Buscar

PAPER CONCEITOS LINGUÍSTICOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

2
GÊNEROS DISCURSIVOS NUMA PERSPECTIVA INTERACIONISTA NOS LIVROS DIDÁTICOS
Vanessa Przylepa¹
Tutor externo: Josiane Amaral Gois Reis²
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso: Licenciatura Letras-Português
Turma: FLX 5068
Disciplina: Prática Interdisciplinar
Data: 28/06/2020
1. INTRODUÇÃO
	 Historicamente, o ensino de Língua Portuguesa (LP) no Brasil, baseou-se no ensino da gramática normativa como principal pilar da educação nas escolas. 
 Com o passar dos anos, após várias discussões sobre como a LP deve ser abordada nas escolas, novas perspectivas de interpretações surgiram, iniciou-se um movimento contra o ensino da gramática numa abordagem tradicionalmente descontextualizada e a favor da concepção interacionista do ensino de LP, na qual a gramática estudada é inserida na comunicação real dos seus falantes.
 Partindo da segunda concepção, o objetivo central deste trabalho, é verificar como se realizam as propostas de ensino, tais como, atividades de leitura, produção textual, concepção de gêneros do discurso e variedades linguísticas como interação nas práticas pedagógicas nas escolas.
 Nesse contexto, considerando o livro didático (LD) como um dos principais guias para as aulas de LP nas escolas, sejam elas públicas ou privadas, apresentamos uma análise em três livros didáticos de LP (LDLP), dos 7°,8° e 9° ano do ensino fundamental, respectivamente.
 Inicialmente, se abordará os contextos gerais a respeito da evolução inicial dos conceitos linguísticos na educação escolar. Posteriormente, as análises limitam-se a verificar a efetividade das metodologias adotadas pelo LD no processo de ensino-aprendizagem na perspectiva sócio interacionista.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
	 As práticas de ensino da LP no Brasil, por muitos anos se pautaram no modelo tradicional, com excessiva valorização da gramática normativa. Segundo essa concepção, o ensino orientado pela perspectiva gramatical capacitava o aluno à uma variedade linguística mais próxima da variedade padrão, e seu domínio, auxiliava o falante a se expressar adequadamente, conforme destaca o autor: “a escola era exclusiva de uma elite que, por definição, já dominava a língua padrão e o que restava para aprender era a gramática. ” (BORGES, 2012, p. 3).
 Ao longo da história do nosso país, segundo Borges (2012), houve intensos debates a respeito dos métodos de ensino da LP, que visavam melhorar as práticas pedagógicas a fim de obter o máximo de aproveitamento da capacidade do aluno e contrariando o ensino tradicional.
 Nesse contexto, o consenso foi de que o ensino de LP não deve excluir os pressupostos da normatividade, mas aliá-los aos diferentes gêneros discursivos, visando o uso da linguagem em sua plenitude e nas mais variadas situações comunicacionais, assim:
(...), permitiram uma visão muito mais funcional da língua, o que provocou alterações nas práticas escolares, representando, em alguns casos, o abandono do tratamento dos aspectos gramaticais e da reflexão sistemática sobre os aspectos discursivos do funcionamento da linguagem. Para ampliar a competência discursiva dos alunos, no entanto, a criação de contextos efetivos de uso da linguagem é condição necessária, porém não suficiente, sobretudo no que se refere ao domínio pleno da modalidade escrita. (BRASIL, 1998, P.78)
 Estas ideias são as propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que na última década têm feito tentativas de aplicações das mesmas no ensino escolar, o documento expõe:
 Assim, um projeto educativo comprometido com a democratização social e cultural atribui à escola a função e a responsabilidade de contribuir para garantir a todos os alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania. (BRASIL, 1998, p. 19).
 Sabe-se que o livro didático é um dos principais guias de orientação nas aulas de Língua Portuguesa, o qual norteará a pesquisa deste trabalho, cujo enfoque será analisar se as metodologias são realmente efetivas no ensino-aprendizagem conforme orientam os PCNs.
 Baseando-se numa perspectiva sócio interacionista, considerando o texto como como foco principal do ensino de língua portuguesa e ressaltando sua diversidade, os PCNs trazem muito da visão de Mikhail Bakhtin à respeito dos gêneros discursivos como objeto de ensino nas escolas: assim, “[...] Aprender a falar é aprender a estruturar enunciados [...] Se não existissem os gêneros do discurso e se não os dominássemos, se tivéssemos de construir cada um de nossos enunciados, a comunicação verbal seria quase impossível.”(BAKHTIN, 2003, p.302). 
