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Direito Penal - Crimes de trânsito

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EXITUS 5 
 
 
TEMA: CRIMES DE TRÂNSITO 
 
 
1 – PROCEDIMENTO 
 
 Os crimes previstos no CTB não têm um procedimento especial e seu artigo 291, 
“caput”, determina a aplicação das normas gerais do CP, CPP e, no que couber, a Lei 
9099/95. 
 Com relação à Lei 9099/95, entende-se que poderá ser aplicada integralmente 
apenas aos crimes de trânsito cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos. 
 Excepcionalmente, alguns institutos da Lei 9099/95 eram estendidos a crimes cuja 
pena, na época, superava o patamar de definição de infração de menor potencial ofensivo. 
Isso era disposto no antigo Parágrafo Único do art. 291, CTB, que permitia a aplicação aos 
crimes de trânsito de lesões corporais culposas (art. 303, caput e Parágrafo Único, CTB), 
embriaguez ao volante (art. 306, CTB) e participação em competição não autorizada (racha) 
(art. 308, CTB), dos institutos da composição civil de danos (art. 74, Lei 9099/95), da 
transação penal (art. 76, Lei 9099/95) e da representação (art. 88, Lei 9099/95). 
 Esse tratamento excepcional passou somente a ter maior relevância quanto ao crime 
de embriaguez ao volante (art. 306, CTB) e Lesões corporais culposas com aumento de 
Pena (art. 303, Parágrafo Único, CTB), cuja pena máxima do primeiro é de 3 anos e da 
segunda ultrapassa dois anos devido à aplicação do aumento, pois nos casos de lesões 
corporais culposas simples (art. 303, caput, CTB) e racha (art. 308, CTB), tornaram-se 
efetivamente infrações de menor potencial, cujas penas máximas não passavam de 2 anos 
(vide nova redação do artigo 61 da Lei 9099/95 e Lei 10.259/01). Não obstante, hoje, 
em vista da Lei 12.971/14, o artigo 308, CTB também não é mais de menor potencial, 
pois sua pena máxima foi elevada a 3 anos. 
 Também é importante a necessidade de representação como condição de 
procedibilidade para as Lesões corporais culposas do trânsito. Por óbvio não se aplicava a 
necessidade de representação (art. 88 da Lei 9099/95) aos crimes dos artigos 306 e 308, 
CTB, que têm como sujeito passivo a coletividade. 
 Dessa forma, havia no CTB certos crimes para os quais havia aplicação total da Lei 
9099/95. Também havia caso (artigo 306) para o qual era prevista uma aplicação parcial. 
Por fim, no caso do homicídio culposo no trânsito (art. 302), não há possibilidade de 
aplicação da Lei 9099/95. Atualmente, com a Lei 11.705/08, somente há aplicação 
excepcional da Lei 9099/95 às lesões culposas no trânsito com aumento de pena (vide 
artigo 291, § 1º. e 2º., CTB). No mais se aplica somente aos crimes de trânsito com 
penas máxima abstratas de dois ou menos anos. 
 
IMPORTANTE 
 
Ocorre que a Lei 11.705/08 alterou sensivelmente esse quadro (novos parágrafos 1º. 
e 2º. do art. 291, CTB: 
-Não mais menciona o art. 306, CTB, de modo que a ele não se aplica mais nenhum 
instituto da Lei 9099/95, tirante a Suspensão Condicional do Processo (art. 89, da Lei 
9099/95), que não é específico de infrações de menor potencial. 
-Não mais menciona o art. 308, CTB, e este se torna de médio potencial com pena 
máxima de 3 anos por força da Lei posterior 12.971/14. 
-Agora o § 1º. Somente menciona a extensão de alguns institutos sobreditos da Lei 
9099/95 às lesões corporais culposas do trânsito. Note-se, porém, que certamente refere-se 
tal extensão somente aos casos de lesões culposas do trânsito com aumento de pena (art. 
303, Parágrafo Único, CTB), vez que as lesões culposas do trânsito simples (art. 303, caput, 
CTB), já são, naturalmente, infrações de menor potencial ofensivo, pois que sua pena 
máxima não ultrapassa 2 anos, sendo-lhes aplicável a Lei 9099/995 “in totum”, por força do 
art. 291, “caput”, CTB, e não devido ao seu § 1º. 
-Mesmo nos casos de lesões culposas com aumento de pena, não haverá a extensão 
quando ocorrer alguma das hipóteses limitativas do artigo 291, § 1º., I, II e III, CTB. Essa é 
uma mudança importante, já que antes a extensão se dava aos crimes que mencionava sem 
nenhuma condição especial. 
-OBS. IMPORTANTE: É preciso atenção ao § 2º. do art. 291, CTB. Agora não há 
mais dúvida: mesmo nos casos de extensão, somente os institutos dos arts. 74,76 e 88 da 
Lei 9099/95 serão aplicados. O crime, porém, deverá ser apurado em Inquérito Policial, 
sendo possível a prisão em Flagrante e o feito será distribuído para o Juízo Comum, que 
ficará encarregado de aplicar os institutos sobreditos da Lei 9099/95. 
 
