.Cálculo do imposto em diversas situações 12.- Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL 12.1 Fato gerador 12.2 Base de cálculo 12.3 Alíquotas 13. Programa de Integração Social e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/PASEP 13.1 Fato gerador 13.2 Base de cálculo 13.3 Alíquotas 13.4 Cumulatividade e não-cumulatividade 14 - Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - COFINS 14.1 Fato gerador 14.2 Base de cálculo 14.3 Alíquotas 14.4 Cumulatividade e não-cumulatividade 15 Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI 15.1 Conceitos e princípios básicos. 15.2 Fato gerador, base de cálculo e alíquotas 15.3 Apuração do imposto 16- O Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS 16.1 Conceitos básicos e estrutura 16.2 Princípios básicos do ICMS: não-cumulatividade, seletividade e imunidades 16.3 Contribuintes e responsáveis 16.4 Substituição tributaria 16.4 Não-incidências, imunidades, isenções e outros benefícios fiscais 16.5 Apuração do ICMS nas diversas operações com mercadorias, na importação, na prestação de serviço de transporte, nas transferências entre estabelecimentos da mesma pessoa, nas vendas fora do estabelecimento etc 16.6 Livros e documentos fiscais 17. O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS 17.1 Fato gerador, base de cálculo e alíquotas 17.2 ISS em Goiânia 18 – SIMPLES NACIONAL (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições) 18.1 Conceito e abrangência 18.2 Alíquotas e base de cálculo 18.3 Enquadramento, pré-requisitos e desenquadramento 18.4 Uso das Tabelas (exercícios) 6 06 – BIBLIOGRAFIA: ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Imposto de Renda das Empresas. 3ª Edição. Atlas, 2008; BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução à Ciência das Finanças. Rio de Janeiro: Forense, 2001; BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Financeiro e de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva,2006; BRASIL. Código Tributário Nacional (Lei 5.172, 25 de outubro de 1966), atualizado até 2009; BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988), atualizada até 2009; CASSONE, Vitório. Direito Tributário. 16ª Edição. São Paulo: Atlas, 2008. FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária. 9ª Edição, Atlas, 2005. FABRETTI, Láudio Camargo. Direito Tributário para os cursos de Administraçãoe Ciências Contábeis. 4ª Edição. São Paulo: Atlas, 2005. FABRETTI, Láudio Camargo. Direito Tributário Aplicado. 1ª Edição. São Paulo: Atlas, 2006 FABRETTI, Láudio Camargo. Código Tributário Nacional Comentado. 6ª Edição. São Paulo: Atlas, 2005. MAIA, Jayme de Mariz. Economia Internacional e Comércio Exterior, Atlas, 2006. MARTINS, Sérgio Pinto. Manual do ISS, Malheiros Editores, 2005. HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. São Paulo: Atlas, 2001; PÊGAS, Paulo Henrique,.Manual de Contabilidade Tributária. 4ª Edição. Freitas Bastos, 2006. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. Edições Aduaneiras, 2003. SABBAG, Eduardo de Moraes, Elementos de Direito Tributário. São Paulo. Prima. 2004. SANTOS, Cairon Ribeiro dos. Curso de Introdução ao Direito Tributário. São Paulo: IOB Thompson, 2004. 21 – INTERNET: 21.1) Informações diversas: - Consultor Jurídico – www.conjur.com.br - FISCOSoft – Informações Fiscais e Legais – www.fiscosoft.com.br - Google – www.google.com.br - Infomações Objetivas (IOB) – www.iob.com.br - Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) – www.ibpt.com.br - Portal Tributário – www.portaltributário.com.br 21.2) Sites do Governo: - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – www.bndes.gov.br - Governo de Goiás – www.goias.go.gov.br - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – www.ibge.com.br - Ministério da Previdência Social – www.dataprev.gov.br - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – www.desenvolvimento.gov.br - Prefeitura Municipal de Goiânia-GO – www.goiania.go.gov.br - Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) – www.pgfn.fazenda.gov.br - Secretaria da Receita Federal – www.receita.fazenda.gov.br - Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás – www.sefaz.go.gov.br - Senado Federal – www.senado.gov.br 7 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO Disciplina: PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO Professor: Hemerson Ferreira dos Santos e Manuel Gomes da Silva CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DE ENSINO – 2010/01* Encontros CONTEÚDO E/OU ATIVIDADES 01º Apresentação do plano de ensino, da metodologia, dos critérios de avaliação, orientações sobre as atividades a serem desenvolvidas. Conceito de Planejamento Tributário. 02º Atividade Financeira do Estado: tributo: conceito, classificação, espécies. 03º O Sistema Tributário Nacional: conceito, características e princípios básicos de tributação 04º Legislação Tributária: conceito, abrangência, vigência, aplicação, interpretação e integração 05º Obrigação Tributária: conceito, elementos: fato gerador, sujeição ativa e passiva, Responsabilidade tributária. 06º Crédito Tributário: conceito, surgimento e lançamento; garantias e privilégios do CT. Suspensão do Crédito Tributário. 07º Extinção e exclusão do CT 08º Administração Tributária: fiscalização e relacionamento da empresa com as autoridades fiscais; dívida ativa e certidão negativa 09º Política de Benefícios e Incentivos Fiscais 10º Processo Administrativo Tributário 11º Revisão 12º Revisão, exercícios e estudo de casos sobre a matéria abordada 13º Prova escrita N1 14º Resolução das questões da prova e reavaliação da matéria para efeito de conclusão da N1 15º Discussão dos resultados individuais, atribuição e entrega das notas relativas a N1 16º Impostos e contribuições do Sistema Tributário Nacional (STN) Tributos no comércio exterior 17º Imposto de Renda (IR) – Conceitos gerais e IR pessoa física 18º IR pessoa jurídica - lucro real. Exercícios utilizando o Demonstrativo de Resultado de Exercício (DRE). 19º IR da pessoa jurídica - lucro presumido – e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) 20º Programa de Integração Social e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP). Contribuição para o Financiamento da 8 Seguridade Social (COFINS). 21º Exercícios de fixação sobre IR e Contribuições 22º Exercícios de fixação sobre IR e Contribuições 23º Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 24º Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e Comunicação (ICMS) 25º ICMS substituição tributária 26º ICMS nas situações especiais e em diversas outras situações 27º Imposto sobre Serviços (ISS) 28º SIMPLES NACIOINAL - Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições 29º SIMPLES NACIONAL - conclusão 30º Revisão geral da matéria do semestre 31º Prova escrita para N2 32º Entrega e discussão preliminar de notas e avaliações 33º Revisão adicional da matéria 34º Prova suplementar 35º Entrega e discussão de avaliações e notas N2. Encerramento do Semestre * Programação sujeita a mudanças 9 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO Síntese da Disciplina Goiânia,fevereiro de 2010. 1 - PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 1.1) Conceito e Objeto O Planejamento Tributário é uma parte do planejamento empresarial que evidencia os tributos e suas implicações no funcionamento das organizações, visando alcançar a economia de impostos, sem incorrer em infrações tributárias. Pode também ser denominado de ELISÃO FISCAL. Seu objeto de estudo é o Sistema Tributário Nacional (conjunto de tributos, princípios e normas que regem o poder do Estado de cobrar tributos). A Elisão Fiscal ocorre quando as pessoas obtém economia de tributos, atuando estritamente dentro da legalidade, ao passo que a economia obtida com a utilização de meios ilícitos denomina- se EVASÃO FISCAL. 