 De acordo com Koch (2011), a ideia seria incorporar às metodologias tradicionais, as práticas pedagógicas voltadas para o do gênero do discurso, articulando entre as práticas sociais e os objetos escolares, a produção e interpretação textual escrita ou oral. O trabalho com a análise e reflexão dos enunciados passa a constituir, portanto, uma das práticas fundamentais ao desenvolvimento da linguagem e aprendizagem.
 Deste modo, é na intenção de se comunicar com os outros que o ser humano cria e utiliza variadas formas de linguagem, o que possibilita ter acesso a informações, expressar e defender pontos de vista, o autor nos explica a importância do dialogismo:
O diálogo, no sentido estrito do termo, não constitui, é claro, senão uma das formas, é verdade que das mais importantes, da interação verbal. Mas pode-se compreender a palavra ‘diálogo’ num sentido amplo, isto é, não apenas como a comunicação em voz alta, de pessoas colocadas face a face, mas toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja. (BAKHTIN, 2006, p. 125).
 “É através da interação humana que os significados e as visões de mundo são construídas, alteradas e compartilhadas, como orienta o autor: “o sentido revela-se em sua profundidade ao encontrar e tocar outro sentido, um sentido alheio." (BAKHTIN, 2003, p.368).
Assim, a finalidade central da educação escolar com enfoque nas propostas pedagógicas e didáticas voltadas para concepção sócio interacionista, através dos trabalhos com gêneros discursivos em sala de aula, possibilita a reflexão necessária, para formar os educandos sujeitos críticos, participantes e cidadãos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
	 Conforme explicitado nas seções anteriores, este trabalho analisa livros didáticos dos 7°, 8° e 9° anos do ensino fundamental, da coleção Tecendo Linguagens. A partir dessa análise, percebemos que os autores dos livros didáticos têm grande preocupação nas propostas sócio discursivas no processo de ensino-aprendizagem.
 A metodologia dos três exemplares, é abordada de maneira muito parecida. O que basicamente os diferencia, são as variedades dos gêneros discursivos e os temas referentes à reflexão do contexto social de cada faixa etária, utilizadas no livro do respectivo ano letivo.
 A abordagem das propostas de ensino voltadas ao gênero do discurso adotadas pelos referidos livros se dá através de atividades voltadas para produção e interpretação textual, complementando que há predominância da modalidade escrita, deixando a oralidade em segundo plano.
 Essa coleção apresenta considerável diversidade de gêneros, em sua maioria verbais, com algumas articulações com textos verbo-visuais e visuais, estes geralmente, articulados com questões da atualidade incentivando o aluno à interpretação e reflexão.
 Apesar de explorar os gêneros discursivos, deixa de enfatizar aspectos importantes da variação linguística, ou seja, deixa de considerar as diversas maneiras de uso da língua, no contexto social, cultural, histórico ou geográfico, o que possivelmente pode ocasionar o preconceito linguístico. A variação linguística, vem postulada de forma isolada, excluída de qualquer outro conteúdo do livro. A gramática normativa vem inserida em todas as unidades, com excessiva valorização, distanciando a linguagem dos livros didáticos da realidade dos alunos.
 No que tange à comunicação oral, tão necessária à integração social, que orientaria o aluno a se expressar de forma competente, com a variaçãolinguística adequada a uma dada situação e com segurança, são trabalhadas timidamente nas atividades do livro didático. Revelando-se assim, pouca preocupação com o dialogismo imediato, caracterizados pelo encontro face a face entre os interlocutores, possibilitando a interpretação da linguagem não-verbal, como a gestualidade, por exemplo. Esse tipo de atividade permitiria ao aluno, intervir na produção textual, superando prováveis problemas de compreensão, atribuindo sentido ao texto e produzindo conhecimento, como orienta os PCNs: “Esse corpus pode ser organizado a partir de registros audiovisuais (cassete, videocassete) e da promoção de debates, entrevistas, palestras, leituras dramáticas, saraus literários organizados pela escola. ” (BRASIL, 1998, p.68).