 
2 – SUSPENSÃO OU PROIBIÇÃO DA HABILITAÇÃO OU PERMISSÃO PARA 
DIRIGIR VEÍCULO AUTOMOTOR 
 
 Com a previsão expressa dessa penalidade nos crimes do CTB, o art. 47, III, CP foi 
revogado, não tendo mais aplicação prática. 
 
 Isso porque: 
 
a)O art. 57, CP, limita a aplicação do art. 47, III, CP aos casos de crimes culposos de 
trânsito e, para estes, já há previsão da mesma pena no CTB; 
 
b)Nos casos dos artigos 304, 305, 309, 310, 311 e 312, em que tal pena não é prevista no 
CTB, também não há como aplicar o art. 47, III, CP, vez que este se limita aos crimes 
culposos de trânsito (art. 57, CP), sendo tais crimes todos dolosos. 
 A estes crimes a aplicação da suspensão ou proibição somente ocorrerá em casos de 
reincidência específica em crimes de trânsito (art. 296, CTB). Nestes casos a reincidência 
não poderá ter efeito de agravante (“bis in idem”) (art. 61, I, CP). 
 
OBS. IMPORTANTE – A Lei 11.705/08 alterou a redação do art. 296, CTB – mantém a 
aplicação da pena de suspensão para os casos de reincidentes específicos em crimes de 
trânsito, mas agora, o que era uma faculdade do juiz se transformou numa obrigação. A 
nova redação é imperativa, dizendo que o juiz aplicará a referida penalidade e não que 
poderá aplicar. 
-A reincidência específica vale para qualquer crime do código de trânsito, não precisando 
ser exatamente o mesmo crime. Por ex. vale homicídio culposo com embriaguez ao volante. 
-O Juiz tem que mencionar a pena na sentença, ela não é automática. Se não mencionar e 
transitar em julgado o condenado não será prejudicado por essa sanção. Por isso, cabe ao 
MP interpor embargos de declaração e/ou apelação nos casos em que o juiz deixar de 
aplicar a referida penalidade. 
- Outro aspecto relevante quanto ao presente tema é que a sanção de suspensão sobredita 
não poderá ser aplicada em casos de condenações por crimes de trânsito que já a prevêem 
como pena principal no preceito secundário dos tipos penais. Nesses casos, de que são 
exemplos os artigos 302, 303, 306, 307 e 308, CTB, a reincidência atuará como 
“circunstância agravante preponderante”, nos termos do artigo 61, I, CP. Nos demais casos, 
em que os crimes de trânsito não prevêem a penalidade em destaque de forma principal 
(artigos 304, 305, 309, 310, 311 e 312, CTB), o Juiz deverá aplicar a suspensão, sendo que 
nessas circunstâncias a reincidência não poderá ser utilizada como agravante genérica de 
acordo com o artigo 61, I, CP, para evitar “bis in idem”. 
 
 
3 – EFEITO EXTRAPENAL DA CONDENAÇÃO POR CRIME DE TRÂNSITO 
 
 
 Nos termos do art. 160, CTB, a condenação por crime de trânsito tem o efeito 
automático (independente de menção na sentença) de obrigar o condutor a submeter-se 
novamente a todo o procedimento para habilitação para poder voltar a dirigir legalmente. 
 
4 – SUSPENSÃO OU PROIBIÇÃO CAUTELAR (ART. 294, CTB) 
 
 Trata-se de medida preventiva, devendo estar presentes os requisitos da prova do 
crime e de indícios suficientes de autoria (art. 312, CPP). Quanto à motivação, reduz-se à 
“garantia da ordem pública”. 
 