1.2) O Planejamento Tributário e a Evasão Fiscal O Planejamento Tributário como disciplina busca indicar os procedimentos que podem ser Adotados pelos gestores empresariais, estritamente dentro da legalidade de forma a resultar em melhor resultado financeiro, enquanto que a Evasão Fiscal implica na utilização de métodos e/ou procedimentos ilícitos, e em conseqüência expõem a organização às sanções estatais. Dentre os principais procedimentos ilícitos temos: 10 • Sonegação Fiscal: Lei nº 4.729/65 - toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento pela autoridade fazendária sobre: 1) a ocorrência do fato gerador do tributo; 2) as condições pessoais do contribuinte.Exemplo: Não declarar rendas efetivamente auferidas. • Fraude: toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária ou a exclusão ou modificação de suas características essenciais com a finalidade de reduzir o tributo devido, evitar ou postergar o seu pagamento.Exemplo: calçamento de documento fiscal, de forma que na primeira via estampe o valor rela da transação, enquanto que na via da contabilidade contenha um valor menor. • Simulação: emitir documentos ou contratos, não correspondentes a fatos reais. Para fixar: O Planejamento Tributário tem como fator de análise o tributo e visa identificar e projetar os atos e fatos tributáveis e seus efeitos, comparando-se os resultados prováveis, para os diversos procedimentos passíveis de serem adotados, de tal forma a possibilitar a escolha da alternativa menos onerosa, sem extrapolar o campo da licitude. O planejamento tributário é, na verdade, uma atividade empresarial estritamente preventiva. O caráter preventivo do planejamento tributário decorre do fato de não se poder escolher alternativas senão antes de se concretizar a situação. Após a concretização dos fatos, via de regra, somente se apresentam duas alternativas para o sujeito passivo da relação jurídico- tributária: pagar ou não pagar o tributo decorrente da previsão legal descrita como fato gerador. A alternativa de não pagar se caracterizará como prática ilícita, sujeitando-se a empresa à ação punitiva do Estado, caso este venha a tomarconhecimento de tal prática. A natureza ou essência do Planejamento Tributário consiste em organizar os empreendimentos econômico-mercantis da empresa, mediante o emprego de estruturas e formas jurídicas capazes de bloquear a concretização da hipótese de incidência fiscal ou, então, de fazer com que sua materialidade ocorra na medida ou no tempo que lhe sejam mais propícios. Trata-se, assim, de um comportamento técnico-funcional, adotado no universo dos negócios, que visa a excluir, reduzir ou adiar os respectivos encargos tributários (grifou-se). (...) o Planejamento Tributário (é, pois,) uma técnica gerencial que visa projetar as operações industriais, os negócios mercantis e as prestações de serviços, visando conhecer as obrigações e os encargos fiscais inseridos em cada uma das respectivas alternativas legais pertinentes para, mediante meios e instrumentos legítimos, adotar aquela que possibilite a anulação, redução ou adiamento do ônus fiscal. O instituto que respalda este comportamento gerencial no universo da tributação tem sido denominado mediante várias expressões. Assim, alguns estudiosos adotam a expressão evasão fiscal legítima; outros, adeptos de uma maior sofisticação tecnológica, preferem a expressão elisão fiscal; e terceiros fazem alusão a um direito à economia de impostos (Borges, Gerência de Impostos --p.64-65). Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, podemos elencar alguns exemplos de crimes de sonegação ou fraude fiscal: Venda sem nota-fiscal; venda com “meia nota-fiscal”; venda com calçamento de nota-fiscal; duplicidade de numeração de nota-fiscal; compra de formulários de notas-fiscais; passivo fictício ou saldo negativo de caixa; acréscimo patrimonial a descoberto (do sócio); deixar de recolher tributos descontados de terceiros; distribuição disfarçada de lucros; doações irregulares. 11 2. Atividade Financeira do Estado 2.1 Noções de Finanças Públicas - A evolução dos Sistemas Econômicos e do Estado 1 “O modo de produção determina o modo de viver” Os Sistemas Econômicos e o formato de Estado: O surgimento do homem relaciona-se com a transformação de sua força em bens úteis à sobrevivência. Assim, historicamente, evoluíram-se os sistemas econômicos, organizados sob a forma de um Estado que carreou seus modelos, pelo que se observa abaixo: - civilizações hidráulicas 2 Estado antigo - escravidão clássica 3 Estado romano - sistema funcional 4 Estado feudal - sistema comercial 5 Estado moderno - capitalismo 6 Estado Liberal e Estado Social 2 O Estado: Conceito e razões para Intervenção do Estado na Economia Conceito de Estado (7): Organização8, criada com a finalidade de realizar os fins da comunidade nacional: a execução da soberania nacional (autodeterminação), composta de: 1 Cf. SANTOS, Hemerson F. UFSC/2003. 2 Sistema econômico primitivo: caracterizado pelas civilizações hidráulicas que viviam às margens dos rios (Tigre, Eufrates, Indo e outros) e dependiam da fertilidade dos solos e cheias; e pelas civilizações comerciais, dedicadas à pesca e escambo (trocas), centradas em Creta e cidades fenícias – Estado antigo (até século VIII a.C.) 3 Sistema econômico de escravidão clássica: adveio com o Império Romano e se fez influenciar pelo dirigismo estatal da mão de obra escrava – Estado romano (séculos VIII a.C. ao V d.C.) 4 Sistema econômico funcional (feudalismo): não havia uma organização estatal bem definida e ajustada (existia uma certa anarquia). A mão de obra era do servo e a propriedades das terras era exclusiva dos Senhores Feudais (Estado Feudal – séculos V a XV) 5 Sistema econômico comercial: surge com o esfacelamento dos feudos e o surgimento da burguesia, (absolutismo monárquico) – Estado moderno (séculos XV ao XVIII) 6 Sistema econômico capitalista: marcado pela Revolução Industrial e com a apropriação privada dos fatores de produção – Estados liberal e social e neoliberal (a partir do século XVIII) 7 Analogia (grande condomínio de cidadãos) 8 Conceito básico de organização: É um conjunto sistematizado de recursos que se incorporam ao esforço de pessoas que se associam, interagem e se interrelacionam de acordo com as diretrizes, normas gerais e regras de procedimentos específicos, cumprindo funções definidas em torno de uma finalidade ou missão (Menezes, 1990). As organizações são, pois, um sistema de recursos: 12 • População • Território • Governo • Soberania Formatos de Estado • Forma: república ou monarquia • Sistema de governo: parlamentarismo ou presidencialismo • Composição: unitário ou federação O Brasil é uma: República (forma) Presidencialista (sistema de Governo) Federação 9 (composição) Exemplos de Estados no mundo: • República Federativa do Brasil (Federação); • Estados Unidos da América (Federação); • Reino Unido (Unitário); • Império do Japão (Unitário); • República Popular da China (Federação); • República Francesa (Unitário); • Federação Russa; • República Italiana (Unitário); - Humanos - Processos de - Materiais Transformação - Financeiros - Divisão de Trabalho - Informações - Coordenação Figura 1 - A organização como um sistema de recursos Fonte: Maximiano, 2000, p.92. RECURSOS ORGANIZAÇÃO OBJETIVOS - Produtos - Serviços As organizações e o meio-ambiente: • Oportunidades (Mudanças tecnológicas; Demografia; política econômica); • Ameaças (Concorrência direta; produtos substitutos; comportamento dos consumidores); • Pontos Fortes (conhecimento do mercado; assistência ao consumidor; produtos e serviços); • Pontos Fracos (recursos humanos; marketing, finanças). As Forças Competitivas no Mercado (Porter): • Concorrentes; • Novos entrantes; • Produtos substitutos; • Poder dos fornecedores; • Poder dos clientes. As Estratégias Competitivas Gerais (Porter): • Liderança de Custo [produto ou serviço - produção mais barata]; • Diferenciação (identidade própria para o serviço ou produto – qualidade); • Foco (encontrar um nicho, ou seja: produto ou serviço, grupo de consumidores ou região); • 9 A Federação pressupõe a existência de governos subnacionais [Províncias – no Brasil chamadas de Estados (Ex. Estados de Goiás, São Paulo, etc)]. No caso brasileiro, existem, ainda, os Municípios que são membros da Federação. Isto, em razão da autonomia política, financeira e administrativa desses entes federativos, determina a existência de tributos a serem arrecadados pelos 3 níveis de Governo: Federal, Estadual e Municipal. Com efeito, o sistema de tributos em uma Federação, como o Brasil, tende a ser mais complexo que aquele de um Estado Unitário. 13 • República federal da Alemanha (Federação) Organismos internacionais (União de Estados): • Organização das Nações Unidas (ONU) • Organização dos Estados Americanos (OEA) • Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) • Organização Mundial do Comércio (OMC) • North America Free Trade Agreement (NAFTA) • Mercado Comum do Cone Sul (MERCOSUL) • União Européia (UE) Finanças Públicas: De uma forma geral, a teoria das finanças públicas gira em torno da existência das falhas de mercado 10 (no sistema capitalista) que tornam necessária a presença do governo, tais como: existência dos bens públicos 11 existência de monopólios naturais 12 externalidades (poder de polícia) 13 desenvolvimento, emprego e estabilidade 14 Razões para a existência do Estado: • proteção da população contra a ação de invasores externos; • arbitramento de litígios entre as pessoas da mesma sociedade; • garantia do cumprimento de contratos; • cuidado com pessoas doentes; • segregação de criminosos – assassinos, ladrões, mal-feitores,etc. Em outras palavras, o Estado existe para atender às necessidades coletivas, como por exemplo: • segurança nacional (externa); • segurança pública (interna); • saúde pública; • previdência social; • educação fundamental; • distribuição de justiça; • desenvolvimento sócio-econômico. 