 A interatividade está pautada na troca entre os alunos, dos textos por eles escritos, com a finalidade de leitura, interpretação e correção mútua. A leitura nesse sentido, se mostra interativa e construtiva, pois o aluno ao ouvir outras interpretações sobre o seu texto, passa a considerar diferentes pontos de vista e revê os seus, modificando-os. Colaborando assim, para a reescrita e novas interpretações a respeito do seu texto e de outras leituras. Por fim, essa dinâmica mostra ainda uma preocupação muito ancorada na noção de estrutura do texto e correção gramatical. É possível observar que o livro traz exercícios variados com questões que solicitam que os estudantes façam uma análise morfossintática nos textos escritos.
 De modo geral, a elaboração do texto escrito ou oral, e a leitura, são de suma importância para o estabelecimento da interação entre os sujeitos, e o quadro a seguir, aborda as principais práticas pedagógicas no ensino da língua materna nos livros didáticos.
QUADRO 1 – ATIVIDADES PEDAGÓGICAS A PARTIR DE GÊNEROS DISCURSIVOS
	Modalidade
	Produção Textual
	Leitura
	Gêneros Discursivos
	Variedade Linguística
	Objetivo ao ensinar
	Oral
	Além do reconhecimento das características gerais dos gêneros orais e sua produção, há também estudos sobre as características estruturais e linguísticas do texto falado.
	Permite discussão oral, com confronto de opiniões, hipóteses e externalização da compreensão de cada aluno, sobre algum texto e tema a ser estudado
	Relato de experiência e opinião
Debate
Teatro
Palestra
Apresentação de pesquisa
Discussão em grupo
Leitura oral de textos escritos
Reportagem
Entrevista
	Procura mostrar, como ocorre o processo de adequação da fala à exigida nos momentos de interação, porém, as variedades cultas são referências para a adequação da produção.
	Ampliar sua capacidade comunicativa e capacidade de argumentação e
procura mostrar, também, como ocorre o processo de adequação da fala.
	Escrita
	Propõe a produção de texto de um gênero com orientações para a produção, textualização, avaliação e a reescrita, além de sugestões para a circulação do texto.
	Apresenta textos verbais e não verbais com o objetivo de desenvolver a competência leitora. Apresenta atividades para que o aluno conheça a ortografia e aprenda a forma adequada da escrita.
	Carta
Conto
Romance
Poema
Crônica
Artigo
Charge
Tirinhas
Revista
Cartaz
Cordel
Verbete
Reportagem
Textos informativos
Resenha
Fotografia
	A predominância é da norma culta, mas de uma maneira superficial, busca estabelecer uma comparação entre as variedades linguísticas e, assim, explicitar o contexto de uso de cada uma delas. 
	Propõe práticas de produção de textos em diversos gêneros e uma reflexão sobre os aspectos gramaticais da língua escrita, possibilitando ao aluno autonomia quanto desenvolvimento adequado do texto em relação à estrutura, temática, linguagem e senso crítico. 
FONTE: Extraído e adaptado do livro Tecendo Linguagens (2018).
 Sendo assim, percebemos pela análise do quadro, que as atividades atendem a concepção dialógica e interacionista da linguagem e configuram-se como principal objeto de ensino-aprendizagem.
4. REFERÊNCIAS
	BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofa da linguagem. 12.ed. São Paulo: Hucitec, 2006.
BORGES, J. N. Alguns comentários sobre a iniciação científica na área de estudos linguísticos. Encontro do CelSul, n. 10. Cascavel: Unioeste, 2012.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Língua Portuguesa. Brasília. Secretaria de Educação Fundamental, 1998.
KOCH, Ingedore G.V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez 2011.
OLIVEIRA, Tania Amaral et.al. Tecendo Linguagens: Língua Portuguesa: 7° ano. 5.ed. São Paulo: IBEP, 2018. 
________. Tecendo Linguagens: 8°ano. São Paulo: IBEP, 2018.
________. Tecendo Linguagem: 9° ano. São Paulo: IBEP, 2018.
SANTOS, Abraão Júnior Cabral. Linguística aplicada à Língua Portuguesa. Indaial: UIASSELVI, 2017.
1 Vanessa Przylepa
2 Josiane Amaral Gois Reis
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Licenciatura Letras-Português (FLX5068) – Prática do Módulo I – 28/06/2020

Continue navegando