NOVA SUSPENSÃO OU PROIBIÇÃO CAUTELAR: Cautelar semelhante foi prevista pela Lei 
13.804/19, com a criação do artigo 278 – A e, especificamente, seu § 2º., CTB (Lei 9.503/97). É possível que 
o juiz, no caso de prisão em flagrante por crimes de receptação, descaminho e contrabando, sendo o suspeito 
condutor de veículo automotor, tendo agido usando o veículo para as práticas criminosas, venha a suspender, 
em decisão motivada, sua permissãopara dirigir ou CNH ou mesmo proibir a obtenção de permissão, acaso 
não seja habilitado. Neste caso, a lei prevê que a cautelar poderá ser decretada de ofício pelo Juiz ou mediante 
requerimento do Ministério Público ou representação da Autoridade Policial. Tratando-se de lei posterior à 
Lei 12.403/11, entende-se que o decreto de ofício se sobrepõe à norma do artigo 282, § 2º., CPP, embora seja 
isso de duvidosa constitucionalidade. Afinal, o artigo 282,§ 2º., CPP veio a lume exatamente para evitar a 
atuação “ex ofício” do Juiz na fase investigatória. A cautelar, porém, somente poderá ser imposta se houver 
necessidade para a garantia da ordem pública, isso em qualquer fase da investigação ou da ação penal. Frise-
se que o artigo 278 –A, “caput” prevê a cassação da habilitação e a proibição de obter habilitação pelo prazo 
de 5 (cinco) anos, quando o infrator for condenado com trânsito em julgado pelos crimes de receptação, 
descaminho ou contrabando, usando veículo automotor. Não obstante, agora não se trata de cautelar, mas de 
efeito secundário imperativo da condenação. Esse condenado, poderá voltar a habilitar-se, passado o período 
de cinco anos, desde que se submeta a todos os exames necessários para a primeira habilitação. Isso está 
disposto no artigo 278 – A, § 1º., CTB, para impedir a ocorrência de pena de caráter perpétuo, o que seria 
inconstitucional. 
 
 
Obs. Recurso da Decisão que Defere ou Indefere – Recurso em Sentido Estrito (art. 581, 
CPP c/c art. 294, Parágrafo Único, CTB). 
 
5 – MULTA REPARATÓRIA (ART. 297, CTB) 
 
5.1 – NATUREZA JURÍDICA 
 
 a)Pena – Entendimento criticado porque se fosse seria inaplicável, uma vez que não 
é prevista nos tipos penais (preceito secundário), infringindo, destarte, o Princípio da 
Legalidade. 
 
 b)Efeito secundário extrapenal da condenação (Posição Predominante). 
Obs. 1 – Trata-se não do efeito genérico de toda condenação penal quanto à obrigação de 
reparar o dano (art. 91, I, CP), mas de efeito específico porque só previsto para os casos do 
CTB. 
 
Obs. 2 – Também não é efeito automático porque depende de menção expressa na 
sentença e determinação de seu valor pelo juiz. 
 
Obs. 3 – a “Multa Reparatória” não deve ser confundida com a “pena pecuniária de multa” 
prevista expressamente em alguns tipos penais do CTB. 
 
Obs. 4 – A “Multa Reparatória” paga não impede o complemento da indenização no Juízo 
Cível, mas deve ser descontada nessa ocasião (art. 297, § 3º, CTB). 
 
Obs. 5 – Quando o § 2º do art. 297 diz que se aplicam à execução da multa reparatória as 
regras dos artigos 50 a 52, CP, isso se refere somente ao procedimento, vez que quem 
deverá promover a execução será o próprio interessado e não a Procuradoria Fiscal ou o 
MP. 
 
Obs. 6 – Segue-se o rito das execuções fiscais (Lei 6.830/80), nos termos do art. 51, CP e a 
competência é da Vara da Fazenda Pública. 
 