10 fenômenos que impedem que a economia alcance o estágio de bem estar social através do livre mercado, sem interferência do governo 11 bens que são consumidos por diversas pessoas ao mesmo tempo (ex.: ruas, estradas, defesa nacional, segurança pública). Os bens públicos são de consumo indivisível e não excludente. Assim, uma pessoa consume (usa) um bem público, sem tirar o direito de outra a consumi-lo (usá-lo) também 12 monopólios que tendem a surgir devido ao ganho de escala que o setor oferece (ex. água, energia). O governo acaba sendo obrigado a assumir a produção ou criar agências que impeçam a exploração dos consumidores 13 uma fábrica pode poluir um rio e ao mesmo tempo gerar empregos. Assim, a poluição é uma externalidade negativa porque causa danos ao meio ambiente, enquanto que e a geração de empregos é uma externalidade positiva por aumentar o bem estar e diminuir a criminalidade. O governo deverá agir no sentido de inibir atividades que causem externalidades negativas e incentivar atividades causadoras de externalidades positivas 14 principalmente em economias em desenvolvimento a ação governamental é muito importante no sentido de gerar crescimento econômico através de bancos de desenvolvimento, criar postos de trabalho e da buscar a estabilidade econômica 14 Funções Econômicas do Estado O Estado (por seus governos) exerce 3 funções econômicas básicas: • função alocativa 15 • função (re)distributiva 16 • função estabilizadora 17 2.2) Receitas Públicas Fontes de Financiamento do Setor Público Com o propósito de atingir os fins do Estado, faz-se necessária a arrecadação de recursos para cobrir suas despesas. A atividade financeira do Estado18 gira em torno da obtenção ou arrecadação (receitas públicas); da organização, administração e distribuição de recursos (orçamento público); e da aplicação dos referidos recursos em investimentos úteis à todos (despesas públicas). Receitas públicas são, pois, o Capital arrecadado dos particulares, pelo Estado: • voluntariamente – (Receita ORIGINÁRIA) alienação de bens do Estado; empreendimentos estatais ou, ainda, empréstimos tomados no mercado financeiro; • compulsoriamente – (Receita DERIVADA - Tributária) utilização do poder do Estado de obrigar as pessoas a lhe entregarem parcela de sua riqueza. 2.3) Produto Interno Bruto e Carga Tributária Produto Interno Bruto – PIB: • Valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico de um País, excluídas as transações intermediárias. • O seu valor é normalmente expresso na moeda norte-americana (US$ - dólar). PIB no Brasil (em R$ bi) 1994 349,205 1995 646,192 1996 778,887 1997 870,743 1998 914,188 1999 973,846 2000 1.086,700 2001 1.200,060 2002 1.321.490 2003 1.553.556 2004 1.769.202 15 relaciona-se à alocação de recursos por parte do governo a fim de oferecer bens públicos (ex. rodovias, segurança), bens semi-públicos ou meritórios (ex. educação, saúde e algumas formas de transporte, cuja quantidade ofertada pelo mercado é insuficiente), desenvolvimento (ex. construção de usinas) 16 redistribuição de rendas realizada através das transferências, dos impostos e dos subsídios governamentais. Bons exemplos são a destinação de parte dos recursos provenientes de tributação ao serviço público de saúde, serviço mais utilizado por indivíduos de menor renda, a concessão da bolsa- família, etc. 17 aplicação das diversas políticas econômicas a fim de promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade da economia (controle de níveis de preços etc), diante da incapacidade do mercado em assegurar o atingimento de tais objetivos 15 2005 1.937.000 2006 (*) 2.369.800 2007 (*) 2.597.610 2008 (*) 2.889.720 2009 (**) 3.119,085 ----------------------------------------- Fontes: [IBGE, (*) SRFB e IBPT(**) a preços correntes]. --------------------------------------------------------- 16 RELACAO DO PIB NO MUNDO -- 2007/2009 Terra 54,584,918 — União Europeia 16,905,620 1 Estados Unidos 14,266.201 2 Japão 5,048.634 3 China 4,757.743 4 Germany 3,235.463 5 França 2,634.817 6 Reino Unido 2,198.163 7 Itália 2,089.555 8 Brasil 1,481.547 9 Espanha 1,438.356 10 Canada 1,319.137 11 Rússia 1,254.651 12 Índia 1,242.641 13 Austrália 920.010 14 México 866.336 15 Coreia do Sul 800.294 16 Países Baixos 789.675 17 Turquia 593.533 18 Indonésia 514.931 19 Suíça 484.132 20 Bélgica 461.489 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo: Lista_de_pa%C3%ADses_por_PIB_nominal#fn_h No plano internacional o PIB é medido em dólares norte-americanos (US$). 17 CARGA TRIBUTÁRIA - CT: Relação percentual - sobre o PIB - do valor dos tributos efetivamente arrecadado pelo Governo (Federal, Estadual e Municipal). Total Arrecadação CT = -------------------- X 100 Prod.Interno Bruto Carga Tributária no Brasil 1993 25,8% 1994 29,8% 1995 29,4% 1996 29,1% 1997 29,6% 1998 29,6% 1999 31,7% 2000 32,7% 2001 33,7% 2002 35,6% 2003 (*) 31,4% 2004 (*) 32,2% 2005 (*) 33,4% 2006 (*) 33,5% 2007 (*) 34,8% 2008 (*) 35,2% 2009 (**) 35,0% ------------------------------------------- Fonte: BNDES INFORME-SF NR.40/02, (*)SRFB e (**) IBPT . 18 CARGA TRIBUTÁRIA NO BRASIL Fonte: BNDES Informe – SE nº 54 19 BRASIL – CARGA TRIBUTÁRIA NO PREÇO DOS PRODUTOS (1/3): 20 2/3): 21 BRASIL – CARGA TRIBUTÁRIA NO PREÇO DOS PRODUTOS (3/3): FONTE: IBPT 22 CARGA TRIBUTÁRIA NO MUNDO (Países selecionados) Fonte: RECEITA FEDERAL Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/CTB2007.pdf 23 3 – OS TRIBUTOS 3.1) CONCEITO BÁSICO: • Tributar é exigir dinheiro dos particulares sob coação (manifestação do poder de império do Estado) e, na maioria das vezes, sem contraprestação direta à pessoa que o paga, como acontece principalmente com a cobrança de impostos Conceito (art. 3º do Cod. Tribut. Nacional): • “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cuja valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Características Conceituais: - prestação (entrega – do particular ao Estado); - pecuniária (dinheiro – valor monetário); - compulsoriedade (independe de ato de vontade); - ausência de caráter punitivo (não é multa); - legalidade (criação por lei específica);’ - cobrança vinculada (obrigação do Estado); - financiamento dos gastos públicos (todos devem contribuir para o custeio das despesas do Estado). 3.2) BASES CLÁSSICAS DA TRIBUTAÇÃO: a) RENDA 19 - (R); b) CONSUMO 20 - (C); c) PATRIMÔNIO 21 - (P); As demais formas de tributação são, na realidade, variação ou combinação dessas bases. 3.3) CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS: a) Quanto à finalidade de sua instituição: • Fiscais - quando visam, primordialmente, a obtenção de recursos para o Erário. Exemplos IR – receita para a União; ICMS – receita para os Estados; ISS – receitapara os Municípios; IPVA – receita para os Estados; • Extrafiscais - quando são utilizados, primordialmente, como instrumentos de política econômica (regulatórios). Exemplos: 1) Impostos de Importação e Exportação, que regulam o Comércio Exterior - POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR; 19 A renda provém do Capital (lucros, juros e aluguéis) e do Trabalho (salários e honorários), bem como dos chamados Proventos de Qualquer Natureza (prêmios de loterias, heranças etc) 20 Atividade do agente econômico (utilização da renda) no sentido de lhe permitir a sobrevivência e desenvolvimento. No caso da pessoa natural: alimentação, vestuário, transporte, saúde etc.. 21 Definida como o valor que se pode acumular, decorrente do superávit entre a renda adquirida e o consumo realizado em determinado período. 24 2) IOF - que regula o mercado financeiro, restringindo ou estimulando o crédito - POLÍTICA MONETÁRIA; 3) Imposto Territorial Rural, para estimular a função social da propriedade agrícola - POLÍTICA FUNDIÁRIA; 4) IPI – que é utilizado para restringir ou estimular a produção e o consumo; • Parafiscais – vinculados aos programas da Seguridade Social. Exemplos: INSS, FGTS, COFINS, CPMF, CSLL b) Quanto à vinculação receita/despesa: • -Vinculados - o produto de sua arrecadação se destina ao custeio de despesa já prevista. Exemplos: Taxas – para financiar a prestação de um serviço público ao contribuinte. PIS/COFINS – para financiar a Seguridade Social (Saúde, Previdência e Assistência). Contribuições de Melhoria – vinculadas à realização de obras públicas que decorra valorização de imóvel do contribuinte; Empréstimo Compulsório – receita vinculada à despesa que justificou a sua instituição, como é o caso da guerra externa, calamidades públicas e os projetos sociais urgentes e relevantes. • Não-Vinculados - quando não se exige, para sua cobrança, nenhuma prestação ou atividade do Poder Público dirigida ao contribuinte. • É o caso dos impostos, cuja receita se destina a fazer face às despesas gerais da Administração Pública. São os impostos em geral c) Quanto à repercussão do ônus financeiro: • diretos - quem os paga assume o ônus Exemplos: I.Renda, IPTU, IPVA. • indiretos - quem os paga transfere o ônus a terceiros (a cadeia de transferência se encerra no consumidor final que assume todo o ônus financeiro). Exemplos: ICMS, IPI, ISS. d) Quanto à função da matéria tributária e as condições do contribuinte: • - reais - lançados em função do valor da matéria tributável, sem considerar as condições pessoais do contribuinte; Exemplos: ICMS, IPI, ISS, ITBI, IPVA • - pessoais - lançados em função das condições pessoais dos contribuintes Exemplo: I.Renda da Pessoa Física. 