6 – AGRAVANTES GENÉRICAS 
 
 São previstas no art. 298, I a VII, CTB. 
 Valem algumas observações: 
 
a)I – Com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano 
patrimonial a terceiros. 
Obs. 1 – Não se aplica ao Homicídio Culposo e à Lesão Corporal Culposa porque nesses 
casos aplica-se o concurso formal (art. 70, CP). 
Obs. 2 – Somente se aplica aos crimes de perigo de trânsito. 
 
b)II – Veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas. 
Obs. – Somente se aplica se quem falsificou ou adulterou foi terceiro, porque se foi o 
próprio autor, haverá concurso material com o artigo 311, CP. 
 
c)III – Sem possuir CNH ou permissão para dirigir. 
Obs. 1 – Não se aplica aos crimes de Homicídio Culposo e Lesão Corporal Culposa porque 
já é prevista como causa de aumento de pena. 
 
Obs. 2 – Também não se aplica ao art. 309, CTB porque já constitui o crime. 
 
Obs. 3 – Também não se aplica ao art. 310, CTB porque o autor não conduz o veículo. 
 
d)IV – Com permissão para dirigir ou CNH diversa da categoria necessária para o veículo. 
 
 Valem as mesmas observações anteriores, pois essa situação eqüivale à inabilitação. 
 
e)V – Cuidados especiais violados devido a profissão ou atividade de transporte de cargas 
ou passageiros. 
 
Obs. 1 – Nos casos de HC e LCC, se o crime é cometido no exercício de profissão ou 
atividade de transporte de passageiros, afasta-se a agravante porque já é prevista causa de 
aumento de pena. 
 
Obs. 2 – Mas, se for o caso de transporte de cargas, aplica-se a agravante também aos 
casos de HC e LCC porque o aumento trata de transporte de passageiros somente. 
 
f)VI – Adulteração do veículo que prejudique a segurança. 
 
Obs. Nos crimes de HC e LCC não será aplicada se for apurado que a adulteração 
configurou a imprudência que caracteriza a culpa. A aplicação da agravante nestes casos 
configuraria “bis in idem”. 
 
g)VII – Faixa de Pedestres 
 
Obs. Não cabe nos casos de HC e LCC porque já é prevista como causa de aumento de 
pena. 
 
7 – PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
 A prisão em flagrante é vedada nos crimes de HC e LCC do trânsito quando o 
autor prestar socorro à vítima. 
 
8 – DOS CRIMES 
 
8.1 – HOMICÍDIO CULPOSO (ART. 302, CTB) 
 
 Atentar para a diferenciação para com o Homicídio Culposo do CP (art. 121, § 3º, 
CP). 
 -Art. 302, CTB – Autor na direção de veículo automotor (ver definição no anexo 
do CTB), no trânsito viário. 
Obs. Quanto à questão do trânsito viário, ver opinião em contrário de Fernando Capez. Ele 
afirma que não há necessidade que seja no trânsito viário, pois que o tipo penal não 
menciona isso, como fazem outros crimes do próprio CTB. 
 -Art. 121, § 3º, CP – Aplicação residual. 
 
- AUMENTOS DE PENA – Art. 302, Parágrafo Único, I a IV, CTB. O inciso V 
(embriaguez) foi revogado pelo artigo 9º. da Lei 11.705/08. Havia uma qualificadora 
prevista no §2º. do artigo 302, mas esta foi revogada pelo artigo 6º. da Lei 13.281/16. 
Era o caso do homicídio culposo com embriaguez ou racha, mas a pena era a mesma 
do caput apenas mudando para reclusão (absurdo). Em boa hora foi revogado. 
Entretanto, a Lei 13.546/17 voltou a prever a ebriedade como exacerbação penal, 
desta feita como “qualificadora” – artigo 302, § 3º., CTB. 
“§ 3º. Se o agente conduz o veículo automotor sob influência de álcool ou de qualquer 
outra substância psicoativa que determine dependência: 
Penas – reclusão de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”. 
 
Diminui a relevância da discussão acerca de “dolo eventual” e “culpa consciente”, 
embora não impeça, em qualquer caso concreto o reconhecimento do primeiro. 
Apenas reforça a regra geral de prevalência da culpa consciente. Também acaba a 
discussão acerca da absorção do artigo 306 CTB ou concurso. Agora, obviamente, é 
absorvido, senão caracterizaria “bis in idem”. 
 
IMPORTANTE: Embora o Código Penal, em seu artigo 44, I, estabeleça a 
possibilidade de penas substitutivas ou alternativas para crimes culposos em geral, no 
caso do homicídio culposo e da lesão corporal culposa do CTB, qualificados pela 
embriaguez é vedada essa substituição, isso pela Lei 14.071/20, que entra em vigor em 
12 de abril de 2021, embora tenha sido publicada antes, pois houve “vacatio legis”, a 
qual altera o CTB, inserindo um artigo 312 – B. 
 
8.2 – LESÃO CORPORAL CULPOSA (ART. 303, CTB) 
 
 Também necessário o mesmo cuidado e as mesmas regras para a distinção dos casos 
do CP (art. 129, § 6º, CP). 
 
Obs. 1 – Perdão Judicial (art. 121, § 5º, CP e art. 129, § 8º, CP) – segundo entendimento 
francamente predominante aplica-se aos casos do CTB. 
 
Obs. 2 – Os crimes de HC e LCC absorvem eventuais crimes de perigo com eles conexos 
(ex. arts. 306, 308, 309, 310 e 311, CTB). No caso do 
 
Obs. 3 – As causas de aumento são previstas no art. 302, Parágrafo Único, I a IV, CTB, 
tanto para o HC como para a LCC (ver art. 303, § 1º., CTB – obs. O antigoParágrafo 
único se transforma em § 1º. por força da Lei 13.546/17). Note-se que o inciso V foi 
incluído pela Lei 11275/06, mencionando aumento para o caso da prática dos crimes de 
LCC e HC quando o condutor esteja embriagado ou sob efeito de entorpecentes, mas foi 
revogado pelo artigo 9º. da Lei 11.705/08. No entanto, agora a embriaguez volta à 
LCC no trânsito como “qualificadora”, desde que a vítima sofra lesões graves ou 
gravíssimas. Se ocorrer lesão leve discute-se o concurso com o artigo 306, CTB 
(prevalece, nesse caso específico, o concurso). Vide alterações da Lei 13.546/17. 
“§2º. A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo 
das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade 
psicomotora alterada em razão da influência do álcool ou de outra substância 
psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de 
natureza grave ou gravíssima”. 
 
IMPORTANTE: Embora o Código Penal, em seu artigo 44, I, estabeleça a 
possibilidade de penas substitutivas ou alternativas para crimes culposos em geral, no 
caso do homicídio culposo e da lesão corporal culposa do CTB, qualificados pela 
embriaguez é vedada essa substituição, isso pela Lei 14.071/20, que entra em vigor em 
12 de abril de 2021, embora tenha sido publicada antes, pois houve “vacatio legis”, a 
qual altera o CTB, inserindo um artigo 312 – B. OBS. Lembrar que tem o problema 
do “e” na LCC, então para a vedação basta a embriaguez ou também tem que haver 
lesões graves???? Outra questão: e se não houver embriaguez, mas sim lesões graves? 
Há impedimento???? 
 
ALGUMAS QUESTÕES NOVAS COM A LEI 13.546/17: 
1)No HC não se fala em alteração da capacidade psicomotora, mas apenas na 
influência de álcool. É necessária ou não a alteração? A doutrina se divide, mas a 
tendência é a de que seja necessária, porque caso contrário perde a motivação a 
qualificadora, tornando-se um exemplo de responsabilidade penal objetiva. 
 
2)A qualificadora da LCC exige que haja embriaguez “e” (mais, conjuntamente) lesão 
grave ou gravíssima. No caso de lesão leve, mesmo com embriaguez, não há a 
qualificadora, vindo à tona a discussão sobre concurso com o artigo 306, CTB, 
prevalecendo a tese do concurso e não a da absorção. Porém, pode haver a defesa pela 
doutrina de que mesmo com lesões leves, a embriaguez, por si só, leva à qualificação. 
Isso, porém, parece não se sustentar, dado o uso da conjunção aditiva “e” na redação 
do artigo 303, § 2º., CTB. 
 
8.3 – OMISSÃO DE SOCORRO NO TRÂNSITO (ART. 304, CTB) 
 
Obs.1 – Crime próprio – só pode ser cometido pelo condutor de veículo envolvido em 
acidente com vítima. 
 Então cometem o crime do art. 135, CP (Crime Comum): 
 
 -Outros condutores de veículos não envolvidos no acidente; 
 -Pessoas que não estão conduzindo veículos automotores. 
 
Obs. 2 – O crime só de aplica ao condutor envolvido no acidente, mas que não foi o seu 
causador. Isso porque se o foi responderá por HC ou LCC com aumento de pena (ver art. 
302, Parágrafo Único, III, CTB). 
 