3.4) ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS: 3.4.4.1 Impostos; 3.4.4.2 Taxas; 3.4.4.3 Contribuições de Melhoria; 4.4.4.4 Contribuições Especiais; 3.4.4.5 Empréstimos Compulsórios. 25 QUADRO DEMONSTRATIVO DAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS FONTE: Adaptado de Cassone, 2000, pp. 69-71 CPMF - Extinta a partir de 01/2008 26 Observação: PODER DE POLÍCIA (para a cobrança de taxas) Art. 78 do CTN: Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 4. Sistema Tributário Nacional 4.1) Conceito, requisitos e espécies • Conceito - Conjunto que engloba tributos, normas e princípios que disciplinam o poder tributário do Estado. • Requisitos (para sua elaboração): 1. Produtividade; 2. Progressividade; 3. Seletividade; 4. Equidade; 5. Não-cumulatividade; 6. Liberdade econômica 22. (Neutralidade) • Espécies: Histórico - formação empírica e aperfeiçoamento de acordo com as necessidades financeiras e a conjuntura econômica do Estado. Racional - formação a partir de um planejamento e distribuição da carga tributária em bases Estado. 4.2) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS\ COMPETÊNCIA Diz respeito à atribuição constitucional de poderes para a União, Estados, DF e Municípios para instituírem e cobrarem seus próprios tributos. É indelegável (a competência de um ente público não pode ser transferida a outro, mesmo que aquele não a exerça). (veja o Quadro na página seguinte) 22 Por este princípio, a política tributária do Estado deve ser NEUTRA em relação ao mercado, ou seja, não deve interferir na alocação de recursos utilizando-se de tributos, especialmente os do tipo CONSUMO. 27 à Competência tributária ativa no Brasil por esfera de Governo CPMF -Extinta a partir de 01/2008 28 CUMULATIVIDADE TRIBUTÁRIA Também chamada de efeito cascata, pode ser: • Horizontal – repetidas incidências de um mesmo tributo nas várias etapas do processo de produção ou circulação, sem descontar os valores cobrados nas etapas anteriores. • Vertical – incidência de um determinado tributo sobre o valor resultante da aplicação de outros tributos. Decorre da existência de mais de um tributo sobre a mesma base de tributação. Não-cumulatividade: características a) é própria de tributos que incidem no consumo b) incidência resultante sobre o VALOR AGREGADO (diferença entre o preço de venda e o custo dos insumos) c) ocorre quando o mesmo tributo incide na cadeia produtiva compensando o valor pago, em etapas anteriores, nas etapas seguintes. PROGRESSIVIDADE E REGRESSIVIDADE • Progressividade – própria para tributos sobre a RENDA e PATRIMÔNIO, consiste na elevação da alíquota para faixas maiores do valor tributável ou relativamente a outras condições que se deseja desestimular. Ex: Tabela progressiva do I.Renda. • •Regressividade – quanto à regressividade pela redução progressiva de alíquotas, esse fenômeno é raro na atualidade. No entanto, certas técnicas de tributos indiretos (fixos ou proporcionais) acarretam efeitos regressivos, como ocorre com os que incidem sobre o CONSUMO geral, tendo em vista que a população mais pobre gasta a quase totalidade de seus rendimentos com o seu consumo indispensável. 29 Tabela Progressiva para o cálculo mensal do Imposto de Renda de Pessoa Física para o ano-calendário de 2010. Base de cálculo mensal em R$ Alíquota % Parcela a deduzir do imposto em R$ Até 1.499,15 - - De 1.499,16 até 2.246,75 7,5 112,43 De 2.246,76 até 2.995,70 15,0 280,94 De 2.995,71 até 3.743,19 22,5 505,62 Acima de 3.743,19 27,5 692,78 SELETIVIDADE Determinados tributos são seletivos, objetivando reduzir a carga tributária de produtos considerados essenciais, aumentando-a, em contrapartida, para aqueles menos essenciais, até atingir a carga máxima para os tidos como supérfluos. A tributação é inversamente proporcional à essencialidade do produto para o consumo, tornando-a mais justa e suportável. O mecanismo da seletividade é efetivado por intermédio da fixação de alíquotas ascendentes na razão inversa da essencialidade dos produtos. ESSENCIALIDADE REQUISITOS GRAU TRIBUTAÇÃO Necessidade e Indispensabilidade Absoluta Relativa Supérfluo Zero Moderada Elevada LEGALIDADE ESTRITA OU RESERVA LEGAL • O tributo somente pode ser instituído ou aumentado por meio de lei (em sentido estrito, ou seja, lei votada e aprovada pelo Poder Legislativo competente e devidamente promulgada e publicada). Tributos somente podem ser cobrados ouaumentados se houver prévio consentimento (autorização) dos representantes do povo nos respectivos legislativos: federal estadual ou municipal. IRRETROATIVIDADE DA LEI • Proíbe a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Com efeito, a lei somente alcança os fatos geradores futuros (prospectivos). ANTERIORIDADE DA LEI Proíbe a cobrança de tributos: • no mesmo exercício financeiro (ano civil) da publicação da lei que os instituiu ou aumentou; e • antes de decorridos, no mínimo, 90 (dias) da instituição ou aumento. Exemplos: Lei de 20/09/09, só vale a partir de 01/01/10; Lei de 20/12/09, só vale a partir de 20/03/10. Exceções • Exigência imediata: - II, IE, IPI e IOF (que podem ser majorados por meio de decreto, nos limites da lei); -Empréstimos Compulsórios lançados por motivo de guerra ou calamidade pública -Imposto Extraordinário de Guerra; 30 • Exigência em 90 dias (inclusive no mesmo exercício - noventena): -Para todos os tributos, com exceção do IR e demais impostos extrafiscais, e ainda quanto à fixação da base de cálculo do IPTU e do IPVA. CAPACIDADE CONTRIBUTIVA / ISONOMIA • Todos devem contribuir para os gastos públicos segundo sua capacidade econômica. • Tratamento igual a todos que se encontrem em situação equivalente, e tratar desigualmente os desiguais na proporção de suas respectivas desigualdades. VEDAÇÃO AO CONFISCO • Proíbe a utilização de tributos como meio de retirar do contribuinte as condições de desenvolvimento normal de atividade econômica lícita. Decorre do direito à propriedade (Art. 5º, XXII, da CF). LIBERDADE DE TRÁFEGO • Estabelece a livre circulação de pessoas ou bens no território nacional, proibindo a instituição de barreiras tributárias intermunicipais ou interestaduais, salvo quando se tratar da cobrança de pedágio (taxas) pela utilização de vias públicas. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS • Suprimem a competência tributária, quanto à cobrança de impostos, relativamente às seguintes situações: a) qualquer imposto sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão (Liberdade de Imprensa); - templos de qualquer culto (Liberdade Religiosa); b) impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços: b.1) - da União, Estados, DF e Municípios (Imunidade Recíproca) - inclui suas autarquias e fundações, relativamente às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes; b.2)relativos às finalidades essenciais de - partidos políticos e suas fundações; - entidades sindicais dos trabalhadores; - instituições de educação e de assistência social de caráter filantrópico, que atendam às seguintes condições: 1) regularidade fiscal e contábil; 2) não distribuam lucros; 3) não façam remessa ao exterior; 4) cumpram obrigações acessórias. 5 - LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 5.1) CONCEITO E ABRANGÊNCIA Conceito: Conjunto de normas que regulam os tributos e as relações jurídicas decorrentes de sua exigência. Abrangência: Fontes formais do Direito Tributário: • Constituição Federal e suas Emendas; • Leis Complementares; • Leis Ordinárias; • Leis Delegadas; • Medidas Provisórias; • Decretos Legislativos (que aprovam Tratados e Convenções Internacionais); • Resoluções do Senado Federal (que fixam alíquotas do ICMS, etc); 31 • Decretos (do Poder Executivo); • Normas Complementares (dos decretos e das leis): - Atos Normativos (atos administrativos); - Jurisprudência administrativa (decisões administrativas); - Práticas administrativas reiteradas (costumes); - Convênios de mútua colaboração (entre os diversos níveis de Governo). 