Obs. 3 – Não cabe tentativa, pois se trata de crime omissivo próprio. 
Obs. 4 – Art. 304, Parágrafo Único – Necessário muito cuidado em sua interpretação, sob 
pena de gerar situações absurdas. 
 
8.4 – FUGA DO LOCAL DO ACIDENTE (ART. 305, CTB). 
 
Obs. 1 – CRÍTICAS SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE NA DOUTRINA 
a)Princípio da Ampla Defesa – direito de não produzir prova contra si mesmo. 
b)Violaria a vedação da prisão civil por dívida. 
 Ambas objeções não vêm sendo acatadas pela maioria da doutrina e pela 
jurisprudência. Em 14.11.2018 o STF julgou o artigo 305, CTB constitucional, 
ponderando com os princípios básicos da solidariedade e de uma sociedade justa 
(votação não unânime 7 a 4) . 
 
Obs. 2 – CRIME PRÓPRIO – Condutor do veículo que tenha dado causa a um acidente e 
se evada do local. 
 Além disso só é sujeito ativo aquele condutor que foi o causador do acidente, pois 
só ele poderá ser responsabilizado pela conduta. 
 
 
 
Obs. 3 – CONCURSO 
a)Possível com os crimes de HC e LCC normalmente (somente a omissão de socorro é 
prevista como aumento de pena e não a fuga). 
b)Também possível o concurso com os artigos 306 ou 308, CTB quando há danos materiais 
a terceiros e o agente foge para evitar a responsabilidade civil. 
 
8.5 – EMBRIGUEZ AO VOLANTE (art. 306, CTB) – Ver nova redação dada pela Lei 
12.760/12 – Ver meus artigos no SITE ATUALIDADES DO DIREITO – BLOG 
SARAIVA/LFG (www.atualidadesdodireito.com.br/eduardocabette/ ) : (“Lei 12.760/12: A 
Nova Lei Seca”, em coautoria com Francisco Sannini Neto e “Nova Lei Seca (Lei 
12.760/12: Perigo Abstrato ou Perigo Concreto”). 
 
Obs. 1 – Discussão quanto à natureza jurídica do crime: 
a)Crime de perigo abstrato 
b)Crime de perigo concreto 
c)Crime de Lesão ou de dano (Bem jurídico: Segurança Viária) – Doutrina: Damásio E. de 
Jesus, Fernando Capez, Victor Eduardo Rios Gonçalves. 
d)Crime de Perigo abstrato (artigo 306,§ 1º., I, CTB) e Crime de Perigo concreto (artigo 
306, § 1º., II, CTB). 
e)Crime de “Perigo Abstrato de Perigosidade Real” (Leonardo de Bem e Luiz Flávio 
Gomes) – o perigo seria exigido, mas não a uma ou a um grupo determinado de pessoas. 
Confusão com os conceitos de crime de perigo comum e crime de perigo individual. 
IMPORTANTE: Ver conflitos entre os artigos 306, CTB ; 39 da Lei 11.343/06 (Tóxicos); 
Arts. 34 e 35, LCP e Art. 132, CP. 
Obs. 2 – Quando o agente está embriagado ou sob influência de álcool? 
Antes da Lei 11.705/08, a questão era assim abordada: 
http://www.atualidadesdodireito.com.br/eduardocabette/
 Quando seu estado gere perigo na direção de veículo. Duas orientações: 
a)Critério do antigo art. 276, CTB – concentração de 0,6 g/l de álcool no sangue; 
 
b)Avaliação do estado do motorista no caso concreto. (Entendimento predominante na 
época, mesmo porque a constatação pode dar-se não só pelo exame toxicológico, como 
também pelo exame clínico e por aparelho de ar alveolar – “bafômetro” ou etilômetro). 
Com o advento da Lei 11.705/08 e a nova redação do art. 306 CTB: 
-O crime se perfaz com a simples constatação de concentração de 0,6 g/l de álcool no 
sangue do motorista ou que ele dirige sob a influência de outras substâncias psicoativas que 
causem dependência. (Obs. A concentração equivalente no etilômetro é de 0,3 mg/l de 
álcool no ar alveolar do pulmão). 
-O tipo penal não mais exige a criação de “dano potencial à incolumidade de outrem” (vide 
discussão supra sobre a natureza do crime). 
-O novo artigo 276, estabelece, para fins administrativos que qualquer concentração de 
álcool ou substâncias psicoativas impede o motorista de dirigir. Ver margens de tolerância 
no Decreto 6488/08. 
-Comprovação do crime através do teste do etilômetro, exame toxicológico do sangue e 
complementação pelo exame clínico de embriaguez. Outros meios mencionados no artigo 
277, CTB, são referentes somente ao âmbito administrativo e não criminal. 
 
Com o advento da Lei 12.760/12 e a novíssima redação do artigo 306, CTB 
-A lei praticamente retoma no “caput” o critério da direção sob “influência do álcool ou 
outras substâncias psicoativas que determinem dependência e façam com que o condutor 
fique com a capacidade psicomotora alterada (retorno à situação anterior à Lei ’11.705/08). 
-Porém essa capacidade alterada deve ser aferida por dois meios alternativos, segundo o § 
1º. do artigo 306, CTB 
 a)Concentração igual ou superior a 6 decigramas por litro de sangue ou igual ou 
superior a 0,3 miligramas de álcool por litro de ar alveolar; 
OU 
 b)Sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade 
psicomotora. 
 
-Revitaliza-se o exame clínico de embriaguez, já que a forma de comprovação da alteração 
pode ser feita sim pelo etilômetro e exame de sangue, mas não mais somente por eles. 
-O artigo 306, CTB a partir da Lei12.760/12 é norma penal em branco? Há quem entenda 
que sim, mas o mais correto parece ser que não, devido ao constante nos §§ 2º. e 3º. do 
mesmo dispositivo que já regulam as matérias da forma de verificação da alteração 
psicomotora no caso do inciso II e as equivalências dos testes de alcoolemia no caso do 
inciso I. 
 
 
 
Obs. 3 – CONCURSO 
a)Casos de HC e LCC – Absorção, pois a embriaguez é o elemento da qualificadora do HC 
criada pela Lei 13.546/17 e elemento da qualificadora da LCC criada pela mesma lei em 
casos de lesões graves ou gravíssimas. Mas, no caso de lesão leve, discute-se sobre 
concurso ou absorção, prevalecendo o concurso. 
 
b)Casos de falta de habilitação: prevalece o art. 306 e a falta de habilitação entra como 
agravante genérica, nos termos ao art. 298, III, CTB. 
 
8.6 – VIOLAÇÃO DA SUSPENSÃO OU PROIBIÇÃO IMPOSTA (ART. 307, CTB) 
 
Obs. 1 – Entende-se que essa violação só se refere à penalidade imposta judicialmente e 
não se aplica àquelas impostas administrativamente. Isso porque o Parágrafo Único do art. 
307, CTB fala em “condenado”. 
 
Obs. 2 – Aquele que tem habilitação suspensa administrativamente e dirige recebe apenas a 
penalidade administrativa de cassação da CNH (art. 263, I, CTB). 
 
Obs. 3 – Não se aplica a agravante genérica da reincidência (art. 61, I, CP) porque 
constituiria “bis in idem”, uma vez que o agente necessariamente já é condenado por crime 
de trânsito anterior com imposição da suspensão ou proibição como pena judicial. 
 
 
 
Obs. 4 – Parágrafo Único do art. 307 – omissão na entrega da permissão ou CNH. 
 É discutível a constitucionalidade desse crime, pois segundo Capez “eqüivaleria a 
punir alguém por delito autônomo pelo fato de não ter se apresentado à prisão para iniciar o 
cumprimento da pena”. 
 O prazo previsto para a entrega da CNH é de 48 h., nos termos do art. 293, § 1º, 
CTB. 
 
8.7 – RACHA (ART. 308, CTB) 
Obs. 1 – Espectadores e passageiros também respondem pelo crime como partícipes (art. 
29, CP). 
 
Obs. 2 – CONCURSO 
a)Absorção pela LCC ou concurso, prevalecendo o concurso. Agora se a lesão for grave, 
qualificado com reclusão, de 3 a 6 anos nos termos do artigo 308, § 1º., CTB – Lei 
12.971/14), a lesão é que é absorvida como qualificadora. 
b)Prevalece o art. 308 sobre o art. 309, CTB, sendo que a falta de CNH entra como 
agravante genérica (art. 298, III, CTB). 
c)Em caso de morte, crime qualificado com pena de reclusão, de 5 a 10 anos (artigo 308, § 
2º., CTB – Lei 12.971/14) 
 
Obs. A Lei 13.546/17 alterou a redação do artigo 308, “caput”, CTB, acrescentando as 
condutas de participar na via pública de “exibição ou demonstração de perícia em 
manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente”. 
 