5.2) VIGÊNCIA E APLICAÇÃO Vigência: • Diz respeito à validade da norma, que assim está apta a ser aplicada aos fatos sob sua regência. Vigência no Tempo: • Princípio da Continuidade - vigência por prazo indeterminado, até que seja modificada ou revogada por outra lei; • Princípio da Anterioridade - conf. Capítulo anterior; Vacatio Legis: • Período em que a norma, embora já publicada, não vigora porque depende de um evento futuro (data ou fato). Exemplo: princípio da anterioridade; Vigência no Espaço: • Regra Geral - Territorialidade (a lei vige no território da entidade tributante). • Exceção - Extraterritorialidade (depende de lei complementar ou dos convênios entre as unidades federadas). Aplicação: • É a execução das normas aos casos concretos, extraindo os respectivos efeitos jurídicos. Resulta da coincidência entre a previsão normativa (em abstrato) e a ocorrência de um fato sócio-econômico (em concreto) nela previsto. • Regra Geral - aplica-se a fatos futuros, em respeito ao direito adquirido à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito. Retroatividade (Benigna): • A norma se aplica a ato ou fato pretérito, desde que não definitivamente julgado quando: - deixe de defini-lo como infração; - deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão; - lhe comine pena menos severa; - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa. 5.3) INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO Interpretação da Legislação Tributária: • Extração do significado do texto (adaptando o direito aos fatos sociais). Métodos de Interpretação: • a) Literal, Gramatical ou Léxico – captação da vontade normativa através do estudo de suas próprias expressões vocabulares; . • b) Lógico-Sistemático (contextual) – pressupõe que o Direito é um sistema organizado, coerente e homogêneo; • c) Teleológico – a norma é elaborada segundo um princípio de razão, para atingir um objetivo ou fim politicamente desejado; • d) Histórico - análise dos elementos circunstanciais que envolveram a elaboração da norma, tais como exposições de motivos, relatórios, votos etc. Integração da Legislação Tributária: • Procura de proposição jurídica capaz de suprir uma lacuna legal ou uma vontade insuficientemente nela manifestada; 32 Métodos de Integração: • a) Analogia: - aplicação da lei prevista para casos semelhantes a uma hipótese não prevista. Não pode resultar exigência de tributo não previsto em lei; • b) Princípios Gerais de Direito Tributário: - pressupõe que eles se irradiam a um grande número de situações capazes de orientar o aplicador da norma a dar uma adequada solução ao caso; • c) Princípios Gerais de Direito Público: - por serem estes que dão origem a todo o sistema jurídico, especialmente os constitucionais, administrativos e penais; • d) Equidade: - redução do rigor da lei, adaptando-a às características pessoais ou materiais do caso concreto sob análise, buscando a realização de JUSTIÇA, desde que não resulte dispensa de tributo legalmente devido; • e) Princípios Gerais de Direito Privado: - utilizados para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance dos institutos, conceitos e normas, porém nunca para definição dos efeitos tributários; 33 6 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 6.1) CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO Conceito: • É a relação jurídica que vincula o sujeito passivo (particular) ao sujeito ativo (Estado), tendo por objeto, principalmente, o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. • Ao contrário das obrigações privadas (contratuais), que são contraídas voluntariamente, a obrigação tributária tem como causa a lei tributária e não a vontade. Elementos Constitutivos: --------------------------------------------------- a) Sujeito Ativo Estado b) Sujeito Passivo Particular c) Objeto: Principal - Pagamento do Tributo ou Penalidade Pecuniária Acessória - Prestações Positivas ou Negativas d) Causa Lei Tributária ---------------------------------------------------- Espécies de Obrigação Tributária: • Obrigação Principal (pagamento o tributo ou penalidade pecuniária); • Obrigação Acessória (prestações positivas ou negativas,exigidas no interesse da Administração Tributária); Surgimento da Obrigação Tributária: • Com a ocorrência dos acontecimentos (fatos econômicos) definidos em lei como FATO GERADOR. 6.2) FATO GERADOR - FG Conceito: • Fato econômico de relevância jurídica ou fato jurídico de consistência econômica descrito em lei como base para a exigência tributária, Ou seja: • Situação (FATO ECONÔMICO) definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência (da obrigação) (art. 114 CTN); • Exigência de procedimentos, pela Administração ao sujeito passivo (art.115 CTN). Exemplos (simplificados): Fato Gerador TRIBUTO Vendas de Mercadorias........... ICMS Recebimento de Salário........... IR / INSS OBRIGAÇÃO PRIVADA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA Voluntária Legal (compulsória) Apuração pelas partes Lançamento Exigibilidade pelo Credor Cobrança Obrigatória Disponibilidade (Perdão) Indisponibilidade Indenização Indenização + Multa Sem outras sançôes Sanções Penais COMPARAÇÃO OBRIGAÇÃO PÚBLICA X PRIVADA 34 Propriedade de Veículo............ IPVA Propriedade de Imóvel Urbano. IPTU Importação de Mercadorias...... I.Imp. Prestação de Serviços.............. ISS Faturamento da Empresa......... PIS/COFINS Elementos do FG: • material ou objetivo: acontecimentos descritos como capazes de produzir a obrigação tributária e o crédito dela decorrente; • pessoal ou subjetivo: sujeitos da relação jurídico-tributária; • temporal: quando da ocorrência do fato econômico; • espacial ou territorial: local da ocorrência do fato econômico; • valorativo ou dimensional: “quantum” da obrigação tributária (base de cálculo x alíquota). Interpretação do FG (Art. 118 do CTN): O tributo é exigido, independentemente: • da validade jurídica dos atos praticados pelo sujeito passivo; • da natureza jurídica do seu objeto ou efeito; • dos efeitos efetivamente ocorridos. 6.3) SUJEITO ATIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA É o Estado (credor) que no Brasil adota uma forma conhecida como República Federativa, (com 3 níveis de Governo). | União Federal Estado (amplo senso) | Estados | Municípios O Distrito Federal detém todas as competências tributárias conferidas aos Estados e aos Municípios. 6.4) SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA Conceito: É a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária, inclusive às prestações positivas e negativas (procedimentos): Chama-se contribuinte a pessoa que, pessoal e diretamente esteja relacionado com fato gerador da obrigação tributária; É responsável quem, não sendo contribuinte, esteja obrigado ao cumprimento de obrigações tributárias. Responsável por Solidariedade - (art. 124 do CTN): Quando duas ou mais pessoa se obrigam simultaneamente com relação ao mesmo crédito tributário: • Natural ou de fato (por interesse comum na situação que constitua o fato gerador). Ex. Co-proprietários de um imóvel urbano, relativamente ao IPTU; • Legal (relativa às pessoas expressamente designadas por lei). Ex. Os pais relativamente aos tributos devidos por seus filhos menores. Responsável por Sucessão (arts. 129 a 133 do CTN): A obrigação se transfere para terceiros, normalmente em virtude do desaparecimento do contribuinte natural. Na fusão, transformação, incorporação, cisão ou extinção da pessoa jurídica, a empresa sucessora é responsável pelos tributos devidos até a data do ato. Terceiro Responsável (arts. 134 e 135 do CTN): 35 Transferência da obrigação para terceiros intervenientes no negócio jurídico, quando o pagamento não possa ser satisfeito direta-mente pelo contribuinte natural. Exemplos: Pais respondem pelos filhos menores; Tutores, pelos seus tutelados; Síndico, pela massa falida, etc. Responsável por Substituição Tributária Ocorre quando, em virtude de expressa disposição de lei, a obrigação tributária surge, desde logo, contra uma terceira pessoa, economicamente vinculada ao fato ou negócio tributado. Este terceiro assume a obrigação em substituição ao contribuinte natural. Exemplos mais comuns de Subst.Tributária Retenção, pelo empregador, do IMPOSTO DE RENDA devido pelo trabalhador assalariado, inclusive da sua parcela de contribuição ao INSS. Retenção, pelo fabricante, do ICMS devido pelo comerciante adquirente na futura revenda das mercadorias compradas do industrial. 6.5) RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES Conceito de Infração: Infração é o ato (deliberado ou não) que implica descumprimento da legislação tributária. Para garantir o cumprimento da obrigação tributária, a lei pune aqueles que violam as normas que estabelecem essas obrigações. Quando a lei não dispõe de forma diversa, a responsabilidade é objetiva (independe da intenção do agente). A responsabilidade é pessoal do infrator, quando a infração, além de contrariar as normas tributárias, é conceituada como crime ou contravenção penal, excetuando-se a situação em que o infrator tenha agido no cumprimento de suas prerrogativas administrativas, no exercício de um mandato (procurador p. exemplo) ou, ainda, quando estiver cumprindo ordem expressa emanada por quem de direito. Exclusão da Responsabilidade pela Denúncia Espontânea: Ocorre quando o infrator procura a repartição fiscal competente, antes de qualquer iniciativa do Fisco, e então: a) confessa o ilícito tributário; b) paga o tributo e a mora devidos; ou c) deposita a importância arbitrada pela autoridade administrativa (no (no caso de tributo ainda não apurado). 6.6) CAPACIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA Conceito: Capacidade - aptidão jurídica para exercer direitos ou contrair obrigações. A capacidade tributária passiva é presumida pela lei. Decorre da escolha do legislador das pessoas que praticam ou estejam relacionadas com os fatos geradores da obrigação tributária. A capacidade tributária passiva independe: a) da capacidade civil das pessoas naturais; b) de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios; c) de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que se configure uma unidade econômica ou profissional. 36 6.7) DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO Conceito: É o local onde as pessoas cumprem as suas obrigações e respondem por seus direitos. Como regra geral, o contribuinte ou responsável pode eleger o domicílio tributário, a seu critério. Contudo, o FISCO pode recusar essa eleição, se ela impedir ou dificultar a fiscalização tributária. 37 7 - CRÉDITO TRIBUTÁRIO 7.1) CONCEITO Direito do Estado de exigir do sujeito passivo (particular) a prestação (pagamento do tributo) decorrente da obrigação tributária principal. Tem a seguinte composição (parcelas): - tributo; - correção monetária; - multas fiscais; - juros de mora; - outros acréscimos legais. 7.2) LANÇAMENTO - CONSTITUIÇÃO DO CT Conceito: Ato (administrativo) constitutivo do crédito tributário, que declara a existência do direito do Estado à sua cobrança (exigência). Tem a função de individualizar a obrigação prevista em abstrato na lei, nascida em decorrência do fato gerador (avaliação qualitativa e quantitativa). Lançamento – Função: a)verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente; b) determinar a matéria tributável; c) calcular o montante do tributo devido; d) identificar o sujeito passivo; e) propor a aplicação da penalidade cabível, quando for o caso; O lançamento é uma atividade administrativa privativa da autoridade fiscal, de caráter vinculado e obrigatório. Lançamento – Efeitos: a) torna exigível o tributo, pela apuração e controle dos elementos materiais e formais do crédito tributário; b) proporciona ao sujeito passivo, nos termos das normas processuais, a oportunidade de exercer o seu direito de defesa fiscal (impugnação e recursos administrativos); c)torna o crédito tributário líquido e certo. Lançamento - Legislação Aplicável: Ao lançamento, aplica-se as normas vigentes à época da ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente. A legislação posterior (nova) pode ser aplicada quando, não responsabilizando terceiro, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização. Espécies de lançamento: a) Lançamento Direto ou de Ofício: • Feito unilateralmente pela autoridade administrativa, sem uma participação mais significativa do sujeito passivo. • É muito utilizado paras os casos de: - exigência tributária combinada com infrações fiscais; - impostos sobre a propriedade; • Comporta a subdivisão a seguir: a1) por Investigação Real: caracterizado pela determinação da matéria tributável o mais próximo possível da realidade por meio de elementos concretos ao alcance do FISCO. Exemplo: 38 apreensão de mercadorias desacompanhadas de nota fiscal; obtenção de documento comprobatório de operação não registrada. a2) por Presunção: que consiste na investigação da matéria tributável por meio de estimativas e outras informações que se aproximem da realidade dos fatos; a3) Indiciário: que se baseia em certos elementos indiciários ou circunstâncias tais que expressam a valoração da riqueza a ser tributada, inclusive com base nos seus sinais exteriores; b) Lançamento por Declaração: • Feito pelo Fisco com a colaboração do sujeito passivo, que presta declaração informando certos elementos que constituem base para o lançamento. • Uma vez prestada a declaração, o contribuinte não pode alterá-la, para reduzir o tributo, a não ser que, antes da notificação, comprove o erro ou omissão determinante da alteração; c) Lançamento por Homologação: • Ocorre, quanto aos tributos em que o contribuinte ou responsável é obrigado a efetuar o pagamento (provisório) do crédito tributário, antes de qualquer iniciativa do Fisco. Nesse caso, o Fisco, mediante fiscalização “a posteriori” ratifica (homologa) o pagamento, tornando- o definitivo. Exemplos.:I.Renda; IPI; ICMS; e ISS etc. Alterações do Lançamento O lançamento (é DEFINITIVO), quando o sujeito passivo tenha sido dele regularmente notificado e somente pode ser alterado nas seguintes situações: a) por iniciativa do próprio sujeito passivo, que o impugnar (defesa fiscal); b) por atuação da própria administração tributária, diante da ocorrência dos motivos previstos na legislação tributária. 7.3) SUSPENSÃO, EXTINÇÃO E EXCLUSÃO DO CT a) Modalidades de Suspensão da exigibilidade do CT: O Crédito Tributário, que é exigível de imediato (efeitos do lançamento), tem sua exigibilidade prorrogada para num futuro (definido ou dependente de algum fato administrativo ou judicial), mantido o cumprimento das obrigações. • Moratória: Corresponde à prorrogação, dilatação ou adia-mento do prazo regulamentar fixado para o pagamento do tributo. A forma mais comum é o parcelamento do débito em prestações mensais, concedido pela entidade tributante. Pode ocorrer a concessão de um prazo de carência, seguido de pagamento a vista ou parcelado. • Depósito (administrativo ou judicial): Refere à situação em que o sujeito passivo efetua depósito dos valores exigidos, enquanto discute, administrativa ou judicialmente, o lançamento. Tem o efeito de prevenir (evitar) a incidência de correção monetária e juros de mora. • Defesa Fiscal: Corresponde às oportunidades em que o sujeito passivo pode impugnar ou impetrar recursos contra decisões administrativas que lhes forem desfavoráveis. As RECLAMAÇÕES são impetradas contra o lançamento e os RECURSOS contra a decisão (de 1ª instância ou de outras instâncias superiores) que julgar improcedente a reclamação (julgamento pro-Fisco). 39 Medidas Cautelares: A CONCESSÃO DE MEDIDAS CAUTELARES - como LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA (ou outra medida judicial equivalente). Diz respeito ao ato judicial que, provisoriamente, suspende a exigibilidade do crédito tributário, enquanto o juiz analisa o mérito da questão e profere uma decisão definitiva. b) Modalidades de Extinção do CT: São situações que determinam o fim da obrigação tributária, por extinguir o crédito dela decorrente. A mais importante delas é o pagamento. Há modalidades que se equiparam, parcial ou integralmente, ao pagamento, embora tenham nomenclatura diferenciada. Ex. Compensação, Homologação, Conversão do Depósito em Renda etc. • Pagamento: É o fim natural do crédito tributário, representado pelo cumprimento da obrigação tributária principal. Significa a conversão do crédito tributário (direito em potencial) em renda, arrecadação, receita pública (derivada) e deve ser efetuado (art. 162 do CTN) - em moeda corrente, cheque ou vale postal - em estampilha (selo), etc. • Compensação: Ocorre quando o sujeito passivo é, também, credor do sujeito ativo (Estado). Trata-se, na realidade, de um encontro de contas. • Conversão do Depósito em Renda: O depósito corresponde ao valor oferecido pelo sujeito passivo como modalidade de suspensão do crédito tributário. Julgada a lide, na via administrativa ou judicial, os valores depositados são levantados e convertidos em renda (ARRECADAÇÃO), com a conseqüente extinção dos créditos por eles garantidos. • Homologação do Pagamento Antecipado: Ocorre quanto aos tributos em que o sujeito passivo é obrigado a antecipar o pagamento do crédito tributário. Posteriormente, o Fisco analisa a regularidade desse pagamento e expressamente o HOMOLOGA. Se não o fizer, no prazo de 5 (cinco) anos, contados da data do pagamento, ocorrerá a HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. • Consignação em Pagamento: O sujeito passivo pode, em