8.8 – FALTA DE CNH (ART. 309, CTB) 
Obs. 1 – Exame de saúde vencido é mera infração administrativa, não configurando o 
crime. 
 
Obs. 2 – CNH suspensa – art. 307, CTB (no caso de suspensão judicial, sendo suspensão 
administrativa, trata-se de mero ilícito administrativo, com penalidade de cassação). 
 
Obs. 3 – CNH de categoria diversa do veículo – art. 309, CTB. 
 
Obs. 4 – CNH cassada – art. 309, CTB. 
 
Obs. 5 – CNH falsa – Art. 309, CTB em concurso material com o art. 304, CP. 
Obs. 6 – Ciclomotores – exigem autorização e não CNH, de modo que sua condução 
desautorizada é mera infração administrativa e não configura o art. 309, CTB. 
 
Obs. 7 – Indivíduo habilitado que somente não porta o documento – infração 
administrativa. 
 
Obs. 8 – Art. 32, LCP – Entende-se de forma predominante que foi derrogado pelo art. 
309, CTB. Dessa forma só se aplica aos casos de embarcações a motor em águas públicas. 
 Hoje, portanto, somente será crime dirigir veículo automotor sem CNH, gerando 
perigo. A conduta de apenas dirigir veículo automotor sem CNH, mas não gerando perigo é 
fato atípico, configurando mero ilícito administrativo. 
 
Obs. 9 – Trata-se de crime de mão própria, que não admite co – autoria, mas apenas 
participação. 
 Note-se, porém, que quem entrega veículo a pessoa inabilitada não responde em 
concurso com o art. 309, CTB, mas por crime autônomo (art. 310, CTB). 
 
Obs. 10 – CONCURSO 
a)Absorção por HC e LCC. 
b)Nos casos de Racha (art. 308), embriaguez ao volante (art. 306) e velocidade 
incompatível (art. 311) – entra como agravante genérica (art. 298, III, CTB). 
 
 
 
 
8.9 – ENTREGA DE VEÍCULO A PESSOA NÃO HABILITADA (ARTIGO 310, CTB) 
Obs. 1 – A consumação não se dá com a entrega do veículo, mas sim com a sua colocação 
em movimento pela pessoa que o recebe. 
Obs. 2 – O que ocorre se a pessoa que recebe o veículo comete outro crime de trânsito (ex. 
HC ou LCC)? 
 Dois entendimentos: 
a)Responde o que entregou pelo crime culposo e o art. 310 é absorvido. 
b)Responde ele somente pelo art. 310, CTB, pois a entrega não configura conduta culposa 
(predominante). A responsabilização pelo crime culposo de terceiro configuraria 
modalidade de responsabilidade objetiva. 
 
Obs. 3 – Crime de Perigo Abstrato – Súmula 575, STJ: “Constitui crime a conduta de 
permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, 
ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, 
independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do 
veículo”. 
 
8.10 – EXCESSO DE VELOCIDADE EM DETERMINADOS LOCAIS (ART. 311, CTB) 
Obs. 1 – A velocidade inadequada em locais não arrolados no artigo constitui mera infração 
administrativa. 
 
Obs. 2 – Outras manobras perigosas diversas da “velocidade incompatível” constituirão a 
contravenção de “direção perigosa” (art. 34, LCP). 
 
Obs. 3 – Sempre é necessária para configurar o crime a “grande concentração de pessoas”, 
mesmo perto de hospitais, escolas etc. 
 
Obs. 4 – O crime do art. 311, CTB é absorvido pelo HC e LCC. 
 Eventual infração ao art. 309, CTB entrará como agravante genérica (art. 298, III, 
CTB). 
 
8.11 – FRAUDE NO PROCEDIMENTO APURATÓRIO (ART. 312, CTB) 
Obs. 1 – Prevalece sobre o crime de fraude processual (art. 348, CP) pelo Princípio da 
Especialidade. 
 
Obs. 2 – Aplica-se aos casos de acidentes de trânsito com vítima. Nos casos de acidentes 
sem vítima, permanece em aplicação o art. 347, CP.

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