lugar de efetuar o pagamento, fazer um depósito da importância correspondente ao crédito tributário em juízo,quando o Estado: a) recusar o seu recebimento; b) vincular o pagamento ao cumprimento de exigências administrativas ilegais; c) por mais de um esfera de Governo, exigir tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. • Transação: Caracterizada por concessões mútuas, do Estado e do sujeito passivo, com o fim de prevenir ou encerrar litígios fiscais. • Remissão: Forma extintiva do crédito tributário fundamentada no perdão ou dispensa, total ou parcial, do pagamento devido autorizada nos seguintes casos principais: a) situação econômica (frágil) do sujeito passivo; 40 b) erro ou ignorância escusáveis (desculpáveis) do sujeito passivo; c) diminuto valor do crédito tributário • Decadência: É a perda do direito da Fazenda Pública (Estado) de constituir o crédito tributário (efetuar o LANÇAMENTO), com o decurso do prazo de 5 anos, contados: - do 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sito efetuado; - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, lançamento anteriormente realizado. • Prescrição: Perda do direito de ação da Fazenda Pública (o Estado) de cobrar o crédito tributário em juízo (Execução Fiscal), se não o fizer no prazo de 5 anos após o lançamento. Casos de interrupção do prazo: a) citação pessoal feita ao devedor; b) protesto judicial; c) ato judicial que constitua em mora (em atraso) o devedor; d) reconhecimento do débito pelo devedor. • Decisão Administrativa Irreformável (absolutória): Diz respeito à última decisão, na esfera administrativa, em que o sujeito passivo, no exercício do seu direito à DEFESA FISCAL, sagrou-se vencedor (absolvido) na discussão. • Decisão Judicial com Trânsito em Julgado (absolutória): Trata-se de decisão judicial, transitada em julgado (que não cabe mais recurso), que concluir pela improcedência da pretensão fiscal de exigir o crédito tributário objeto da ação judicial respectiva. c) Modalidades de Exclusão do CT: São hipóteses que a lei reconhece a existência do fato gerador da obrigação tributária principal, mas proíbe aconstituição do crédito tributário dela decorrente. A concessão dos benefícios excludentes do crédito tributário não dispensa o cumprimento de obrigações acessórias dependentes da obrigação principal ou dela decorrentes. • Isenção: Dispensa do pagamento do tributo concedida por lei especifica que fixa condições e prazos Pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo, salvo se: a) concedida por prazo certo e em função de determinadas condições; b) relativa a impostos sobre patrimônio e renda, caso em que deve ser observado o princípio da anterioridade da lei. • Anistia: Dispensa, total ou parcial do pagamento de penalidades pecuniárias (de natureza tributária), concedida por lei especifica. É um instituto próprio do Direito Penal. Por significar perdão da falta cometida, somente alcança as multas aplicáveis às infrações praticadas. 7.4) GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CT: a) Garantias – conceito: Meios jurídicos utilizados pelo Estado para assegurar o recebimento do tributo devido. Todos os bens e rendas do sujeito passivo, de qualquer origem ou natureza, respondem pelas dívidas tributárias, excetuados aqueles que a lei declare absolutamente impenhoráveis. 41 São nulos os ônus reais e as cláusulas de inalienabilidade ou impenhorabilidade constituídas, a qualquer tempo, pelo devedor. Outras garantias podem ser acrescidas pela legislação do tributo. Considera-se de má-fé (FRAUDE À EXECUÇÃO FISCAL), a alienação de bens ou oneração de rendas, ou o seu começo, feita por pessoa devedora de crédito tributário regularmente inscrito na dívida ativa, salvo se houver reservado bens ou rendas suficientes à sua total satisfação. b) Privilégios – conceito: São os predicativos (qualidades) a ele atribuídos no sentido de conferir-lhe “status” preferencial sobre os demais créditos. Essa vantagem é absoluta, exceção feita tão-somente aos créditos de natureza trabalhista. Nota: No caso de falência, deverá obedecer à ordem de recebimento de créditos traçadas pela Lei de Falências (Lei nº 11.101) em seu artigo 83: • Primeiramente, os créditos trabalhistas de até 150 salários-mínimos; • em segundo, os créditos com garantia real (penhora, hipoteca, etc); • em terceiro, os créditos tributários; • em quarto os créditos com privilégio especial; e • em quinto os créditos com privilégio geral, estando aí incluídos as multas tributárias (inciso VII). Com efeito, a Fazenda Pública esta isenta de submissão a concurso de credores ou habilitação nos processos de falência, concordata, inventário ou arrolamento. Quando o patrimônio do devedor não der para quitar todos os débitos, ocorre um concurso interno entre as fazendas credoras, que se resolve pela seguinte preferência: • em 1º lugar, créditos da União; • em 2º lugar, créditos dos Estados, DF e Territórios, conjuntamente e “pro-rata”; •3) em último lugar, os Municípios conjuntamente e “pro-rata”. 42 8 - ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 8.1) CONCEITO: Atividade estatal voltada principalmente para a arrecadação tributária. Trata-se de um ramo especializado da Administração Pública. - Princípios básicos da Administração Pública: • LEGALIDADE; • IMPESSOALIDADE; • MORALIDADE; • PUBLICIDADE; • EFICIÊNCIA. Esta atividade estatal dispõe de servidores específicos - funcionários fiscais (FISCO), com funções voltadas para a verificação do cumprimento das obrigações tributárias (lançamento). No combate e prevenção da inadimplência, a Administração Tributária tem o poder de aplicar multas administrativas e de se utilizar de outros meios coercitivos para assegurar o cumprimento da obrigação tributária. 8.2) FISCALIZAÇÃO E DÍVIDA ATIVA TRIBUTÁRIA: Fiscalização Tributária O objetivo da Administração Tributária é a arrecadação. Contudo, para assegurá-la torna-se necessário fiscalizar o cumprimento da obrigação tributária. O FISCO conta com uma séria de prerrogativas legais para tal fim. Todos são obrigados à fiscalização e devem registrar e guardar livros e documentos por 5 anos. Contudo nenhuma informação obtida pelo exercício não pode ser revelada (sigilo fiscal). Dívida Ativa Tributária Art. 201 do CTN” “Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular.” A dívida ativa, regularmente inscrita, goza de presunção de certeza e de liquidez, tendo efeito de prova pré-constituída - cabe ao sujeito passivo o ônus da contra-prova. Certidão da Dívida Ativa: • Certidão Positiva: que deverá conter, além dos requisitos mencionados, o nº do livro e da folha de inscrição. A Certidão Positiva constitui título executivo extrajudicial, o que possibilita à Fazenda Pública promover a EXECUÇÃO FISCAL do crédito tributário inscrito. • Certidão Negativa (CND) É a prova de que o sujeito passivo está quite com a Fazenda Pública. É exigida como pré-requisito na habilitação da pessoa a vários atos da vida civil, comercial, contratos com a Administração Pública e admissão no serviço público. Considera-se como Negativa, a certidão que se referir a créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva, objeto de penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa. 43 09 – DEFESAS FISCAIS São alternativas dadas ao sujeito passivo para resguardar seus direitos, propostas em face do lançamento emitido pela autoridade fiscal, com base no contraditório e ampla defesa, através de documento escrito. 09.1 Processo Administrativo Tributário A Administração Pública pode instituir um processo administrativo para apurar matéria controversa entre si e o administrado (CONTROLE DA LEGALIDADE), cuja decisão final a vincula, mas não o particular, que pode pedir ao Judiciário que reveja a decisão sobre a matéria (princípio da jurisdição única). O Processo Administrativo Tributário (PAT) é uma espécie de processo administrativo voltada para a: a) determinação da exigência do crédito tributário (resolvendo a lide sobre a procedência desse crédito); b) solução de dúvidas (consultas) sobre a aplicação da legislação tributária. a) Princípios processuais: 1. da LEGALIDADE (objetiva): atividade vinculada do próprio lançamento (controle de sua legalidade); 2. da OFICIALIDADE: impulso oficial para alcançar a decisão final, mesmo sem a provocação das partes; 3. da INFORMALIDADE: simplicidade na prática processual, realizando-se apenas os atos essenciais à obtenção da certeza jurídica. Não precisa de advogado; 4. da VERDADE MATERIAL: objetiva a apuração da realidade dos fatos. Não há rigor quanto à produção de provas. A princípio, qualquer documento é admitido e anexado aos autos; 5. da CELERIDADE PROCESSUAL: A decisão final tem que ser rápida. O ritmo obedece à relevância para Administração, seja em razão da matéria ou até mesmo da amplitude dos valores objeto da lide; 6. do CONTRADITÓRIO: garante aos acusados o direito de contestar as provas e argumentos produzidos em seu desfavor; 7. da AMPLA DEFESA: o sujeito passivo tem amplo direito de se defender. Além da contestação, pode produzir as provas que julgar necessárias para garantir a sua inocência ou, se culpado, para ser JUSTAMENTE apenado. b) Julgamento: 1. Julgamento de Primeira Instância: O sujeito passivo pode impugnar o lançamento (reclamação) perante o Julgador de 1a.Instância, que expede uma decisão, analisando fatos, provas e a legislação aplicável; a) se a decisão for contra a Fazenda Pública, o próprio julgador a submeterá, obrigatoriamente, à 2a. Instância - Recurso de Ofício; b) se for contra o sujeito passivo, este poderá interpor Recurso Voluntário à 2a.Instância. 2. Julgamento de Segunda Instância: O julgamento do recurso é feito por colegiado (representantes do Fisco e dos Contribuintes); 3. Julgamento em Instância Especial: Excepcionalmente destinado a rediscutira decisão de 2a. Instância quando não for unânime; contrariar a lei ou a evidência das provas ou, ainda, quando for divergente em relação à decisão de outra Câmara ou da própria Instância Especial. 44 c) Documentos de Lançamento: Auto de Infração (lançamento com multa): - qualificação do autuado; - local, data e hora da lavratura; - descrição dos fatos; - dispositivos legais infringidos e correspondentes às penalidades propostas; - exigência fiscal e intimação para o seu cumprimento ou impugnação; - assinatura do autuante e sua identificação; - ciência do sujeito passivo. Notificação (lançamento sem multa): - qualificação do notificado; - valor do crédito tributário a pagar e o prazo para impugnação; - infração (se houver); - assinatura da autoridade administrativa (dispensada no caso de emissão por sistema eletrônico de processamento de dados). d) Defesa Fiscal: São as impugnações e recursos interpostos pelo sujeito passivo, com o objetivo de provocar a revisão de decisão que lhe seja desfavorável. Efeitos do exercício da defesa fiscal: - suspensão da exigibilidade do Crédito Tributário; - inicio da fase contenciosa do Processo Administrativo Tributário. Revelia: • omissão da defesa fiscal no prazo legal; • efeitos da revelia: - presunção de validade do lançamento; - gera cobrança amigável e judicial; Preclusão: Perda do direito de praticar ato processual (reclamação, impugnação, recurso etc, inclusive por parte da Fazenda Pública), pelo decurso do prazo legal para fazê-lo. 9.2) Processo Judicial Tributário: é a seqüência de atos realizados perante o Poder Judiciário visando discutir o crédito tributário. Para a cobrança judicial do crédito tributário não-pago, observa-se a Lei 6830/80 (Lei de Execução Fiscal): 1º) Havendo decisão administrativa irreformável considerando válido o CT, se o contribuinte não paga no prazo de 30 dias, a Fazenda Pública procederá à inscrição do débito em Dívida Ativa e abrirá prazo de cobrança; 2º) Caso ainda não pague, mediante a certidão de Dívida Ativa, os procuradores ou advogados da Fazenda Pública irão propor Ação de Execução Fiscal; 3º) O executado tem prazo de 5 dias para pagar (correção, multa, juros) ou nomear bens à penhora; 4º) Após, poderá embargar (propor defesa fiscal) no prazo de 30 dias a contar da penhora. Além dos embargos à execução fiscal, o sujeito passivo poderá propor outras ações judiciais, tais como: 45 • Ação de repetição de indébitos ou de restituição de importâncias pagas: para requerer a devolução de importâncias pagas a maior de um crédito tributário. Exemplo: o ICMS que seria de R$ 5.000,00 e foi pago R$ 7.000,00, podendo o sujeito passivo pedir a devolução de R$ 2.000,00 • Ação de compensação: para pedir a compensação ou encontro de contas entre Fisco e sujeito passivo. Exemplo: a compensação de um crédito fiscal do contribuinte de R$ 2.000,00 do ICMS com o ICMS do próximo mês, calculado em R$ 3.000,00; assim, o contribuinte pode requerer o direito de efetuar o pagamento de apenas R$ 1.000,00 • Ação anulatória de débitos fiscais • Ação de nulidade de débitos fiscais • Ação declaratória de nulidade de auto de infração • Mandado de segurança: para coibir abusos ou excesso de poder praticados pela autoridade fiscal. Observação: Penhora on line: Se o devedor devidamente citado não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos (art. 185-A do CTN). 46 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO PARTE ESPECIAL – Os Reflexos dos Tributos nas Organizações. 2010/01 47 TRIBUTOS SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO FINALIDADE: Extrafiscal. Isto é, o imposto é utilizado como instrumento de controle das importações. Os produtos que interessam ao país que sejam importados aplica-se alíquotas baixas ou zero, já os produtos que não interessam a importação aplica-se alíquotas mais altas, de forma a desestimular as entradas. EXCEÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA ANTERIORIDADE: Tendo em vista que muitas vezes se faz necessário que o nível das importações seja diminuído imediatamente para evitar graves danos nas reservas cambiais brasileiras, o legislador constituinte autorizou que as alíquotas do imposto podem ser alteradas por ato do poder executivo, nos limites estabelecidos em Lei, podendo entrar em vigor imediatamente após a sua publicação, caracterizando então exceção do imposto aos princípios da legalidade e anterioridade, no tocante ao aumento deste imposto. FATO GERADOR: é a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro (Art. 72 do Decreto nº 4543, de 26/12/2002) MERCADORIA ESTRANGEIRA: é a mercadoria oriunda de país estrangeiro. Considera-se também estrangeira, para fins da incidência do Imposto sobre a Importação, a mercadoria nacional ou nacionalizada exportada, que retorne ao país, exceto se: • enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado; • devolvida por motivo de defeito técnico para reparo ou substituição • por motivo de modificações na sistemática de importação por parte do país importador; • por motivo de guerra ou calamidade pública; ou • por outros fatores alheios à vontade do exportador. TERRITÓRIO ADUANEIRO: Refere-se á área onde é possível haver a atuação das autoridades alfandegárias brasileiras, logo o território aduaneiro compreende todo território nacional. O Território Aduaneiro para fins de jurisdição dos serviços alfandegários divide-se em Zona Primária e Zona Secundária. ZONA PRIMÁRIA: é a área onde há controle aduaneiro permanente e ininterrupto. Basicamente compreende as áreas dos portos, aeroportos e estações de fronteira terrestres onde se realizam legalmente operações de carga e descarga de mercadorias ou embarque e desembarque de passageiros, procedentes do exterior ou a ele destinados. ZONA SECUNDÁRIA: Compreende todo restante do território nacional, inclusive as águas territoriais e o espaço aéreo Obs.: o regulamento aduaneiro (Decreto n.º 4.543/2002) estabelece que tratando-se de mercadoria despachada para consumo, considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro da declaração de importação na repartição aduaneira competente. DESPACHO PARA CONSUMO: É o conjunto de procedimentos estabelecidos na legislação aduaneira, que tem como objetivo colocar a mercadoria de origem estrangeira à disposição do adquirente domiciliado no Brasil, para seu uso ou consumo final. ASPECTOS DO FATO GERADOR 48 A doutrina estabelece que não basta a descrição de um fato como sendo gerador de tributo, há a necessidade de se identificar diversos aspectos do fato gerador para que ele se torne factível, tais como: • Fator material: é a situação descrita na lei como necessária e suficiente para fazer surgir a obrigação tributária. No caso do imposto sobre importação, o fator material é a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro. • Fator temporal: refere-se ao momento em que ele acontece. Dado que se a ocorrência se deu num lapso de tempo anterior a 5 anos, normalmente o sujeito ativo da relação jurídico-tributária não mais terá direito de exigir o tributo pela ocorrência da figura extintiva de direito denominada decadência. O Imposto de Importação tem como o fator temporal, o momento em que ocorrer a entrada da mercadoria estrangeira no território aduaneiro, embora saibamos que em termos operacionais utiliza-se como fator temporal (Art. 73 Decreto 4.543/2002): 1) o momento do registro da Declaração de Importação, quando a mercadoria for despachada para consumo; 2) o momento do lançamento do crédito tributário quando se tratar de bens contidos em remessa postal internacional, bagagem ou na constatação de irregularidade na importação. • Fator espacial: Refere-se ao local da ocorrência do fato
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